Se você não é um cínico e tem um Q.I. maior do que uma ostra em coma, certamente vai curtir o novo filme dos criadores de "Matrix"
- por André Lux, crítico-spam
“O Destino de Júpiter” é mais um caso de delírio coletivo
dos profissionais da opinião, só que às avessas, pois quase todos eles estão
malhando o novo filme dos irmãos Wachowski (de “Matrix) com o argumento básico
de que tem uma trama confusa e sem sentido.
Por aí a gente percebe o estado lamentável que se
encontra hoje a crítica cinematográfica mundial, repleta de curiosos que não
entendem absolutamente nada de cinema, muito menos da história da sétima arte,
caso contrário teriam percebido de imediato que “O Destino de Júpiter” é uma
divertida homenagem aos clássicos da ficção científica do passado,
especialmente “Flash Gordon”.
Além disso, o filme é repleto de citações a obras como
“Brazil” (com direito a uma participação especial do próprio Terry Gilliam numa
das cenas mais divertidas), “Soylent Green” (aquele em que Charlton Heston descobre
no final que a bolachinha verde que a população come é feita de gente!), “Duna”,
"Cinderela" e, claro, ao próprio “Matrix”. De quebra, descobrimos até
como são feitos aquele benditos sinais nas plantações mundo a fora e qual o verdadeiro motivo da extinção dos dinossauros!
Obviamente que não são só esses ingredientes que garantem
a qualidade de um filme, mas “O Destino de Júpiter” tem muitos outros. Depois
de sucessivos desastres (“Speed Racer” e “Cloud Atlas”), os Wachowski voltam a
forma e criam um roteiro bastante interessante, cheio de reviravoltas e boas
sacadas que, infelizmente, vai exigir do espectador um mínimo de inteligência e
raciocínio lógico. Digo infelizmente porque hoje em dia o nível do Q.I. do
espectador médio é o mesmo de uma ostra em coma, portanto qualquer obra que
obrigue-o a pensar e tirar conclusões por conta própria vai ser imediatamente
tachada de “confusa” ou “chata”.
Não estou dizendo que o filme seja uma obra prima
complexa e profunda, longe disso. Tem bastante falhas por sinal, principalmente
nas cenas de perseguição que acabam sendo esticadas e exageradas demais e no
uso de clichês bobocas que poderiam ter sido facilmente evitados (aquela cena
com as abelhas deu vergonha alheia), mas não é nada que comprometa o resultado
final, até porque os cineastas não tem vergonha de deixar claro desde o começo
as origens e pretensões da obra.
O bom e velho Terry em ação |
Gostei muito do desenho de produção, bem bizarro e às
vezes no limite do exagero, mas muito criativo e original.
Outro destaque positivo é a música de Michael Giachinno (dos novos “Star Trek” e "Os Incríveis"), composta no idioma de mestres como John Williams, Jerry Goldsmith e John Barry sem a complexidade e genialidade deles, é verdade, porém mil anos luz à frente do som simplório que picaretas como Hans Zimmer e seus clones despejam nas telas atualmente.
Outro destaque positivo é a música de Michael Giachinno (dos novos “Star Trek” e "Os Incríveis"), composta no idioma de mestres como John Williams, Jerry Goldsmith e John Barry sem a complexidade e genialidade deles, é verdade, porém mil anos luz à frente do som simplório que picaretas como Hans Zimmer e seus clones despejam nas telas atualmente.
Os dois protagonistas são fracos, mas não comprometam e
até mesmo o canastrão do Channing Tatum segura as pontas, ainda mais num
personagem que beira o ridículo: um albino mutante, mistura de homem e lobo com
orelhas de elfo. Ou seja, não é para ser levado a sério mesmo!
Em tempos de cinismo exacerbado como esse em que vivemos
é fácil entender porque um filme como "O Destino de Júpiter" não
agrada aos críticos e acaba naufragando nas bilheterias. Mas, se você não é um
desses e tem um Q.I. mais alto do que o de uma ostra em coma, certamente vai curtir esse "Flash Gordon 2.0", cheio de
efeitos visuais bacanas, personagens rocambolescos e até comentários críticos ao consumismo desenfreado do capitalismo. Tem coragem?
Cotação: * * * 1/2
3 comentários:
Você odeia Hans Zimmer mesmo... Até quando o filme não tem a música dele, você dá um jeito de falar no alemão! Tudo bem, concordo com você. Vez por outra ele consegue um lampejo de criatividade maior e consegue belos temas como o de "Conduzindo Miss Daisy" ou "Thelma & Louise", mas o que ele gosta de fazer mesmo é barulho orquestrado para uma bela dor de cabeça.
Esse alemão picareta está acabando com arte das trilhas sonoras!!
Olha, não assisti o filme, por isso não posso opinar. Mas concordo com você em algumas coisas:
1. O Hans Zimmer é picareta e plagiário;
2. O QI médio do público é mesmo de uma ostra em coma, se não for menor.
Não vivemos a era da informação. Vivemos a era da burrice endêmica;
Marcos K.
Postar um comentário