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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Filmes: "Baarìa"


DECEPCIONANTE

É o tipo de filme que a gente quer gostar, mas que no final se torna penoso de assistir.

- por André Lux, crítico-spam

É uma grande decepção esse novo filme do diretor de “Cinema Paradiso”, Giuseppe Tornatore, que ele garante ser sua obra mais autobiográfica e íntima. Pode até ser que para ele, seus familiares e amigos mais chegados “Baarìa” passe algum tipo de emoção ou mensagem, mas para o resto dos mortais o filme é de um vazio impressionante. Chega a dar sono, ainda mais por ter uma metragem alongada (2 horas e trinta minutos, mas que parecem ser mais).

O mais triste é que a obra é extremamente bem feita tecnicamente. Tudo está no lugar certo: a fotografia é exuberante, a trilha de Ennio Morricone é excelente como de costume e a reprodução dos cenários e vestimentas de época impressionam. Tornatore chegou a construir uma set inteiro no deserto da Tunísia para reproduzir o que seria uma vila italiana da Scilia por volta de 1940, que é onde a história começa, mostrando a segunda guerra mundial e a ação dos fascistas de Mussolini na região.

Mas nada disso adianta para salvar o filme. O roteiro, de autoria do próprio Tornatore, é um desastre e não tem foco narrativo definido, pulando de um episódio a outro sem ligação ou lógica (a edição é um ponto baixo do filme, principalmente ao abusar de fade outs). 


Não dá para entender qual era enfim o objetivo do filme: se queria contar a saga de Peppino Torrenuova (que ao que parece seria o pai do cineasta), pintar um retrato da Scilia durante os mais de 40 anos que o filme aborda ou fazer uma crítica social e política da situação dos pobres que vivem sendo explorados pelos políticos de direita e pela máfia local.

No final, não é nem uma coisa nem outra. Personagens entram e saem de cena sem marcar e fica difícil se identificar com qualquer um deles. Nem mesmo com Peppino, que supostamente seria o protagonista da história, mas que passa em brancas nuvens já que seu personagem nunca é aprofundado.

Nem mesmo dá para entender porque ele resolve se filiar ao Partido Comunista Italiano na juventude, no qual milita até o fim. Também é extremamente superficial seu relacionamento com a esposa ou com os filhos (o que deveria ser a força motriz do filme).

É o tipo de filme que a gente quer gostar, por causa de todos os envolvidos em sua produção e pela própria temática, mas que no final se torna penoso de assistir. Lamentável.

Cotação: * 1/2

9 comentários:

Ricardo Melo disse...

André, não vi mas vou dar um palpite. Eu imagino que os problemas que você viu no roteiro ficam menos evidentes para quem vive na Itália e conhece melhor vários detalhes de fatos e personagens locais, históricos e até pessoais.

Tenho até a impressão que isso é um defeito de muitos filmes europeus. Parece que eles fazem filmes para um público mais local ou regional.

Também acho que uma explicação para isso é a provável desistência - por parte dos europeus - de disputar o mercado de outros continentes com a produção de roliúdi.

É lógico que esse ponto de vista não explica todo o cenário. Afinal, Cinema Paradiso foi um sucesso italiano em escala global.

Mas o roteiro de Cinema Paradiso é diferente. A maior parte da história aborda o cotidiano de uma criança no sul da Itália em um determinado período. E isso dá chance ao roteiro de alcançar maior relevo a cada um dos personagens.

São vários os casos de filmes europeus que abordam diferentes períodos históricos ou que até mesmo têm uma proposta "épica", como é o caso de Retratos da Vida, de Claude Lelouch.

É isso, parece que os europeus tem uma abordagem "auto-referenciada" ou até mesmo "eurocêntrica". Me parece que eles não querem "perder tempo" contextualizando muito os personagens de certos filmes, até em termos psicológicos.

Às vezes até mesmo por focarem um panorama mais amplo e mais diverso.
É como se eles estivessem falando para eles mesmo.

Enfim, tudo isso o que eu escrevi é "chute". Agora vou ter que esperar para ver mais esse, mesmo porque eu não resisto a qualquer filme que tenha um roteiro "histórico". Ainda mais com a participação de Tornatore e Morricone.

