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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Filmes: "Che - O Argentino (Parte I)"

RETRATO PÁLIDO

Primeira parte da saga de Che Guevara acaba sendo excessivamente contemplativa e um pouco fria demais para um tema tão “caliente”.

- por André Lux, crítico-spam

Steven Soderbergh é um cineasta que não cansa de surpreender ao buscar novas e diferentes fontes de inspiração para suas obras, ao invés de render-se a fórmulas de sucesso fácil, alternando projetos puramente comerciais, tipo “Erin Brocovich” ou “Onze Homens e Um Segredo”, com outros bem mais arrojados e difíceis, como “Traffic” e “Solaris”.

Não causou surpresa, portanto, o anúncio de que iria dirigir uma biografia de Che Guevara, um dos controversos líderes da revolução cubana que se transformou num verdadeiro ícone e é até hoje odiado pela direita (que o enxerga como a encarnação de Belzebu na Terra) e celebrado pela esquerda (que o considera um dos maiores exemplos de coragem e dedicação na luta contra a opressão das elites).

O filme resultou num “épico” de mais de quatro horas e os realizadores optaram por dividi-lo em duas partes. Acabo de assistir à primeira, intitulada “Che – O Argentino”.

Começo dizendo que se trata de um filme difícil de classificar. Apesar de trazer Che no nome, não se trata de uma tentativa de biografá-lo. Apesar de ele aparecer em quase todas as cenas, o diretor não se preocupa em aprofundar a personalidade de Guevara, optando por uma narrativa não-linear, onde alterna ações da guerrilha na Sierra Maestra com uma viagem de Che aos EUA já como Ministro de Cuba, onde faz pronunciamentos na ONU, dá entrevistas e participa de festas – numa delas ironiza o infame senador McCarthy, agradecendo-o em nome da causa revolucionária pela fracassada tentativa de invadir Cuba pela Baia dos Porcos. A primeira parte termina com a vitória dos guerrilheiros e sua partida para Havana.

Assim, o filme é basicamente episódico, pulando de um evento para outro sem muita preocupação em situar a ação dentro da cronologia ou explicar o que está acontecendo. Mesmo a figura de Che é tratada com reverência e distanciamento, o que é reforçado pela atuação contida e metódica de Benício Del Toro, que literalmente encarna o personagem fisicamente. A opção de Soderbergh em filmar quase toda a parte da guerrilha em planos gerais aumenta ainda mais essa sensação de distanciamento.

Para quem conhece mais a fundo a história da revolução cubana, “Che” vai agradar porque traz uma recriação precisa de vários acontecimentos e diálogos descritos em muitos livros sobre o assunto. Não por acaso, o jornalista estadunidense John Lee Anderson, autor da biografia de Guevara, serviu como consultor especial ao projeto. Anderson é aquele sujeito que humilhou os autores da ridícula “reportagem” sobre Che, publicada em 2008 no panfleto de extrema-direita da editora Abril, a famigerada revista Veja.

Por outro lado, essa aproximação distanciada e nem um pouco didática confundirá a cabeça do espectador comum que, acostumado a se “informar” pela mídia grande, não vai conseguir entender direito o que se passa na tela e, por causa disso, fatalmente perderá o interesse. O que é sempre uma pena.

No final das contas, “Che – O Argentino” acaba sendo excessivamente contemplativo e um pouco frio demais para um tema tão “caliente”. Não tenta explicar a revolução cubana nem “entrar” na cabeça de Guevara, ficando num meio termo entre um documentário sobre as ações da guerrilha e uma pálida fotografia de um de seus líderes.

É claro que fica difícil avaliar um filme que foi concebido e filmado como um só, mas que assistimos separadamente, em duas partes. Pode ser que todas essas “lacunas” que apontei acima sejam resolvidas na parte dois. Vamos esperar para ver, então...

