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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

DVD: "Machuca"

TRÁGICO E DOLOROSO

Assista este filme para entender porque, afinal, ninguém tem coragem de se assumir como sendo de “direita” na América Latina...

- por André Lux, crítico-spam

Você já se perguntou por que ninguém tem coragem de admitir que seja de “direita” na América do Sul? Assista “Machuca” e vai saber a resposta.

Este filme chileno do diretor Andrés Wood se passa durante os últimos meses do governo socialista de Salvador Allende, quando o padre que dirige uma escola para crianças da classe média alta implanta uma política do governo que reserva vagas para alunos oriundos das classes pobres.

Um desses meninos é justamente o Machuca do título, que acaba ficando amigo de Gonzalo, um filho das “elites” e provável alter-ego do próprio cineasta (o filme termina com uma frase em homenagem a um padre real, que obviamente deve ter semelhanças com o personagem de "Machuca").

A amizade dos dois representa o abismo que existe entre as classes sociais, o qual fica escancarado quando um vai visitar a casa do outro. Gonzalo, que mora numa bela residência, tem um pai boa praça, porém ausente e alienado, enquanto sua mãe é a personificação da “dondoca” suburbana fútil e louca por dinheiro (ao ponto de ser amante de um político rico do qual recebe vários “presentes” chiques). A irmã do menino namora uma boçal violento e agressivo que faz parte do “Comando de Caça a Comunistas” chileno.

Já Machuca mora numa favela com a mãe, a irmã e um tio. Seu pai é um bêbado que aparece só para arrancar dinheiro da mãe e dar porrada nos filhos. Só por curiosidade, li um profissional da opinião dizendo que o filme “falha” ao mostrar a pobreza de forma idílica! Concordo com ele, afinal quem é que não sonha em morar num barraco feito de tábuas e lonas enquanto recebe uns sopapos do pai bêbado e cafetão dia sim, dia não?

Enfim, dessa improvável amizade acompanhamos os dois meninos passando por várias situações que servem para reforçar o caos político promovido pelos golpistas que se abatia sobre o país. O tio de Machuca ganha a vida vendendo bandeiras dos partidos de direita e de esquerda nas várias passeatas contra e a favor do governo. E leva os garotos juntos, que ignorantes do que se passava, saiam alegremente repetindo os jargões dos manifestantes, seja de qual tendência eram representantes.

Mas as coisas começam a mudar para Gonzalo quando encontra o namorado truculento da irmã e a própria mãe numa das passeatas, durante a qual a irmã de Machuca é humilhada e agredida por fazer parte da “ralé”. Em outra cena emblemática e muito triste, os pais da high society protestam numa reunião do colégio contra a presença das crianças pobres que, nas palavras deles, não devem se misturar com seus filhos. Uma das mães pobres faz então um tocante discurso sobre a trágica história de toda sua família, só para ser acusada por uma dondoca de “ressentida, rancorosa, volte para o lugar de onde veio!”.

Não quero revelar mais da trama, mas basta dizer que o filme segue o ritmo dos golpistas até a sangrenta derrubada do governo socialista pelos milicos do general Pinochet, que lançaram sobre o Chile a mais brutal e selvagem ditadura da América Latina. Ditadura que foi notável também por ter sido o primeiro regime a implantar - sobre o cadáver de milhares de cidadãos que ousaram lutar por um mundo mais justo e menos desigual - a nefasta ideologia neoliberal, que hoje colocou o mundo de joelhos.

Nem preciso dizer que o final de “Machuca” será terrivelmente trágico e doloroso. E basta assisti-lo para entender porque, afinal, ninguém tem coragem de se assumir como sendo de “direita” por essas bandas...

Cotação: * * * *

17 comentários:

Patrick disse...

André, eu vi este fim de semana - e tenho certeza de que também será de seu agrado - Salvador, filme espanhol de 2006 que resgata a história de Salvador Puig Antich, militante anarquista que foi o último condenado à morte a ser executado durante a ditadura franquista. Fica aí a sugestão.

Lingua de Trapo disse...

Boa dica André, mas como fui diretor de escola particular, de freiras para ser exato, eu tive, por repetidas vezes, que conviver com intolerância de alguns pais riquinhos contra alunos bolsistas. E veja uma coisa, muitos destes pais, católicos praticantes e frequentadores assíduos da missas que eram celebradas na capela do colégio. Porquê será que eu não me surpreenderia com este filme?

Anônimo disse...

Parabéns pela análise, André. Em poucas linhas você clareou o sentido do filme e do contexto de época. Machuca é uma ótima pedida, não podemos nunca mais esquecer como a elite chilena se vendeu para o interesse imperialista dos EUA e, ainda por cima, usando todo o seu arsenal de hipocrisia, ignorância e preconceito contra o resto da população. Olha, já tinha visto o filme faz tempo, mas os seus comentários me trouxeram muitas e importantes lembranças. Grande abraço.

Patrick disse...

Voltando ao tema do filme: deixo também como sugestão a leitura do livro "A doutrina do choque", de Naomi Klein. Poucas vezes eu vi uma explicação tão clara e didática do que ocorreu no Chile após o golpe de Pinochet. E o livro vai bem além desse episódio.

