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segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Filmes: O GRANDE TRUQUE

SEM MAGIA

Enredo até poderia render um bom entretenimento, mas diretor filma com mão pesada esquecendo de injetar humor e magia, fatores que seriam essenciais para ajudar a tornar tudo verossímil e desfrutável.

- por André Lux

Chirstopher Nolan é mais um diretor que parece estar sendo amaldiçoado com a síndrome do sucesso, “doença” que em muitos casos acaba transformada em excesso de pretensão. Depois do inventivo “Amnésia” (filme narrado literalmente de trás para frente que causou frisson entre os profissionais da opinião), nunca mais conseguiu emplacar um bom projeto, tropeçando no claudicante “Insônia” e no irregular “Batman Begins”. Seu novo filme, “O Grande Truque” é mais uma bola fora.

Pretensioso, arrastado e sem brilho, conta a história de dois mágicos que passam da amizade ao ódio num piscar de olhos e buscam superar um ao outro a qualquer preço, chegando ao limite da obsessão e da falta de ética. O enredo até poderia render um bom entretenimento, afinal traz escondido na manga várias surpresas e reviravoltas (algumas óbvias, outras nem tanto), mas Nolan dirige com mão pesada esquecendo de injetar humor (nem que fosse negro) e magia, fatores que seriam essenciais para ajudar a tornar tudo verossímil e desfrutável.

Um filme sobre dois sujeitos que ganham a vida fazendo truques e enganando suas platéias já tem um apelo limitado para começo de conversa. E tudo piora quando percebemos que ambos são extremamente desagradáveis, sujos e misóginos. Hugh Jackman (o Wolverine de “X-Men”) e Cristian Bale (o novo Batman) até tentam dar credibilidade aos seus personagens, mas são derrubados pela pretensão e pela mão pesada do diretor e acabam atuando de maneira composta e forçada (Bale é o mais prejudicado, se perdendo num sotaque esdrúxulo, enquanto Jackman parece “engomado”). O resto do elenco faz mera figuração e desperdiça figuras de peso como Michael Kane e a atual queridinha da crítica, Scarlett Johanson, num papel que não é nada.

“O Grande Truque” tem méritos (como a reconstituição de época e a fotografia) e até consegue manter certo interesse enquanto não revela todos os seus segredos e se concentra na busca pela superação dos mágicos, mas qualquer tentativa de seriedade e credibilidade é sumariamente destruída quando entra em cena uma máquina construída pelo doutor Tesla (o cantor David Bowie, numa composição risível), cujos efeitos são de fazer inveja ao DeLorean que viaja no tempo inventado pelo cientista maluco de “De Volta para o Futuro”. A gente até quer acreditar naquilo tudo, mas como o diretor esqueceu de nos “avisar” que se tratava de um filme de fantasia, o ridículo toma conta e só resta rir do que é mostrado com seriedade e profundidade descabidas.

Adicione a tudo isso uma conclusão nada satisfatória e uma música sem brilho (que apesar de composta por David Julyan traz o nome do canhestro Hans Zimmer na produção, o que sempre é mau sinal) e temos aí mais um filme errado e fora de foco (ao ponto de tentarem esconder que se trata de um filme de época nos cartazes publicitários!). Mais um daqueles tantos que são rapidamente esquecidos e jogados no limbo eterno dos “projetos-interessantes-derrubados-pela-pretensão-do-seu-realizador”...

Cotação: * *

Um comentário:

Marcus Valerio XR disse...

Concordo que a máquina do Tesla me pegou de surpresa, realmente tirando o filme um pouco do trilho. No resto, discordo de tudo. Sinceramente adorei este filme.

Sinto que para alguém que já teve uma atitude crítica em relação à crítica de filmes, e aos críticos, você, meu caro André, acaba agindo da mesma forma com que já criticou com muita propriedade.

Convido-o a ler um texto meu sobre Crítica, que talvez possa fazê-lo pensar um pouco sobre isso.
A Situação Crítica da CRÍTICA
http://www.xr.pro.br/ENSAIOS/Critica.HTML