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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

O MUNDO PRECISA DE MAIS EMPATIA



Hoje em dia expressar tristeza, angústia, ansiedade e outros sentimentos considerados negativos parece ter quase virado um crime. Quem ousa fazê-lo é tratado com desdém ou então tem que escutar frases de efeito vazias que causam mais mal estar ainda.

Neste vídeo falo um pouco dessa triste realidade e também sobre o como parentes e amigos podem proceder caso queiram realmente auxiliar essas pessoas.

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Filmes: "Batman Begins"




BOM, NAS NEM TANTO

Dizer que “Batman Begins” é melhor que os filmes de Tim Burton e Joel Schumacher é verdade. Mas, convenhamos, não chega a ser um elogio tão impressionante.


- Por André Lux

Ainda não foi desta vez que o homem-morcego encontrou sua versão definitiva nos cinemas. Depois dos excessos cometidos contra o personagem nos histéricos filmes de Tim Burton e Joel Schumacher, a Warner resolveu apostar numa leitura mais realista e contida da saga do justiceiro de Gotham City. Para isso, chamou o diretor Christopher Nolan (dos bons “Amnésia” e “Insônia”) e investiu num roteiro supostamente menos rocambolesco e mais concentrado em humanizar os personagens e situações.

Mas, se nos filmes anteriores sobravam situações bizarras e atuações histéricas (principalmente dos vilões), em “Batman Begins” tudo é levado a sério demais, a ponto de tornar o filme quase tedioso e arrastado, especialmente na primeira parte que aborda a busca de Bruce Wayne por um “sentido na vida” – o qual ele eventualmente encontra ao juntar-se à organização Liga das Sombras, que se propõe a acabar com o crime a qualquer preço. Durante o treinamento árduo, há um excesso de frases de efeito e psicologia de almanaque proferidas pelo seu mentor, Henri Ducard (Liam Neeson, repetindo seu papel de “mestre Jedi”), que acabam sendo redundantes e poderiam ter sido cortadas sem prejuízos. Incomoda também a insistência do roteiro em pintar os milionários pais do herói como se fossem espécies de “santos imaculados”, dispostos a tudo para ajudar os pobres (a cena da morte deles, por sinal, é muito mal dirigida e apressada, não passa qualquer emoção).

Depois de uma fuga exagerada e não muito convincente do quartel general da Liga (quando o exército imbatível de ninjas é derrotado com facilidade incompatível com o que havia sido mostrado até então), Wayne volta para sua cidade natal disposto a combater o crime. Esse segundo ato, o qual mostra o protagonista dando forma ao seu alter-ego mascarado, é o que o filme tem de melhor. Graças à participação de coadjuvantes de peso, como Michael Caine (como o mordomo Alfred), Morgan Freeman (o guru em armamentos), Gary Oldman (o sargento Gordon) e Rutger Hauer, o filme fica menos pretensioso e cresce, reservando ao menos algumas tiradas mais amenas e divertidas.

Infelizmente tudo desanda no terceiro ato quando os planos dos vilões são revelados e o roteiro vira um mero festival de lutas, perseguições e explosões exageradas. O pior é que novamente não conseguiram solucionar satisfatoriamente o fato de que o Batman (diferente do “Homem-Aranha” ou do “Superman”) é apenas uma pessoa normal, que veste armadura, capacete, capa e anda cheio de badulaques e bugigangas penduradas.

Ou seja, fazê-lo correr, saltar, voar, desaparecer e lutar com incrível rapidez e agilidade simplesmente não convence e priva o filme de qualquer verossimilhança. Nos quadrinhos tudo bem, afinal é uma outra linguagem. Já no cinema fica fantástico e absurdo demais. Tanto isso é verdade que nas cenas de luta mal conseguimos ver o que está acontecendo ou quem está acertando quem, tão rápidos são os cortes na edição. Não seria melhor assumir essas características que dão "peso" ao personagem e então explorá-las de maneira mais eficiente e realista, como fizeram por exemplo no primeiro "Robocop" (que, por sinal, tinha muito de "Batman)?

O maior defeito do filme, contudo, reside no fato de que não foram capazes de criar um mundo coerente com a proposta “realista” original. O design visual é claudicante e alterna tomadas de Gotham como se fosse uma cidade normal contemporânea com outras em que prédios com visual futurista são inseridos (especialmente a sede das empresas Wayne). Os filmes de Tim Burton tinham um desenho de produção radicalmente gótico e surrealista, o que ao menos os deixavam coerentes em sua totalidade. Já “Batman Begins” não assume de vez sua veia realista, nem deixa-se dominar por uma aproximação mais radical, tornando-se por conseqüência meramente medíocre e bem menos marcante do que se esperava.

