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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Filmes: "A Caça"

AMANHÃ PODE SER VOCÊ

Este é um filme que todos deveriam ser obrigados a assistir, principalmente advogados e jornalistas

- por André Lux, crítico-spam

"A Caça" é um filme que todos deveriam ser obrigados a assistir, principalmente advogados e jornalistas.

O longa é dirigido por Thomas Vinterberg, dinamarquês que participou do movimento Dogma, o qual não passou de uma gozação inventada por um grupo de cineastas escandinavos que, entre outros absurdos, estipulava uma série de "regras" que deveriam ser seguidas em seus filmes. 


Obviamente, tratava-se apenas de uma peça de publicidade para provocar polêmicas que acabou dando certo, já que muitos críticos mundo afora realmente levaram a bazófia a sério, o que garantiu ao grupo notoriedade e prestígio no circuito do chamado "cinema de arte".

Em seu novo filme, Vinterberg aborda um tema que é, mais do que nunca, um dos pilares de qualquer Estado Democrático de Direito: a presunção da inocência, que dita a máxima "todos são inocentes até que seja provado o contrário". E o diretor coloca o dedo na ferida de forma contundente ao mostrar o que acontece com a vida de uma pessoa quando esse princípio básico é desrespeitado.

A trama é protagonizada por Lucas, um ex-professor que, depois de ser demitido da universidade onde lecionava e largado pela esposa, só consegue emprego em uma pequena escola infantil, onde é muito querido pelas crianças. Uma delas é filha de seu melhor amigo e, por sofrer de carência afetiva por parte dos pais, fica cada vez mais encantada com a figura do carinhoso professor, ao ponto de "se apaixonar" por ele (algo muito comum entre as crianças pequenas). Mas quando ela declara seu amor, Lucas não reage da maneira adequada e acaba despertando a raiva da menina, que se sente rejeitada.

Vingativa, ela inventa para a diretora da escola que foi abusada sexualmente pelo professor (usando termos chulos que ouviu o irmão mais velho dizer a um amigo enquanto viam pornografia na internet). Daí para frente "A Caça" se transforma em uma angustiante tragédia, na qual o protagonista é imediatamente tratado como culpado e passa a ser hostilizado pela comunidade, inclusive por seus amigos, sem ter qualquer chance de provar sua inocência.


Abro aqui um parêntese para lembrar que caso muito semelhante aconteceu em São Paulo há alguns anos, quando os donos da escola infantil Base foram acusados dos mesmos crimes e, sem chance nenhuma de se defenderem, tiveram suas reputações destruídas pela imprensa, principalmente pelo jornal Folha de S.Paulo e pela rede Globo. Anos mais tarde, provou-se que eles eram inocentes e o jornal e a emissora em questão inclusive foram condenadas pela Justiça a pagar indenizações milionárias aos acusados. Todavia, a vida deles ficou destruída para sempre.

Voltando ao filme, a decadência física e psicológica que toma conta de Lucas é retratada de forma perfeita pelo ator Mads Mikkelsen, que tem carreira internacional e foi o vilão de "Cassino Royale", o primeiro filme do atual James Bond. Sua interpretação é extremamente contida e cheia de nuances, já que o personagem é arredio, tímido e retraído, fatores que só aumentam a sensação de angústia.


O filme é também muito interessante no sentido de ser completamente diferente dos clichês tradicionais que estamos acostumados a ver no cinemão comercial estadunidense, onde uma obra com temática semelhante certamente acabaria se tornando um thriller repleto de advogados caricatos e cenas quentes de tribunal, o que certamente diluiria seu conteúdo. 

Aqui a abordagem é a oposta dessa e, por consequência, extremamente realista e humana. Nem mesmo a ação da polícia é mostrada. A direção permanece o tempo todo focada na tragédia que se abate sobre o protagonista e sua família (ele tem um filho pré-adolescente) e nas ações irracionais das pessoas que, até ontem, estavam na sua casa comendo e bebendo com ele.

É possível recuperar uma vida destruída pela calúnia?
Vinterberg não tem qualquer sutileza em denunciar o que esse repulsivo tipo de "linchamento de caráter" implica na vida de uma pessoa. Ele quer mesmo é provocar uma reação na platéia, como que dizendo: "Isso pode acontecer com qualquer um e amanhã pode ser com você!". 

Ainda mais quando levamos em conta toda a complexidade e complicações que envolvem uma denúncia grave como a mostrada pelo filme, a de abuso sexual, mas o mesmo pode ser estendido para qualquer tipo de acusação. Afinal, sabemos que na hora de noticiar, a mídia vai dar destaque enorme às acusações, ainda mais se tratar-se de algum desafeto ou inimigo político dos seus donos, manchando assim para sempre a vida dos acusados.

