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domingo, 4 de outubro de 2009

Cine Trash: "Inteligência Artificial (I.A.)"


PINÓQUIO METIDO A BESTA

Se alguém perguntou "Como 'Blade Runner' seria se tivesse sido dirigido pelo Ed Wood, o pior diretor de todos os tempos?", a resposta só pode ser: “Inteligência Artificial”.

- por André Lux, crítico-spam

Não se deixe enganar pela publicidade enganosa em torno de uma união entre o cerebral (e brilhante) Stanley Kubrick e o emotivo (e imaturo) Steven Spielberg. A verdade é que se Kubrick realmente procurou Spielberg para realizar esse projeto deve ter sido apenas para servir como algum tipo de consultor de efeitos especiais, já que o segundo é um expert na nova tecnologia digital que existe hoje à disposição e que Kubrick obviamente não dominava.

Mas Kubrick morreu precocemente e com ele foi também o projeto original, já que esse “Inteligência Artificial” (A.I.) parido por Spielberg não é nada mais do que uma revisão metida a besta da história clássica de "Pinóquio" - ser artificial (no caso, um robô) em busca de uma maneira de tornar-se humano. “A.I.” lembra também o eficiente, mas irregular, “O Homem Bicentenário”, de Chris Columbus, só que produzido com a habitual pretensão e maniqueísmos dos novos projetos de Spielberg, diretor estadunidense que ganhou fama e fortuna realizando no passado filmes de aventura e fantasia extremamente eficientes e empolgantes.

Infelizmente, não estava satisfeito e precisava da aprovação (a busca por ela é tema constante em sua obra) dos membros da academia de cinema de Hollywood e, portanto, passou a tentar fazer filmes "sérios" e "maduros" para finalmente ganhar seu Oscar - o que ele conseguiu com “A Lista De Schindler”, seu único filme que chegou perto de ser realmente adulto. Só que “A.I.” é mais uma dessas aberrações arrastadas e insuportáveis cometidas por ele nos últimos anos, que não funcionam nem como entretenimento e muitos menos para provocar discussões sérias, assim como os também equivocados “Amistad” ou “O Resgate Do Soldado Ryan”.

E o mais grave é que “A.I.” é ruim em todos os aspectos. A começar pelo roteiro (creditado como sendo do Spielberg sozinho) que é cheio de furos, mal estruturado e nem ao menos tenta explicar direito a lógica daquele mundo futurista, limitando-se a mostrar carros e boates decorados com risíveis frisos de luz neon. A verdade é que o visual do filme é fraco e inconvincente como um todo, onde o design visual de cada nova locação parece não ter conexão lógica com o anterior. Personagens vão e voltam sem maiores explicações - repare como o "Gepeto", interpretado pelo sonolento William Hurt, simplesmente desaparece após proferir suas explicações didáticas (com direito a lição de moral sobre a alegria de ser humano!) no final do filme.

Além disso, “A.I.” tem cenas absolutamente ridículas, que o elevam à invejável categoria de filme trash, como toda a sequência da "Feira de Peles", onde somos obrigados a ver andróides bonzinhos sendo despedaçados sadicamente ao som de Rock'n Roll pesado (mais um ensinamento de Spielberg: quem ouve esse tipo de música é vilão e insensível). Isso sem falar na inclusão de um tal de "Dr. Saber" (um bonequinho digital irritante com a voz de Robin Williams), um artifício inventado pelo roteiro que serve apenas para tentar dar continuidade à trama sem pé nem cabeça - mesmo porquê não havia como os cientistas conhecerem, muito menos premeditarem a busca do robozinho (Haley Joel Osment, cuja atuação limita-se a alternar "cara de bobo" e "cara de coitado").


Robobo és
Os atores coadjuvantes são péssimos, principalmente os que fazem os "pais" do robô, incapazes de passar qualquer credibilidade ou emoção genuína. A única exceção é talvez Jude Law, competente, mas visivelmente perdido em um personagem sem lógica ou razão para existir - o gigolô Joe. Atrapalha também a narração intrusiva feita por Ben Kingsley, explicando o que já estamos vendo na tela - é que diretores como Spielberg acham que sua platéia é burra e precisa ser esclarecida por explicações didáticas toda hora.

Isso sem falar no final, que é de uma inverossimilhança e pieguice impressionantes, no qual robôs futuristas com visual brega-chique copiado dos marcianos de “Missão Marte”, aparecem para garantir que o filme tenha um "final feliz" açucarado e manipulativo ao extremo. Dá pena do compositor John Williams, que é obrigado a repetir suas trilhas para “E.T.” e “Contatos Imediatos” na tentativa de arrancar lágrimas da platéia entorpecida.

Não dá nem para dizer que vale a pena assistir por causa dos efeitos especiais, já que hoje em dia com o advento da computação gráfica qualquer um pode fazer efeitos como o do filme. É só ter alguns milhões de dólares para torrar. Nada a ver com aqueles efeitos que o pessoal fazia na raça, à mão, em filmes como “Superman” ou mesmo “2001”, que impressionam até hoje pela sua originalidade e genialidade.

A.I acabou fazendo algum sucesso, é claro, pois é impossível resistir ao marketing em torno de um projeto como esse. Entretanto, vai agradar apenas a quem ainda sente obrigação de idolatrar o Spielberg (por causa dos filmes legais que fez no passado) ou acredita nas matérias pagas publicadas em revistas como Veja ou Set.

Se alguém um dia perguntou "Como “Blade Runner” seria se tivesse sido dirigido pelo Ed Wood, o pior diretor de todos os tempos?", a resposta só pode ser: “Inteligência Artificial”. Stanley Kubrick deve ter revirado-se em sua tumba com tanta canastrice...

Cotação: *

3 comentários:

Elton disse...

Assino embaixo. Todos os filmes do Spielberg são o mesmo filme, seja comédia, drama, aventura ou ficçã-científica.

Roberto disse...

andré, sua critica é totalmente sem fundamentos. O Spielberg nunca foi genio, mas o filme é bom. Se vc não gosta é só falar, nao precisa fazer esse malabarismo para não dizer nada.

carlos disse...

salve, andré,

pra mim o diretor e equipe não souberam transpor pro telão a estória do livro.
o cinéfilo tam razão, a pieguice do filme é irritante. um saco!
abçs