Cotação: * * 1/2

sábado, 24 de janeiro de 2009

Cine-Trash: "Highlander 2: A Ressurreição"

Depois do sucesso inesperado do primeiro “Highlander”, os produtores tiveram então a brilhante idéia de criar uma continuação com o único e exclusivo objetivo de ganhar mais dinheiro.

Conseguiram reunir novamente o diretor Russel Mulcahy e os astros Christopher Lambert e Sean Connery. Nasceu então “Highlander 2: A Ressurreição”, sem dúvida um dos filmes mais estúpidos da história do cinema, trash absoluto que vai fazer você rir o tempo todo.

Mas não tinha mesmo como funcionar um roteiro que tenta dar continuidade aos eventos descritos pelo primeiro filme, mesmo porque ele terminava de forma definitiva sem deixar portas abertas para seqüência. O jeito foi inventarem um "prólogo" que explica como os heróis tornaram-se imortais em primeiro lugar.

Assim, segundo o roteiro, vieram todos de um planeta distante aparentemente dominado por um general vilão (Michael Ironside, sempre divertido) e às voltas com uma guerra civil. Mas os mocinhos acabam presos e então são mandados (como forma de punição) para a Terra (?), onde além de tornarem-se imortais (??) vão ter que lutar entre si até que sobre apenas um (???). Quer dizer então que o terrível Kurgan, o vilão máximo do primeiro filme que corta a cabeça de todo mundo sem a menor piedade, era na verdade um ex-companheiro de revolução dos heróis?

Não satisfeitos em criarem um projeto totalmente absurdo, ainda esforçaram-se para destruir também o primeiro filme - que se torna ridículo se analisado à luz das "revelações" feitas na continuação!

A trama volta então para o presente (ou futuro?), quando o tal general alienígena resolve, assim do nada, mandar seus lacaios em busca do ex-imortal Macleod (Lambert). Eles brigam, cabeças são degoladas e, bingo, o Highlander volta a ser imortal! Por sinal, como é que o general poderia ainda estar vivo em seu planeta se seus inimigos tornaram-se imortais na Terra, onde viveram centenas de anos? Ah, quem liga para esses detalhes? Enfim, nervoso com o fracasso de seus peões, o malvado resolve ele mesmo vir a Terra matar o herói com as próprias mãos!

Sean Connery reprisa seu personagem Ramirez e, obviamente, divertiu-se muito durante as filmagens realizadas na Argentina (para cortar custos). Felizmente (para ele), seu tempo em cena é curto e, claro, totalmente sem lógica. Não estou exagerando: depois que McCleod grita (grita!) pela ajuda do amigo, Ramirez materializa-se imediatamente na Escócia (com a mesma roupa medieval do filme anterior), pega um avião (com certeza pagou a passagem com alguns dobrões espanhóis do século 14 que estavam em seu bolso) e, na cena seguinte, surge dentro da casa do McLeod, lá em Nova York!

Assim, juntam-se a uma guerrilheira loira e juntos vão lutar para destruir um escudo que envolve a Terra, que foi criado pelo próprio McCleod para proteger os humanos da destruição da camada de ozônio. O problema é que agora o escudo já não é mais necessário, porém a malvada companhia que o controla não quer desligá-lo já que fatura muito dinheiro com sua manutenção... Peraí, como é que é? Ah, deixa prá lá...

Mas, não tema! Foi lançada em DVD (aqui no Brasil vendiam nas bancas por 9 reais) a versão completa do filme (chamada de "Renegada"), que traz diversas cenas adicionais, novos efeitos visuais e uma mudança radical no roteiro que, segundo os realizadores, redimiria o filme. A desculpa é que a versão anterior era ruim porque foram obrigados pelo estúdio a terminar tudo de qualquer jeito depois que o dinheiro acabou. Ah, tá! Pobres iludidos...

