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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Filmes: "Fúria de Titãs" (2010)

LIXO DESPREZÍVEL

Refilmagem de clássico juvenil vira mais um filme para machos em delírio movido pelo ignóbil tema “vingança e retaliação”

- por André Lux, crítico-spam

Eu vi o “Fúria de Titãs” original quando tinha uns 11 anos de idade. Fiquei várias noites sem dormir por causa da Medusa. Para a minha geração aquele filminho despretensioso, cujos efeitos visuais baseiam-se inteiramente na técnica do stop-motion criada pelo genial Ray Harryhausen, marcou época.

E eis que os “jênios” de Roliudi resolveram refilmá-lo, agora com efeitos especiais de última geração! Mas não se engane: esse novo “Fúria de Titãs” não tem nada a ver com clima romântico da aventura original, sendo apenas mais um desses filmes para machos em delírio movidos pelo ignóbil tema “vingança e retaliação” que faz a cabeça de brucutus descerebrados mundo afora.

Assim, o roteiro sem pé nem cabeça segue os passos do igualmente desprezível “Gladiador”, trazendo um Perseu de cabelo raspado (Sam Worthington, de “Avatar”, expressivo como uma escultura de pedra) cuja missão é vingar a morte dos pais pelas mãos do deus Hades (um Ralph Fienes atacado por algum problema que o deixou afônico). Mas o que ninguém sabe é que Hades está tramando a derrubado do chefão Zeus (Liam Neeson, com visual “Jesus Cristo em armadura brilhante”) que está perdendo os poderes porque os humanos não rezam mais como antes.

Furioso, Zeus manda o Kraken, que aqui tem a altura de um prédio de 30 andares e tentáculos infinitos, destruir a cidade de Argos a não ser que o rei mate em sacrifício sua filha Andrômeda (pelo jeito isso vai fazer todo mundo voltar a rezar). No original, Perseu, que é filho de Zeus com uma humana, e Andrômeda se apaixonam e ele sai em missão a fim descobrir como deter o Kraken para salvar sua amada. Nesse novo, ele não está nem aí para a bela mocinha e só pensa em se vingar do malvado Hades, ao lado de um monte de guerreiros fortões mal humorados.

Por sinal, Perseu aprende a lutar magistralmente com uma espada depois de uma aula que dura exatos 30 segundos (tudo bem gente, ele é um semideus!). O mais estranho é que Zeus fica toda hora dando uma mão para o seu filho Perseu. Ué, mas não foi ele mesmo quem mandou o Kraken destruir Argos para dar uma lição nos humanos? Um caso clássico de esquizofrenia divina, na certa...

E aí Perseu e sua trupe passam por mil perigos, enfrentam monstros digitais genéricos, encontram os incríveis homens-carvão (é sério!), lutam com a Medusa (que desliza mais rápida que uma Ferrari), tudo ao som de uma “música” ridícula de um Zé Ruela de nome impronunciável que não passa de mais um dos clones do abominável Hans Zimmer (e lembrar que o original tinha uma trilha maravilhosa composta por Laurence Rosenthal!).

É tanta besteira e ruindade juntas que não dá nem para dar risada, pois além de tudo o filme é “super sério”, cheio de frases de efeitos e tomadas posadas. Isso quando você consegue ver alguma coisa, pois a edição frenética é daquelas que deixam qualquer um com dor de cabeça.

Perto desse lixo desprezível, o filme original vira um verdadeiro clássico! Sem brincadeira...

Cotação: *

sábado, 7 de agosto de 2010

Filmes: "A Origem"

MATRIX” COM MANUAL

Falta de maiores pretensões impede o filme de alcançar patamares mais elevados e tornar-se memorável.

- por André Lux, crítico-spam

A comparação entre “A Origem” e “Matrix” é inevitável, afinal ambos retratam pessoas realizando atos impossíveis em mundos virtuais. Mas o filme de Christopher Nolan (o mesmo de “Amnésia” e os dois novos “Batman”), mesmo tendo incríveis efeitos visuais e cenas de ação de tirar o fôlego, não chega ao mesmo nível da obra dos irmãos Wachawsky.

Primeiro porque o roteiro, escrito pelo próprio Nolan, não tem a mesma complexidade e profundidade de “Matrix”, que durante toda a trilogia joga peças de um quebra-cabeça que só pode ser montado pelo próprio espectador na última cena do capítulo final. E segundo – e principal – por não trazer nenhum comentário sócio-político-cultural. No fundo, trata-se apenas de um filme de entretenimento com uma trama um pouco acima do mundano, do tipo que exige o máximo de atenção do espectador e um pouco de raciocínio crítico para ligar os pontos complicados (e isso pareceu ser demais para alguns, pois vi uma dezena de pessoas simplesmente saindo do cinema no meio da projeção!). E olha que Nolan criou pelo menos dois personagens que tem a função de explicar o filme para a platéia de vez em quando! Ou seja, é “Matrix” com manual de instruções.

Não há nada de errado numa obra querer apenas divertir, é claro. Porém, essa falta de maiores pretensões impede “A Origem” de alcançar patamares mais elevados e torná-lo memorável. É o tipo de filme que prende a atenção durante a exibição, mas não fica na mente depois do seu término. No final das contas, é apenas uma fita sobre espionagem industrial, só que aqui tudo se passa no mundo dos sonhos, já que os protagonistas, liderados por um eficiente Leonardo Di Caprio, são especialistas em “roubar” informações empresariais dos subconscientes de suas vítimas enquanto elas dormem. Ou seja, não passam de criminosos comuns, o que torna a catarse final pouco emocionante - embora a conclusão seja esperta.

O filme tem alguns defeitos graves. O diretor Nolan falha ao situar a ação no tempo e no espaço, não conseguindo criar uma sociedade (futurista?) verossímil, na qual entrar nos sonhos alheios seja algo comum. Fica tudo jogado no ar, meio sem nexo. Outro problema grave é sua trilha musical, composta pelo abominável Hans Zimmer (indicado ao Oscar por imitar Ennio Morricone e Wagner em “Gladiador”), que polui o filme com uma massa musical amorfa, opressiva e sem qualquer sensibilidade temática. É difícil entender como um “músico” tão pavoroso consegue tantos bons trabalhos e, sinceramente, qualquer diretor que contrate esse sujeito já não merece muita consideração para começar.

Enfim, “A Origem” é um bom filme de entretenimento. Não espera nada mais do que isso e você com certeza vai se divertir e até exercitar o cérebro um pouco – caso dê-se ao trabalho.

Cotação: * * *