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sábado, 23 de junho de 2007

Séries:"The L Word" (1ª e 2 Temporadas)

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VIVA A DIVERSIDADE!

Quem procura entretenimento de qualidade, com sensualidade, erotismo, profundidade e comentários político-sociais tem nesta série uma ótima pedida.

- por André Lux, crítico-spam

Para quem procura uma série estadunidense diferente daquelas feitas sob medida para assustar a população - repletas de violência, tiros, torturas, ameaças à "segurança nacional", crimes e outras baboseiras -, recomendo a excelente "The L Word".

É uma série que mostra de forma bastante corajosa para os tempos pudicos e moralistas atuais a vida diária de um grupo de amigas de Los Angeles lésbicas e bissexuais (assumidas ou em processo de descoberta) e a maneira como encaram situações corriqueiras do dia-a-dia como medos, traições, racismo, romances, maternidade, preconceitos, família, drogas, carreira, amizade e, claro, sexo.

A boa notícia é que todos esses assuntos são abordados sempre de maneira aberta e com tintas bem realistas, sem apelações, simplificações ou clichês do gênero, e sempre com muito bom gosto e sensualidade. Dá de mil a zero em "Sex and the City", que na verdade era uma série moralista e conservadora sobre mulheres supostamente moderninhas que, no fundo, estavam doidas mesmo era para casar com o príncipe encantado e virar "amélias"...

O elenco é muito bom e o destaque, acredite se quiser, é a belíssima mulata Jeniffer Beals (isso mesmo, aquela do bobinho "Flashdance") no papel de Bette Porter, diretora de um museu de arte moderna. Outra que ressurge muito bem é Pam Grier, que esteve em "Jackie Brown" do Tarantino e "Fantasmas de Marte" de John Carpenter, como Kitt, a comovente meia-irmã alcóolatra da personagem de Beals.

A primeira temporada é repleta de situações memoráveis, particularmente o embate entre Bette e a líder de um grupo de religiosos fundamentalistas que deseja proibir uma exposição de arte a qual julgam “ofensiva aos valores cristãos”.

E também de nuances muito interessantes que podem passar despercebidos, de tão discretos – como o fato da mãe conservadora (e republicana) da tenista Dana, que luta para pela coragem de “sair do armário”, ter sido rejeitada na adolescência pela amiga pela qual era apaixonada. Também não faltam ataques às políticas reacionárias e homofóbicas do governo Bush e seu partido.

O nível de qualidade cai um pouco na segunda temporada, em especial pela quebra do arco ligado à Jenny Schecter (Mia Kirshner, presente em “Dália Negra” de Brian de Palma) e a tumultuada descoberta de sua bissexualidade por meio do assédio da sedutora Marina - a atriz Karina Lombard, que fazia o papel de Marina, não aceitou o novo contrato e sua personagem saiu da série abruptamente, para prejuízo geral.

Há também alguns novos tipos caricatos demais (como a namorada interesseira da tenista, a advogada masculinizada, a cineasta arrogante ou a dominadora e mimada Helena Peabody) que irritam no começo, mas, felizmente, aos poucos vão sendo limados ou suavizados.

Incomoda também a péssima resolução dada ao flerte entre a (até então) heterosexual Kitt e o transexual feminino Ivan (perdoe-me se não usei o termo correto para descrever a sexualidade da personagem), interpretado por Kelly Lynch.

Porém, nada o suficiente para estragar o prazer de assistir à série – toda fotografada e musicada com grande sensibilidade, por sinal.

E é na segunda temporada que somos brindados com o episódio em que as amigas participam de um cruzeiro marítimo gay, repleto de citações à série "O Barco do Amor" - sem dúvida um dos mais divertido da série.

Para quem procura entretenimento de boa qualidade, repleto de sensualidade, erotismo, profundidade psicológica e pitadas de comentário político e social, “The L Word” é uma ótima pedida. E viva a diversidade!

1ª Temporada: * * * *
2ª Temporada: * * * 1/2

Leia minha análise da última temporada de "The L Word" neste link.
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terça-feira, 19 de junho de 2007

DVD: "Diamante de Sangue"

O INFERNO DAS BOAS INTENÇÕES

Filme desprezível traz praticamente tudo que existe de mais infame na ideologia da direita, sempre travestida com mensagens politicamente corretas e edificantes.

- por André Lux, crítico-spam

É inacreditável que um filme tão desprezível quanto este “Diamante de Sangue” tenha recebido tantas críticas positivas e premiações mundo afora. Praticamente tudo que existe de mais infame na ideologia da direita está presente nele, do começo ao fim.

Situado em Sierra Leoa, na África, a história baseada em fatos reais mostra um país dividido entre um governo “oficial” e uma guerrilha revolucionária. No meio desse caos, grupos aproveitam para tentar encontrar diamantes e vender a quem pagar melhor. Até aí, tudo bem. Ofensiva é a maneira que o grupo de “revolucionários” do filme é mostrada, basicamente formado por um bando de facínoras selvagens que invadem vilas e saem matando a esmo enquanto capturam as crianças para serem transformados em “guerrilheiros” e os homens mais fortes para trabalharem como escravos nas minas. Todos usam boina vermelha com estrela no meio (a lá Che Guevara) e, enquanto praticam seus atos monstruosos, proferem meia dúzia de frases de efeito que foram certamente pinçadas de algum discurso de três horas do Fidel Castro ou outro esquerdista qualquer, reciclando assim todos os mais infames clichês criados pela indústria cultural estadunidense para assustar o mundo do “perigo comunista”.

Não pretendo entrar no mérito do quão é factual ou não a descrição das ações do tal grupo. Afinal, é de conhecimento geral o número de barbaridades que já se cometeu por aí em nome de uma suposta “revolução” – e não vamos nos esquecer que muitos aqui mesmo no Brasil ainda chamam de “revolução” o golpe militar de 1964 que implantou uma ditadura sangrenta e arbitrária que durou 21 anos.

O fato é que, gostemos ou não, qualquer grupo guerrilheiro ou mesmo golpista tem seus ideais e propósitos. Se são nobres ou não, caberá à história julgá-los. Porém, o filme passa longe dessas questões ideológicas e nunca ficamos sabendo contra quem ou o que os rebeldes de Serra Leoa lutavam. Uma única e mísera frase, proferida por um jornalista, brinca de explorar o tema: “O governo é ruim, mas os guerrilheiros são piores”. O governo no caso, nem preciso dizer, era de direita e pró-ocidente...

Essa aproximação, convenhamos, não apenas é totalmente absurda como também ofensiva à inteligência de qualquer um que tenha o mínimo conhecimento de História. A situação caótica de eterna guerra civil presente em muitas regiões da África é resultado direto da ação das grandes potências, que sempre exploraram o continente e, em muitos casos, inventaram países na marra colocando sob uma mesma nacionalidade tribos inimigas mortais justamente para se aproveitarem do caos reinante.

E, puxada por essa temática, aparece outra das besteiras inaceitáveis do filme. Os roteiristas de “Diamante de Sangue” querem convencer os incautos que a guerra civil africana é sim conseqüência da ação do homem, mas, vejam só, de um único homem! No caso, um empresário sem escrúpulos que comercializa diamantes e financia milícias armadas, tanto de direita quanto de esquerda, para provocar o caos na região. Mais uma lição da cartilha conservadora: não existe nada de errado com o sistema capitalista, o problema são esses esparsos vilões sem caráter que não respeitam a ética e auto-regulação do ‘deus mercado’!

Mas, quando você acha que já viu tudo que é possível em termos de estupidez panfletária, ainda me aparecem com uma jornalista daquelas que só existem mesmo nos delírios dos executivos de Roliudi: independente (mesmo trabalhando para algo semelhante à CNN), perspicaz, lindíssima e sem medo de entrar de cabeça no meio da guerra (de camisetinha e bermuda) para cobrir a agonia dos excluídos.

Trata-se do estereótipo mais ridículo para retratar a decadente profissão, ainda mais numa situação daquela em que, na vida real, os sabujos da mídia corporativa não colocam o pé para fora do hotel cinco estrelas e limitam-se a repassar “informações oficiais” fornecidas pelo governo pró-ocidente (quando não fazem isso em uma esquina de Londres ou Nova Iorque). Agora, se você acha que estou exagerando, então imagine a esposa daquele sujeito engomado que lê teleprompter no Jornal Nacional da rede Globo trocando um final de semana na ilha de Caras para estar no lugar da moça do filme e vai entender o que estou tentando dizer...

E tudo isso é manipulado com o grotesco objetivo de tentar fazer as pessoas acreditarem que o maravilhoso jornalismo da mídia corporativa é louvável e digno de confiança. Afinal, ensina "Diamante de Sangue", reparem como esses profissionais da informação arriscam a própria vida para trazer a você, no conforto do seu lar, as denúncias mais atuais, doa a quem doer - e tudo isso sem nem desmanchar o penteado ou perder a oportunidade de se apaixonar pelo herói!

Eu poderia ficar horas aqui apontando todas as nojeiras contidas nesse filme, mas vou parar por aqui pois só a lembrança dessa lambança ideológica travestida de cinema já está me deixando com náuseas. O mais lamentável, porém, é que toda essa panfletagem reacionária e favorável ao imperialismo estadunidense vem embalada numa ridícula, porém eficiente, mensagem politicamente correta do tipo “salvem os africanos”. No final, como devem achar que toda a platéia é burra e inepta, chegam ao cúmulo de estampar na tela uma placa estimulando o espectador a “antes de comprar um novo diamante, ter certeza que ele é limpo”. Ah, claro, podem ficar tranqüilos: da próxima vez que eu entrar na joalheria da Daslu só vou comprar um novo diamante se a mocinha da loja me garantir de pé junto que ele chegou ali sem que nenhum pobre coitado do terceiro mundo tenha sido esmagado...

Difícil saber se os autores desse lixo são ingênuos ou simplesmente canalhas. Levando-se em consideração o conjunto da obra pseudo-profunda do diretor Edward Zwuick (“Tempo de Glória”, “Lendas da Paixão”, “O Último dos Samurais”) dá para arriscar dizer que o sujeito é daqueles cineastas bocós, porém bem intencionados, que, a exemplo de Ridley Scott em “Falcão Negro em Perigo”, deixam-se enganar pelo suposto bom-mocismo do projeto e colocam seu trabalho a serviço desse tipo de propaganda neoliberal nefasta, que sempre vem escondida atrás de mensagens edificantes.

O fato de atores-celebridades do peso de Leonardo Di Caprio (que não decide se seu personagem fala com sotaque australiano ou jamaicano) e Jeniffer Conelly terem se deixado envolver num projeto tão mau caráter e, pior, ainda saírem entoando loas à mensagem bonita do filme, demonstra o nível de alienação e ignorância das pessoas em relação a temas tão trágicos e atuais quantos os absurdamente retratados pelo filme. Se levarmos em conta que a grande maioria forma suas opiniões a partir do que assiste na mídia corporativa e no cinema, dá para imaginar o tamanho do estrago que filmes podres como esse provocam na mente dos incautos.

Enfim, como diz a lógica popular, de boas intenções o inferno está mesmo cheio...

Cotação: ZERO
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segunda-feira, 11 de junho de 2007

Filme: "NÃO POR ACASO"

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SEM EMOÇÃO

Apesar do esforço da produção e do talento
dos envolvidos, faltou cuidado com o desenvolvimento dos personagens e mais conflitos humanos no roteiro.
- por André Lux, crítico-spam

Assisti ao making of de “Não Por Acaso” antes de ver o filme e chamou minha atenção o fato de quase todo mundo destacar que se tratava de uma história sobre “dois sujeitos obcecados com controle, que, de repente, percebem que não têm controle sobre nada”. É sempre um mau sinal quando os realizadores e o elenco insistem em explicar o sentido ou o significado da trama. Afinal, isso deveria estar impresso na obra, cabendo sempre ao espectador captar as mensagens e tirar suas próprias conclusões. E é exatamente o que não acontece em “Não Por Acaso”, que é a estréia na direção de longas-metragens do diretor Phillipe Barcinski, famoso no circuito de curtas.

O roteiro de Philippe Barcinski, Fabiana Werneck Barcinski e Eugênio Puppo aborda dois personagens com realidades diferentes. Um deles é Ênio (Leonardo Medeiros, do excelente “Cabra Cega”), controlador de tráfego da CET de São Paulo e uma pessoa vazia e sem vida social, quase catatônica, que passa o dia assistindo às câmeras de vigilância do trânsito e solicitando alterações e desvios em caso de acidentes ou congestionamentos. Um dia recebe a visita do que parece ser uma ex-esposa para ser informado que a filha quer conhecê-lo. Corta, numa edição não-linear, para a vida de Pedro (Rodrigo Santoro), um marceneiro especializado em fabricar mesas de bilhar, cuja rotina muda com a chegada da namorada que vai morar com ele. Após uma breve exposição dos personagens, assistimos à garota sair de casa só para ser atropelada justamente pela ex-esposa de Ênio. Ambas morrem no acidente.

A partir daí, o filme se perde e a teoria dos “controladores que percebem não ter controle sobre nada” nunca se comprova. Primeiro porque não houve tempo de exposição suficiente para que ambos pudessem ser percebidos como pessoas obcecadas por controle. Tanto Ênio quanto Pedro parecem, respectivamente, querer controlar apenas o tráfego e os movimentos das suas tacadas de bilhar. Não há nada no comportamento social de ambos que demonstre obsessão por controle fora do ambiente de trabalho.

Para piorar, o personagem de Santoro nunca convence, pois ao mesmo tempo que é caracterizado corretamente como uma pessoa rude e de poucas palavras na marcenaria (que inclusive se veste e tem um bigodinho no pior estilo “Zé Bonitinho”), porta-se como um típico galã de filme estadunidense quando está com a namorada, todo sensível, carinhoso e compreensivo – com direito inclusive a uma cena de amor ultra-romântica, digna das novelas globais! Por causa dessa incoerência e da falta de profundidade psicológica do roteiro toda a trama que envolve Pedro e seu envolvimento com outra mulher não desperta o interesse e, no final, não chega a lugar algum.

Ao menos a história do controlador de tráfego, por envolver seu relacionamento com a filha que não conhecia, consegue ser mais verossímil e sofrer algum tipo de arco, embora o diretor fuja de qualquer emoção mais forte ou conflito deixando tudo num meio termo frio e distanciado. E, para quem queria comprovar a tese dos “controladores que perdem o controle”, fica esquisito Ênio lançar mão justamente da sua possibilidade de controlar o tráfego (até de uma forma irresponsável) para, em cena crucial, atingir um objetivo.

Tecnicamente “Não Por Acaso” é correto, com boa fotografia e uso inteligente de efeitos visuais nas tacadas de bilhar e na manipulação das cenas do trânsito paulista (chegaram a construir um congestionamento digitalmente, com resultados bem convincentes). O elenco é homogêneo e competente, porém, devido à opção dos realizadores pela frieza e pelo distanciamento, acaba ficando sem chances para vôos mais altos.

Apesar do esforço da produção e do talento dos envolvidos, faltou mesmo é um pouco de cuidado com o desenvolvimento dos personagens, conflitos humanos e, enfim, emoção.

Cotação: * * 1/2.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

DVD: "Alexandre"

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OLIVER, O GRANDE

Injustamente destruído pela maioria dos profissionais da opinião e rejeitado pelo público devido ao conteúdo homoerótico, filme merece ser visto e analisado com olhos mais críticos e menos preconceituosos.

- por André Lux, crítico-spam

Oliver Stone é um dos cineastas mais polêmicos da indústria cultural estadunidense, do tipo que é atacado por todos os lados (embora sempre mais à direita) devido à coragem e contundência com que aborda temas espinhosos da política de seu país. O sujeito gosta mesmo é de colocar o dedo na ferida. Foi assim com “Salvador”, “Platoon” e “JFK”, três filmes que mostram com riqueza de detalhes as intervenções de Washington em outros países e demolem o mito da “defesa da democracia” que os EUA usam para tentar justificar tais atos mundo afora.

