
HUMANIZANDO O MITO
Filme sobre a viagem de "Che" pela América latina prioriza a transformação psicológica causada pelo contato com o outro
- Por André Lux
Para aqueles que, como eu, foram criados sob a ditadura militar que encobriu o Brasil de trevas por 21 anos, a figura de Ernesto "Che" Guevara sempre foi associada à alcunhas como "baderneiro", "vagabundo" e "comunista". Só na maturidade, quando rompemos essa bolha de ilusão criada para nos cegar, é que passamos a ter contato com o mundo real e conhecer melhor a história na qual estamos inseridos.
É normal, particularmente para jovens estudantes, passar a associar, a partir daí, Guevara a um ícone de luta política por igualdade e justiça. É para esse tipo de pessoa que o último filme de Walter Salles (de Central do Brasil e Abril Despedaçado) está endereçado. Afinal, Diários de Motocicleta conta justamente a história do jovem Ernesto Guevara de la Serna (na época com 23 anos) e sua viagem de oito meses pela América latina, inciada na Argentina (seu país de origem) até a Venezuela. Foi justamente durante essa jornada que o futuro revolucionário, na companhia do amigo Alberto Granado, começou a travar contato com a realidade dos povos da região e das injustiças e misérias que os afligiam, a ponto de terminar a viagem transformado numa nova pessoa.
O grande mérito do diretor Salles e do roteirista José Rivera foi conseguir encontrar o equilíbrio perfeito entre a simples narração linear dos eventos com a gradual transformação psicológica dos protagonistas. Não existe espaço no filme para discursos ou pregação política, muito menos para panfletagem didática de "esquerda". Mas a boa notícia é que o diretor deixa aos dois excelentes atores centrais, Gael Garcia Bernal (como Guevara) e Rodrigo de la Serna (como Alberto), dar cabo de todas as nuances sugeridas pelo o roteiro, que é baseado nos livros de memórias que ambos escreveram após a viagem. A honestidade e a ternura de Guevara encontraram a representação perfeita na interpretação discreta e muito humana de Bernal, ao mesmo tempo que De la Serna dá o contra-ponto cômico na pele do debochado e mulherengo Granado.
O filme, que de início parece ser a narração de uma mera diversão engendrada por dois jovens imaturos e aventureiros (portanto, absolutamente normais), aos poucos vai se transformando numa emocionante análise do poder que o simples contato com outro ser humano pode ter na formação da personalidade. E Salles consegue transmitir toda esse crescimento do caráter dos protagonistas sem nunca ser piegas ou manipulativo. Sua câmera, pelo contrário, apenas acompanha os dois quase como num documentário e deixa-os livre para explorar os ambientes e interagir com seus companheiros de cena (muitos deles pessoas reais que garantem ao filme um necessário toque de realismo e verdade). Essa áurea de realidade é elevada pela fotografia inspirada de Eric Gautier e pela trilha musical intimista e discreta, porém muito tocante, de Gustavo Santaolalla (de Amores Brutos e 21 Gramas).
O ponto alto de Diários de Motocicleta é a tentativa de Guevara em atravessar o rio Amazônas a nado, quando estavam na colônia de leprosos de San Pablo, no Peru. A cena marca a transformação definitiva da visão de mundo dele e serve também para mostrar ao espectador, como argumentou o diretor Salles, que existem sempre duas margens em qualquer rio, cabendo a cada um de nós escolher em qual delas prefere estar. “Che” fez a escolha dele e pagou caro por isso. Saber o destino triste que os EUA reservaram ao revolucionário, morto covardemente com um tiro na nuca depois de ser preso na Colômbia, torna ainda mais amarga a experiência de ver esse belíssimo filme, certamente um dos mais relevantes já feitos sobre a América latina.
Cotação: * * * * *
É normal, particularmente para jovens estudantes, passar a associar, a partir daí, Guevara a um ícone de luta política por igualdade e justiça. É para esse tipo de pessoa que o último filme de Walter Salles (de Central do Brasil e Abril Despedaçado) está endereçado. Afinal, Diários de Motocicleta conta justamente a história do jovem Ernesto Guevara de la Serna (na época com 23 anos) e sua viagem de oito meses pela América latina, inciada na Argentina (seu país de origem) até a Venezuela. Foi justamente durante essa jornada que o futuro revolucionário, na companhia do amigo Alberto Granado, começou a travar contato com a realidade dos povos da região e das injustiças e misérias que os afligiam, a ponto de terminar a viagem transformado numa nova pessoa.