O mesmo pode-se dizer da trilha musical que, embora seja assinada pelo sempre pavoroso Hans Zimmer (desta vez dividindo a autoria com o mais competente James Newton Howard, de "O Sexto Sentido"), nunca ultrapassa o nível de mediocridade e indiferença (ao ponto de me obrigar a reconhecer que mesmo as fracas partituras de Danny Elfman para os filmes de Tim Burton eram melhores!).

Não ajuda muito também a atuação neutra do Christian Bale (de “Psicota Americano”) como o protagonista. O rapaz é bom ator, mas não tem carisma para segurar o filme e apela para truques manjados de interpretação (como falar com voz grossa e sussurrante quando vestido de Batman, praticamente repetindo o que Michael Keaton tentou fazer nos dois primeiros filmes da franquia), o que contribui ainda mais para a sensação de decepção que permeia o filme todo.

Por essas e outras, dizer que “Batman Begins” é melhor que os filmes de Tim Burton e, especialmente, os de Joel Schumacher é verdade. Mas, convenhamos, não chega a ser um elogio tão impressionante...

Cotação: * * *

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

"Tropa de Elite" ajudou a chocar ovo da serpente fascista no Brasil


RAMBO DOS POBRES

Filme endossa, ao que parece involuntariamente, a solução final que muitos representantes da “elite” anseiam ver aplicada no Brasil: um saco na cabeça e um tiro na cara para cada Rolex roubado.

- por André Lux, jornalista e crítico-spam


Nunca tinha visto um filme brasileiro capaz de gerar tantas opiniões e análises divergentes, inclusive entre quem se define “de esquerda”. 

Alguns acusam o filme de ser fascista, enquanto outros aplaudem as soluções bárbaras para o tráfico de drogas mostradas na tela.

A verdade é que as reações exacerbadas que “Tropa de Elite” vem provocando comprovam o quanto o Estado e as instituições democráticas do Brasil são frágeis e débeis. Basta alguém apontar uma câmera para lugares que ninguém quer ver e pronto: voam penas para todos os lados!

Isso ao menos é um ponto positivo, pois qualquer polêmica e debate sobre as questões abordadas no filme são sempre bem vindos, ainda mais num país onde a maioria gosta de tapar o sol com peneira ou propor soluções simplistas e violentas para tudo.

Sobre o filme em si só posso dizer uma coisa: trata-se, sim, de uma obra fascista no sentido que justifica a violência, a tortura e o desrespeito às leis por parte dos policiais do BOPE (a tal Tropa de Elite). 

Não posso afirmar que essa tenha sido a intenção do diretor José Padilha (do excelente documentário “Ônibus 174”), mas o fato é que ele cometeu erros primários na condução da narrativa e acabou transformando o famigerado capitão Nascimento numa espécie de Rambo dos pobres.




E não adianta tentar justificar que o personagem do policial é “profundo” por ser problemático ou sofrer de síndrome do pânico, pois, vale lembrar, o Rambo do Stallone também era um desajustado que tinha traumas psicológicos provocados pela guerra do Vietnã e dizia com orgulho que confiava apenas no seu facão.

Mas isso não o impedia de metralhar heroicamente os vilões malvados com frieza e requintes de crueldade em nome do imperialismo estadunidense para deleite da platéia, da mesma forma que faz o capitão Nascimento (o esforçado Wagner Moura) em nome de algo que nem chega a ficar claro no filme.

O erro básico do cineasta foi inserir uma narração em off feita pelo protagonista, que além de não acrescentar nada à trama e tratar de fatos que ele não teria como saber, tem um tom debochado e cínico que destoa completamente do suposto estado mental psicótico que o filme tenta imprimir no personagem. Por causa desse recurso infeliz o capitão Nascimento acaba por virar o “herói” incompreendido de um filme que, supostamente, queria ser ultra-realista e atirar para todos os lados da mesma forma como fez Fernando Meireles no irretocável “Cidade de Deus”.

Esse erro fica ainda mais gritante na terceira parte do roteiro, que mostra os policiais do BOPE agindo acima de qualquer lei ou comando ao partir para a vingança pessoal contra os traficantes que mataram um dos seus, lançando mão de recursos inadmissíveis com a tortura e o fuzilamento sumário. Ninguém discorda que isso ocorra no mundo real, o problema é que ações de “vale tudo” como essa provocam, na maioria das vezes, o espancamento e a morte de muitos inocentes. Mas no filme todos os personagens torturados ou mortos são bandidos confessos. Urra! Nem o Jack Bauer, torturador oficial da série "24 Horas", faria melhor!

