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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Filmes: "Azul é a Cor mais Quente"

CHATO PRA CACETE

O que poderia ser um interessante estudo sobre a sexualidade humana se transforma num penoso esforço para evitar o sono

- por André Lux, crítico-spam

Eu nada tenho contra os chamados "filmes de arte", pelo contrário, muitas vezes os acho sensacionais e essenciais. Porém, de vez em quando, a gente se depara com um deles que, mesmo tendo conteúdo bastante pertinente, derrapa em sua realização ao ponto de tornar-se intragável.

É o caso desse "Azul é a Cor Mais Quente", dirigido por um certo Abdellatif Kechiche, tunisiano radicado na França, que poderia ser um interessante estudo sobre a sexualidade humana e também sobre as confusões que as pessoas fazem entre atração sexual e amor, mas que acaba se tornando num filme penoso de se ver até o fim.

O roteiro, que é baseado numa história em quadrinhos francesa, conta a história de Adèle, uma adolescente de 15 anos, que descobre sentir atração por pessoas do mesmo sexo depois de esbarrar, na rua, numa mulher de cabelos azuis e ter um flerte com uma colega na escola.

Aos poucos ela vai explorando suas novas descobertas e acaba conhecendo a tal moça de cabelos azuis, com quem vive uma tórrida história de amor, com direito a longas cenas de sexo lésbico que certamente vão ser aprovadas pelas mulheres gays ou bissexuais, já que a maior reclamação delas sobre os filmes pornográficos é justamente a artificialidade das transas entre mulheres.

Confesso que estava gostando bastante do filme mais ou menos até sua metade, principalmente pela atuação de Adèle Exarchopoulos, que além de muito bonita e fofa, conseguia transmitir com muita intensidade os dramas e conflitos da adolescente, compensando a falta de graça da sua "cara-metade" Emma, feita por uma apagada Léa Seydoux.

Os problemas começaram quando o filme ultrapassou a marca das duas horas de projeção e aí começou a se arrastar em cenas desnecessárias e esticadas, quando já havia muito pouco a se mostrar, exceto o crescente distanciamento entre as duas depois que vão morar juntas, agravado pelo fato delas terem muito pouco em comum além da forte atração sexual inicial. 

Há uma cena, por exemplo, em que ambas oferecem um jantar aos amigos artistas e intelectuais de Emma que, sem brincadeira, deve durar uns 10 minutos ou mais (mas parece uma eternidade), e que só serve para mostrar o constrangimento de Adèle perante os assuntos debatidos. Essa sequência poderia ter 2 minutos e já daria para entender tranquilamente o que estava acontecendo, mas é esticada ao extremo, ao ponto de irritar. Confesso que foi tanta gente comendo e "chupando" macarrão que até me deu enjoo!

Ao final, foi difícil resistir ao sono, pois foram três horas de filme, algo que, convenhamos, só dá para suportar em épicos com "Ben Hur", "Lawrence da Arábia" ou "O Senhor dos Anéis"...

Para piorar, o diretor insiste em filmar quase tudo em planos fechados, com a câmera quase enfiada na cara das atrizes, deixando tudo claustrofóbico sem qualquer necessidade, quando queria apenas demonstrar intimidade. 

O que mais impressiona é que o filme ganhou a Palma de Ouro em Cannes esse ano. Mais uma prova que alguns "entendidos" gostam mesmo é de filmes chatos pra cacete!

Cotação: * *

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Filmes: "Malévola"

MULHERES NO PODER

Apesar da motivação ser sempre o lucro, quem entende a luta das feministas não tem do que reclamar

- por André Lux, crítico-spam

A Disney está investindo agora em filmes que trazem mulheres em posição de destaque, mostrando força e independência, bem diferente dos contos de fadas do passado, onde ficavam sempre esperando passivamente o príncipe encantado para serem salvas.

Claro que isso só acontece porque fizeram intensas pesquisas de mercado e descobriram que as mulheres são as espectadoras mais fiéis desse gênero e, por isso, estão tentando lucrar nesse nicho.

Mas quem entende a luta das feministas não tem do que reclamar. Filmes como "Malévola", "Frozen" e "Valente" não deixam de ser bem vindos nessa sociedade basicamente machista e patriarcal em que vivemos, onde as mulheres tem sempre lugar secundário e são tratadas por muitos como seres inferiores. Não por acaso, esses filmes foram acusados pelos fundamentalistas de plantão de serem "obras demoníacas a serviço da conspiração comunista-gayzista-feminazi" ou coisa parecida. Só rindo mesmo.

