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quarta-feira, 23 de maio de 2007

H.R. Giger: entre na mente doentia do criador do ''Alien''


"Tal como Jerónimo Bosch ou Pieter Bruegel, Giger nos revela como as nossas realidades são construídas e destruídas. Nestes quadros, vemo-nos a nós próprios como embriões rastejantes, como fetos e larvas, protegidos pelo invólucro do nosso ego, aguardando o momento da nossa metamorfose e do nosso renascimento. Vemos as nossas cidades, as nossas civilizações, como colméias, como colônias de formigas, povoadas por criaturas rastejantes: nós" - Timothy Leary

- por André Lux, jornalista temente ao alien

Se você alguma vez acordou suado e tremendo de medo, depois de ter um obscuro pesadelo no qual criaturas rastejantes atacavam-no saindo de dentro de alguma parede pegajosa, não fique preocupado. Você não é o único. Desde o lançamento mundial de ''Alien: O Oitavo Passageiro'', em 1979, o mundo dos sonhos (ou pesadelos) nunca mais foi o mesmo. Mas o diretor Ridley Scott deve muito do sucesso de seu filme ao pintor e artista plástico suíço H.R. Giger.



Nascido em 5 de Fevereiro de 1940, na pequena Chur (Suíça), Hans Rudi Giger começou a mostrar ainda na infância interesse pelo sexo e pelo lado mais escuro do ser humano, duas constantes em sua obra.  "Desde muito cedo me senti atraído pelo sexo oposto. Os locais que mais me interessavam eram os mais escuros", conta o artista no livro H.R. Giger Arh+, publicado pela Taschen. "Por isso, logo que deixaram me vestir sozinho, comecei a usar o preto. O local mais escuro da casa era debaixo da mesa, num porão pequeno e sem janelas, que me servia de quarto de brincar." 

Não demorou muito para que Giger começasse a demonstrar o seu talento para a arte. Entretanto, em sua cidade natal, "artista" era sinônimo de alcoolismo, prostituição, ociosidade e imbecilidade, por isso trabalhou como ajudante do pai farmacêutico. Foi só aos dezoito anos que teve sua primeira oportunidade de trabalhar como desenhista. "Como não conseguia boas notas, mandaram-me, como praticante não-remunerado, para uma associação de arquitetos. Isso foi decisivo para o meu gosto pelo desenho."



Giger também sempre foi obcecado por armas de fogo, outros objetos constantes em sua obra. "Quando se fala em revólveres e pistolas surgem logo pensamentos negativos, porque matam, ou nos fascinam, como fascinaram a mim aos oito anos de idade." 

A partir de 1964, ano em que morava em Zurique e cursava a Escola de Artes e Ofícios, começam a ser publicados seus primeiros trabalhos, em revistas contestatórias, como "Clou" e "Agitation" e em jornais locais. Depois de concluir seus estudos, Giger começa a trabalhar como designer de móveis de escritório. Nessa época casa-se com a atriz Li Tobler (musa inspiradora de muitos de seus quadros) e inicia a produção de desenhos cada vez maiores, culminando em sua primeira exposição individual, na Galeria Benno, em Zurique.

Entretanto, foi só a partir de 1979, depois de muitas exposições, publicações e de uma tentativa frustrada de Alejandro Jodorowsky em adaptar o livro "Duna" para o cinema, que seu trabalho passou a ser conhecido do grande público. 


Desenhos de Giger para "Duna"de Jodorowsky
Tudo isso graças à criatura que criou para o filme ''Alien: O Oitavo Passageiro'', fotografada magistralmente por Ridley Scott, que assustou os freqüentadores do cinema de tal maneira que tornou o filme um dos maiores sucessos daquele ano. 

Giger embarcou na produção de "Alien" depois que os realizadores tiveram contato com seu livro de ilustrações ''Necronomicon''. Entusiasmado com a chance de participar de um projeto de grandes proporções, Giger embarcou para Londres. As filmagens, entretanto, demonstraram-se estafantes e desapontadoras para o artista, principalmente por causa da pressão e pelos constantes cortes no orçamento.