E, convenhamos, apresentar o vilão maior do filme, lamentavelmente batizado de Baiano, usando camisa com a estampa do Che Guevara não conta pontos a favor de Padilha. Pergunto: para que serve matizar o policial torturador se não fizerem o mesmo com os traficantes, pintados sempre como sádicos conscientes da própria maldade, um dos clichês mais torpes do cinema?



Comparem, por exemplo, a diferença brutal de caracterização do Zé Pequeno de “Cidade de Deus”, que mesmo sendo ainda mais sádico que Baiano nunca é menos que humano no filme de Meireles. E, por isso mesmo, realmente assustador como retrato perfeito da realidade onde foi criado.

E, por favor, que conversa mole é aquela de que os policiais do BOPE são todos varões da moral e incorruptíveis, se fica claro no filme que eles sabem muito bem quais são os PMs corruptos? Já que sabem - e seguindo a lógica do capitão Nascimento que afirma não ver diferença entre os traficantes e aqueles que os ajudam - por que então não os prendem ou fuzilam como fazem com os favelados? Medo, omissão, corporativismo, ordens superiores? Qualquer que seja a resposta, estão sendo no mínimo coniventes com a corrupção e bandidagem dos colegas! E o filme não chega nem perto de tocar nesse nervo que, ao meu ver, é um dos mais importantes e trágicos da atualidade.

Outro ponto negativo é a maneira como Matias (André Ramiro), o policial negro, é desenvolvido. Começa bem ao ser apresentado como um homem íntegro e com consciência social, que busca obter um diploma de Direito e seguir carreira na polícia fazendo a coisa certa. Saem da boca dele as melhores linhas do filme, principalmente quando ataca a hipocrisia do discursinho moralista que representantes da classe média alta proferem em relação às drogas e à polícia. “Vocês só sabem repetir as besteiras que aprendem lendo jornalzinho, revistinha e vendo televisão”, provoca.

Abro um parêntese aqui para dizer que, infelizmente, os estudantes de classe média que interagem com Matias são extremamente caricatos e ajudam ainda mais a enfraquecer as poucas boas teses que “Tropa de Elite” defende. E o que são aquelas mocinhas lindas, arrumadinhas e bem intencionadas andando de um lado para o outro da favela, cercada por pessoas que elas sabiam serem traficantes da pesada, em nome de uma ONG dirigida por um político visivelmente picareta? Pior que isso só mesmo aquela jornalista maravilhosa e imparcialíssima perambulando pela África de shortinho no ridículo “Diamante de Sangue”!



Voltando ao Matias. O problema é que, de repente, o personagem sai do rumo e passa a agir como um clone do Darth Vader, sem qualquer resquício de humanidade, depois que seu amigo é assassinado pelos traficantes.

É sabido que, originalmente, seria ele o narrador da história, decisão que erroneamente o diretor Padilha alterou já na fase final da montagem. Dá para imaginar que, mantida a voz interior de Matias, ao menos a transformação da personalidade dele teria mais nuances e serviria também como contraponto racional à selvageria chauvinista do capitão.

Com todos esses erros e omissões cometidos pelos idealizadores, não é à toa que “Tropa de Elite” recebe aplausos de publicações ultra-fascistas como a revista Veja e o sádico capitão Nascimento vem sendo ovacionado como herói nacional, chegando ao cúmulo de ser conclamado para salvar de assaltos celebridades que ficaram ricas explorando a estupidez e a miséria humana na mídia.

Afinal, a obra do diretor Padilha endossa, ao que parece involuntariamente, a solução final que muitos representantes da “elite” tanto anseiam ver aplicada no Brasil: um saco na cabeça e um tiro na cara para cada Rolex roubado... Lamentável.

Cotação: *
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domingo, 9 de fevereiro de 2020

SOBRE O "OSCAR" E "DEMOCRACIA EM VERTIGEM"


Os prêmios da Academia de Cinema Estadunidense tem tanto valor quanto o prêmio "Carro do Ano". São apenas uma forma de marketing para a indústria cultural daquele país. Comparar filmes tão distintos entre si e escolher o "melhor" deles simplesmente não faz sentido.

Claro que existe sempre algo positivo dentro dessas premiações, por mais absurdas e injustas que sejam. Como jogar luz sobre algum filme que, sem os holofotes do Oscar, passariam em branco para a maioria das pessoas.

