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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Filmes: "O Hobbit: Uma Jornada Inesperada"


MUITO PÃO PARA POUCA MANTEIGA

O primeiro capítulo de “O Hobbit” é indefensavelmente longo (quase três horas de duração) e a trama é visivelmente esticada além da conta.

- por André Lux, crítico-spam

Sou grande admirador da trilogia “O Senhor dos Anéis” do diretor Peter Jackson, adaptação primorosa da gigantesca obra de Tolkien que muitos consideravam infilmável até então. Chega então a nova adaptação de outra obra do mesmo autor, pelas mãos do mesmo Jackson: “O Hobbit” que numa decisão polêmica foi dividido em três filmes.

Apesar de ser sempre um prazer poder voltar à Terra Média, a divisão de “O Hobbit” em três filmes gera sérios problemas. Primeiro porque o livro não é grande o suficiente para tamanha empreitada. Em segundo lugar, “O Hobbit” não é uma obra densa e séria como a trilogia “O Senhor dos Anéis”. Está muito mais para um livro infantil e as tentativas de Jackson em deixar o filme pesado e profundo como os outros ficam forçadas e não convencem.

O primeiro capítulo, “Uma Jornada Inesperada”, é indefensavelmente longo (quase três horas de duração) e a trama é visivelmente esticada além da conta, “como manteiga que foi espalhada num pedaço muito grande de pão”, como diz o próprio Bilbo em “A Sociedade do Anel”.

O que mais incomoda são as cenas de ação e lutas, esticadas e redundantes demais, além de ser triste ver Jackson se render à histeria e ao excesso de monstros e efeitos visuais, mesmo pecado de George Lucas nos “prequels” de “Star Wars”. O pior momento é quando a tropa de anões e Gandalf caem centenas de metros numa ponte e saem ilesos. Esse tipo de situação destrói a credibilidade e enfraquece o suspense, pois pinta os protagonistas como invencíveis.

Por causa dessa confusão toda, nem mesmo a trilha do genial Howard Shore chega a ser inspirada, apesar de ter vários bons momentos e ao menos manter o mesmo nível de qualidade musical da trilogia “O Senhor dos Anéis”.

É lamentável que Peter Jackson tenha se deixado contaminar pela política caça-níqueis dos estúdios e agora seja obrigado a transformar “O Hobbit” em algo que a obra original não é. Não que o filme seja um desastre, longe disso, porém com a longa duração e a redundância de cenas de luta acaba se tornando cansativo em vários momentos. Enfim, vamos aguardar as continuações, mas já sabendo que a qualidade final do produto foi prejudicada por decisões meramente mercantis.

Cotação: * * *

6 comentários:

Cybershark disse...

CAÇA-NÍQUEIS ESTELIONATÁRIO

Deviam acusar Peter Jackson e sobretudo os produtores da nova trilogia baseada no universo de Tolkien no crime de estelionato. Não seria de modo algum necessário mais três filmes de umas três horas cada um para contar a saga de Bilbo, diferente da trilogia "O Senhor dos Anéis" que realmente era formada por três livros riquíssimos em subtramas e detalhes e, portanto, justificavam a grande duração dos filmes. Mas sabe como esses chairmen de Hollywood são. Eles só pensam naquilo. Bufunfa, dindim, grana no bolso deles e os espectadores, que esperavam algo minimamente emocionante, que se danem.

Pior que eu sou grande admirador da trilogia do Anel e aguardava algo que chegasse ao menos perto do que foi a saga da Comitiva. Mas, que nada, sobrou pra Jackson (substituído de último hora, assumiu depois da saída de Guillermo del Toro) encher linguiça pra preencher a duração do filme, com um monte de passagens esticadas e falas redundantes no roteiro só pra fazer a metragem ficar maior. Ainda por cima há uma reverência acima do sadio à trilogia anterior, apresentando com pompa cada apairção de personagens já conhecidos, até porque essa nova saga de "O Hobbit" pelo visto vai se limitar a ficar à sombra daquela anterior e desde o começo nem ensaia andar com as próprias pernas. O maior exemplo disso é a trilha musical de Howard Shore, que é pouco emocionante exceto, justamente, quando resgata os temas de Valfenda e do Condado, compostos para os longas de 2001 a 2003.

