
Diretor Martin Scorsese finalmente consegue agradar tanto aqueles que buscam um produto de maior refinamento artístico, quanto os que preferem apenas passar algumas horas se entretendo no cinema.
- por André Lux
Sei que o que vou declarar a seguir soará como uma heresia a muitos profissionais da opinião que costumam idolatrar certos artistas, mas “Os Infiltrados” é o primeiro filme do diretor Martin Scorsese que eu realmente gostei, sem restrições. Tudo bem, reconheço que o sujeito é um bom diretor (especialmente de atores), que sabe tudo de cinema e inventa planos seqüências espetaculares. Mas só isso não basta para fazer um filme funcionar. Muitos de seus projetos anteriores, como “Gangues de Nova York”, “O Aviador” e “Os Bons Companheiros”, padeciam de narrações truncadas e excesso de duração, enquanto outros eram simplesmente chatos (“Época de Inocência” vem à mente, um filme onde absolutamente nada de interessante ocorre durante as mais de três horas de projeção!).
Nada disso acontece em “Os Infiltrados”. O filme é longo, mas a gente nem percebe, tamanho o nível de tensão e suspense que o diretor imprime em cada fotograma. Ficamos literalmente na ponta da cadeira durante quase toda a projeção, na expectativa do que vai acontecer em seguida na história. E o roteiro, inspirado no filme chinês “Internal Affairs”, reserva algumas surpresas chocantes, especialmente na conclusão.

Apesar da direção de fotografia ser do consagrado Michael Bauhaus, Scorsese optou dessa vez por uma decupagem seca, isenta de malabarismos estéticos e mais focada nos atores, fator que deixa o filme ainda mais angustiante e realista, especialmente nas cenas de violência. Soma-se a isso uma montagem vibrante e uma trilha sonora que contrapõe canções pop intensas à partitura intimista de Howard Shore (o mesmo da trilogia “O Senhor dos Anéis”) e o resultado é um ótimo filme, capaz de agradar tanto aqueles que buscam um produto de maior refinamento artístico, quanto os que preferem apenas passar algumas horas se entretendo no cinema.

Cotação: * * * * *
Um comentário:
Remake meia-boca do original chinês.
Postar um comentário