Pena que essa releitura feminista do clássico "A Bela Adormecida" se perca num roteiro mal escrito e na necessidade de tentar enfiar monstros e lutas no estilo de "O Senhor dos Anéis" no meio do filme, fatores que apenas servem para deixá-lo confuso e sem foco.

Angelina Jolie se esforça em dar algum sentido à protagonista, vista aqui como uma fada que é traída pelo seu amor de infância, tem suas asas cortadas e então se deixa consumir pela sede de vingança. Jolie consegue convencer, mas faltam-lhe cenas que deixem seus conflitos internos mais evidentes. 

Também nunca fica claro quais são as extensões de seus poderes. No final, ela consegue até conjurar um dragão, o que nos faz pensar: por que simplesmente não fez crescer novas asas em suas costas? E por que os humanos tinham tanto ódio das criaturas mágicas de Moors, sendo que, com exceção da Malévola e algumas árvores-soldados, tudo que víamos por lá eram uns bichinhos totalmente inofensivos e até bobos? Quanto mais fantasioso um filme é, mais preocupado em criar certas regras para "prender" seus personagens tem que ser, senão fica tudo sem lógica.

O ator que faz o rei, Sharlto Copler (de "Elysium"), e as três fadinhas que cuidam da jovem Aurora também são péssimos e ajudam a estragar o resultado final. O rapaz que pegaram para ser o príncipe Felipe é ridículo, mas aí parece que foi proposital, já que ele não tem qualquer importância na trama, pelo contrário, é até usado de forma irônica.

E a produção foi bastante complicada, a ponto dos executivos da Disney dispensarem o diretor no final e obrigarem a refilmagem de todo o prólogo, com outro cineasta e uma nova atriz como a Malévola jovem. Isso é sinal de que não estavam certos sobre os rumos que o filme deveria tomar e, como sempre, quanto mais mexem, pior fica o resultado final.

Ao seu favor, "Malévola" é lindamente filmado, graças ao diretor Robert Stromberg, que é também artista de efeitos visuais, e ao consagrado fotógrafo Dean Semler. A música de James Newton Howard é muito boa também, cheia de poder sinfônico, o que demonstra sensibilidade do cineasta por trás das câmeras, que é irmão do compositor de trilhas William Stromberg.

Dá para assistir e certamente vai agradar as mulheres, mas poderia ser bem melhor.

Cotação: * * 1/2

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Os imensos buracos negros no roteiro de "Interestelar"

Olha, não costumo ser chato assim, mas tem certas coisas que merecem ser ridicularizadas. 

O filme "Interestelar" vem recebendo bastante atenção e isso é até louvável, afinal trata-se realmente de uma obra feita com coração, um verdadeiro "filme de autor". Pena que neste caso o autor seja um sujeito pretensioso e sem qualquer profundidade.

Mas aí é opinião minha, tudo bem, ninguém é obrigado a concordar (clique aqui para ler minha análise do filme). 

Agora, o que mais incomoda é ver gente defendendo o filme porque ele supostamente leva a sério a ciência envolvida nas viagens espaciais e as várias teorias que a Física desenvolveu sobre o assunto. O diretor até se gaba de ter como consultor para assuntos científicos o renomado professor Kip Thorne.

Mas, a verdade é que o filme tem sérios buracos no roteiro e também besteiras que nada tem a ver com ciência e caem para a pura ficção ou fantasia, no mesmo nível de um Star Trek ou Star Wars, só que levado a sério.

Atenção: daqui pra frente o texto estará cheio de "spoilers", ou seja, vai revelar vários segredos do filme. Se não o viu, desista aqui de ler!

Faço aqui minha lista dos principais furos que levantei até agora:

1) No começo do filme, descobrimos que uma "praga" está acabando com as lavouras de alimento da Terra. Mas que "praga" é essa que ataca grupos específicos de plantações? E que depois, sem mais nem menos, começa a destruir outros tipos? E por que o mundo ia acabar por causa disso? Não temos animais para comer? Pode-se dizer que com o fim das lavouras, os animais também morreriam. Mas e os animais que comem, sei lá, grama? Ela também estava sendo dizimada pela tal "praga"? E aquela poeira toda, o que tem a ver com isso? Ninguém explica.

2) Bom, se o mundo estava acabando e as pessoas morrendo de fome, por que é que não vemos hordas de humanos famintos atacando a plantação de milho do herói do filme? Sim, porque se a raça humana estava para ser extinta por causa da falta de alimentos, não dá pra acreditar que uma fazendo cheia de milho ia ficar lá, toda tranquila, sem qualquer tipo de proteção contra os famintos. Quando você cria um "mundo" no cinema, ele precisa respeitar certas regras óbvias. Esse não respeita, nem de longe.

3) Logo cedo na trama, aprendemos que existe um "fantasma" no quarto da filha do protagonista, que fica derrubando livros e outros objetos. Depois, descobrimos que ele está na verdade se comunicando com ela, passando coordenadas e outros segredos do universo em forma de código morse ou linguagem binária. 

No final, ficamos sabendo que é o próprio protagonista que está fazendo isso, no futuro, de uma outra dimensão, dentro do buraco negro que entrou. E quem o está guiando é, segundo ele informa, a própria raça humana do futuro que se desenvolveu ao ponto de viajar entre as cinco dimensões livremente. Só que ela só chegou àquele ponto porque conseguiu sobreviver ao cataclismo na Terra porque o astronauta vivido por Matthew McConaughey foi instruído por ele mesmo para poder não só chegar àquele ponto no espaço-tempo, como também para passar os segredos do universo para a filha. 

Não faz qualquer sentido, mesmo quando a gente tenta suspender a credibilidade e passar apenas para o reino da fantasia. Por uma razão simples: os seres do futuro só poderia existir se os do passado tivessem conseguido sobreviver ao desastre natural. Mas como poderiam ter feito isso sem a ajuda que receberam dos irmãos do futuro? Nonsense total!

4) O herói passa TODOS os segredos que descobriu dentro do buraco negro manipulando a gravidade por meio de código morse nos ponteiros de um relógio de pulso analógico. Não estou brincando. É assim mesmo no filme.

5) Os três planetas que supostamente poderiam servir de morada aos seres humanos ficam pertinho de um gigantesco buraco negro, chamado Gargantua. De onde vem a luz que ilumina esses planetas? Não se vê nenhum sol perto deles e não precisa ser expert em Física para saber que toda a luz é sugada para dentro de um buraco negro, ainda mais um tão próximo daqueles planetas.

6) Alguém pode explicar como é que os astronautas pousam num planeta que é totalmente coberto de água e varrido por ondas gigantescas sem saber disso? A nave deles não possui qualquer tipo de sensor para analisar a superfície do planeta? Nem mesmo olharam para a janela da nave e pensaram: "Hummm, parece que nesse planeta só tem água. Melhor cancelar a visita". O que traz outra pergunta: como é que o piloto sabia então que a água era rasa o bastante para a nave poder pousar? 

7) Quer dizer que, enquanto eles estavam no planeta aquático e o tempo era atrasado por causa do efeito do buraco negro, o coitado do astronauta negro ficou 23 ANOS esperando eles voltarem? Assim, na boa, sem ficar completamente louco ou tentar se matar? Ficou ali, sentadão, jogando paciência ou Candy Crush e aparando a barba enquanto duas décadas passavam? 

8) O plano B do cientista feito pelo Michael Caine consistia em levar um monte de embriões para o planeta escolhido para recomeçar a raça humana. Ok, tudo bem. Mas, quem é que seria a mãe desses embriões? A pobre da Anne Hathaway é que seria usada como "barriga de aluguel" para dar vida a toda aquela gente? Será que perguntaram se ela queria? Ou será que tinham outra tecnologia para fazer brotar seres humanos do chão? Cartas para o sr. Christopher Nolan.

9) O cientista traidor feito por Matt Damon sabia que o plano A era uma farsa. Por que então ele e os outros cientistas já não levaram com eles os embriões e também umas barrigas de aluguel para dar a luz a eles (a menos que fariam brotar bebês do chão)? 

10) Qual era, afinal, o plano do Matt Damon? Ele ficou solitário, fingiu que o planeta que estava era habitável, entrou no hipersono na esperança de ser resgatado e aí atacou o protagonista para fugir na nave dele e ir... para onde? Para o terceiro planeta? Fazer o que? Morrer sozinho? Ou ele ia voltar pelo buraco de minhoca em direção à Terra para... morrer de fome ou cheio de pó na boca? Não entendi ainda.

