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terça-feira, 27 de maio de 2014

Filmes: "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido"

QUEIJO SUÍÇO

Se você conseguir desligar o cérebro e esquecer que existiram outros filmes dos X-Men, pode até ser que goste desse novo filme 

- por André Lux, crítico-spam

Gostei muito do primeiro “X-Men”, que foi feito meio às pressas e com um orçamento pequeno para o gênero, fatores que obrigaram o diretor Brian Singer (do ótimo “Os Suspeitos”) a buscar saídas inteligentes para esconder a falta de dinheiro e a focar no desenvolvimento dos personagens, algo raro nesse tipo de produto.

O filme explorou também com maestria a praga do racismo e do preconceito que infesta a raça humana, colocando os mutantes como alvo desse tipo de sentimento, algo que só enriqueceu a trama.

Como fez sucesso, duas continuações e dois filmes solo com o Wolverine vieram e foram progressivamente piores. Como não sabiam mais o que fazer com os personagens originais, decidiram então gerar um daqueles infames prólogos, que mexem com eventos anteriores aos mostrados nos filmes que deram origem à série.

Nasceu então “X-Men: Primeira Classe”, que embora não seja desastroso, não chega aos pés do primeiro filme e ainda por cima bagunçava a mitologia apresentada no início (como sempre fazem esses benditos “prequels”).

Chega agora “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” que tenta ser uma continuação de todos os filmes mostrados anteriormente, inclusive dos do “Wolverine”, ao mesmo tempo que não deixa de ser também um prólogo de tudo que já foi mostrado.

Entendeu? Nem eu.

Não preciso nem dizer que o filme faz pouco sentido e para tentar costurar essa colcha de retalhos imensa apelam para o velho clichê de mandar um dos personagens de volta no tempo, no caso o mesmo Wolverine de sempre que, apesar de participar do filme todo, quase nada faz (e nem usar suas famosas garras metálicas pode, pois volta para quando ainda não havia sido fundido com adamantium).

O filme começa no futuro, quando os mutantes estão à beira da extinção pelas mãos de indestrutíveis robôs criados por um cientista malvado (feito por Peter Dinklage, o anão de “Games of Thrones”, que é desperdiçado num papel tolo) a partir de DNA dos próprios X-Men. A solução inventada pelo Professor X (Patrick Stewart) e Magneto (Ian McKellen) é então mandar alguém para uma época que foi crucial para a produção desses “sentinelas”, no caso 1973.

E a pílula mais difícil de engolir é que a personagem mais importante acaba sendo a Mística que virou meia-irmã do Professor X no “Primeira Classe” e é a chave para os eventos catastróficos do futuro. Essa nova leitura da personagem é bem ridícula, já que nos filmes originais ela não passava de uma capanga boazuda do Magneto sem maior importância. Agora, do nada, vira a perseguida e amada por todas.

O roteiro é também cheio de furos, o maior deles sendo que simplesmente não existia tecnologia em 1973 para fazer aqueles robôs e, se levarmos em conta a cronologia da saga X-Men, levou algo em torno de 50 anos para que as versões finais dos “sentinelas” fossem finalmente colocadas em ação! E como é que o Magneto fez para controlá-los no final? Tudo bem que ele enfiou metal dentro, mas isso no máximo os tornaria marionetes dele, não?

E desde quando a Kitty Pryde consegue mandar “mentes de volta no tempo”? E como é que a "ameaça" mutante só começa a se fazer presente no começo do primeiro "X-Men" se lá em 1973 já estavam todos falando deles abertamente e até foram capazes de prender o Magneto por suspeita de matar o JFK?

Assim como em “Primeira Classe”, a melhor coisa do filme acaba sendo a dupla de atores que interpretam os jovens Professor X e Magneto, feitos por James McAvoy e Michael Fassbender. Embora, verdade seja dita, a maneira como são mostrados na época dos eventos é muito forçada, principalmente o Professor X, que inclusive descobre a cura para a paralisia e depois a esquece.

Não dá pra deixar passar batido o fato de que ele havia sido literalmente desintegrado no final do terceiro filme, mas volta milagrosamente à vida, com o corpo original e tudo, sem que ninguém nem tente esclarecer como isso foi possível (e, sim, eu vi a ceninha no final do “Confronto Final” que mostra ele reencarnando na mente de uma mulher em coma. E daí?).

