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terça-feira, 25 de setembro de 2007

Filmes: "DUNA" (Versão Estendida)


COLCHA DE RETALHOS

Novo corte do filme vale pela quantidade de cenas inéditas, mas como cinema é abominável

- Por André Lux, crítico-spam

Foi lançado no Brasil em DVD a Versão Estendida de ''Duna'', a polêmica adaptação para o cinema feita por David Lynch da gigantesca obra de Frank Herbert. O filme é de 1984 e custou uma fortuna para a época, algo em torno de US$ 60 milhões. Mas foi um tremendo fracasso de bilheterias, embora tenha virado cult.

Muitas razões foram levantadas para explicar o naufrágio do projeto, entre elas os sucessivos cortes na metragem que o produtor Dino de Laurentis obrigou Lynch a fazer. De um original de mais de 3 horas e 40 de projeção, ''Duna'' resultou numa salada indigesta e praticamente incompreensível de duas horas.

Somente aqueles que já conheciam o livro de Herbert puderam entender o que se passava na tela. Para o resto sobrou pouco mais do que os deslumbrantes desenhos de produção, o figurino belíssimo e a atuação precisa de um elenco excepcional. Ao menos o filme despertou em alguns a vontade de ler a obra original (meu caso), o que não deixa de ser um mérito.

Na tentativa de resolver esse problema, foi criada uma ''versão estendida'' do filme para ser exibida na TV na qual foram reincorporados cerca de 40 minutos de cenas inéditas, incluindo um prólogo que tenta explicar os acontecimentos anteriores aos abordados no filme, utilizando para isso uma narração sobre alguns parcos desenhos de produção.

Só que tudo isso foi feito à revelia de David Lynch, que abominou o resultado final e obrigou o estúdio a retirar seu nome dos créditos de roteirista e diretor, que ficaram sob a alcunha de ''Alan Smithee'' (nome fictício geralmente usado para substituir tais créditos). Mas Lynch estava correto. Essa chamada ''Versão Estendida'' nada mais é do que uma colcha de retalhos horrivelmente costurada.

Se a versão original era incompreensível, esta é intolerável. Os ''pais'' dessa versão simplesmente colaram as cenas inéditas entre as já existentes, sem respeitaram qualquer lógica ou fluidez. Os cortes são bruscos e as passagens entre as cenas são toscas. Às vezes a ação na tela é entrecortada por uma narração péssima e geralmente risível. No início, por exemplo, tentam ''apresentar'' os personagens por meio deste artifício e somos obrigados a ver um take fechado de um dos atores enquanto o ''voice-over'' nos explica monotonamente quem é aquela figura por longos minutos!

A montagem é tão lamentável que, de tempos em tempos, enfiam uma cena qualquer de uma nave voando que nada tem a ver com o que é mostrado, só para separar takes. A música do grupo Toto também é brutalmente mutilada, graças à inserção de faixas compostas para outras seqüências do filme no meio da que já estava sendo executada na trilha sonora. É um verdadeiro assalto aos sentidos. A imagem em ''fulscreen'' deforma totalmente os enquadramentos originais e é de qualidade ruim (parece ter sido tirada de um master em VHS). O som em stereo 2.0 também não é muito melhor.

Todavia, mesmo sendo uma tentativa abominável de remontar o filme, essa ''Versão Estendida'' certamente vale como curiosidade para quem gosta do filme original, já que traz diversas cenas nunca vistas antes. São de particular interesse o duelo entre Paul e Jamis, Gurney Halleck tocando seu ''baliset'', a morte do verme recém-nascido para a extração da água da vida, a introdução da governanta Shadout Mapes e a noite de amor entre o Duque Leto e Jessica quando concebem Alia.

Se você é fã do filme original de David Lynch, mas sempre teve vontade de ver as cenas que não foram incluídas na versão dos cinemas, então essa ''Versão Estendida'' certamente vai satisfazer a sua curiosidade. Mas saiba que, como cinema, é simplesmente ultrajante e ainda mais incompreensível do que o original.

Cotação: *

3 comentários:

Hélio B. Duarte disse...

Li o livro e assisti várias vezes o filme.
O melhor filme de ficção já feito.
Uma bem engendrada trama e imagens incríveis.
Não vi e não virei a versão estendida.

Lorde Velho disse...

Ótimo texto. Faço minhas as suas palavras: a versão extendida de Duna é uma abominação pior do que Alia. Quando assisti entendi na hora porque Lynch mandou tirar o nome dos créditos. Eu teria feito a mesma coisa.

O filme original é belíssimo. Algumas seqüências são perfeitas isoladamente, mesmo que o filme como um conjunto não se sustente. Pra quem é fã do livro e/ou do David Lynch vale muito a pena conhecer.

E, por incrível que pareça, algumas dessas cenas fantásticas não estão na tal "versão extendida", foram censuradas porque a montagem foi feita para a TV. Quem quiser ver o Barão Harkonen besuntado de olho e estraçalhando um garoto tem que ver a versão original, rss...

Mas, enfim, em prol da curiosidade dos fãs, deixo aqui uma dica: a NBO lançou no mercado brasileiro uma nova edição em DVD da versão extendida, dessa vez com o formato de tela correto (2.35:1) e melhor qualidade de imagem. Quem quiser assistir eu recomendo que procure essa edição ;)

DJ Mestre disse...

Essa é a edição que estou assistindo agora, em uma tv uhd, a imagem melhorou ainda mais! Assisti o filme na época, no cinema. Não entendi muito bem. Hoje mais maduro posso entender e apreciar melhor o filme, principalmente as imagens que são espetaculares!