"A Caça" é um tratado sobre a importância da presunção da inocência e com certeza vai chocar aqueles que acham que jamais serão acusados de qualquer crime, por serem "homens de bem", iguais ao Lucas desse excepcional filme. E será que é possível recuperar uma vida destruída por uma falsa acusação? Assista ao filme e saiba a resposta...

Cotação: * * * * *

sábado, 19 de outubro de 2013

Homenagem a Carl Sagan

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Carl Sagan,  é considerado um dos divulgadores científicos mais carismáticos e influentes da história. Possui mais de 600 publicações cientificas e é autor de mais de 20 livros.   Em uma época em que as belezas do universo não era tão divulgadas se restringindo aos cientistas e astrônomos, Sagan sempre tentava divulgar as grandes descobertas de uma maneira simples e acessível. A partir desse ponto, ele lançou a série “cosmos” em 1980. São 15 episódios onde Sagan explica para o mundo as belezas e mistérios do universo segundo a ciência moderna.

Aqui você curte uma pequena parte da série “cosmos” com seu famoso monólogo sobre o nosso planeta, o pálido ponto azul (vale a pena ver):

Aproveitando, já que estamos falando sobre o universo, vale a pena acessar o site abaixo.

Nele, você irá fazer uma viagem em nossa galáxia! Apenas uma em um mar de trilhões de outras. Clique na imagem e faça uma boa viagem.

universo


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Filmes: "Gravidade"

MUITO BARULHO POR NADA

Trama simplória, personagens inconsistentes e preciosismo técnico acabam diluindo o suspense

- por André Lux, crítico-spam

Toda vez que críticos e pessoas ligadas à indústria cultural estadunidense começam a rotular um filme de "revolucionário", "melhor não sei o que de todos os tempos" e coisas assim, eu já fico com um pé atrás porque na maioria das vezes é delírio coletivo.

E mais uma vez acontece isso, agora com esse "Gravidade", dirigido pelo competente Alfonso Cuarón que fez os ótimos "E Sua Mãe Também" e "Filhos da Esperança". Não vou dizer que o filme seja ruim, porque não é, todavia não passa de mais um "filme-desastre" só que situado no espaço e com a pretensão de respeitar as leis da física (como a ausência de som no vácuo), embora um astronauta verdadeiro já tenha afirmado que uma das proezas realizadas no filme é inviável (leia aqui).


Assim, "Gravidade" mostra em tempo real a luta pela sobrevivência de dois astronautas, feitos por Sandra Bullock e George Clooney, depois que sua nave é destruída por uma chuva de destroços de satélites que foram detonados por um míssil russo (será que os russos iam mesmo fazer uma burrice dessas? Os países não se comunicam, ainda mais quando tem uma missão trabalhando no espaço?). É um trama bastante simplória que o diretor tenta disfarçar com pirotecnia visual, preciosismo técnico e muito papo furado. 

Em uma das cenas que deveriam ser mais emocionantes, por exemplo, a personagem de Bullock sai girando pelo espaço enquanto é afastada da nave. Então temos uma longa sequência onde a câmera começa girando junto com ela, depois se aproxima de seu capacete até entrar dentro dele e nos dar a visão em primeira pessoa, e depois sai novamente e se fixa do rosto dela enquanto tudo continua girando. Tecnicamente, é uma cena incrível, porém dramaticamente não acrescenta nada, ao contrário, acaba desviando a atenção do drama da personagem para o malabarismo fotográfico da tomada. A gente fica se perguntado coisas como "Nossa, como será que conseguiram filmar assim?" e nem dá bola para a pobre moça. Sem dizer que dá uma tontura incrível.

Apesar da presença sempre eficiente de Clooney, no papel do comandante da missão, o filme é mesmo de Sandra Bullock, até porque a participação do ator é pequena, tem um destino bem sem graça e se resume a ficar fazendo piadas e dando tiradas sarcásticas mesmo em situações de alta tensão, algo que infelizmente contribui novamente para diluir o drama. O problema é que a moça é uma atriz fraca e não tem condições de segurar uma empreitada dessa envergadura. Além disso, sua personagem é inconsistente, pois revela um drama pessoal terrível e uma condição psicológica que jamais a permitiram viajar para o espaço. E ainda temos uma daquelas cenas constrangedoras onde a protagonista recebe informações cruciais de uma alucinação...

Clooney, o piadista: "Garota, acho que 
vamos morrer, mas... cetem bruneva?"
O filme também é prejudicado por uma trilha musical eletrônica que funciona mais como efeito sonoro do que música, exceto quando tenta ser dramática e falha fragorosamente. Não faz muito sentido fazer um filme sem o barulho de explosões e outros ruídos, como é no espaço, se vai colocar por cima de tudo uma trilha barulhenta e intrusiva. 

Cuarón ainda tenta dar algum significado mais profundo ao roteiro fazendo um paralelo na busca pela sobrevivência da protagonista com uma espécie de "renascimento" dela, mas, sinceramente, isso nem chega a funcionar. Sem dizer que as "dicas" para isso são óbvias demais: ela em posição fetal flutuando dentro da capsula e no final saindo pelo orifício embaixo da água.

