A pior coisa é o caçador interpretado por Michael Douglas, personagem inventado para que pudessem enfiar um estadunidense na história
- por André Lux
“A Sombra e a Escuridão” tem uma premissa bastante interessante, ainda mais ao sabermos ter sido baseado em uma história real. O filme mostra a construção de uma ponte em Uganda, na África, que é ameaçada pela aparição de dois leões sanguinários que começam a matar indiscriminadamente e com requintes de crueldade, muito diferente de como agiriam em uma situação normal.
Infelizmente “A Sombra e a Escuridão” não cumpre todas as suas expectativas. A pior coisa do filme é, sem dúvida, o caçador Remington, interpretado por Michael Douglas (que é um dos produtores do filme) que aparece do nada para tentar ajudar a matar os leões. Personagem, diga-se de passagem, "inventado" pelos roteiristas para que de algum jeito pudessem enfiar um estadunidense na história.
Mas ele não só é ridículo (sua chegada com um grupo de nativos vestindo trajes carnavalescos é digna de gargalhadas) como não tem nada a fazer, a não ser proferir falas vazias e ficar posando de "sabe tudo" o tempo todo. Essa "licença poética" com os fatos reais é justamente o que derruba a fita, já que o personagem principal, vivido com frieza por Kilmer, é enfraquecido em favor do "astro" Douglas.
Os leões verdadeiros estão em um museu |
Entretanto, o filme tem várias qualidades, a começar pela bela fotografia do mestre Vilmos Zsigmond, passando pela trilha musical extremante rica e complexa do maestro Jerry Goldsmith. “A Sombra e a Escuridão” traz ainda algumas cenas de ataques de leões das cenas mais impressionantes do cinema. É particularmente assustador o embate final entre Kilmer e um dos deles.
Pena que mais uma vez a política dos grandes estúdios tenha interferido no resultado de um filme que poderia ter se tornado um clássico do gênero, transformando-o em apenas uma diversão de qualidade, mas que resulta banal e fria.
Cotação: * * *
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