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segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Ainda sobre "Tropa de Elite": É um mal sinal quando o autor precisa explicar a obra...

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Tenho lido dezenas de entrevistas com os autores e atores do filme "Tropa de Elite". Todos fazem questão de explicar que não tiveram a intenção de fazer um filme fascista. Que queriam apenas "mostrar uma realidade", colocar o dedo na ferida, etc. Ninguém duvida disso. Pelo contrário.

A questão é: será que conseguiram atingir seus objetivos?

Na minha opinião humilde, como vocês já leram abaixo, eles não conseguiram.

Quando um autor precisa ficar o tempo todo "explicando" ou "justificando" sua obra é sinal de que ele falhou em suas intenções. Ou alguém aí já viu o Kubrick, o Coppola, o Kurosawa ou a turma do Monty Python explicando as intenções de seus filmes?

Eu nunca vi. Mas eu vi o Paul Verhoeven dando mil entrevistas na época do lançamento tentando explicar que "Tropas Estelares" também não era a favor do nazismo, que era uma sátira, uma crítica, etc...

Agora, é claro que o filme "Tropa de Elite" provoca polêmica e leva ao debate de idéias, o que é sempre saudável - mesmo que seja pelos motivos errados.

Como eu tentei apontar em minha análise, o problema é que a estrutura narrativa que o diretor montou para o filme contradiz a proposta que ele defende, principalmente pela escolha da narração em off vinda do capitão Nascimento e pelos estereótipos torpes que usou para caracterizar a maioria dos personagens. Isso deixou "Tropa de Elite" com cara de filme policial estadunidense e meio que anulou a crítica social pretendida pelos autores, chegando ao cúmulo de justificar a chacina provocada pelos policiais no final.

Não sei o que vocês pensam disso, mas eu ia ter vontade de me suicidar ao ver meu filme supostamente anti-fascista, crítico e socialmente engajado receber aplausos de porta-vozes da ultra-direita tupiniquim, como a revista VEJA e afins...

Como diz o ditador popular, "o inferno está cheio de gente bem-intencionada".
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