Mas acho que o maior problema do filme é que em momento algum duvidei do destino da personagem, o que, convenhamos, acaba com qualquer tentativa de criar suspense. Como eu disse, "Gravidade" não é ruim, porém ao menos para mim, não causou nenhuma reação além de tontura e uma certa irritação ao ver tantas cenas repetidas de gente girando e tentando se agarrar em naves ou sendo atingidas pela enésima vez pelos benditos destroços! Ou seja, mais uma vez é muito barulho por (quase) nada.

Cotação: * * *

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Filmes: "Elysium"

DECEPÇÃO

A tentativa de misturar ficção científica com crítica social não funciona como em "Distrito 9"

- por André Lux, crítico-spam

O diretor Neill Blomkamp chamou a atenção do mundo cinematográfico com o interessante "Distrito 9", um filme que misturava ficção científica com crítica social e trazia uma forte mensagem contra o racismo.

Com o sucesso do longa (que chegou a ser absurdamente indicado ao Oscar de melhor filme) ele obviamente foi recrutado por Róliudi para tentar repetir a façanha, agora com mais dinheiro. Só que dificilmente um raio cai duas vezes no mesmo lugar e seu novo filme, "Elysium", é uma decepção em todos os sentidos.

A tentativa de misturar ficção científica com crítica social também se faz presente, mas não funciona como em "Distrito 9". A causa principal disso é que o mundo do futuro apresentado pelo cineasta não faz sentido e nunca ficamos sabendo como funcionam as engrenagens políticas dele.

A trama acontece em 2154 e mostra a Terra devastada por poluição e superpopulação. Nessa época, os ricos se mudaram para uma estação espacial chamada Elysium e vivem totalmente separados do resto do mundo. Um rapaz pobre, feito por Matt Damon quando adulto, sonha em viajar até lá, mas depois de uma vida de crimes, é obrigado a trabalhar em condições desumanas em uma fábrica de policiais-robôs. Depois que um acidente de trabalho o condena à morte, ele tenta desesperadamente chegar a Elysium, pois lá existe uma máquina que cura milagrosamente todas as doenças.

A alegoria social aí é óbvia, porém é pouco desenvolvida e o resto do filme não faz qualquer sentido. Para chegar à estação dos ricos, o protagonista procura Spider, um gangster local que vive de tentar mandar os pobres coitados para Elysium em troca de grana. Esse sujeito é feito pelo brasileiro Wagner Moura (O capitão Nascimento de "Tropa de Elite"), que se esforça em dar vida um personagem muito mal desenvolvido. 

Suas ações levantam todo tipo de questionamento: como ele consegue arrumar todas aquelas naves para transportar o pessoal pelo espaço? Por que as autoridades não rastreiam a trajetória delas e prendem os "bandidos"? Como é possível para ele implantar tecnologia nas pessoas que é reconhecida pela máquina que cura doenças? Como seus ajudantes são capazes de fazerem cirurgias complicadas como a que implanta um exoesqueleto metálico no corpo do protagonista, inclusive em seu cérebro?

O filme tem ainda outros furos terríveis no roteiro que só ajudam a diluir ainda mais o seu conteúdo. A estação Elysium parece não ter qualquer tipo de defesa anti-aérea e para derrubar as naves que tentam invadí-la, a chefe de segurança (feita de maneira péssima pela Jodie Foster) tem que acionar um agente secreto (interpretado pelo mesmo ator de "Distrito 9" que com sua cara de nerd não convence nem um minuto como vilão malvado) que está na Terra para lançar foguetes nelas! Hein, como assim?

"Vai uma cirurgiazinha no cérebro aí, chefia?"
Também não fica claro como funciona aquela sociedade. Existem dois governos paralelos, um em Elysium e outro na Terra? Enfim, os furos se amontoam e eu poderia gastar mais seis parágrafos aqui citando-os.

O maior problema, contudo, é o excesso de cenas de ação e luta, todas elas esticadas e redundantes, no que parece ser uma tentativa de nublar a consciência do espectador para que não perceba todos os furos do roteiro. Mas não funciona, principalmente porque elas são mal encenadas e feitas no irritante modo "câmara tremida" que deixa a gente com vontade de vomitar. O final também beira o ridículo e é totalmente incoerente com a proposta do filme.

Apesar de bem intencionado, "Elysium" naufraga em suas pretensões basicamente porque não tem uma história lógica para contar e precisa enfiar um monte de tiros, lutas e explosões para tentar disfarçar. Todavia, o filme foi detonado por um colunista da revista Veja, que chamou-o de "lixo ideológico da esquerda caviar de Hollywood". Ou seja, conseguiu irritar os porta-vozes da extrema direita tupiniquim, o que, convenhamos, é um grande mérito.

Cotação: ** 1/2