O grande mérito do diretor Salles e do roteirista José Rivera foi conseguir encontrar o equilíbrio perfeito entre a simples narração linear dos eventos com a gradual transformação psicológica dos protagonistas. Não existe espaço no filme para discursos ou pregação política, muito menos para panfletagem didática de "esquerda". Mas a boa notícia é que o diretor deixa aos dois excelentes atores centrais, Gael Garcia Bernal (como Guevara) e Rodrigo de la Serna (como Alberto), dar cabo de todas as nuances sugeridas pelo o roteiro, que é baseado nos livros de memórias que ambos escreveram após a viagem. A honestidade e a ternura de Guevara encontraram a representação perfeita na interpretação discreta e muito humana de Bernal, ao mesmo tempo que De la Serna dá o contra-ponto cômico na pele do debochado e mulherengo Granado.
O filme, que de início parece ser a narração de uma mera diversão engendrada por dois jovens imaturos e aventureiros (portanto, absolutamente normais), aos poucos vai se transformando numa emocionante análise do poder que o simples contato com outro ser humano pode ter na formação da personalidade. E Salles consegue transmitir toda esse crescimento do caráter dos protagonistas sem nunca ser piegas ou manipulativo. Sua câmera, pelo contrário, apenas acompanha os dois quase como num documentário e deixa-os livre para explorar os ambientes e interagir com seus companheiros de cena (muitos deles pessoas reais que garantem ao filme um necessário toque de realismo e verdade). Essa áurea de realidade é elevada pela fotografia inspirada de Eric Gautier e pela trilha musical intimista e discreta, porém muito tocante, de Gustavo Santaolalla (de Amores Brutos e 21 Gramas).O ponto alto de Diários de Motocicleta é a tentativa de Guevara em atravessar o rio Amazônas a nado, quando estavam na colônia de leprosos de San Pablo, no Peru. A cena marca a transformação definitiva da visão de mundo dele e serve também para mostrar ao espectador, como argumentou o diretor Salles, que existem sempre duas margens em qualquer rio, cabendo a cada um de nós escolher em qual delas prefere estar. “Che” fez a escolha dele e pagou caro por isso. Saber o destino triste que os EUA reservaram ao revolucionário, morto covardemente com um tiro na nuca depois de ser preso na Colômbia, torna ainda mais amarga a experiência de ver esse belíssimo filme, certamente um dos mais relevantes já feitos sobre a América latina.
Cotação: * * * * *
Faleceu hoje James Doohan, o engenheiro-chefe Scotty da série clássica de Jornada nas Estrelas.
Acabei de receber o DVD que traz um excelente documentário sobre o grande Jerry Goldsmith, compositor de centenas de trilhas musicais para filmes como "Jornada nas Estrelas - O Filme", "Alien - O Oitavo Passageiro", "A Ilha do Adeus", "Planeta dos Macacos", "Poltergeist", "Instinto Selvagem", entre tantos outros.
Infelizmente tudo desanda no terceiro ato quando os planos dos vilões são revelados e o roteiro vira um mero festival de lutas, perseguições e explosões exageradas. O pior é que novamente não conseguiram solucionar satisfatoriamente o fato de que o Batman (diferente do “Homem-Aranha” ou do “Superman”) é apenas uma pessoa normal, que veste armadura, capacete, capa e anda cheio de badulaques e bugigangas penduradas.
O compositor utiliza a guitarra elétrica junto com a percussão na faixa ''La Salida de Lima'', que pontua a seqüência em que Enersto e Alberto saem da capital peruana em direção ao leprosário numa balsa, passando através da música a crescente sensação de inquietação dos protagonistas que Salles busca mostrar neste ponto do filme.
Novos comentários cheios de ódio foram postados abaixo (olha o lado negro, cuidado!). Se bem que agora estou entendendo porque tem tanta gente se identificando com o Anakin Skywalker, que (conforme nos mostraram neste horrível "Episódio 3") não passa de um moleque mimado e birrento... Confiram e riam!
Ah, agradeço especialmente ao rapaz que teve todo o trabalho de vir até aqui só para me dizer, enfurecido, que minhas críticas estão sendo "plenamente ignoradas"! Obrigado também por me lembrar que sou apenas um "amador", caso contrário iria continuar pensando que sou "profissional" e seria obrigado a contratar desde já um advogado para descobrir quem é que está me devendo dinheiro por todas as opiniões que publiquei aqui... :-)






De acordo com o final do "Episódio 3", a Estrela da Morte, que foi inaugurada em "Episódio 4" com a destruição de Alderaan, ficou mais de 17 anos em construção! O Imperador deve ter mudado de empreiteira, pois nem 5 anos depois já estava terminando de construir a segunda Estrela da Morte no "Episódio 6"!















