Postagem em destaque
SEJA UM PADRINHO DO TUDO EM CIMA!
Contribua com o Tudo Em Cima! Para isso, basta você clicar no botão abaixo e ir para o site Padrim, onde poderá escolher a melhor forma d...
sábado, 22 de fevereiro de 2020
Filmes: "Batman Begins"
BOM, NAS NEM TANTO
Dizer que “Batman Begins” é melhor que os filmes de Tim Burton e Joel Schumacher é verdade. Mas, convenhamos, não chega a ser um elogio tão impressionante.
- Por André Lux
Ainda não foi desta vez que o homem-morcego encontrou sua versão definitiva nos cinemas. Depois dos excessos cometidos contra o personagem nos histéricos filmes de Tim Burton e Joel Schumacher, a Warner resolveu apostar numa leitura mais realista e contida da saga do justiceiro de Gotham City. Para isso, chamou o diretor Christopher Nolan (dos bons “Amnésia” e “Insônia”) e investiu num roteiro supostamente menos rocambolesco e mais concentrado em humanizar os personagens e situações.
Mas, se nos filmes anteriores sobravam situações bizarras e atuações histéricas (principalmente dos vilões), em “Batman Begins” tudo é levado a sério demais, a ponto de tornar o filme quase tedioso e arrastado, especialmente na primeira parte que aborda a busca de Bruce Wayne por um “sentido na vida” – o qual ele eventualmente encontra ao juntar-se à organização Liga das Sombras, que se propõe a acabar com o crime a qualquer preço. Durante o treinamento árduo, há um excesso de frases de efeito e psicologia de almanaque proferidas pelo seu mentor, Henri Ducard (Liam Neeson, repetindo seu papel de “mestre Jedi”), que acabam sendo redundantes e poderiam ter sido cortadas sem prejuízos. Incomoda também a insistência do roteiro em pintar os milionários pais do herói como se fossem espécies de “santos imaculados”, dispostos a tudo para ajudar os pobres (a cena da morte deles, por sinal, é muito mal dirigida e apressada, não passa qualquer emoção).
Depois de uma fuga exagerada e não muito convincente do quartel general da Liga (quando o exército imbatível de ninjas é derrotado com facilidade incompatível com o que havia sido mostrado até então), Wayne volta para sua cidade natal disposto a combater o crime. Esse segundo ato, o qual mostra o protagonista dando forma ao seu alter-ego mascarado, é o que o filme tem de melhor. Graças à participação de coadjuvantes de peso, como Michael Caine (como o mordomo Alfred), Morgan Freeman (o guru em armamentos), Gary Oldman (o sargento Gordon) e Rutger Hauer, o filme fica menos pretensioso e cresce, reservando ao menos algumas tiradas mais amenas e divertidas.
Infelizmente tudo desanda no terceiro ato quando os planos dos vilões são revelados e o roteiro vira um mero festival de lutas, perseguições e explosões exageradas. O pior é que novamente não conseguiram solucionar satisfatoriamente o fato de que o Batman (diferente do “Homem-Aranha” ou do “Superman”) é apenas uma pessoa normal, que veste armadura, capacete, capa e anda cheio de badulaques e bugigangas penduradas.
Ou seja, fazê-lo correr, saltar, voar, desaparecer e lutar com incrível rapidez e agilidade simplesmente não convence e priva o filme de qualquer verossimilhança. Nos quadrinhos tudo bem, afinal é uma outra linguagem. Já no cinema fica fantástico e absurdo demais. Tanto isso é verdade que nas cenas de luta mal conseguimos ver o que está acontecendo ou quem está acertando quem, tão rápidos são os cortes na edição. Não seria melhor assumir essas características que dão "peso" ao personagem e então explorá-las de maneira mais eficiente e realista, como fizeram por exemplo no primeiro "Robocop" (que, por sinal, tinha muito de "Batman)?
O maior defeito do filme, contudo, reside no fato de que não foram capazes de criar um mundo coerente com a proposta “realista” original. O design visual é claudicante e alterna tomadas de Gotham como se fosse uma cidade normal contemporânea com outras em que prédios com visual futurista são inseridos (especialmente a sede das empresas Wayne). Os filmes de Tim Burton tinham um desenho de produção radicalmente gótico e surrealista, o que ao menos os deixavam coerentes em sua totalidade. Já “Batman Begins” não assume de vez sua veia realista, nem deixa-se dominar por uma aproximação mais radical, tornando-se por conseqüência meramente medíocre e bem menos marcante do que se esperava.
O mesmo pode-se dizer da trilha musical que, embora seja assinada pelo sempre pavoroso Hans Zimmer (desta vez dividindo a autoria com o mais competente James Newton Howard, de "O Sexto Sentido"), nunca ultrapassa o nível de mediocridade e indiferença (ao ponto de me obrigar a reconhecer que mesmo as fracas partituras de Danny Elfman para os filmes de Tim Burton eram melhores!).
Não ajuda muito também a atuação neutra do Christian Bale (de “Psicota Americano”) como o protagonista. O rapaz é bom ator, mas não tem carisma para segurar o filme e apela para truques manjados de interpretação (como falar com voz grossa e sussurrante quando vestido de Batman, praticamente repetindo o que Michael Keaton tentou fazer nos dois primeiros filmes da franquia), o que contribui ainda mais para a sensação de decepção que permeia o filme todo.
Por essas e outras, dizer que “Batman Begins” é melhor que os filmes de Tim Burton e, especialmente, os de Joel Schumacher é verdade. Mas, convenhamos, não chega a ser um elogio tão impressionante...
Cotação: * * *
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário