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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

“Tenet” é mais um pastel de vento indigesto do cineasta Christopher Nolan

Filme seria aprazível se fosse possível desligar o cérebro, porém o diretor faz questão de impedir isso com a edição picotada, barulho infernal e a insistência em chamar a atenção para si mesmo

- por André Lux

Eu fico impressionado com a capacidade que o diretor e roteirista Christopher Nolan tem de criar tramas rocambolescas e imagens grandiosas que, no final das contas, não significam absolutamente nada. Quase todos os filmes dele são assim: tecnicamente brilhantes e com roteiros aparentemente complexos, mas totalmente rasos de emoção ou significado. Mais ou menos como um belíssimo e indigesto pastel recheado de... vento.

E seu novo filme, “Tenet”, não é exceção. São 2h30 de projeção durante a qual somos bombardeados com exposição pesada sobre a trama no meio de explosões, brigas, perseguições e trombadas com efeitos sonoros e música no último volume. Tudo isso com o objetivo de impedir que a plateia pense e perceba o quanto tudo não faz o menor sentido. A maior pista desse tipo de engodo se dá quando um dos personagens tenta explicar o que está acontecendo e no meio brinca com o fato de que não dá pra entender nada. “Já ficou com dor de cabeça?”, ironiza Neil (Robert Pattinson) numa das várias sequências como essa.

“Tentet” tem uma premissa interessante, no que nada mais é do que uma ficção científica misturada com filme de espionagem, onde supostos agentes do futuro bagunçam a realidade atual basicamente invertendo a entropia dos objetos e deles mesmos. Ou seja, andam de trás pra frente no tempo. Ao que tudo indica, Nolan um dia pensou: “Não seria o máximo um filme onde os personagens andam para trás enquanto o resto do mundo se move pra frente - e vice-versa?” e a partir daí começou a tentar escrever um enredo em volta dessa ideia.

Só essa premissa já seria suficiente para deixar todo mundo confuso. Mas, não satisfeito, Nolan deixa o enredo ainda mais obscuro e enfia um monte de informações incompletas, explicações pseudo-científicas e diálogos empolados para confundir mais as pessoas, tática velha de artistas apaixonados pelo próprio ego que querem parecer mais inteligentes do que realmente são, manipulando a plateia a concluir: “Não entendi nada, portanto o filme é genial!”.

Infelizmente, esse truque manjado ainda funciona, basta ver o prestígio que tal cineasta mantém, principalmente entre os críticos. Alguns praticamente pedem desculpas por não terem gostado muito deste filme, como medo de serem chamados de burros e, por isso, perderem likes e inscritos. Chega a ser constrangedor.

Nolan: "E aí, já ficou com dor de cabeça?"

Nolan desperdiça um excelente elenco, com destaque negativo para John David Washington (filho do Denzel), ator que esteve tão bem em “Infiltrado na Klan”, mas aqui não passa emoção alguma, até porque seu personagem é vazio e nem mesmo nome tem (nos créditos finais é listado como O Protagonista – veja só que genial!). Já Kenneth Branagh se perde em sua enésima caracterização de vilão psicopata histérico, sem qualquer nuance ou verdade. O único que se salva é o Robert Pattinson que esbanja carisma e ao menos tem certa leveza na atuação, algo sempre ausente dos filmes de Nolan, afinal tudo tem que ser super sério e pesado, não se esqueçam!

O músico Ludwig Göransson (de “Pantera Negra” e “The Mandalorian”) compôs a partitura no lugar do habitual de Nolan, o abominável Hans Zimmer que abandonou o amigo para, infelizmente, produzir a trilha do novo “Duna”. Mas não difere muito do que já ouvimos antes nos filmes do diretor: tudo muito barulhento, altíssimo e praticamente sem qualquer tipo de melodia, o que deixa o filme ainda mais irritante e sem emoção, especialmente na grande batalha final, sem dúvida uma das sequências mais alongadas e tediosas da história do cinema. Até as insuportáveis “trombetas do inferno” (FLÓÓÓÓMMMMM!) criadas por Zimmer para “Inception” soam de vem em quando.

“Tenet” até seria aprazível se fosse possível desligar o cérebro e apenas curtir as cenas bem elaboradas, porém Nolan faz questão de impedir isso com a edição picotada ao extremo que deixa tudo praticamente ininteligível e sua insistência em chamar a atenção para si mesmo. “Já está com dor de cabeça?”, parece querer perguntar a cada cinco minutos. Sim, querido, já estamos, está de parabéns!

Cotação: * *

4 comentários:

Sergi M F disse...

Infelizmente tenho que concordar com o comentário,pois ao contrário da resenha acho o Nolan um excelente diretor. O filme realmente é um pastel de vento.

Anônimo disse...

Pastel de vento é elogio ainda. Cabeça de vento sim, de quem tem a petulância de chamar isso de filme e tecer elogios ainda por cima.

Unknown disse...

Tenet só não é a maior decepção do ano por que Mulan tem esse trono

Bruno Hott disse...

Gostei muito da análise, mas exagerada, um pouco do contra, provavelmente não gosta do Nolan... Rs

Porém sua análise é fundamental, critica e fala a verdade em vários (pra não dizer todos) os momentos.

Discordo sobre a trilha e edição, acho que esteticamente o audiovisual do Nolan são excelentes, porém os diálogos sempre foram terríveis.

As cenas de um personagem completando o outro...kkkk Que vergonha alheia.

Além disso destaco a personagem feminina, que criou uma tensão sexual/racial muito interessante no filme.

Num geral eu daria 6.5/10 para o filme e 8,75/10 para sua crítica, voltarei aqui mais vezes!