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terça-feira, 26 de maio de 2020

“O Farol” é um terror psicológico forte passível de diversas interpretações


Roteiro aberto e cheio de referências a mitos gregos, obras de Lovecraft e filmes como “O Iluminado” vai atrair alguns e irritar outros

- por André Lux


Quem gosta de terror psicológico não pode perder “O Farol”, segundo longa do cineasta Robert Eggers que chamou a atenção em sua estreia com “A Bruxa”. Seu novo filme foi todo fotografado em preto e branco no aspecto 1.19:1, o qual deixa a tela praticamente quadrada, tudo isso para deixa-lo como se tivesse sido produzido nos primórdios do cinema.

O roteiro, que foi escrito pelo cineasta e seu irmão, mostra a vida de dois personagens que trabalham cuidando de um farol localizado numa ilha isolada. O mais velho e experiente é feito por Willem Dafoe, veterano conhecido pela capacidade de convencer em qualquer tipo de personagem, enquanto o mais jovem fica na pele de Robert Pattinson, o famoso vampiro da série “Crepúsculo” que demonstra aqui ser um excelente e destemido ator. À medida que o tempo avança e o isolamento domina, ambos começam a demonstrar sinais de loucura e partem para a bebedeira e a agressão crescente.

Mas este é um daqueles filmes chamados de “abertos”, ou seja, é do tipo que vai ficando cada vez mais alucinante ao mesmo tempo que joga diversas referências à mitologias, por exemplo, mas sem nunca dar explicações sobre o que realmente está acontecendo. Sobra então para o pobre espectador tentar entender o que diabos ele viu, uma aproximação que certamente atrai alguns enquanto irrita outros.

Dessa forma, tudo pode ser apenas o delírio de um dos personagens, atormentado por erros cometidos no passado, uma releitura moderna do mito grego de Prometeus e obras de H.P. Lovecraft ou o produto da ação de uma entidade maligna concentrada no farol e que aos poucos vai dominando a mente e o corpo dos protagonistas. Essa última leitura deixa “O Farol” parecido com “O Iluminado”, tanto é que o próprio diretor afirmou ter feito uma citação ao filme de Kubrick na cena em que um personagem persegue o outro com um machado.

Se você pesquisar sobre este filme na internet vai encontrar um monte de cinéfilos e críticos tentando dar explicações sobre o filme e, principalmente, seu final, porém são meras conjecturas, pois como afirmei acima o roteiro não dá qualquer explicação lógica para o que realmente está ocorrendo, ficando assim aberto para qualquer tipo de interpretação.

Na minha singela opinião, apesar de achar que as três aproximações se fundem, “O Farol” faz mais sentido sob a lógica de um filme de terror onde os personagens são influenciados por uma entidade, algo que fica meio latente pelo uso da trilha musical bastante assustadora composta por Mark Korven, pelo estilo de fotografia e enquadramentos e, principalmente, pela atuação de Dafoe e Pattinson, ambos num verdadeiro “tour de force” de total entrega aos papeis inclusive em cenas escatológicas e de forte cunho sexual.

Por tudo isso obviamente não é um filme para todos e certamente vai aborrecer e causar repulsa em muita gente. É um prato forte. Veja por sua conta e risco.

Cotaçâo: ****

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