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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Retorno de George Clooney à direção deixa a desejar em “O Céu da Meia-Noite”

- por André Lux

George Clooney volta à direção neste filme baseado na obra “Good Morning, Midnight”, de Lily Brooks-Dalton. Ele tem uma carreira sólida como cineasta, com boas obras como “Tudo Pelo Poder” e “Boa Noite e Boa Sorte”, porém aqui não conseguiu um bom resultado.

A direção é frouxa e desperdiça uma ótima premissa do gênero ficção-científica, abordando o que seria o fim do mundo com a humanidade tendo que fugir para um outro planeta próximo de Júpiter. Clooney também atua como um sujeito misterioso que opta por ficar para trás numa estação científica no meio Ártico, ao que parece por estar sofrendo de uma doença terminal.

Aos poucos, porém, descobrimos que o motivo dele é outro e aí o filme começa a apresentar duas tramas paralelas que ao invés de somar ao resultado final, acabam subtraindo. Uma envolve um cientista jovem obcecado com o trabalho às voltas com um relacionamento afetivo e a outra mostra uma nave que está voltando para a Terra depois de explorar o mundo para o qual a humanidade quer habitar.

Essas três tramas são muito mal encaixadas e deixam o filme tolo, especialmente a que foca nos astronautas e que apela para clichês irritantes, como quando saem para fora da nave para tentar consertar avarias provocadas por uma chuva de asteroides, numa cena alongada onde agem como amadores, perdendo tempo brincando e cantando enquanto esperamos pela inevitável tragédia.

O mesmo acontece com o personagem de Clooney o qual decide viajar para outra estação científica no meio de uma forte nevasca usando um simples trenó motorizado, o que vai trazer toda sorte de problemas.

O que poderia ter sido um bonito filme contemplativo e poético, acaba se tornando uma aventura arrastada e imemorável, repleto de situações forçadas para alongar a trama além da conta. Assim, quando o real motivo do protagonista ter ficado para trás é revelado, no que deveria unir as três tramas, já estamos entediados e sem paciência para nos preocuparmos com o destino dos personagens.

É uma pena, pois a produção é luxuosa, os efeitos especiais são satisfatórios e a música de Alexander Desplat acaba sendo a melhor coisa do filme.

Cotação: * *

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo!
O céu da meia-noite tentou misturar "Interstellar" e "Gravidade" com 2001-uma odisseia no espaço e o resultado é... Fraco