REPUGNANTE
Se a Sra. Bigelow acredita mesmo que tudo que está sendo contado em seu
filme condiz com a realidade dos fatos, então ela teria que no, mínimo,
questionar o uso da tortura
- por André Lux, crítico-spam
“A Hora Mais Escura” é um filme simplesmente repugnante. Do começo ao fim.
A nova obra da cineasta Kathrin Bigelow e seu roteirista Mark Boal, os mesmos do
péssimo “Guerra ao Terror”, querem nos convencer que se trata de um retrato
hiper realista do que foi a caçada ao líder do Al Qaeda, Osama Bin Laden, desde
os atentados de 11 de setembro de 2001 até a sua suposta morte pelas mãos do
exército. A CIA, central de Inteligência estadunidense, todavia nega que o que
se vê no filme seja real.
A figura central é a agente da CIA feita pela atriz Jessica Chastain, que
está em tudo quanto é filme, mas poderia ter sido feito pelo Arnold
Schwarzenegger que o resultado seria o mesmo, já que a personagem é
completamente vazia e unidimensional, pintada apenas como uma heroína obcecada
em encontrar Bin Laden, mesmo que para isso tenha que recorrer a torturas e
deixar de lado sua vida pessoal. E é aí que “A Hora Mais Escura” derrapa feio e
torna-se intolerável. Se a Sra. Bigelow acredita mesmo que tudo que está sendo
contado em seu filme condiz com a realidade dos fatos, então ela teria que no,
mínimo, questionar o uso da tortura como forma válida para se obter informações.
Mas, que nada, o filme passa longe disso e o máximo que vemos é a agente feita
por Chastain fazendo algumas carinhas de “desconforto” enquanto assiste à longas
sessões de torturas, para logo depois ela mesmo comandar suas próprias câmaras
de horror.
Não há aqui nenhuma sombra da profundidade e inteligência de filmes como
“Syriana” ou mesmo “Três Reis”. A obra mostra apenas o lado dos agentes dos EUA
e trata os árabes como os “barbudos sujos e malvados” de sempre. No fundo, “A
Hora Mais Escura” não passa de um filme de ação disfarçado de algo mais
pretensioso, o que explica a babação de ovo que o filme vem recebendo da
crítica, chegando a uma absurda indicação ao Oscar de melhor filme. Mas qualquer
pretensão maior que os realizadores tentaram imprimir à obra se desfaz na falta
de profundidade e de questionamentos. Afinal, qualquer pessoa minimamente
inteligente e bem informada sabe que o suposto assassinato de Osama Bin Laden
pode muito bem ter sido uma fraude, senão por que teriam se livrado do corpo tão
rapidamente e de forma tão absurda jogando-o no mar, como foi divulgado pelo
governo dos EUA na época?
Com suas quase três horas de duração “A Hora Mais Escura” é tecnicamente
competente (muito melhor do que a precariedade de “Guerra ao Terror”) e até
funciona como um thriller de suspense político que, no final das contas, quer
mesmo apenas lavar a alma dos cidadãos estadunidenses mostrando o que teria sido
o assassinato puro e simples do “inimigo número 1 dos EUA” pelas mãos dos heróicos soldados do Tio Sam. Infelizmente, a
realidade é muito mais complexa e tortuosa do que quer nos fazer crer esse filme
infeliz.
Cotação: *
7 comentários:
Filmaço, André! Vale lembrar que o filme é baseado em fatos reais, portanto nao teria como a diretora condenar o uso de tortura.
Só pessoas moralmente degeneradas não condenam a tortura. Pelo jeito é o seu caso. Não fico surpreso.
Vc nao entendeu o que eu quis dizer, acho q eu nao precisarei desenhar. Eu disse que pelo fato do filme retratar o que realmente houve, nao teria como a diretora condenar o uso da tortura, ela apenas retratou os fatos como ocorreram.
"Ela apenas retratou os fatos como ocorreram". É pra rir isso? Só pode.
Entendo a sua indignação mas acho que o colega não entendeu o que o Pedro disse. Como o filme é baseado em fatos reais, a tortura fez parte do enredo, até pra entender como eram arrancadas as confissões, não é uma questão de ser simpatizante a esse tipo de prática, amigo, e sim retratar os fatos como eles foram realmente, e acho que ainda foi bem pior que isso. Ou vc acha que eles falavam por um prato de comida?
Tive a impressão de que o texto em questão fora escrito por algum membro do Tea Party.
O andré é tea party?
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