Anônimo disse...

André o filme é ótimo mesmo, reamente mostra a covardia da direita reacionária, só não concordo quando vc diz que a mais sangrenta ditadura, pois infelizmente a mais sangreta ditadura é a de Cuba, que já dura mais de 50 anos.

André Lux disse...

Se você tivesse o mínimo conhecimento do que realmente acontece em Cuba, não pagaria esse mico, Carlos.

Anônimo disse...

André que mico???Vc vai me dizer que ditadura de Cuba não é a maior de toda a América Latina??? 50 anos e 100 mil mortos é pouco pra vc?
Quem está pagando mico aqui?

André Lux disse...

Isso é o que dá ler Veja e acreditar...

Anônimo disse...

André, isso não está só na veja não, está nos livros de história!!!Pois saiba vc que nã sou leitor da veja, o fato de Cuba ser uma ditadura é historico caro camarada, basta ler os livros de historia e geografia, eles dizem com todas as letras: Cuba tem uma ditadura que dura mais de 50 anos, nem isso vc pode negar.

André Lux disse...

Ditadura do proletariado, Carlos.

Anônimo disse...

André, os mais de 100 mil mortos em Cuba eram todos grandes empresários???As pessoas que fogem todos os dias da ilha são empresários???

Patrick disse...

Referências, Carlos, referências.

André Lux disse...

Coitado, deixa ele. O médico pediu pra não contrariar...

Anônimo disse...

André, pelo visto vc é bom fazendo textos, mas não consegue discutir com ninguem. Vc afirma que em Cuba existe uma ditadura do proletariado, ai eu perguntei:As pessoas que arriscam a propria vida no mar, para fugir de Cuba, são empresários???Fidel Castro é proletario???Vc além de responder aos meus questionamentos, simplesmente me ofendeu de louco.E antes que vc venha com essa conversa fiada que eu sou mais um papagaio da direita, eu lhe respondo: Não sou direitista, pois abomino a politica externa americana, não suporto os politicos do DEM. Eu tenho uma grande simpatia pela esquerda, mas eu acredito que para ser de esquerda, não é preciso apoiar regimes ditatoriais como os que existem em Cuba ou na China.

André Lux disse...

Carlos, respeito não se exige, se conquista. Não adianta vc vir aqui e postar duas frases chavões provocativas e exigir "explicações".

Não existe qualquer evidência de que o regime cubano matou "100 mil pessoas". Isso é simplesmente ridículo e ficar afirmando isso é apenas repetir o be-a-bá da direita hidrófoba, que precisa satanizar a revolução cubana por causa do mau exemplo que passa para o resto dos oprimidos.

Sobre as pessoas que fogem de Cuba, ué, fazer o quê? Aqui no Brasil não tem um monte de gente que também "foge" para o estrangeiro? Não tem uma penca de brasileiros que tentam entrar ilegalmente nos EUA pelo Méximo e são presos? Não tá cheio de compratiotas que, mesmo tendo melhorado de vida sob Lula, tem ódio mortal do ex-metalúrgico e não vêem a hora de poder votar no Serra ou em qualquer um anti-PT da vez?

Em Cuba é a mesma coisa. Tem gente que não está feliz lá, sonha em ir para os EUA dar certo e virar celebridade. Então, como não tem grana para comprar uma passagem de avião, tentam a sorte pelo mar, em jangadas. Muitos conseguem e aí trabalham em sub empregos, vivendo pior do que viviam em Cuba e ainda são tratados como lixo. Cada um sabe o que faz da própria vida, certo?

E se vc acha que Cuba é uma ditadura, então está mal informado, pois lá existem eleições regulares. Ah, vc sabia disso mas não concorda com o sistema eleitoral de lá? Direito seu. Mas e o brasileiro, vc acha bom? E o dos EUA então, onde existem só dois partidos que disputam o poder, um de extrema-direita e outro de centro-direita?

Sobre a China, concordo com vc. Pra mim aquilo não é regime de esquerda, mas uma ditadura de direita, igual a União Soviética de Stalin. Vc já me viu defendendo a China ou o stalinismo?

Pois é. Indignação seletiva é assim mesmo.

Se vc está realmente preocupado em "desmascarar" ditaduras sanguinárias, por que não vai fazer um protesto em frente à embaixada da Arábia Saudita, por exemplo?

Anônimo disse...

André, vc está totalmente enganado cara, em as pessoas não fogem de Cuba para virar celebidade, eles fogem para tentar viver!!!Ou vc não sabe que a maioria vive na pobreza?As pessoas não tem o direito de ter o minimo pra sobreviver, e fogem da Ilha do Fidel para tentar conseguir o minimo de dignidade.Querer realizar os proprios sonhos não é crime algum.E em Cuba ninguem consegue evoluir na vida, ou morre abraçado "à causa" socialista, ou arrisca a propria vida fugindo do inferno

André Lux disse...

Não concordo com a sua opinião, Ricardo.