11) Aí o Damon levou o McConaughey para ver de perto o local onde ele dizia que seria possível ter vida. Andaram um tempão no meio do gelo e então Damon rachou o capacete do McConaughey e fugiu, enquanto o outro gritava por socorro e sufocava. Pergunta: como é que Damon conseguiu chegar à nave tão rápido, sendo que andaram um bocado e o protagonista foi salvo rapidamente pela Anne Hathaway que estava em outra nave?

12) Novamente, a nave dos heróis não tinha qualquer tipo de sensor que pudesse detectar que o planeta de gelo só tinha gelo e não mantinha condições de sustentar vida? Eles tinham mesmo que descer no planeta para ver o que o cientista havia descoberto por meio dos... sensores da nave dele? Se não tinham como detectar coisas fora da nave, como é então que obtinham todas aquelas informações sobre o buraco negro? Ahá, te peguei!

13) O poder gravitacional de um buraco negro é tão forte que atrai até a luz! Mas o nosso herói não só entra no buraco negro, como ainda apronta um monte de peças lá dentro, só para depois sair dele e ser enviado através do buraco de minhoca para perto de Saturno! Pelo jeito, os humanos do futuro conseguem tudo, até mesmo manipular o que acontece dentro de um buraco negro. Tudo certo, professor Kip Thorne?

14) O que era exatamente aquela estação espacial que resgata o herói? Era a que foi construída lá na NASA? Ou era outra? Pelo que falam no filme, parece que existiam outras. Como é que conseguiram construir algo tão idílico e perfeito em um mundo moribundo, que já não tinha mais comida nem ar respirável? E as plantações que vimos lá dentro, de onde surgiram? Afinal, lembre-se, todas as plantações estavam sendo dizimadas pela "praga"! E por que ainda estavam dentro delas e não já no planeta, além do buraco de minhoca?

15) Como é que a filha do protagonista, já bem velha e prestes a morrer depois de ficar dois anos hibernando, sabia que a astronauta feita pela Anne Hathaway estava esperando por ele no terceiro planeta? A menos que seu pai tenha passado todas as outras informações, além dos segredos do universo, pelo relógio, não tinha como ela saber nada disso, certo?

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Filmes: "Interestelar"

PASTEL DE VENTO

"2001" encontra "Contato" no "Campo dos Sonhos" é apenas uma viagem de ego de um cineasta pretensioso

- por André Lux, crítico-spam

Confesso que nunca fui grande admirador do diretor Christopher Nolan, nem mesmo de seus três "Batman", que foram ficando piores, principalmente o terceiro que é lamentável. Sempre o achei pretensioso demais e dono de uma mão pesada que deixa qualquer filme sombrio e arrastado sem necessidade.

Mas, como os filmes do "Cavaleiro das Trevas" fizeram enorme sucesso de bilheteria, Roliúdi assinou um cheque em branco para que fizesse esse "Interestelar", uma espécie de "2001" encontra "Contato" no "Campo dos Sonhos" que, no final das contas, não passa de uma pedante viagem de ego do cineasta em questão.

Tudo começa em um futuro próximo, quando a Terra está para ser destruída por uma "praga" que acaba com as plantações e uma nuvem de poeira perene. O que uma coisa tem a ver com a outra ou o que as causou, nunca ficamos sabendo direito. Há apenas referências vagas e banais ao abuso feito pelo homem contra o planeta.

Numa das plantações de milho que ainda existem, encontramos um ex-piloto da NASA e engenheiro, chamado apenas de Cooper e feito pelo sempre confiável Matthew McConaughey, o qual vai acabar pilotando uma nave que deve procurar um novo planeta para a humanidade habitar, passando através de um "Buraco de Minhoca" que apareceu misteriosamente no meio do espaço.

Resumida assim, a trama do filme parece ter tudo para agradar qualquer fã de ficção científica. Mas é só aparência, porque o filme é incrivelmente arrastado e repleto de papo furado pseudo-filosófico, como "Costumávamos olhar para o céu e imaginar nosso lugar nas estrelas. Agora apenas olhamos para baixo e nos preocupamos com nosso lugar na sujeira". 

