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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cine-Trash: "REQUIEM PARA UM SONHO"

MAS QUE DROGA!

Boa premissa é destruída pela mão pesadíssima do diretor, que apela a todo momento para moralismos totalmente descabidos e maneirismos estéticos excessivos

- por André Lux, crítico-spam

O diretor Darren Aronofsky virou queridinho de pseudo-intelectuais depois de realizar o obscuro e pretensioso ''Pi '' (daqueles que ninguém entende e, por causa disso, ficam achando que viram algo genial). Seu próximo filme, ''Réquiem para um Sonho'', foi também louvado por muitos mesmo sendo uma grande e inegável porcaria.

Explico. O filme pretende mostrar a dura realidade de vários tipos de drogados, não se limitando somente ao universo dos usuários de entorpecentes ilegais, mas abordando também aquelas pessoas que são viciadas em outros tipo de drogas, as legais (TV, remédios, alcool, etc). Num mundo onde somente os usuários de drogas proibidas são alvo de campanhas e ataques da sociedade hipócrita, a intenção é até louvável, embora obviamente pretensiosa (a começar pelo título). Pena que ela seja destruída pela mão pesadíssima do diretor, que apela a todo momento para moralismos totalmente descabidos e maneirismos estéticos excessivos. No final, não da nem para entender direito o que Aronofsky quis dizer com seu filme, já que muda a todo momento os rumos e as características de seus personagens viciados em drogas.

O principal exemplo dessa "esquizofrenia" conceitual já é notada logo de cara no próprio protagonista (o sempre péssimo Jared Leto, de ''O Quarto do Pânico''), pintado como um jovem desajustado e bandido, que inicia o filme roubando a TV da própria mãe (Ellen Burstyn) para trocá-la por drogas. Ele e sua namoradinha (Jennifer Connelly, que tem uma rápida e gratuita cena de nudez frontal a qual a atriz hoje deve repudiar), também mostrada como sendo uma jovem despudorada e sem o menor escrúpulo, passam o filme transando em lugares proibidos e causando pequenas delinqüências, enquanto injetam drogas pesadas nas veias. Não faz o menor sentido, portanto, quando ambos têm arroubos de bom-mocismo (ele tentando mostrar para a mãe que drogas fazem mal e ela ficando toda enojada e com crises existenciais ao fazer sexo oral em um negro - ela é racista? - e participar de uma orgia para descolar drogas). Moralismo dos mais estúpidos e canhestros, diga-se de passagem, sem dizer que essas reações são incompatíveis com a personalidade que o autor imputou a eles no início.

É estranho também o rumo que Aronofsky dá à trama. No início todos vão muito bem, enquanto a dupla de amigos (completada pelo horrível Marlon Wyans, cujo curriculo inclui coisas como ''Todo Mundo em Pânico'' e ''Dungeons and Dragons'') consomem suas drogas sem parar e aproveitam para ganhar dinheiro fácil, diluindo e vendendo o que sobra (é assim que pretendem realizar os tais ''sonhos'' aos quais o título do filme se refere!). A coisa só fica ruim mesmo quando o traficante do bairro é morto e não conseguem mais comprar seus entorpecentes.

Parece que o diretor quer dizer que você só terá problemas com drogas se elas faltarem em sua casa, afinal é só a partir dai que passam a se dar mal - e sempre por causa da falta de droga, nunca pelo seu uso! E tudo fica ainda mais ridículo quando a dupla sai da sua cidade para tentar buscar a razão de seu vício em Miami, uma viagem de mais de 600 km. Só sendo muito ingênuo mesmo para acreditar que numa magalópole como Nova Iorque iam conseguir comprar drogas só de uma pessoa!

"Socorro, minha geladeira quer me pegar!"
Triste mesmo é ver uma grande atriz como Ellen Burstyn interpretar uma senhora obesa (nem isso é convincente, pois percebe-se claramente que ela é uma pessoa magra usando roupas folgadas) que passa o resto de seus dias vendo programas de TV do tipo "auto-ajuda" (encenados de maneira incrivelmente estereotipada) e que fica viciada em remédios para emagrecer (baseados em anfetaminas) depois que é convidada para participar de seu show favorito. Para se ter uma idéia da fria em que a atriz se meteu, o ponto alto de sua participação no filme é quando passa a alucinar e fugir dos ataques da sua geladeira psicopata! Sua indicação ao Oscar, portanto, deve ter sido fruto da simpatia que os membros da academia sentiram por sua coragem de submeter-se a tão humilhante experiência.

Se não bastasse toda essa bobagem, o diretor ainda cisma em prender a câmera nos atores e filmar tudo em velocidada acelerada, talvez para tentar passar a sensação de "viagem" que estão tendo. Mas o efeito é usado à exaustão e cansa. Há também, a cada dez minutos de projeção, a inserção de uma cena rápida de aplicação de droga e regozijo (com direito a efeitos sonoros do tipo "Fzzzz-Shiiiii-Ahhhh!!"), que parece ter sido extraída de algum video-clipe psicodélico, sem falar do excesso de efeitos visuais e do uso de lentes angulares que nada acrescentam à trama, exceto para deixá o filme com aquele aspecto "moderninho" a lá MTV.