Então, nessa nova versão, os imortais não vieram de outro planeta, mas sim da própria Terra, mas do passado distante, onde lutavam contra um tirano com armas de raio laser e naves! Capturados, foram então enviados para o futuro como punição e indo parar mais ou menos na Idade Média, onde se vestiam com peles de animais e lutavam com espadas e lanças! Será que a Terra “involuiu”? Então era isso que faltava para tornar o filme bom? Certo... Pelo menos eles explicam melhor como é que o coitado do Sean Connery consegue trocar de roupa e pegar um avião para Nova York.



Como se vê, é tanta besteira junta que acaba transformando ambas as versões em ótimas comédias, se você souber levar tudo na esportiva. Mas, por incrível que pareça, conseguiram fazer mais duas continuações e uma série de TV ainda mais ridículas e abomináveis!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Cine-Trash:"Yor, O Caçador do Futuro"

Poster bacana enganador
BABACA LOIRO DE TANGA

Lixo pode ser descrito como “Conan” versus Ming de “Flash Gordon” no "Planeta dos Macacos"

- por André Lux, crítico-spam

Escrevendo sobre “O Humanoide”, lembrei de outra pérola do trash italiano fingindo ser superprodução de Roliud que, incrível, eu também vi nos cinemas por volta de 1983!

O filme em questão chama-se “Yor, O Caçador do Futuro” e é uma das coisas mais horríveis que já assisti, até porque é uma redução de uma mini-série feita para a TV italiana. 

Se vocês acham que “O Humanóide” é trash, imaginem então esse, que foi feito com sobras daquele filme! Inclusive a mocinha é a mesma do clássico do Aldo Lado! 

Felizmente, desse eu não gostei nem um pouco, afinal já era um pouco mais “experiente” e fui enganado pelo pôster bonito (veja à direita e negue que não parece um puta filme bacana, com um cara loiro fortão de tanga gritando e agitando seu tacape em direção a naves alienígenas animais, enquanto uma morena gostosa e submissa se agarra em sua perna!).

“Dirigido” pelo italiano Antonio Margheriti (ou Anthony M. Dawson para os incautos), que foi o supervisor de "efeitos especiais" em "O Humanoide", esse lixo pode ser descrito como um cruzamento de “A Guerra do Fogo” encontra “Conan, O Bárbaro” versus Ming, o Impiedoso de “Flash Gordon” no "Planeta dos Macacos"...

"Eu quero essa peruca loira pra mim!"
Ou seja, fala sobre homens da caverna de tangas (que falam inglês fluente), salvos de um dinossauro de borracha por um sujeito fortão que usa uma peruca loira e um tacape, chamado Yor.

Só que, na verdade, ele possui, diz o narrador, inteligência superior e é o herdeiro de uma civilização avançada que vive numa ilha isolada sob o comando de um ditador malvado conhecido como Overlord. E tudo se passa depois que a Terra foi devastada por uma guerra nuclear!

O filme já começa de maneira inacreditável, com uma seqüência que deveria estabelecer toda a virilidade do Yor (“interpretado” pelo mega-canastrão estadunidense Reb Brown), mas mostra o babaca loiro dando corridinhas e pulinhos ridículos enquanto tenta escalar umas pedras. 

Tudo acompanhado por uma canção escrita por Guido e Maurizio de Angelis que mistura Queen com new age e cuja letra dispara algo parecido com “Yor’s World, He’s The Man!”. Essa canção, por sinal, é usada várias vezes em cenas que deveriam ser heroicas, mas só conseguem nos fazer rolar de rir!

Se não acredita, veja por si mesmo e não deixe de reparar nos sorrisinhos que Yor dá toda vez que olha para os lados. O que será que ele viu de tão divertido la no meio do deserto?


Esse filme é tão ruim que nem a música orquestral do excelente John Scott (de “Greystoke, a Lenda de Tarzan”) foi aproveitada em sua totalidade, sendo substituída em grande parte por uma batida eletrônica brega dos já citados Guido e Maurizio de Angelis. 

Verdade seja dita: a música de Scott era boa demais e destoava completamente do que se vê na tela e a nova trilha de Guido e Maurizio é uma das melhores qualidades trash de "Yor"!

