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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Filmes: "A Invenção de Hugo Cabret"

BELÍSSIMA CHATICE

Não dá pra endeusar um filme só porque ele homenageia o cinema, principalmente um tão sem graça.

- por André Lux, crítico-spam

É impressionante como um filme fraco e tedioso como "A Inveção de Hugo Cabret" receba tantos louvores da crítica e da academia de cinema estadunidense, ao ponto de ser o recordista de indicações para o Oscar de 2011. Tudo bem, eu concordo que o filme é muito bonito e bem feito, tem uma fotografia exuberante, um desenho de produção primoroso e uma música excelente de Howard Shore. Mas é só. O filme pode ser resumido em duas palavras: belíssima chatice!

A grande sacada do diretor Martin Scorsese, porém, foi ter feito um filme que é na verdade uma homenagem nada sutil ao próprio cinema, representado aqui na figura de Georges Meliès, que morreu na miséria depois de ter sido o primeiro grande cineasta ("Da Terra à Lua" foi um dos únicos trabalhos dele que conseguiram ser preservados). Críticos e pessoas ligadas ao cinema simplesmente adoram uma boa autoindulgência quando o assunto é a sétima arte. Nada contra, porém não dá pra endeusar um filme só porque ele homenageia o cinema, principalmente um tão sem graça.

Para piorar tudo, fica claro que Scorsese, um cineasta acostumado a fazer filmes violentos sobre gangsters e criminosos em geral (como "Os Bons Companheiros" e "Os Infiltrados"), não tem a menor noção de como construir uma narrativa alegre e voltada ao público infantil. Assim, "A Invenção de Hugo Cabret" torna-se um filme chato, arrastado, sem conflitos e incapaz de passar qualquer emoção. Suas mais de duas horas de duração saltam aos olhos e o filme parece interminável (como a maioria dos filmes do cineasta).

O roteiro, baseado em livro de Brian Selznick, é incapaz de construir qualquer surpresa ou reviravolta e é claramente dividido em dois atos que nada tem entre si. No primeiro acompanhamos o órfão Hugo Cabret tentando consertar um automato que herdou de seu falecido pai, enquanto faz a manutenção dos relógios de uma estação de trem e foge do inspetor de polícia local. De repente, tudo muda de figura quando ele descobre o segredo do robô e daí o filme vira uma modorrenta "homenagem ao cinema". Por sinal, nem o título da obra faz qualquer sentido, já que o protagonista não inventa coisa alguma!

Quem teve a brilhante ideia de escalar o Borat?
Scoresese estava tão fora de seu métier que nos apresenta uma péssima direção de atores, onde nem mesmo o grande Ben Kingsley consegue se salvar. Fiquei com pena da menina Chloe Grace Moretz, que esteve tão bem em "Deixe-me Entrar", mas aqui passa o filme todo dando o mesmo sorrisinho amarelo para a câmera. E o que dizer então da opção dele em escalar o abominável Sacha Baron Cohen, o "Borat" em pessoa, para o papel chave do inspetor de polícia? Sua "atuação" é de longe uma das coisas mais constrangedoras e caricatas que eu vi nos últimos tempos!

O fato de ter todo sido rodado com o que há de mais avançado na tecnologia 3D não acrescenta nada, exceto se você conseguir se impressionar com aquelas cenas manjadas de longos travellings da câmera e de objetos sendo jogados em direção à tela. Eu, por sinal, já deixo claro que não gosto nem um pouco de ver filmes em 3D, pois esse recurso em nada se assemelha ao que vemos no mundo real e deixa os filmes totalmente artificiais e sem qualquer profundidade de campo.

"A Inveção de Hugo Cabret" é um filme que talvez nas mãos de um Spielberg, na época em que ainda era inspirado, poderia se tornar algo interessante. Mas, feito sob a mão pesada do superestimado Scorsese acaba sendo algo penoso de se assistir.

Cotação: * *

16 comentários:

Cybershark disse...

Georges Méliès finalmente foi reconhecido como gênio que é. Só por isso, "Hugo" já tem relevância. Ajuda muito nisso a interpretação eficaz e a semelhança física com Méliès do ator Ben Kingsley. Sem dúvidas, tudo o que envolve o ilusionista visionário é o que há de melhor no longa.

Mas o filme só engrena quando o mágico pioneiro e seu drama com o passado entram em cena. Toda a primeira metade, da busca pela chave do robô, é mongolóide e chata pra caramba. Mesmo na segunda metade, sempre que Scorsese foca suas lentes nos "problemas existenciais" do garoto (Asa Butterfield, medíocre) há uma queda sensível na narrativa. E não adianta nada a competência técnica do diretor se o personagem principal é tão sem carisma.

Também achei a partitura do geralmente ótimo Howard Shore (que virou parceiro frequente de Scorsese, para quem compôs a majestosa trilha musical de "O Aviador") abaixo da média, por vezes repetitiva e insossa, além de ficar manjada quando descamba para o "exótico" com instrumentos típicos da música regional francesa. A fotografia também carrega no tom amarelado, talvez pra fazer pose de "clássica". Por outro lado, a cenografia é de cair o queixo, um deslumbre.