Não bastasse todas essas decepções, os personagens são banais e inexpressivos apesar da imensa duração do filme, que poderia servir para desenvolvê-los à exaustão. Dos vários anões da jornada de Bilbo, só o príncipe Thorin (Richard Armitage, em performance razoável) tem um pingo que seja de personalidade, os outros a gente até confunde e mal consegue identificar, principalmente nas cenas de ação. Nem o sempre ótimo Ian McKellen escapa da apatia dessa nova trilogia com seu Gandalf (que era o melhor personagem da saga do Anel), ironicamente parecendo bem mais velho e cansado do que antes - sendo que a trama do "Hobbit" se passa várias décadas antes de "O Senhor dos Anéis"!

Só não ficou ainda mais enfadonho e tortuoso assistir a nova empreitada de Peter Jackson porque os efeitos especiais continuam muito bons (o rei orc gordo é muito bem feito e a concepção técnica de Gollum continua impressionante) e a cenografia é bonita, ainda que acerte mais quando traga os cenários dos filmes anteriores do que quando investe nos novos.

As cenas de batalha não causam emoção porque os realizadores tiraram quase toda a violência da montagem - truque velho pra diminuir a censura e abocanhar mais dinheiro dos espectadores jovens - e porque a gente pouco se importa com o destino dos personagens, visto que quase todos são desinteressantes e se limitam a correr dos perigos que surgem na tela de tempos em tempos, com escapadas cada vez mais inverossímeis. Enfim, uma bobagem infantil, desnecessária e caça-níqueis. Nem perca seu tempo.

NOTA: * *

Hector disse...

Nem perca seu tempo foi um exagero. Claro que um fão de Tolkien jamais deixará de ir a uma sala de cinema para assistir o prelúdio de O Senhor dos Anéis.
Concordo que foi sacanagem repetir a dose , com 3 filmes, pior ainda demorar 1 ano para assistirmos à continuação.
O diretor poderia ter feito algo mais útil que seria permear a nova trilogia com acontecimentos narrados em outros livros de Tolkien como os contos inacabados, que são ótimos e o Silmarillion, mas aí entra na chata fronteira dos direitos autorais, mas que se resolve justamente com aquilo que os produtores estão tentando tirar do público : dinheiro.

Anônimo disse...

Ya me parecía que Peter Jackson se había rendido al comercialismo Hollywoodiano. Transformar un libro infantil en un monstruo cinematográfico de 3 capítulos es un disparate. Que pena...

Ricardo Melo disse...

André, o Marce aí de cima é chapa meu. Pode adicionar no face. Abraço!

Marcus Valerio XR disse...

Ninguém parece ter se dado conta de que a Trilogia anterior foi cortada pela metade mesmo com 3longos filmes. Se Jackson fizesse apenas um para o O Hobbit, aconteceria a mesma coisa.

Até concordo que é longo. Talvez 2 fossem suficientes, mas temos aqui o fato inédito na história do cinema de que, pelo jeito, pela primeira vez um livro será integralmente transposto para filme, com sobra! Para fazer o mesmo com o Senhor dos Anéis seriam no mínimo uns 12 filmes.

Concordo com o exagero na cenas de ação da caverna dos orcs, mas os anões estão muitíssimo mais expressivos de que jamais poderiam ser na obra original, onde era impossível sequer lembrar seus nomes e todos pareciam ter a mesma personalidade. No filme ao menos eles são discerníveis, havendo alguns que se destacam.

Enfim, achei o filme bem melhor do que o blogueiro e os comentaristas sugerem.

Marcus Valerio XR
xr.pro.br

MCaruso disse...

Somente discordo de alguns comentários que o filme é cansativo, e sim tem algumas cenas impossíveis que acontecem, porém meu foco é na mensagem verdadeira sobre o acumulo de riquezas e as fraquezas não só do ser humano.