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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

DVD: "Monty Python em Busca do Cálice Sagrado"

PURO NONSENSE

Esse é o tipo de filme para ver e rever sempre com enorme alegria, ainda mais numa sala repleta de amigos

- André Lux, crítico-spam

"Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado", eleita como uma das dez melhores comédias de todos os tempos pela crítica inglesa, é uma leitura hilariante puro nonsense da lenda do Rei Arthur e seus Cavaleiros da Távola Redonda, onde todos os seis membros do grupo Monty Python fazem múltiplos e impagáveis papéis (o campeão foi Eric Idle, com nada menos que 13 aparições diferentes!).

Apesar do orçamento ser mínimo, a direção de Terry Jones e Terry Gilliam (que depois seguiu carreira solo e realizou filmes como "Brazil, o Filme" e "Os Doze Macacos") é inspirada e disfarça com maestria as limitações, usando-as inclusive a favor da comédia. Um exemplo disso foi baterem duas cascas de côco para fingir que andam a cavalo, já que não tinham dinheiro para alugar os animais verdadeiros!

O filme é entrecortado por alucinantes animações do próprio Gilliam que servem como ponte para os diversos atos do roteiro. Os melhores momentos são sem dúvida o confronto sangrento entre Arthur e o Cavaleiro Negro, a aparição dos terríveis cavaleiros que dizem "Ni!", o ataque do coelho assassino e a cena com o velho da ponte. A gozação é tanta que nem mesmo os letreiros de apresentação escapam!

Esse é o tipo de filme para ver e rever sempre com enorme alegria, ainda mais numa sala repleta de amigos.

Cotação: * * * * *

Veja uma das melhores cenas do filme:

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Filmes: "1492: A Conquista do Paraíso"

DESCOBERTA OU INVASÃO?

Ridley Scott mostra que a “conquista do paraíso” foi na verdade um terrível banho de sangue, que levou à extinção da maioria dos nativos do continente americano.

- por André Lux, crítico-spam

Na época em que foram comemorados os 500 anos da “descoberta” (ou seria invasão?) da América, Róliudi produziu dois filmes sobre o assunto, mas apenas um é digno de nota.

“1492: A Conquista do Paraíso” marcou também a última obra decente do cineasta Ridley Scott, que em tempos áureos nos brindou com gemas como “Os Duelistas”, “Alien” e “Blade Runner” antes de se vender de vez para o cinemão comercial dos EUA para o qual dirigiu abominações como “Gladiador”, “Hannibal” e “Falcão Negro em Perigo”.

Ajudado em muito pela direção de fotografia de Adrian Biddle (a chegada dos europeus ao “novo mundo” é simplesmente espetacular) e pela música primorosa do grego Vangelis, Scott usa todo seu talento estético para mostrar a conquista da América com tintas realistas e sem concessões.

Nem mesmo a figura mítica de Cristovão Colombo é poupada e, mesmo tendo a princípio boas intenções, todos seus erros, falhas e fracassos são enfatizados pelo bom roteiro de Roselyne Bosch. Scott mostra acertadamente que a tal “conquista do paraíso” foi na verdade um terrível banho de sangue, que levou à extinção da maioria dos nativos do continente americano.

Embora não consiga fugir de alguns clichês (tais como exagerar na canalhice dos nobres espanhóis e apelar para cenas recheadas de frases de efeito), o filme é literalmente carregado nas costas pelo grande Gerard Depardieu como Colombo, cujo único defeito é escorregar num inglês macarrônico de vez em quando (dizem que o filme melhora na versão francesa, com a voz original de Depardieu). O restante do elenco é “multinacional” e bastante homogeneo.

Justamente por não ser o retrato heróico da “descoberta” das Américas que a maioria esperava naquela época de celebrações, “1492” fracassou no mundo inteiro e recebeu críticas bem negativas dos profissionais da opinião.