Entre mortos e feridos, "Hugo" é razoável e pelo menos acerta em cheio ao levar à público um merecido (e tardio) reconhecimento sobre o verdadeiro inventor do cinema. Méliès, enfim, pode descansar em paz.

NOTA: * * ½

Anônimo disse...

BELÍSSIMO DO CONTRA.

Rafa Amaral disse...

Acho que o filme merece uma interpretação um pouco mais aprofundada. Se a gente se ligar apenas na história superficial, a do menino perseguido na estação de trem e em busca do segredo de seu autômato, realmente Hugo pode deixar a desejar. Mas tem mais.

Acho que o filme esconde a magia do cinema nas pequenas coisas, nos pequenos símbolos. Hugo, não por acaso, coloca o relógio da estação para funcionar. É o coração em meio àquele centro de pessoas que cumprem seus horários, a massa que, abaixo dele, move-se sem parar. O relógio é o coração do local, justamente onde está Hugo. E seu autômato só passará a funcionar quando chegar uma chave justamente em seu coração.

Melies, nesse meio, é o homem de “tempo perdido” que será reavivado por Hugo e sua insistência. E por ai vai essa bela declaração de amor ao cinema feita por Scorsese – um diretor que sabe tudo de cinema. Mas há ainda outras coisas relevantes no filme, várias inclusive. Como você bem deve saber, o cinema sempre esteve muito próximo da orfandade, das adaptações de Deakins e mesmo das incursões realistas de Truffaut, De Sica e até mesmo de Babenco. Scorsese, apaixonado pelo neorrealismo, entendeu isso muito bem. Para Hugo, o cinema é uma salvação (como foi para Truffaut e para o próprio Scorsese, que cresceu vendo filmes na Litle Italy, perto da bandidagem).

Além disso, as questões técnicas valem cada indicação ao Oscar. Scorsese coloca todo o aparato da indústria a seu favor e presta sua homenagem. Um show com ou sem o 3D.

Cybershark disse...

Lenha na fogueira: tecnicamente o filme nem é tudo o que estão dizendo. A fotografia é forçada e soa artificial, além do Scorsese ficar caçando oportunidades gratuitas de montar planos mirabolantes que, na verdade, ficam bem aquém da exploração que James Cameron e principalmente Robert Zemeckis fizeram dessas novas tecnologias.

O único mérito incontestável que o filme tem nesse sentido, pelo menos pra mim, foi a cenografia. O figurino, por exemplo, não chegou a me impressionar.

Anônimo disse...

Adorei o comentário do Rafa Amaral. Eu adoro gente que vê coisas que não existem em filmes e ainda por cima citam nomes de diretores cult para parecerem intelectuais! kkkkkkkkk!

Rafa Amaral disse...

Truffaut, De Sica e Babenco são lições básicas. Não tem nada de distante e, para qualquer um que queira entender cinema, obrigatório conhecer um pouco deles. Interessante conhecê-los para não cair na superficialidade. Também para ver o que "não existe" (risos). Inclusive a definição de cult está distorcida. Muita gente não sabe o que significa "cult", o que ficou claro acima.

Anônimo disse...

Puxa, pra "entender" o filme do genial Scorsese precisa conhecer todos esses diretores cult do passado. É duro ser burro, viu? Risos!!

Curinga disse...

Eu já acho que pro cara entender os filmes do Scorsese a pessoa precisa, no mínimo, ter mestrado em cinema na Sorborne e ser amigo próximo dos cineastas Fassbinder, Trufaut, Kurosawa, Eisenstein, Tarkovsky, Escargot e Broneskaploft. No mínimo!

Rafa Amaral disse...

Que nada, basta uma bolsa pelo ProUni e boa vontade (risos). Basta um pouco de leitura também. Bom, gente, fico por aqui (continuo a discussão em outros blogs, com pessoas que, pelo menos, não assinam como anônimas).

Pedro disse...

Filmaço! Fica claro que o André, só falou isso pra criar polemica mesmo.

Curinga disse...

Filme meia boca! Fica claro que o Pedro só falou isso pra criar polemica mesmo (além, é claro, de mostrar que não sabe empregar a vírgula).

Cybershark disse...

A trilha de "Hugo" tem que comer muito arroz com feijão pra chegar aos pés disso aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=McoztGFGxhc

Pedro disse...

Ta na cara que esse Curinga é o André. kkk

Anônimo disse...

Concordo totalmente com o post. O filme é um total saco para quem não quer uma aula de história do cinema, e só está sendo glorificado porque é a moda atual "glorificar o cinenam e suas origens" (como também fazem em "O Artista").

Curinga disse...

Não, eu sou eu mesmo.

Anônimo disse...

Concordo em gênero, número e grau com o autor da postagem. Assisti o filme agora, em 2014, quando este foi transmitido na TV. É chato, sem graça e entediante, sendo aclamado por uma crítica puxa-saco e pseudointelectual. O pior de tudo é quando você comenta que não gostou do filme, sempre tem algum estudante de artes visuais ao lado dizendo "ah, você não gostou porque não entendeu". Se Scorsese quisesse homenagear o diretor cuja história serve de trama paralela para o filme, deveria ter feito um documentário ou um filme autobiográfico, e não utilizado uma história fraca e sem qualquer contexto como essa. Detestei.