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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Filmes: "TROPA DE ELITE 2"

CONSCIÊNCIA PESADA

De certa forma o diretor José Padilha acaba confirmando que quem acusou o primeiro "Tropa de Elite" de ser fascista estava certo

- por André Lux, crítico-spam

A impressão nítida que fica depois do final de "Tropa de Elite 2" é que o diretor José Padilha ficou com a consciência pesada por causa da mensagem fascista (involuntária) embutida no primeiro filme (que agradou a extrema direita brasileira a ponto de ganhar uma capa positiva do maior panfleto nazi-fascista do país, a revista Veja) e tentou se redimir na continuação.

De certa forma ele acaba confirmando que quem acusou "Tropa de Elite" de ser fascista estava certo (eu entre eles, clique aqui para ler minha crítica ao filme e aqui para uma análise mais profunda).

Por isso, o segundo filme é bem diferente do original. O Bope, a chamada tropa de elite, e o personagem André Matias (que era o narrador original da história e verdadeiro protagonista do primeiro filme) aparecem bem pouco e o foco fica em cima do capitão Nascimento (Wagner Moura) que, depois de uma ação violenta no presídio Bangu I que cai no gosto da população de classe média para a qual "bandido bom é bandido morto", é promovido a subsecretário de Segurança do Rio de Janeiro.

Nesse sentido, "Tropa de Elite 2" não tem qualquer sutileza devido à ânsia do cineasta em provar que não é de direita. Assim, o herói do filme é um professor de História e defensor dos direitos humanos (dizem que esse personagem foi inspirado em um político do PSOL), que acaba ganhando os holofotes da mídia e é por isso eleito deputado estadual, gerando à princípio profundo ódio no Nascimento (no início do filme ele xinga o sujeito de "intelectualzinho de esquerda que ganha a vida defendendo vagabundo").

Mas, devido a uma série de circunstâncias descritas no roteiro, o defensor dos direitos humanos e o capitão Nascimento acabam tendo que unir forças para lutar contra os bandidos (no caso, policiais e políticos corruptos que comandam as milícias nas favelas cariocas).

"Tropa de Elite 2", entretanto, segue muito mais a linha dos filmes de ação estadunidenses do que os de denúncia no estilo de Costa-Gravas e, por isso, acaba não tendo o impacto necessário para mudar consciências (o estrondoso sucesso de bilheterias confirma isso, já que filmes que fazem as pessoas pensarem não fazem muito sucesso).

O exagero no didatismo ideológico, a falta de nuances e a unidimensionalidade dos personagens "maus", o primarismo psicológico dos protagonistas (Nascimento é de uma ingenuidade incompatível com sua experiência como comandante do Bope e o ativista de esquerda parece um super-homem!) e a maneira idealizada com que encara o trabalho da mídia (jamais uma denúncia daquelas contra políticos da direita seria publicada na imprensa corporativa) tira a chance do filme atingir patamares mais elevados.

Herói é esquerdista defensor dos direitos humanos!
Todavia, no aspecto técnico o segundo filme perde feio para o primeiro. O que o "Tropa de Elite" original tinha de dinâmico, ágil e forte este tem de lento e sem graça. A fotografia, um dos pontos altos do primeiro, não tem a mesma vibração e naturalidade na continuação.

Um dos pontos mais baixos do segundo é o seu elenco de apoio, principalmente o defensor dos direitos humanos que é feito por um ator pavoroso que às vezes mal consegue pronunciar seus diálogos. Nem mesmo Wagner Moura tem muito a fazer e fica quase o filme todo com cara de coitado, embora sua narração insista em retratá-lo como se fosse alguém descolado e esperto.

Entre mortos e feridos, "Tropa de Elite 2" é bem menos nojento que o primeiro filme, porém, paradoxalmente, tem bem menos impacto e por isso mesmo gera muito menos polêmica. Mas o importante é que o diretor Padilha teve a chance de se redimir e deve agora estar dormindo mais tranquilamente.

É o primeiro caso que eu conheça de uso do cinema para expiar uma crise de consciência! A revista Veja não deve ter gostada nem um pouco.

Cotação: * * 1/2

6 comentários:

Douglas Yamagata disse...

Assisti o "genérico" ontem. Sinceramente, tive a nítida impressão de que não há como se desvencilhar da cultura truculenta que é a polícia, ainda mais em se tratando do Bope e o cineasta achou algum jeito de "humanizar" o Bope e o Capitão (que é o herói do filme)sem retirar a parte truculenta do capitão. A esquerda é ilustrada pelo professor-deputado e acaba virando um segundo herói (apesar da crítica do capitão). No entanto, acho que o filme foi bastante realista, criticando os bastidores do crime organizado - apesar dos exageros postos. Tem muitos (não todos) políticos envolvidos no crime - verdade. Tem muitos policiais corruptos - verdade. Tem muito proselitismo nas nomeações de cargos - verdade. Tem apresentadores de televisão exagerados e envolvidos - verdade. Tem acadêmicos que teorizam o crime, mas o problema é mais complexo - verdade. Tem uma classe média que adora ver sangue de bandido - verdade. Tem político que usa o crime como plataforma política (para o bem ou para o mal) - verdade. Enfim, acho que devemos assistir o referido filme como uma reflexão, mas tendo a idéia que o Capitão Nascimento é uma ficção. Melhor que ele, só o Rambo.

Cybershark disse...

O que vc viu do Costa-Gavras? Meus preferidos são Z (1969) e Desaparecido (1982). Queria assistir aqueles dos anos 70, mas não acho em lugar nenhum...

Ricardo Melo disse...

Cybershark, se você gosta do Costa Gravas então procure CORRENDO o Estado de Sítio. Mostra o sequestro do torturador nazi-mafio-fascista-estadunidense Dan Mitrione pelos Tupamaros do Uruguay, durante a ditadura na década de 1970.

ricardo disse...

Detestei essa porcaria de filme. Não tenho como descrever o roteiro dele sem usar adjetivos como tosco, pobre, grosseiro e inadequado.

Que tal o personagem do "herói esquerdista"? Alguém ja imaginou um professor de Universidade que faz a defesa dos Direitos Humanos para uma platéia típica de classe média, totalmente "embevecida" com um discurso contrário ao da repressão?

E o "recurso" argumentativo (totalmente fajuto) em que ele extrapola o aumento da população carcerária e da população do Brasil? Para quem não conhece nada de Demografia (a Ciência que estuda a população), eu já aviso: esse personagem pretenso "herói dos direitos humanos" soltou uma belíssima empulhação para cima da platéia (a do filme e a dos espectadores do filme).

E que tal esse professor ter tanta ascendência sobre a bandidagem e o governo do Rio? O Padilha concentrou na persona desse ativista totalmente inverossímil várias facetas de diferentes personagens reais, de organizações defensoras dos Direitos Humanos, ONGs, Igrejas, etc. e tal. Ele é o super-man dos direitos humanos! E ainda come a mulher do lider do BOPE!!!

Olha, além da vergonha alheia estou mesmo é morredo de inveja dos filmes argentinos. Eles contam com roteiristas que aparentemente tiveram um processo de "alfabetização" melhor do que os criadores desse Tropa de Elite 2...

divinadivina disse...

E´ DE DOER...Falaram tanto que resolvi assistir...ACHEI PESSIMO !TEM A CARA ,COR E TEXTO DOS ESPECIAS DA GLOBO...Ate os atores!

Cesar Augusto disse...

Alguem aí conseguiu assistir ao "Rota Comando"?
versão paulista (e rídicula do tropa?rs)