"2001" encontra "Contato" no "Campo dos Sonhos" é apenas uma viagem de ego de um cineasta pretensioso
- por André Lux, crítico-spam
Confesso que nunca fui grande admirador do diretor Christopher Nolan, nem mesmo de seus três "Batman", que foram ficando piores, principalmente o terceiro que é lamentável. Sempre o achei pretensioso demais e dono de uma mão pesada que deixa qualquer filme sombrio e arrastado sem necessidade.
Mas, como os filmes do "Cavaleiro das Trevas" fizeram enorme sucesso de bilheteria, Roliúdi assinou um cheque em branco para que fizesse esse "Interestelar", uma espécie de "2001" encontra "Contato" no "Campo dos Sonhos" que, no final das contas, não passa de uma pedante viagem de ego do cineasta em questão.
Tudo começa em um futuro próximo, quando a Terra está para ser destruída por uma "praga" que acaba com as plantações e uma nuvem de poeira perene. O que uma coisa tem a ver com a outra ou o que as causou, nunca ficamos sabendo direito. Há apenas referências vagas e banais ao abuso feito pelo homem contra o planeta.
Numa das plantações de milho que ainda existem, encontramos um ex-piloto da NASA e engenheiro, chamado apenas de Cooper e feito pelo sempre confiável Matthew McConaughey, o qual vai acabar pilotando uma nave que deve procurar um novo planeta para a humanidade habitar, passando através de um "Buraco de Minhoca" que apareceu misteriosamente no meio do espaço.
Resumida assim, a trama do filme parece ter tudo para agradar qualquer fã de ficção científica. Mas é só aparência, porque o filme é incrivelmente arrastado e repleto de papo furado pseudo-filosófico, como "Costumávamos olhar para o céu e imaginar nosso lugar nas estrelas. Agora apenas olhamos para baixo e nos preocupamos com nosso lugar na sujeira".
Também é recheado por citações que só a turma do "The Big Bang Theory" vai entender realmente, tipo "Será que poderemos conciliar a teoria da relatividade de Einstein com a mecânica quântica?"
Ela: "Poderemos conciliar Einstein com a mecânica quântica?" Ele: "Sei lá, você perguntou para o Cooper errado!" |
Só que a revelação sobre o que é o tal "fantasma" fica bastante óbvia já na metade do filme e quando tudo é finalmente explicado (didaticamente, por sinal, já que o diretor acredita que somos burros para entender por contra própria), fica a certeza de que Stanley Kubrick era realmente um gênio, enquanto Nolan é apenas um pau-pra-toda-obra, do tipo que adora fazer pastéis de vento, bonitos por fora, mas vazios por dentro.
Há ainda uma mensagem que aparece no ato final, algo como "o amor é a solução para tudo", que não apenas é ridícula, como parece filosofadas de livro de auto-ajuda, daqueles mais bisonhos. E quanto mais a gente pensa na conclusão, mais sem nexo e lógica ela fica.
O que dizer então sobre a "música" do abominável Hans Zimmer, colaborador habitual de Nolan? Nas partes de suspense ele tenta emular descaradamente a trilha de Ennio Morricone para "Missão Marte" e "Madalena" (inclusive usando um órgão!), mas sem qualquer traço da sensibilidade do mestre e com uma sutileza digna de um rinoceronte com dor de dente.
Quando as cenas pedem por algo mais emotivo, Zimmer inventa um minimalismo tosco e redundante, digno de pena, do tipo que Phillip Glass comporia se estivesse em coma. Enfim, o que se pode esperar de um diretor que chama esse picareta para musicar seus filmes e ainda quer ser levado a sério?
Nolan e Zimmer: uma parceria realmente infernal! |
Não havia a menor necessidade de se ter uma duração tão longa. Sequências inteiras poderiam ter sido eliminadas sem qualquer prejuízo à trama. Como no começo quando saem perseguindo um drone no meio do milharal (algo que não tem qualquer relevância para o resto do roteiro).
Ou mesmo quando aparece um cientista feito por Matt Damon que não agrega absolutamente nada, tem um plano que não faz qualquer sentido e só serve para deixar o filme ainda mais arrastado (sem falar que dá origem a uma cena digna de filmes trash, onde dois astronautas completamente vestidos com seus trajes trocam sopapos e "capacetadas" no meio do nada).