Também é recheado por citações que só a turma do "The Big Bang Theory" vai entender realmente, tipo "Será que poderemos conciliar a teoria da relatividade de Einstein com a mecânica quântica?"


Ela: "Poderemos conciliar Einstein com a mecânica quântica?"
Ele: "Sei lá, você perguntou para o Cooper errado!"
Se não bastasse tudo isso, ainda existe um componente "sobrenatural" no filme, na forma do que eles chamam de "fantasma", que tenta se comunicar com a filha do protagonista por meio da sua estante de livros e que é absolutamente crucial não apenas para colocar a trama em movimento, como para explicar no final tudo que vimos até então. 

Só que a revelação sobre o que é o tal "fantasma" fica bastante óbvia já na metade do filme e quando tudo é finalmente explicado (didaticamente, por sinal, já que o diretor acredita que somos burros para entender por contra própria), fica a certeza de que Stanley Kubrick era realmente um gênio, enquanto Nolan é apenas um pau-pra-toda-obra, do tipo que adora fazer pastéis de vento, bonitos por fora, mas vazios por dentro.

Há ainda uma mensagem que aparece no ato final, algo como "o amor é a solução para tudo", que não apenas é ridícula, como parece filosofadas de livro de auto-ajuda, daqueles mais bisonhos. E quanto mais a gente pensa na conclusão, mais sem nexo e lógica ela fica.

O que dizer então sobre a "música" do abominável Hans Zimmer, colaborador habitual de Nolan? Nas partes de suspense ele tenta emular descaradamente a trilha de Ennio Morricone para "Missão Marte" e "Madalena" (inclusive usando um órgão!), mas sem qualquer traço da sensibilidade do mestre e com uma sutileza digna de um rinoceronte com dor de dente. 

Quando as cenas pedem por algo mais emotivo, Zimmer inventa um minimalismo tosco e redundante, digno de pena, do tipo que Phillip Glass comporia se estivesse em coma. Enfim, o que se pode esperar de um diretor que chama esse picareta para musicar seus filmes e ainda quer ser levado a sério?


Nolan e Zimmer: uma parceria realmente infernal!
Se "Interestelar" ainda ao menos fosse curto, tudo seria perdoável. Mas, não, o negócio tem mais de 3 horas de duração! Isso mesmo, são 169 intermináveis minutos que, de acordo com a teoria da relatividade mostrada pelo próprio filme, parecem durar 21 anos! 

Não havia a menor necessidade de se ter uma duração tão longa. Sequências inteiras poderiam ter sido eliminadas sem qualquer prejuízo à trama. Como no começo quando saem perseguindo um drone no meio do milharal (algo que não tem qualquer relevância para o resto do roteiro). 

Ou mesmo quando aparece um cientista feito por Matt Damon que não agrega absolutamente nada, tem um plano que não faz qualquer sentido e só serve para deixar o filme ainda mais arrastado (sem falar que dá origem a uma cena digna de filmes trash, onde dois astronautas completamente vestidos com seus trajes trocam sopapos e "capacetadas" no meio do nada).

Impressiona que gastaram mais de US$ 160 milhões para fazer um filme que não brilha nem mesmo na parte técnica, com fotografia feia e escura, desenho de produção canhestro (quem teve a brilhante ideia de fazer aqueles robôs idiotas parecerem com o monolito preto de "2001" certamente merece o troféu abacaxi!) e efeitos especiais sem graça. 

E alguém me explica o que Nolan queria atingir filmando os vôos no espaço com a câmara grudada nas naves? Usar esse truque uma ou duas vezes, vá lá, é até interessante, mas o tempo todo? Mal dá para entender o que está acontecendo na tela, de tão estúpida que foi essa decisão! A única cena que me passou algum tipo de emoção aconteceu só no finalzinho, dentro de um leito de hospital. Fora isso, a sensação predominante foi tédio mesmo.

Duvido que esse filme vá fazer muito sucesso de público, embora isso não queira dizer nada sobre a qualidade de um filme, mas a verdade é que Nolan ficou nu e não acredito que vá conseguir enganar mais tanta gente como vinha fazendo até então. Deu um grande tiro no pé e só tem a si mesmo para culpar.

Clique aqui para ler uma lista que fiz dos buracos negros no roteiro do filme.

Cotação: * *