Tem muitos outros furos imensos na trama e contradições com tudo que foi mostrado antes, então vou parar por aqui para não me estender.

Um ponto que sempre me incomodou na saga dos X-Men no cinema é que foram incapazes de dar aos filmes uma identidade musical coerente através deles. Cada um teve a música composta por diferentes compositores que ignoraram completamente o trabalho de quem veio antes. As únicas exceções foram o 2 e esse novo, ambos com música composta John Ottman (que também é o montador), o qual reusa o tema principal do segundo filme, embora a trilha seja fraca, cheia de cacoetes inventados pelo abominável Hans Zimmer, como a ridícula "Sirene do Inferno" que inventou para "A Origem" e agora é usado em todo santo filme para identificar perigo.

Certamente minha crítica da a impressão que o filme é intragável, mas até que da pra assistir, não chega a ser um desastre também. Consegue até ser um pouco melhor que o "Primeira Classe". Mas, confesso, não consegui deixar de lado todas as incongruências e furos no roteiro e isso estragou completamente qualquer possibilidade de maior engajamento.

A melhor cena acaba sendo quando assistimos a ação do jovem Quicksilver pelo seu ponto de vista. O que levanta outra questão: por que diabos não o levaram junto para o resto da missão? Certamente ele teria ajudado e muito...

Ah, deixa prá lá! Quanto mais eu penso, pior fica. Se você conseguir desligar o cérebro e esquecer que existiram outros filmes dos X-Men, pode até ser que goste desse verdadeiro queijo suíço.

Cotação: * * 1/2


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Filmes: "Godzilla" (2014)

MONSTROS & ARTE

Quem se livrar de preconceitos e abrir a mente para outro tipo de aproximação ao personagem clássico, certamente vai gostar e muito.

- por André Lux, crítico-spam

Confesso que não dei a menor bola quando fiquei sabendo que Róliudi ia produzir mais uma versão do monstro "Godzilla" para os cinemas. Até porque estou entre aqueles que não acharam tão ruim a divertida e estúpida versão de 1998, feita por Roland Emmerich na esteira do sucesso do seu "Independence Day". 

Mas o novo filme entrou no meu radar quando descobri que foi dirigido por Gareth Edwards, cujo filme de estréia, "Monstros", me agradou bastante. Era um filme quase artesanal, feito com um micro orçamento, mas que surpreendia pela forma inusitada de contar uma história que em outras mãos transbordaria de clichês e cenas idiotas.

Indo na contramão, Edwards transformou um filme sobre uma infestação alienígena na fronteira entre os EUA e o México numa interessante reflexão sobre a pequenez e a impotência do ser humano frente a poderosas e indomáveis forças da natureza. E isso ainda misturado a um comentário político pertinente.

Entra então "Godzilla", que eu me atrevo a dizer que é o primeiro grande filme de arte sobre monstros. Os realizadores procuram fugir do "feijão com arroz" de sempre, tipo "monstro nervoso destruindo tudo enquanto é atacado pelo exército até ser morto no final", e o novo filme da cultuada criatura japonesa tem, pasmem, uma história habilmente desenvolvida nas mãos do diretor Edwards, que se esmera em apresentar os personagens e criar clima até a apoteose de destruição no final.

Mas, muito diferente do que vemos atualmente nos chamados "arrasa-quarteirões" produzidos em massa pelos EUA, o novo "Godzilla" não aposta em cenas de ação incessantes, nem em excesso de efeitos visuais, mas em sutilezas e cenas construídas com esmero e excelente noção cinematográfica. 

Inteligente, o diretor mostra muito pouco das criaturas nos dois primeiros atos do filme e, quando o faz, é sempre por meio do ponto de vista de algum dos personagens humanos, novamente reforçando, como em "Monstros", a nossa miudeza frente às forças da natureza, aqui representadas por duas criaturas gigantes que se alimentam de radiação e, claro, pelo próprio Godzilla, que é o predador natural delas e as caça durante todo o filme.

