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quinta-feira, 19 de maio de 2005

Filmes: "Cruzada"

MAIS UM PREGO NO CAIXÃO

Novo filme do diretor Ridley Scott é ruim como cinema e pior ainda como lição de história


- Por André Lux

Podem tirar Ridley Scott da sua lista de diretores preferidos. O autor de obras-primas do cinema moderno, como “Alien” e “Blade Runner”, saiu de cena já há alguns anos quando se rendeu ao cinema puramente comercial, onde forma não rima com conteúdo. Seu último longa, “Cruzada”, é uma grande besteira que pretende contar uma história real (a retomada de Jerusalém dos cristãos pelos árabes), mas inventa um monte de sub-tramas absurdas que destoam totalmente da realidade e tiram qualquer chance do filme ser minimamente interessante.

Já começa mal, mostrando um nobre (Liam Neeson, de “A Lista de Schindler”, sem nada o que fazer) que vem em busca de seu filho bastardo, Balian (o fraquíssimo Orlando Bloom, de “O Senhor dos Anéis”), para lhe passar a sucessão do seu baronato, na intenção de se redimir (do que, nunca saberemos pois o roteirista esqueceu de explicar). Em menos de 10 minutos de projeção o nobre é morto e o moço herda o título do pai, partindo para Jerusalém em busca de perdão e sabe-se lá mais o que.

Se o filme já estava confuso, a partir do momento que a ação pula para a terra prometida fica simplesmente incompreensível, a não ser que você seja professor de história. Nomes e personagens são jogados aos montes na tela sem qualquer preocupação em situá-los dentro do contexto histórico da época. Dali em diante simplesmente não há nada a ser contado e Scott e o roteirista William Monahan limitam-se a “encher lingüiça” mostrando belas paisagens e seqüências redundantes e sem qualquer impacto até chegar a hora da batalha final. Inventam até um romance entre o protagonista e a futura rainha da cidade (a bela Eva Green)!

A verdade é que criaram todo um enredo fictício em volta de um personagem real, o tal Bailian que liderou a defesa de Jerusalém contra os árabes, com a clara intenção de fazer uma parábola com os conflitos atuais que acontecem no mesmo local, sagrado para várias religiões. Apesar de pregarem a paz e o entendimento durante toda a projeção, essa “mensagem” é destruída quando acontece o ataque final, durante o qual Bailian profere ridículos discursos a favor da liberdade e do “povo”, descabidos tanto para a época, quanto para o próprio desenvolvimento temático apresentado até então. Não seria mais fácil ele ir até o sultão Saladin e negociar a rendição da cidade, evitando assim a guerra inútil (até porque ele já havia conquistado o respeito do braço-direito dele)? Por causa desse descompasso, dá para entender claramente porque alguns críticos têm acusado Scott de fazer propaganda da política imperialista de George Bush (que justifica a invasão de outros países e o genocídio de seus povos em nome de uma suposta “democracia”), enquanto o diretor se defende dizendo que queria mesmo era passar uma mensagem de paz e tolerância.

Mas do jeito que ficou não serve nem mesmo como crítica à igreja Católica, já que o novo rei é mostrado de forma totalmente caricata, com arroubos de vilania sem sentido, enquanto o antigo governante é pintado como um anjo do bem, pregando a paz e a tolerância por pura bondade. Se tivessem tentado retratar os dois com tintas mais realistas, poderíamos ao menos entender as motivações reais por trás de suas atitudes. O único personagem que ganha alguma humanidade é justamente o sultão árabe, que normalmente seria o vilão em filmes estadunidenses, mas sua presença em tela é tão pequena que não é suficiente para marcar.

Se conceitualmente o filme é um total desacerto, tecnicamente então é um desastre. Não existe em “Cruzada” nem a sombra do virtuosismo técnico que Scott imprimia às suas antigas produções. A fotografia é escura (em algumas cenas-chave mal se vê o rosto dos atores) e tremida nas cenas de batalha (ou seja, fica impossível entender o que se sucede). Além disso, o diretor abusa de filtros azuis que deixam tudo artificial, truque estético obtuso a lá MTV que vem usando desde “Gladiador”.