Mas numa revisão, ele melhora muito e é daqueles raros casos que servem tanto como bom espetáculo cinematográfico quanto para uma boa aula de história.

Procure ver “1492” na versão em widescreen e sem cortes que existe para venda no Brasil. A outra versão é em tela cheia e com cortes nas cenas de violência, fatores que simplesmente destroem toda a beleza e força do filme.

Cotação: * * * *

sábado, 5 de setembro de 2009

Clássico do Cinema: "2001: Uma Odisséia no Espaço"

SINFONIA DE IMAGENS

Obra prima de Kubrick é a prova cabal que o cinema pode ser também uma forma de arte reflexiva e revolucionária

- por André Lux, crítico-spam

"2001: Uma Odisséia no Espaço" é sem dúvida nenhuma um dos melhores filmes de todos os tempos (se não o melhor). É impressionante, acima de tudo, que uma obra realizada em 1968 - antes mesmo do homem pisar na lua! - continue sendo tão atual em sua previsão do futuro.

Filmes muito mais recentes (como "Aliens - O Resgate" ou "Fuga do Século 23") envelheceram mal e ficaram completamente datados no seu design futurista, enquanto o de Stanley Kubrick mantém um desenho de produção ainda plausível e totalmente contemporâneo - exceto talvez ao usar o logo da falida PanAm em uma das naves. A própria seqüência medíocre filmada em 1984, "2010: O Ano Em Que Faremos Contato", virou peça de museu com sua trama envolvendo conflitos entre os EUA e a (extinta) União Soviética e mostrando computadores operando em modo DOS (a tecnologia de ponta na epoca!).

Segundo os autores, a evolução da humanidade estaria diretamente ligada à aparição de um misterioso monolito preto que, ao alinhar-se com outros planetas, precipita acontecimentos fantásticos. O primeiro deles foi a criação da consciência nos homens-macacos. A segunda, quando alinha-se novamente com a Terra e Lua e lança um sinal sonoro em direção à Júpiter. E aí começa a terceira parte do filme, na qual acompanhamos a nave científica Discovery a caminho do planeta para tentar decifrar o mistério do monolito.



A nave é comandada pelo computador HAL 9000, o primeiro a ter Inteligência Artificial. Todavia HAL, que paradoxalmente é o personagem mais humano do filme, enlouquece e acaba matando todos os tripulantes, exceto David Bowman. Diga-se de passagem que só essa sub-trama computador versus a raça humana já gerou centenas de imitações e derivações (vide os recentes "O Exterminador do Futuro" e "Matrix").

O astronauta sobrevivente dirige-se então a Júpiter e ao monolito e, quando sua nave alinha-se com o planeta e o objeto, é lançada em uma viagem dimensional até o que poderia ser uma outra civilização mais avançada - ou mesmo deus. O astronauta é então mandado de volta à Terra (após passar por um período de "adaptação" em um ambiente familiar para preserver sua sanidade mental) na forma de um bebê - no que seria certamente o próximo passo da evolução humana.



Mas essa é só uma das possíveis interpretações do filme. A verdade é que, devido ao seu caráter francamente filosófico e aberto, "2001" permite uma gama infinita de conclusões e especulações. Mas o ritmo lento e a falta de explicações didáticas certamente vai horrorizar espectadores ávidos por aventuras, explosões e tramas simplórias.

O filme quase não tem efeitos sonoros, principalmente na terceira parte, que imita com perfeição a realidade no vácuo espacial, e flui como uma sinfonia de imagens de acordo com as músicas eruditas que Kubrick escolheu para musicar sua obra (Alex North chegou a compor uma trilha original para as duas primeiras partes de "2001", mas só descobriu que ela havia sido rejeitada durante a estréia do filme!).

Já para quem busca algo mais do que entretenimento descerebrado e descartável, "2001: Uma Odisséia no Espaço" é a prova cabal que o cinema pode ser também uma forma de arte reflexiva e revolucionária.

Cotação: * * * * *