Mas, ainda assim vale a pena ver para crer. Nem que seja pela cena em que Yor mata um morcego gigante e usa-o como uma espécie de asa-delta para invadir uma caverna cheia de vilões barbudos! Veja abaixo:


Saiba mais sobre "Yor" neste link.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Cine-Trash:"O Humanoide"

STAR WARS DOS POBRES

Imitação é um desfile de cenas toscas e mal encenadas, efeitos especiais bisonhos e diálogos abismais

- por André Lux, crítico-spam

O verdadeiro filme trash é aquele que foi feito com as melhores pretensões. Aquele em que os envolvidos, por arrogância, ingenuidade ou pura cara de pau, realmente botavam fé no projeto e achavam que estavam produzindo algo no mínimo respeitável.

Só que, quando sua obra é finalmente exibida, a platéia se contorce em agonia diante das cenas ridículas ou chora de rir quando deveria levar a sério o que assiste na tela...

Um dos maiores exemplos de trash por excelência é “O Humanoide”, uma cópia descarada do primeiro "Star Wars" feita por italianos em 1979 e estrelado por alguns atores estadunidenses em decadência. 

O cinema italiano, diga-se de passagem, era especialista em clonar filmes de Roliudi desde a época dos épicos romanos, passando pelos spaguetti-westerns e chegando até a ficção científica com resultados, via de regra, hilariantes.

"O Humanoide", dirigido por um tal de Aldo Lado sob o pseudônimo de “Richard B. Lewis”, é um desfile de cenas toscas e mal encenadas, efeitos especiais bisonhos e diálogos abismais. Dizer que a “trama” não tem pé nem cabeça chega a ser um elogio. 

Veja só: os vilões, que tem nomes como Doutor Kraspin, Lord Graal e Lady Aghata, querem roubar um bagulho cabuloso chamado “Elemento Kappa” que, sabe-as lá por que, quando jogado sobre os humanos deixa-os malucos e indestrutíveis. O plano infalível dos malvados é jogar o treco sobre o planeta Metrópolis (antiga Terra) e criar um exército de “humanoides” para dominar a galáxia.


Darth Vader made in Italy
Para garantir o sucesso do plano, eles testam primeiro a substância num coitado de um piloto espacial chamado Golob que caiu no planeta deles. 

O sujeito, que é “interpretado” pelo grandalhão Richard Kiel (que foi o “Jaws” em dois filmes do 007), vira então uma besta incontrolável que, estranhamente, perde a barba e fica com os dentes esbugalhados ao se transformar no terrível Humanoide.

Detalhe: o monstro só é controlado depois que o cientista vilão o nocauteia com gás e implanta cirurgicamente um tipo de chip em sua testa. 

Faz a gente imaginar a dificuldade que seria controlar um exército de criaturas assim, não? Realmente, um plano magistral...

E isso são só os primeiros 20 minutos do filme. Já deu pra perceber o nível do negócio.


Aldo Lado (no centro) e sua trupe de canastrões
Pior que eu vi esse lixo inacreditável nos cinemas na minha infância e, acreditem, adorei! Cheguei até a assobiar o tema musical em um gravador para não esquecer a trilha sonora!

Foi só muitos anos depois, quando assisti novamente na TV, que pude notar o quanto era tosco e, melhor de tudo, risível do começo ao fim. E, mais incrível, descobri que a música de “O Humanoide” era de ninguém menos que o mestre Ennio Morricone! 

Nem preciso dizer que chorei quando finalmente consegui ouvi as músicas depois de comprar o CD com a trilha sonora... Haja nostalgia!


Aldo Lado do lado do pobre Ennio Morricone...
Se acha que estou exagerando, dá uma olhada no vídeo abaixo, que contém a cena do "nascimento" do Humanoide! É trash puro, para sentar no sofá e assistir com amigos cinéfilos e se matar de tanto rir...