Reciclagem de ideias, excesso de “fan service” e caracterização contraditória do protagonista impedem a série de ser mais do que mediana
- por André Lux
A segunda temporada de “The Mandalorian” começa de forma decepcionante,
com um episódio que parece café requentado, além de apelar demais para
o “fan service” com um sem número de referências à saga original.
O episódio é chamado de “The Marshal” (O Xerife) e segue os
clichês básicos dos faroestes do passado. O Mandaloriano quer encontrar outro
da sua seita e acaba novamente em Tatooine, onde descobre um sujeito usando a
armadura do Boba Fett, um dos personagens secundários da saga original mais
queridos pelos fãs.
Depois de descobrir que o sujeito, feito pelo ator Timothy
Olyphant (sorridente demais), não é realmente um mandaloriano, o protagonista
exige que ele lhe entregue a armadura e os dois ensaiam um duelo. Mas são
interrompidos pelo ataque de um dragão Kayt, certamente a mais evidente referência
a Duna jamais vista em Star Wars. Os dois então vão juntar forças para destruir
o monstro.
A partir daí a coisa começa a desandar. Primeiro porque o
episódio fica praticamente igual a dois da primeira temporada: aquele em que o
Mandaloriano tem que salvar uma vila do ataque de saqueadores e o outro no qual
precisa matar um tipo de rinoceronte gigante para recuperar as peças de sua
nave. Ou seja, é mais do mesmo, com o roteiro seguindo rumos óbvios até o
desfecho da ação.
Não há nada relativo a desenvolvimento do protagonista, pelo
contrário, parece que não aprendeu nada, já que continua levando o bebe Yoda
(que não tem nada a fazer além de parecer fofo) à tiracolo mesmo quando vai
enfrentar uma situação de perigo extremo.
As motivações dele continuam obscuras e não fica claro se os
roteiristas querem pintá-lo como um sujeito durão e estoico ou um idealista de
coração mole. No começo do episódio, por exemplo, ele trata um antagonista de
maneira bastante cruel, sádica até, mas depois aceita ajudar a matar o monstro
da areia sem mais nem menos. Um cara durão e praticamente invencível
como ele conseguiria arrancar a armadura do xerife a força sem muito esforço.
Ao que parece, os criadores da série se empolgaram com a
recepção positiva que a série teve e acharam que a melhor coisa para manter o
interesse dos fãs é reciclar o máximo possível de ideias que deram certo e
enfiar o maior número de “easter eggs” da saga original.
Não que o episódio ou mesmo a série sejam ruins, longe disso.
É bem feita, prende a atenção e tem efeitos especiais bem razoáveis. O problema
é que quase nunca voa acima do medíocre (a péssima trilha musical não ajuda em
nada também). E se optaram por manter esse rumo, certamente vai continuar assim.
Vamos torcer para que arrisquem mais daqui para frente.
Cotação: * * 1/2
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