A trama é rebuscada e custa um pouco a engrenar, mas isso não atrapalha, pois permite que o foco fique em cima dos personagens humanos que não tem função de causar impacto aos acontecimentos, mas sim de sofrerem os impactos dela, aumentando assim o suspense e até o terror. Embora o terror aqui não seja do tipo "monstros dando sustos", mas sim aquele terror primordial que sentimos frente à iminência da morte causada por forças muito superiores à nossa.

O filme é tão contra a corrente que se até ao luxo de eliminar logo no começo dois personagens feitos por atores de peso que tinham tudo para serem os protagonistas. O que aumenta ainda mais a sensação de insegurança e suspense.


Cena dos paraquedistas é antológica

Há uma cena antológica quando soldados se jogam sobre a cidade coberta por nuvens de fumaça, bem em cima dos monstros que se digladiam, sob o ponto de vista dos paraquedistas ao som de "Requiem", de Ligeti (que também foi usada por Kubrick em "2001").

A trilha musical, por sinal, é uma das melhores que ouvi em um bom tempo. Composta pelo francês Alexandre Desplat é quase que totalmente atonal e bastante complexa, tanto na orquestração, quanto na execução. O que é uma lufada de ar fresco num meio que hoje é quase completamente dominado pelo lixo que o abominável Hans Zimmer "inventou".

O maior problema do filme acaba sendo justamente o seu nome, pois todos os outros filmes do Godzilla eram, de uma forma ou de outra, um besteirol trash sobre um monstro (geralmente um homem vestindo fantasia de borracha) detonando uma maquete e sendo atacado incansavelmente até o final óbvio.

Isso vai frustrar as expectativas de quem esperar que o novo filme siga a mesma toada e certamente vai gerar reações de ódio nos mais fanáticos. Mas quem se livrar de preconceitos e abrir a mente para outro tipo de aproximação, certamente vai gostar e muito. Esse é um dos raros filmes de grande orçamento feitos pela indústria cultural estadunidense que aposta na inteligência do espectador.

Cotação: * * * *


terça-feira, 13 de maio de 2014

Morre ao 74 anos H.R. Giger, o criador do "Alien"


Morreu nesta terça-feira (13), o artista plástico suíço H. R. Giger, que ficou famoso no mundo todo graças ao terrível monstro que criou para o filme "Alien, o Oitavo Passageiro", dirigido por Ridley Scott em 1979. Segundo a imprensa suíça, Giger caiu de uma escada e não resistiu aos ferimentos, falecendo aos 74 anos.

Nascido em 5 de Fevereiro de 1940, na pequena Chur (Suíça), Hans Rudi Giger começou a mostrar ainda na infância interesse pelo sexo e pelo lado mais escuro do ser humano, duas constantes em sua obra. 

A partir de 1964, ano em que morava em Zurique e cursava a Escola de Artes e Ofícios, começam a ser publicados seus primeiros trabalhos, em revistas contestatórias, como "Clou" e "Agitation" e em jornais locais. 

Entretanto, foi só a partir de 1979, depois de muitas exposições, publicações e de uma tentativa frustrada de Alejandro Jodorowsky em adaptar o livro "Duna" para o cinema, que seu trabalho passou a ser conhecido do grande público. 

Tudo isso graças à criatura que criou para o filme ''Alien: O Oitavo Passageiro'', fotografada magistralmente por Ridley Scott, que assustou os freqüentadores do cinema de tal maneira que tornou o filme um dos maiores sucessos daquele ano. 

Giger embarcou na produção de "Alien" depois que os realizadores tiveram contato com seu livro de ilustrações ''Necronomicon''. 

"Alien" rendeu ao artista suíço um merecido prêmio Oscar de Efeitos Visuais da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e o reconhecimento mundial do público à sua obra. 

Giger encarava suas obras como uma espécie de terapia contra seus medos e pesadelos. "Eu venho tendo sempre os mesmo sonhos, e são pesadelos. Eles são terríveis", conta. "Mas eu descobri que quando faço desenhos sobre eles, os sonhos vão embora. Eu me sinto muito melhor. É uma espécie de auto-psicanálise", conclui.

Sua figura e seu jeito estranho de ser, todavia, continuaram a intrigar as pessoas. "Quando Giger começou a trabalhar em 'Alien', ele foi até a secretária de produção e disse: 'Eu quero ossos'", conta um dos membros da equipe. "Então, você entrava no seu estúdio e via aquele cara parecendo o conde Drácula, vestido todo em couro preto, com seu cabelo escuro, pele muito branca e olhos brilhantes, cercado por uma sala repleta de ossos e esqueletos. Era assustador!"

