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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Filmes: "Dogville"

SESSÃO DE SADO-MASOQUISMO

Diretor apaixonado pelo próprio umbigo ensina durante três horas que os seres humanos não prestam. Bem vindo à Terra, sr. von Trier...

- por André Lux, crítico-spam

Por que será que tanta gente ainda se impressiona com engodos como DOGVILLE? Não me levem a mal, pois nada tenho contra os chamados "filmes de arte" (uma definição bastante discutível, por sinal), que geralmente são lentos, contemplativos e pretensamente complexos, características negativas que precisam ser compensadas por tramas ricas e mensagens profundas.

Infelizmente, essa segunda definição que transformaria DOGVILLE em um desses não faz parte dessa nova empreitada do diretor Lars von Trier, já que seu filme é somente chato, modorrento e insuportavelmente longo. Não bastasse isso, possui uma trama digna de novelas mexicanas só que enfeitada por diálogos pseudo-profundos e repletos de pregação moralista saídas de um cineasta que só pode estar apaixonado pelo próprio umbigo.

Ciente disso (ou não), von Trier aplica uma típica artimanha radicalmente pré-fabricada para gerar polêmica: não existem cenários no filme, apenas riscos no chão e alguns móveis num grande galpão, remetendo a uma espécie de teatro filmado (em digital, não película). Revolucionário? Genial? Pode até ser. Pena que tal recurso esteja a serviço do nada, já que a história de DOGVILLE é das mais batidas e banais possíveis. Gira em torno de uma minúscula cidade nas Montanhas Rochosas e seus habitantes pobres, cujas vidas mudam com a chegada de uma estranha, fugindo da perseguição de gangsters. Para conquistar o carinho da população e ser aceita na cidade, Grace (Nicole Kidman) passa a fazer pequenos favores para todos, passando a ser explorada de maneira cada vez mais desumana, até chegar à escravidão total.

Ou seja, von Trier fez um filme para nos mostrar que o ser humano, até mesmo os habitantes de uma inocente cidade no campo, é podre e capaz de atos brutais. Vejam só, quanta novidade! Pior que o sujeito nos "ensina" isso durante as mais de três horas de projeção, tempo no qual somos obrigados a ver a senhora Kidman (que parece estar se especializando no papel de "Amélia", vide o também sofrível AS HORAS) sofrendo todo tipo de martírio, desde sucessivos estupros até ser acorrentada numa roda de ferro! Mas o sofrimento da protagonista é tão artificial e suas reações tão sem coerência, que são incapazes de passar qualquer tipo de sentimento genuíno.

O filme também tem uma narração (feita por John Hurt) intrusiva, didática e pseudo-irônica (só que levada a sério, se é que isso faz algum sentido), que deixa o filme com ar daqueles quadros dos filmes do Monty Python! Ou seja, a gente ri quando deveria ficar chateado ou chocado com tudo aquilo. Mas nem esse riso involuntário salva o filme, já que só acontece esporadicamente.

Claro que entendemos o objetivo de von Trier e toda sua "pregação moral", especialmente contra os EUA (país que o diretor nem mesmo conhece!). Porém, é preciso ser muito ingênuo ou então recém-chegado ao planeta Terra para se impressionar com as bombásticas revelações que o diretor desvendou e parece querer nos mostrar (as quais foram abordadas de maneiras muito mais contundentes e muito menos pretensiosas em filmes realmente bons, como AS BRUXAS DE SALEM).

Certamente, alguns ainda vão ser capazes de achar incontáveis conteúdos filosóficos em DOGVILLE (afinal, acharam até no ridículo HULK, do Ang Lee!), ao mesmo tempo em que "Amélias" pós-modernas vão se derreter com as injúrias sofridas pela pobre Grace. O resto dos normais vai simplesmente bocejar e ficar contando os capítulos que dividem o filme (são nove no total) à espera do final dessa interminável sessão de sado-masoquismo cinematográfico regado pelo mais inócuo papo-cabeça. Certos mesmo estavam aqueles que saíram no meio da sessão e foram fazer algo mais proveitoso com seu tempo...

Cotação: *

4 comentários:

Cybershark disse...

Um dos filmes mais prolixos que tive o desprazer de ver até hoje.

Pedro disse...

Uma obra de arte, é compreensível que alguém que é fã de "obras" como Indiana Jones não tenham entendido o diretor do filme. rs

Juliana disse...

Boa Pedro!!!

Eu queria saber que tipo de filme o André Lux gosta... tirando os do Michael Moore, claro... hahahaha

P. Ilianovic disse...

Estou adorando ver que vc esta muito afim de falar sobre filmes, aprecio muito suas analises (e o barato e que isso nao significa que eu concorde com tudo, na verdade o que eu aprecio nessas criticas e que me faz ver certos aspectos que eu nao havia notado). Se me permite, gostaria muio de ver vc analisar o filme Melancolia, do mesmo autor.