PESADELO AMERICANO
“Nomadland” é um filme duro, árido, triste, feito quase todo
com atores amadores que trazem verdade em seus relatos do fim do “sonho
americano”
- por André Lux
“Nomaldland” é mais um filme que descreve de maneira quase
documental o fim do chamado “sonho americano” focando na personagem Fern feita
pela sempre excelente Frances McDormand. Ela é apenas mais uma vítima da
ideologia do capitalismo selvagem neoliberal que tomou conta do mundo depois da
queda do muro de Berlim, quando os donos do poder econômico decidiram que não
era mais necessário manter o “Estado de Bem Estar Social” que garantia uma vida
decente aos proletários a fim de manter afastado o fantasma da revolução
comunista.
Fern vivia na cidade Empire que simplesmente desapareceu do
mapa depois que a maior fábrica faliu e fechou as portas com a crise de 2008.
Já com mais de 50 anos e sem perspectiva de conseguir um emprego fixo, resta a ela
viver num pequeno trailer e trabalhar em subempregos esporádicos.
O filme dirigido pela chinesa Chloé Zhao mostra a rotina da
protagonista em seus trabalhos e interações com outras pessoas, entre elas muitas
vivendo em situação precária como ela sem qualquer expectativa de sair daquela
condição. São seres humanos catatônicos que vivem um dia depois do outro
desprovidos de brilho e de qualquer ajuda governamental, basicamente esperando
a morte chegar.
Em um de seus encontros, Fern conversa com uma idosa que
conta a ela que desistiu de se suicidar porque ficou com pena de seus cães e
que foi atrás de seus direitos só para descobrir que após uma vida de trabalho
duro tinha apenas 500 dólares de direitos trabalhistas para resgatar.
“Nomadland” é um filme duro, árido, triste, desesperançoso, feito
quase todo com atores amadores que trazem grande verdade em seus relatos do que
é hoje o “pesadelo americano”.
Cotação: * * * *
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