"Um dia, durante as filmagens de 'Alien', fizemos um picnic e todos tiraram as camisas. Exceto Giger. E todo mundo tentou fazê-lo tirar suas roupas, mas ele não o faria", conta o roteirista Dan O'Bannon. "Entenda, eu não acho que ele se atreveria a tirar aquelas roupas, porque se o fizesse todos veriam que ele não é humano. Ele é um personagem de uma estória de H.P. Lovecraft..."

Giger trabalhou também no design de produção de filmes como ''Poltergeist 2: O Outro Lado'', ''A Experiência'', ''The Killer Condom'' (literalmente ''A Camisinha Assassina'', filme trash inédito por aqui) e ''Alien 3'', embora nenhum tenha tido o mesmo impacto ou sucesso do primeiro ''Alien: O Oitavo Passageiro''.

Visite o site oficial do artista.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Filmes: "Capitão América 2: O Soldado Invernal"

POLITIZADO E SINCERO

O grande vilão do filme é a medida que visa tirar a privacidade das pessoas em nome da ladainha da "defesa da liberdade"

- por André Lux, crítico-spam

Como eu havia dito em minha crítica ao primeiro filme, tinha tudo para dar errado mais esta adaptação de um super-herói da Marvel, a começar pelo nome "Capitão América", que evoca as piores bravatas patrióticas pelas quais os estadunidenses são famosos.

Mas, incrível: conseguiram não apenas fazer um bom filme com o personagem, mas dois! Seguindo a toada do primeiro filme, "Capitão América 2: O Soldado Invernal" também vai contra a corrente do que normalmente seria um filme desse tipo e aborda questões realmente relevantes e atuais em seu enredo, fugindo de maneira inteligente de patriotadas ridículas.

Assim, o grande vilão do filme é justamente a medida que visa tirar a privacidade das pessoas em nome da velha ladainha da "defesa da liberdade", algo que parece bonito no papel, mas que pode (e é) usado para simplesmente perseguir quem pensa diferente do que é aceito pelo sistema. Em tempos de espionagem irrestrita feita pelo governo dos EUA, principalmente no mundo virtual, e contínua restrição de liberdades esse é um debate dos mais pertinentes.

E o politizado e sincero Capitão América representa no filme a luta pela preservação dos direitos humanos contra a máquina de moer gente que deseja enfiar goela abaixo da população mundial o "american way of life". Os realizadores acertam também ao colocar um famoso libertário como Rorbert Redford justamente no papel do vilão - e o ator se deita e rola fazendo o personagem. 


Claro que nem tudo são flores. O tal Soldado Invernal que dá subtítulo ao filme, acaba sendo muito fraco e não acrescenta nada, nem quando descobrimos sua verdadeira identidade. A cena em que tentam matar o Nick Fury (Samuel L. Jackson) é exagerada e sem lógica, afinal se queriam simplesmente eliminá-lo, bastaria lançar um míssil contra o carro dele e pronto!

Não faltam também ao filme as cenas de ação, tiros e pancadarias, típicas desse tipo de produto, que quase sempre são tão grandiosas, quanto inúteis. Sem dizer que de vez em quando o Capitão América fica mais para Superman, principalmente quado é atingido por uma bomba e sai voando de cima de um ponte até se esborrachar num ônibus.

O libertário Redford diverte-se como o vilão
E o problema mais óbvio, que infesta agora todos os filmes solos dos heróis da Marvel: onde diabos estava o resto dos Vingadores? 

A trilha musical, que foi tão boa no primeiro filme graças ao talento do compositor Alan Silvestri, acabou nas mãos de um dos inúmeros clones do abominável Hans Zimmer e, embora não chegue a incomodar, também não ajuda em nada.

Entre mortos e feridos, ambos os filmes do Capitão América acabam tendo um saldo bastante positivo, principalmente por usar um viés tão, digamos, "esquerdista" em sua aproximação. 


Sinceramente, não dá para esperar algo mais nobre de um filme de Roliúdi, ainda mais quando é baseado em um personagem de quadrinhos com nome tão duvidoso...

Cotação: * * * *