Impressiona que gastaram mais de US$ 160 milhões para fazer um filme que não brilha nem mesmo na parte técnica, com fotografia feia e escura, desenho de produção canhestro (quem teve a brilhante ideia de fazer aqueles robôs idiotas parecerem com o monolito preto de "2001" certamente merece o troféu abacaxi!) e efeitos especiais sem graça.
E alguém me explica o que Nolan queria atingir filmando os vôos no espaço com a câmara grudada nas naves? Usar esse truque uma ou duas vezes, vá lá, é até interessante, mas o tempo todo? Mal dá para entender o que está acontecendo na tela, de tão estúpida que foi essa decisão! A única cena que me passou algum tipo de emoção aconteceu só no finalzinho, dentro de um leito de hospital. Fora isso, a sensação predominante foi tédio mesmo.
Duvido que esse filme vá fazer muito sucesso de público, embora isso não queira dizer nada sobre a qualidade de um filme, mas a verdade é que Nolan ficou nu e não acredito que vá conseguir enganar mais tanta gente como vinha fazendo até então. Deu um grande tiro no pé e só tem a si mesmo para culpar.
Clique aqui para ler uma lista que fiz dos buracos negros no roteiro do filme.
Cotação: * *
15 comentários:
A trilogia CAvaleiro das Trevas nos trouxe um personagem inesquecível: Heath Ledger como Coringa. Genial.
A atuação de Ledger pode até ser chamada de "genial", mas o personagem em si não é nada disso. Pelo contrário, é bem simplista por sinal.
Fui marcado pelo Renato Angelo na publicação do André Catani onde você postou o link para essa página.
Bom, os comentários aqui são moderados então não sei se o meu será publicado. Só espero que não haja censura em comentários que discordam de você.
Toda a questão sobre a carreira do diretor(Nolan) eu me abstenho de opinar, já que é subjetivo e não quero cair no estereótipo de fã dele ou não. Vários filmes dele são realmente bons e diferentes, muitas vezes complexos o que pode dividir muito as opiniões. Inception é um exemplo claro disso e agora Interstellar.
Meu problema com a sua critica é que só há negativos aqui, me parece que você sentou na mesa e pensou: Vou detonar esse filme.
Eles tiveram o trabalho de basear toda a parte espacial, a aparência do Buraco negro em modelos matemáticos científicos, isso precisa ser citado e inclusive elogiado.
O elemento de drama foi bem executado, todos os atores se esforçaram e tiveram boas atuações.
Muita coisa, principalmente no terceiro ato do filme, exigem conhecimentos sobre teorias básicas da mecânica quântica, esse acho um erro do diretor. Em vez daquele final arrastado, com a filha dele, deveria pegar mais tempo para explicar esses elementos ao público.
Aliás, embora você critique o excesso de explicações, você mesmo não entendeu boa parte do aspecto científico do filme, ou se entendeu, preferiu omitir pela conservação do seu argumento.
Será esse o novo 2001? Provavelmente não, só o tempo dirá.
Se você publicar e responder esse meu comentário seria uma grata surpresa. Tenho a sensação que você não está interessado em debater, só em meter o pau no filme, mas vamos ver o que você fará com meu comentário.
Meu caro Luis Fernando, agradeço seu comentários, sempre será bem vindo, mesmo não concordando.
Eu não citei o fato do filme ter tentado ser fiel à ciência primeiro porque não queria entrar nesses detalhes, caso contrário teria que entregar pontos chaves da trama. E segundo porque foi o própria diretor que optou em jogar tudo isso para o alto no final, quando o sujeito entra no buraco negro e aí tudo vira fantasia.
Abraços!
Gosto e gosto é não se discute. Não estou dizendo que o filme é excelente, mas é bom.
Agora sobre sua crítica, ela é muito parcial, se alguém dúvida é só ler o último parágrafo. Levando isso em consideração isso não é uma crítica e apenas sua opinião, mas eu tenho que discorda sobre sua reclamação a parte técnica que é descabida (concordo com os robôs), pois ela é um muito bonita e o melhor do filme espetacular, apenas perde para o filme gravidade.
