O REI DO TRASH
Pior diretor de todos os tempos ganha um filme excelente, feito com evidente carinho por Tim Burton (que obviamente identifica-se com o protagonista).
- por André Lux, crítico-spam
Com "Ed Wood" o diretor Tim Burton finalmente fez justiça ao seu duvidoso prestígio, alcançado muito mais pelo sucesso estrondoso do marketing investido em seus "Batman" e nos delirantes desenhos de produção de seus filmes do que por méritos dramáticos próprios.
Infelizmente, Burton tem a irritante mania de arruinar seus interessantes projetos injetando altas doses de bizarrice e histeria fora de hora, ao invés de simplesmente concentrar-se em contar uma boa história.
E é exatamente esse o mérito de "Ed Wood", biografia do que é considerado o pior diretor de cinema de todos os tempos. Sua vida por sí só já é tão bizarra e seus filmes tão histéricamente ridículos, que obrigaram Burton a voltar seus neurônios à construção de um bom roteiro e a uma direção de atores precisa - caso contrário acabaria com um filme tão ruim como os de Wood.
Ajuda também o fato de Burton ter contratado Howard Shore para escrever a trilha musical, ao invés do seu colaborador usual, o medíocre Danny Elfman (ex-Oingo Boingo). Shore compôs para "Ed Wood" uma trilha sonora discreta e sensível, mas sem esquecer de adicionar um tom cômico "fantástico", alusivo aos filmes de ficção de Wood, e outro melancólico e um pouco patético, associado à decadência de Bela Lugosi.
A recriação das cenas originais dos filmes de Wood são perfeitas e hilariantes, assim como a caracterização dos atores. Johnny Depp nunca esteve tão bem, mas quem rouba efetivamente a cena é Martin Landau (Oscar de Ator Coadjuvante), que literalmente "encarna" Lugosi.
Assim, "Ed Wood" é um filme excelente, feito com evidente carinho por Burton (que obviamente identifica-se com o protagonista), mas que vai agradar mais àqueles que conhecem os filmes hilariantes de Edward D. Wood Jr., como "Plan 9 From Outer Space" ou "Glen ou Glenda".
Sem dúvida o melhor filme de Tim Burton até hoje.
Cotação: * * * *
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