O que dizer então da música, escrita por um dos clones do sofrível Hans Zimmer, que é um arremedo de orquestrações simplistas enfeitadas com instrumentação exótica e vocalizações pseudo-eruditas? É tudo tão inexpressivo que numa das cenas mais “emocionantes” do filme (quando Bailian discursa e transforma os servos em cavaleiros) tiveram que usar uma música que o grande Jerry Goldsmith compôs para o filme “O 13º Guerreiro”.

Enfim, depois de cometer filmes grotescos como “Hannibal”, “G.I. Jane” e “Falcão Negro em Perigo”, este “Cruzada” é somente mais um prego no caixão do autor criativo que Ridley Scott foi outrora. Só não é pior que “Gladiador” pois não tem aquela mensagem fascista de busca pela vingança a qualquer preço. Todavia, é tão insípido e tolo que não vale a pena nem perder tempo discutindo-o. Ou seja, é ruim como cinema e pior ainda como lição de história.

Cotação: *

8 comentários:

André Lux disse...

Henrique, não concordo com a sua opinião. Desculpe. Mas a vida é assim mesmo: o que seria do verde se todo mundo gostasse só do amarelo?

Abraços.

Anônimo disse...

André, estou vendo cada vez mais que você é excessivamente mau humorado para críticas, e que alguma indisposição anterior parece impedí-lo de ver o susbtrato que guia a trama. É bom lembrar também que a versão original deste filme tinha uma hora a mais, mas os 'gênios' executivos fizeram cortes que não agradaram em nada a Ridley Scott. Portanto, provavelmente, a culpa nem é dele pelos maus resultados, alguns bem apontados por você.
Mas quanto a essência do filme, parece ter-lhe escapado totalmente. O título original é KINGDOM OF HEAVEN, fazendo uma alusão direta ao drama pessoal do personagem central, que se não for entendido, toda a sua estória subsequente não faz sentido algum.
Esse personagem, apesar de suas conquistas, em momento algum está em busca de algo terreno. Ele canalizava toda a sua vontade rumo a uma redenção espiritual. A "cruzada" nesse sentido é totalmente interna, sendo o mundo e a história mero pano de fundo para o drama mental do personagem. Ele estava, literalmente, em busca do "Reino do Céu", sua própria salvação pessoal, e nada mais. Tudo o que ele faz é nesse sentido, e se isso não for captado, o filme pode soar exatamente da forma como você o descreve. Recomendo revê-lo, tentando captar essa linha.
Outro ponto primoroso e que foi ignorado, é o desempenho de Eduado Norton, que mesmo por trás da máscara, consegue uma interpretação magistral.
Mudando de assunto, Orlando Bloom parece estar se especializando em defesas 'fracassadas' de fortalezas sitiadas. Haja visto o Abismo de Helm em 'As Duas Torres', e Tróia. E o mais curioso, sempre na condição de Arqueiro!

Marcus Valerio XR
http://www.xr.pro.br

Anônimo disse...

Recentemente, vi seis filmes do Scott e poderia me sentir constrangido ao falar bem de seus três primeiros (Duelistas, Alien e Blade Runner) e mal de três posteriores a 2000 (Gladiador, Falcão e Cruzada), se muitos não pensassem como eu: que o Scott ainda faz filmes bonitos mas infinitamente menos inteligentes.
Cruzada é um desses casos exemplares de bela fotografia e edição, mas roteiro frouxo e simplista.
Deixemos de lado a grande quantidade de erros históricos factuais, datas, nomes, funções, papéis, como os enumerados pela Wikipedia:

http://en.wikipedia.org/wiki/Kingdom_of_Heaven_(film)

Afinal, não é obrigação de uma narrativa ficcional ser exata historicamente, muito embora o "Duelistas" seja muito fiel à história, sem ser um filme chato.
Com os fins justificando os meios, resta saber qual o propósito e mensagem do diretor com sua obra. Ao meu ver, Scott promove dois valores em seu filme: a condenação dos fanatismos e radicalismos, e a tese do domínio de um homem sobre seu destino.
Salta aos olhos a escolha de Scott por um momento da história em que a metafísica burguesa de auto-realização e glorificação do indivíduo não eram sequer sonhadas. Ser falso é uma coisa, agora ser inverossímil é grave. Uma novela da Globo não se torna histórica só porque os personagens se vestem com roupas antigas e falam antiquadamente.
Esse tipo de problema pode ser visto numa das primeiras cenas do filme, em que há também problemas de nexo causal. O barão Godfrey de Ibelin, à caminho de Jerusalém, resolve aproveitar a oportunidade para encontrar seu filho bastardo, um ferreiro. É muito curioso que um nobre do século XII é apresentado como pio sendo que estuprou uma aldeã qualquer no passado. Ele parece ter arrependimento, o que é estranho, após tantos anos. Ímpeto juvenil? O pior da história é oferecer seu feudo para o ferreiro bastardo. Assim, Balian (o ferreiro) recebe um dia a visita de seu pai que nunca deu as caras, e que violentou sua mãe, para dizer que se arrepende e lhe oferece compensações.
Neste tempo a sociedade é estamental e a sucessão não era nessa base. Um nobre tinha vários filhos legítimos que eram seus sucessores; eles eram criados como guerreiros e/ou políticos. Não existe caso na história de um nobre achar um filho bastardo, ferreiro, para delegar-lhe seu domínio.
A história de Balian também é sinistra. Sua mulher engravida e perde o bebê. Bem, isso não era incomum no século XII, dadas as condições de higiene e saúde, e uma família neste tempo tinha vários filhos. Mas a decepção pela perda do bebê é tão grande que a mulher se suicida. Aqui temos outra reação extremamente fora de circunstância: a perda de um bebê (comum) ocasiona um suicídio (incomum), ato censurado pela Igreja e pela moral.
Ela é enterrada e decapitada, conforme os costumes. Pelo que informa a Wikipedia, o padre que vem falar com Balian é seu meio-irmão. Ele traz consigo o crucifixo da falecida. Balian, ao tomar conhecimento da decapitação e, ao ver o crucifixo dela com seu meio-irmão, reage bizarramente, matando-o. Não consigo entender esta reação.
Aí ele muda de idéia e resolve seguir o pai para a Guerra Santa. Nessas, temos outro absurdo: uma patrulha de soldados resolve ir atrás do assassino. A rapidez dessa busca invejaria até as polícias atuais. É mobilizada uma unidade para buscar um ferreiro que matou um padreco de fim de mundo. Como se não bastasse, o tal ferreiro é protegido de um nobre e de um grupo de guerreiros profissionais. Desafiando a autoridade do nobre e a inteligência, a patrulha investe contra o grupo de guerreiros...Para levar o ferreiro para julgamento...Isso beira à comédia.
O resto já sabemos. Ao longo do filme, o ferreiro se mostra mais ponderado e mais nobre que todos os políticos e nobres de Jerusalém e, de quebra, salva a cidade do ataque do Saladim.
O filme é um absurdo de cabo a rabo e só não é uma bomba completa porque tem bons atores e cenas belas.

Unknown disse...

Preciso de 3 nomes de suseranos

Unknown disse...

Preciso de 3 nomes de suseranos

Dris Ribeiro disse...

ASSISTI AS DUAS VERSÕES, A QUE FOI PARA O CINEMA E A VERSÃO DO DIRETOR. NESTA SEGUNDA MUITA COISA SE EXPLICA.

Fanatico por UFC disse...

Os filmes do Ridley Scott são ótimos. Se não gostaram tenham a capacidade de fazer melhor. Bando de pitoco que se acham mas que, na verdade não são nada.

Fanatico por UFC disse...

Os filmes do Ridley Scott são ótimos. Se não gostaram tenham a capacidade de fazer melhor. Bando de pitoco que se acham mas que, na verdade não são nada.