O grande problema deste filme e de todos os outro filmes do diretor é o excesso de personagem e o excesso de problemas, ele tem que se focar mais.
E sobre o coringa é ridículo seu comentário afirmando que ele é um personagem simples.
O que você escreveu está longe de ser uma Crítica, por isso eu respeito sua opinião mesmo sendo cheia de ódio ou simplesmente gosto.
Meu caro, o que é uma "crítica" senão uma opinião? E uma opinião será sempre parcial.
Você não podia estar mais errado, pois à crítica você deve analisar um filme como um todo independente do seu gosto pessoal. E o que você escreve no final está longe de ser um texto crítico, porque você demostra não gostar do trabalho do diretor logo sua crítica será extremamente parcial, não importando se o filme é bom ou ruim.
E outra você reclama de tudo no filme, uma crítica tem estar mais embasada tem que citar as partes positivas também, referências, metáforas e tentar dizer o que poderia ter tornado o filme melhor.
Falar mal de tudo o que assistiu e ainda chamar de "pastel de vento" é apenas sua opinião, não tem teor crítico.
Ex: Não gosto da cor azul gosto de verde. Não gostei do filme porque não tem a cor Verde.
Esse exemplo traduz exatidão está sua opinião:
"Impressiona que gastaram mais de US$ 160 milhões para fazer um filme que não brilha nem mesmo na parte técnica, com fotografia feia e escura, desenho de produção canhestro (quem teve a brilhante ideia de fazer aqueles robôs idiotas parecerem com o monolito preto de "2001"
Aqui e apenas seu gosto pessoal falando.
Rick, se eu escrever "O diretor usou uma lente grande angular nessa cena" estarei apenas descrevendo um dado factual.
Agora, se a essa frase eu acrescentar "... e o resultado foi maravilhoso", aí trata-se da minha opinião em cima de um dado factual.
Crítica é sempre uma opinião dada a partir da minha visão de mundo e, claro, do meu gosto pessoal.
Quem te falar o contrário, estará te enganando.
Sim eu concordo que tive um leve equívoco, pois sim a crítica tem que ter a opinião pessoal do autor, porém isso é até certo ponto.
Como estava dizendo seu texto não é crítico porque você apenas ataca o filme de maneira muito subjetiva com argumentos de pura opinião pessoal, não a embasamento que sustente a maioria dos seus ataques ao filme. E cadê a parte positiva? cadê a análise das metáforas? e etc...
Você ultrapassou o limite, e pareceu no texto que você detestou o filme por não gostar do diretor e já foi no cinema com pensamento "vou assistir pra não gostar de nada".
O texto crítico tem que ter a opinião do autor, mas ele tem que analisar de maneira mais ampla é mais imparcial possível.
Se você não consegue ser imparcial com certos filmes então (pelo menos eu humildemente te aconselho) a não fazer críticas sobre eles, porque sempre vai parecer opinião de um hater frustado.
Rick, vamos ser sinceros: você está bravo com minha crítica porque você gostou do filme e eu não. Ponto.
Tem um monte de outras críticas minhas na coluna da direita do blog. Dá uma olhada, tenho certeza absoluta que vai concordar com algumas delas...
filme foda, cada um tem sua opiniao sobre o filme e na minha opiniao foi um dos melhores que eu ja assisti na vida, e vai demorar pra sair um filme igual a esse, na minha opiniao.
'' Só a turma do the big bang theory realmente vai entender ''
Por aí já deu a entender que tu não gostou do filme porque tu não entendeu nada.
O autor aproveita para destilar seu ódio mal disfarçado pelo capitalismo, conduzindo simplificações idiotas.
Pessoalmente não gostei do filme, mas daí a sair atacando pessoalmente o diretor e demais membros da equipe... Haja Marxismo cultural para justificar.
Escreveu "marxismo cultural" já sei que é idiota útil.
Gostei muito do filme e não concordo com a crítica, Acho na verdade que você não entendeu o filme o que é normal pois ele traz muita informação que você só processa depois ou vendo pela segunda vez.
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