André Lux disse...

Na minha opinião, Ricardo, o problema é o roteiro mesmo. Não tem eira nem beira. Parece que o Tornatore ficou muito preocupado em fazer um épico grandioso e grandiloquente e se esqueceu que tinha uma história para contar...

Érico Cordeiro disse...

Bom,
Prá ser sincero, André, o Tornatore é o Shyamalan do drama. Depois que ele fez Cinema Paradiso, clássico absoluto, não fea mais nada de bom. Ou será que alguém vai ter coragem de me dizer que Estamos todos bem (pobre Mastroianni), A Lenda do pianista do mar (que seria dele sem Tim Roth????) e Malena (que é até mais ou menos) são marcos do cinema???
Ei!?!?! Será que juntando Tornatore com Shyamalan não sairia um filme interessante? Já tenho até o enredo:
Um fantasma do cinema, em crise existencial da meia eternidade, se apaixona por uma prostitituta e se casa com ela, mas ela lhe mete um bom par de cornos com o pianista que mora em uma comunidade amish, afastada de tudo. Alguns ETs machistas e preconceituosos, tomam as dores do moço e passam a aparar o gramado da senhôra de forma prá lá de radical, incluindo círculos e hexágonos na grama. Então, um padre que perdeu a mulher resolve fazer um exorcismo na casa da rapariga, enauquanto o pai desta, muribundo e com câncer na bexiga, reto e planta do pé, sai em busca da filha perdida que se casou com um cineasta iraniano.
No final, um happening inusitado, com a presença de Bob Dylan, interpretado por Angelina Jolie, e Xavantinho (que morreu mas ainda não sabia, inperpretado por Morgan Freeman) interpretam The Year Of The Cat, enquanto Miles Davis e Charles Mingus litam boxe na entrada do convescote.
Que tal?
Entendeu alguma coisa?
Nem eu...

Érico Cordeiro disse...

Erratas:
1 - é fez, não fea;
2 - é moribundo, não muribundo...
Sorry!

André Lux disse...

Érico, eu gosto do Tornatore, e não é só do "Cinema Paradiso". Acho "Uma Simples Formalidade" sensacional. Também gosto de "Estamos Todos Bem" e do "Homem das Estrelas". Assisti recentemente a versão completa de "A Lenda do Pianista do Mar" e achei bem melhor do que a versão cortada que vi nos cinemas. "A Desconhecida" também é um bom filme. Enfim, não acho que a comparação com o vigarista Shyamalan proceda...

Anônimo disse...

Me parece que a crítica acima vai pelo caminho mais fácil. Insiste que o foco narrativo fique delimitado pelo personagem principal, sugere
que o êxito do filme de Tornatore se
daria por um didático entendimento de todas as
motivaçoes dos personagens. Penso que a aplicaçao dessas regras teria efeito oposto. Resultaria na criaçao de obra bastante
convencional. Apreciei o filme
justamente por seu caráter episódico e fragmentário. Baaria toma a forma de uma evocaçao poética, onde o que interessa não é tanto o desenvolver de um fio condutor aristotélico e
sim a criaçao de um mosaico de impressões, de cenas vividas ou imaginadas. Não é exatamente assim que se dá o processo da memória? Tente ver o filme por este ângulo, André. Você não vai se decepcionar.
Talvez até descubra uma obra prima.

André Lux disse...

A apreciação de uma obra de arte é algo totalmente subjetivo. O que é genial para um pode ser medícre para outro.

Ficar tentando convencerr alguém que a sua opinião subjetiva é a "correta" é um exercício de inutilidade.

Pedro disse...

Críticos de plantão, assistam o filme novamente sem a carapuça do pré-conceito (no literal da palavra) e descobrirão que trata-se de uma evocação ao tempo. O filme mostra a beleza e a dureza que é o passar do tempo. E Tornatore brinca com o tempo como ninguēm.

André Lux disse...

Que nada. Assista ao filme de novo e vc vai perceber que ele é uma porcaria.