E é exatamente isso que a indicação vai trazer ao documentário "Democracia em Vertigem". Assim, só por isso, já estou satisfeito com o Oscar 2020.

“The Boys” apresenta super-heróis canalhas em abordagem realista, violenta e repleta de humor ácido


Série é uma boa pedida para quem está já enjoado da forma tradicional que o mundo dos super-heróis é abordado pelos quadrinhos e cinema

- por André Lux

“The Boys” é uma série baseada em história em quadrinhos do cultuado Garth Ennis que é uma espécie de antítese do que você está acostumado a ver nesse tipo de gênero. Embora não seja necessariamente original, pois não deixa de ser parecida com “Watchmen”, a obra é muito interessante e atual ao mostrar os chamados super-heróis com uma aproximação bastante realista e com um humor extremamente ácido.

Assim, o grupo de super-heróis é formado por psicopatas, estupradores, canalhas, basicamente pessoas desprezíveis que ganham superpoderes de forma misteriosa (a explicação disso será um dos grandes “plot twists” desta primeira temporada). Eles são dominados por uma grande corporação que os explora economicamente, numa perfeita parábola do sistema capitalista, onde o lucro vale mais que a vida – algo que descobrimos de forma chocante durante a ação dos heróis durante os episódios, especialmente as protagonizadas pelo “Capitão Pátria” (um assustador Antony Starr) que seria o “Superman” deste universo.

Em contrapartida, temos um rapaz que teve a namorada morta acidentalmente pelo que seria o “The Flash” deste universo o qual se junta a um caçador de recompensas feito por Karl Urban (que foi o Eomer em “O Senhor dos Anéis” e Dr. McCoy nos novos “Star Trek”) numa missão de vingança contra os super-heróis. A partir daí a série avança investindo satisfatoriamente no desenvolvimento dos personagens principais ao mesmo tempo que traz sequências de ação muito bem feitas, sendo algumas extremamente violentas.

 “The Boys” foi criada pelo trio Eric Kripke, Evan Goldberg e Seth Rogen, produzida e exibida pela Amazon, e é uma boa pedida para quem está já enjoado da forma tradicional que o mundo dos super-heróis é abordado pelos quadrinhos e cinema.

Cotação: * * * *

"Ed Wood", cinebiografia do pior cineasta do mundo, é o melhor filme do diretor Tim Burton


O REI DO TRASH

Pior diretor de todos os tempos ganha um filme excelente, feito com evidente carinho por Tim Burton (que obviamente identifica-se com o protagonista).

- por André Lux, crítico-spam

Com "Ed Wood" o diretor Tim Burton finalmente fez justiça ao seu duvidoso prestígio, alcançado muito mais pelo sucesso estrondoso do marketing investido em seus "Batman" e nos delirantes desenhos de produção de seus filmes do que por méritos dramáticos próprios.

Infelizmente, Burton tem a irritante mania de arruinar seus interessantes projetos injetando altas doses de bizarrice e histeria fora de hora, ao invés de simplesmente concentrar-se em contar uma boa história.

E é exatamente esse o mérito de "Ed Wood", biografia do que é considerado o pior diretor de cinema de todos os tempos. Sua vida por sí só já é tão bizarra e seus filmes tão histéricamente ridículos, que obrigaram Burton a voltar seus neurônios à construção de um bom roteiro e a uma direção de atores precisa - caso contrário acabaria com um filme tão ruim como os de Wood.

Ajuda também o fato de Burton ter contratado Howard Shore para escrever a trilha musical, ao invés do seu colaborador usual, o medíocre Danny Elfman (ex-Oingo Boingo). Shore compôs para "Ed Wood" uma trilha sonora discreta e sensível, mas sem esquecer de adicionar um tom cômico "fantástico", alusivo aos filmes de ficção de Wood, e outro melancólico e um pouco patético, associado à decadência de Bela Lugosi.

A recriação das cenas originais dos filmes de Wood são perfeitas e hilariantes, assim como a caracterização dos atores. Johnny Depp nunca esteve tão bem, mas quem rouba efetivamente a cena é Martin Landau (Oscar de Ator Coadjuvante), que literalmente "encarna" Lugosi.

Assim, "Ed Wood" é um filme excelente, feito com evidente carinho por Burton (que obviamente identifica-se com o protagonista), mas que vai agradar mais àqueles que conhecem os filmes hilariantes de Edward D. Wood Jr., como "Plan 9 From Outer Space" ou "Glen ou Glenda".

Sem dúvida o melhor filme de Tim Burton até hoje.

Cotação: * * * *