E quanto mais perto da conclusão chega, mais ridículo ''Réquiem para um Sonho'' fica, ao ponto de virar fita de terror em seus momentos finais, com direito a longas sessões choques elétricos (sem que haja a menor razão ou lógica para isso), membros esquartejados e bacanais sado-masoquistas doentios. E dizem que a versão que saiu aqui no Brasil é censurada. Isso quer dizer que a sem cortes deve ser ainda mais exagerada e repulsiva. Se quiser ver um filme que trata o problemas das drogas de forma muito mais lúcida e pertinente, prefira ''Traffic'', pois esse aqui é, me perdoem o trocadilho, uma verdadeira droga.

Cotação: *

5 comentários:

Cybershark disse...

Como vc tem backup dessas resenhas, podia postar as mesmas no blog, tipo umas cinco ou seis por semana. Vai até servir para quem, como eu, gosta de encontrar dicas do que vale a pena (ou não) procurar na locadora, ou pra baixar.

Sobre o filme, por enquanto o único que vi desse diretor. Mediano, no máximo.

Professor Virtual disse...

André, parabéns pelo blog! Sou leitor assíduo e recomendo.
Ótima a sua resenha do filme mas, se me permite, deixou de mencionar uma coisa boa: a música "Requiem for a dream", que acho fantástica (e foi tema de uma dupla de patinação nas olimpiadas de Vancouver).
Grande e fraterno abr@ço

Pedro Diniz disse...

André, primeiramente gostaria de lhe congratular, pois escreves muito bem!
Mas definitivamente nossas opiniões são bem distintas, primeiramente acredito que a crítica de "Cisne Negro" é carregada de uma ideolgia muito diferente desta aqui, nem parece-me a mesma pessoa que escreveu, pois se noutra,como já disse,me pareceu carregada de contracultura, nesta parece-me que saiu direto de um jornal da globo, carregada de pré-conceitos (diferente de preconceitos).
Para começar o senhor ataca o nome do filme que para mim é um dos trunfos, não sei se sabes mas Requiem é uma cerimônia (missa) católica celebrada especialmente em um funeral, nome utilizado de forma brilhante, pois o que o diretor quis passar foi exatamente o enterro de uma sociedade moderna através de "rituais" como a televisão e as drogas e até mesmo a banalização do sexo (e não vejo o que de falso moralismo há nisso, não sei se tem filhos pequenos, mas se tiver verá que de falso moralismo não tem nada e quem lhe fala isso é uma pessoa sem filhos, sem religião, e de cabeça aberta).
O filme vai muito além do "quem não é hipócrita se droga", como já disse em outro comentário chega a ser meio trágico, mas infelizmente é real ele lhe coloca em uma situação sem retorno na vida do protagonista, e com o passar do tempo você percebe que lhe faltaram algumas coisas boas em sua vida como também sobraram ruins, de qualquer forma não dá pra saber onde começou o problema, se com sua mãe, com a sociedade, se o problema é genético, o diretor joga com isto a todo momento. E ainda tem aquela velha questão, será que ele e sua mãe não são felizes assim? Lógico que ele tem problemas, mas todos temos,
de forma que um sabe dos "problemas" do outro e apesar de se amarem não tomam partido de nada, porque talvez não saibam viver de outra forma.
E de forma nenhuma o diretor quis passar que, "enquanto há drogas está tudo bem" nem tanto que você mesmo fala que o filme começa com o protagonista roubando sua mãe para comprar drogas, se isso é tranquilo para você, paciência. Quanto a questão de só existir um traficante na cidade de Nova York, se condiz bem com a realidade. Eles pegavam a droga com um traficante que foi preso e por questões comerciais eles atuam em áreas delimitadas, e esta por sua vez é bastante grande (mesmo porque comprar drogas no EUA não é igual comprar aqui, posso lhe garantir), sem contar que a droga por eles utilizada, metanfetamina ou SPEED como eles a chamam por lá é difícil de se conseguir em qualquer lugar do mundo.
Os efeitos de aceleração junto ao efeito do momento da picada é brilhante e bem repetitivo porque eles usam droga o tempo todo, são viciados, deixando pesado o clima, concordo, mas o clima é pesado! Quando as personagens se drogam a aceleração ocorre para demontrar que sua vida está passando rapidamente, como se um suicídio fosse, esta é a intenção e eu gostei.
Filme, na minha opinião, explêndido e com certeza pesado sim, mas REAL!
No mais obrigado por permitir opinião divergente da sua em seu blog (não é todo blogueiro que gosta de opiniões diferentes das deles e até suprimem alguns comentários se não são os elogiando)

Outro parabéns pelo blog, acabou de ganhar outro leitor!

Pedro Diniz disse...

Ahhh... e se quiser ver um filme que aborda o mesmo tema e é bem ruim, mas que é meio adorado pelo que você chama de Pimba, assista SAW (não, não é jogos mortais), este é o nome em inglês e é um pouco difícil de achar pois não foi lançado aqui e nem traduzido para a lígua pátria, se bem que com a modernização dos piratas vai saber, vai ver já tem até dublagens 4free...rs

Acho que este sim seria um prato cheio pra ti! rs

Abraço!

Isabel disse...

acho que você exagerou um pouco num ponto dessa resenha: a moça não se sentiu mal por ter feito sexo oral num negro. achar que aquilo é racismo é viajar demais e não tentar ver pela perspectiva da personagem. o que entendi é que ela se sentiu mal por estar se vendendo - mais uma vez - para comprar drogas, o que é o fundo do fundo do poço.