Ou no documentário "Comandante", onde entrevista ninguém menos que Fidel Castro sem qualquer tipo de censura, papas na língua ou constrangimento, atingindo um resultado tão honesto e humano ao retratar o líder da Revolução Cubana que a exibição do filme acabou sendo proibida nos EUA! Até mesmo suas obras mais fracas ou descompromissadas (“Reviravolta”, “Um Domingo Qualquer”) sempre trazem altas doses de cenas fortes ou denúncias relevantes.

E isso não poderia ser diferente em “Alexandre”, adaptação muito particular que Stone faz da vida do conquistador Alexandre, O Grande, responsável pela construção de um império que ia da Grécia à Índia. Injustamente destruído pela maioria dos profissionais da opinião e rejeitado pelo público, o filme merece ser visto e analisado com olhos mais críticos.

A boa notícia é que o Stone não pretende descrever fatos históricos relativos ao personagem em questão, mas sim fazer uma análise psicológica de Alexandre, tentando descobrir o que levaria uma pessoa a buscar obsessivamente a expansão de seu império e a dominação de outros povos. Ou seja, está muito mais para “filme de arte” do que para o épico de ação que foi vendido nas peças publicitárias.

Assim, o protagonista (interpretado com surpreendente segurança pelo irregular Collin Farrel), é pintado como alguém traumatizado por uma mãe dominadora e fálica (Angelina Jolie, melhor do que de costume apesar do sotaque “Klingon”), do tipo que tem ódio/inveja de homens, e de um pai ausente e beberrão (numa interpretação nada convincente de Val Kilmer). Dividido entre a necessidade de provar-se à altura do amor quase incestuoso e manipulador da mãe e a vontade de impressionar o pai, rei da Macedônia, Alexandre torna-se uma pessoa insegura, vazia e distanciada. Daí sua busca por constante auto-afirmação por meio da conquista de poder. No fundo, tudo que o rapaz queria era preencher seu imenso vazio interior...

Outro ponto forte e positivo do filme relaciona-se à bissexualidade de Alexandre, absolutamente natural naquela sociedade, expressada claramente em seu delicado amor por Hefastion (Jared Leto), seu amigo de infância e companheiro de armas, e na atração que sentia por homens efeminados ou mulheres dominadoras. Mais freudiano, impossível. Essas abordagens serão consideradas tolas e superficiais para alguns, enquanto outros vão ficar entediados com tanto psicologismo, mas a verdade é que graças a isso o filme ganha nuances interessantes que enriquecem a trajetória do personagem e daqueles que estão à sua volta.

Se o verdadeiro Alexandre era mesmo assim ninguém nunca vai saber, mas é admirável a coragem de Oliver Stone em mostrá-lo dessa forma, a qual sem dúvida decretou o fracasso do filme nas bilheterias - especialmente entre o público masculino que certamente esperava mais um filme épico repleto de “machões em delírio” em busca de honra e vingança, sempre no pior estilo daquele panfleto fascista chamado “Gladiador”.

Visto sem preconceitos ou homofobia e com paciência (afinal, tem quase três horas de duração), “Alexandre” tem muito mais valor do que a maioria dos filmes históricos atuais, que buscam apenas mostrar batalhas gigantescas, personagens rasos repetindo frases de efeito e fugindo de qualquer polêmica ou atualidade.

Infelizmente, Oliver Stone acabou lançando uma nova edição do filme (que eu não assisti, nem pretendo) comprometendo sua visão original com mais cenas de batalha e menos bissexualismo, certamente vencido pela pressão dos executivos desesperados para recuperarem os US$ 120 milhões investidos na produção. Mas, ele deve ter percebido o erro e se redimiu, lançando uma outra versão ainda mais longa, com 3 horas e meia de filme, chamada “Alexander Revisited” (que eu também não vi, portanto, não posso opinar). Por essas e outras, Stone merece ser chamado de “O Grande”.

Cotação: * * * 1/2
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