É o próprio Giger quem reconhece suas limitações na época. "Quando pinto na privacidade de meu estúdio não há espaço para compromissos", explica . "Deve ser por isso que, durante a produção de 'Alien', eu ficava constantemente desapontado, confuso e impaciente. Eu sei também que, frequentemente, chateei meus colegas com minhas críticas indulgentes e minha insistência em manter meus designs. Ignorante como eu era das técnicas que envolvem as grandes produções, eu acabei não percebendo que havia também a possibilidade da improvisação."



Mas, mesmo com as frustrações e divergências, "Alien" rendeu ao artista suíço um merecido prêmio Oscar de Efeitos Visuais da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e o reconhecimento mundial do público à sua obra. Sua figura e seu jeito estranho de ser, todavia, continuaram a intrigar as pessoas. "Quando Giger começou a trabalhar em 'Alien', ele foi até a secretária de produção e disse: 'Eu quero ossos'", conta um dos membros da equipe. "Então, você entrava no seu estúdio e via aquele cara parecendo o conde Drácula, vestido todo em couro preto, com seu cabelo escuro, pele muito branca e olhos brilhantes, cercado por uma sala repleta de ossos e esqueletos. Era assustador!"

Esquisitices a parte, Giger encara suas obras como uma espécie de terapia contra seus medos e pesadelos. "Eu venho tendo sempre os mesmo sonhos, e são pesadelos. Eles são terríveis", conta. "Mas eu descobri que quando faço desenhos sobre eles, os sonhos vão embora. Eu me sinto muito melhor. É uma espécie de auto-psicanálise", conclui.

Não são todos que se fascinam com seus desenhos psicodélicos. "Pessoas às vezes olham o meu trabalho e só vêem as coisas terríveis, horríveis", diz Giger. "Eu peço para que olhem de novo e talvez elas vejam que eu sempre tenho dois elementos em meus quadros: as coisas horríveis e as coisas belas. Quer dizer, eu gosto de elegância, de art noveu; uma linha reta ou uma curva. Essas coisas estão muito na essência do meu trabalho".



Mas Giger nem precisa tentar nos convencer da horrível beleza de sua obra. Talvez seja o polêmico Timothy Leary quem melhor explique o impacto do seu trabalho em nossas vidas: "Tal como Jerónimo Bosch ou Pieter Bruegel, Giger nos revela como as nossas realidades são construídas e destruídas. Nestes quadros, vemo-nos a nós próprios como embriões rastejantes, como fetos e larvas, protegidos pelo invólucro do nosso ego, aguardando o momento da nossa metamorfose e do nosso renascimento. Vemos as nossas cidades, as nossas civilizações, como colméias, como colônias de formigas, povoadas por criaturas rastejantes: nós".

A verdade é que a obra de Giger foge a qualquer tipo de explicação ou rótulo. Seus desenhos e esculturas, imbuídos de forte carga erótica e emocional, onde figuras biomecanóides e infernais se digladiam e se entrelaçam, continuarão despertando o lado mais escuro da nossa imaginação. 


Ridley Scott (agachado) observa Giger trabalhando no Alien
"Um dia, durante as filmagens de 'Alien', fizemos um picnic e todos tiraram as camisas. Exceto Giger. E todo mundo tentou fazê-lo tirar suas roupas, mas ele não o faria", conta o roteirista Dan O'Bannon. 

"Entenda, eu não acho que ele se atreveria a tirar aquelas roupas, porque se o fizesse todos veriam que ele não é humano. Ele é um personagem de uma estória de H.P. Lovecraft..."

Giger trabalhou também no design de produção de filmes como ''Poltergeist 2: O Outro Lado'', ''A Experiência'', ''The Killer Condom'' (literalmente ''A Camisinha Assassina'', filme trash inédito por aqui) e ''Alien 3'', embora nenhum tenha tido o mesmo impacto ou sucesso do primeiro ''Alien: O Oitavo Passageiro''. O artista faleceu em 12 de maio de 2014 depois de sofrer um acidente em sua casa.



Visite o site oficial de H.R. Giger.
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7 comentários:

Unknown disse...

Também adoro o trabalho do Giger. A série ALIEN me fez cinéfilo e reconheço que muito do impacto dos filmes reside no design ousado (e assustador!) do monstro.

Zé Renato disse...

E ae :)
O comentario não é especifico sobre o post, mas sim sobre todo o blog. O acompanho durante um certo tempo, pouco mas suficiente para conhecer suas palavras e me identificar com elas. Principalmente os dois posts "Memorias de um alienado"... afinal, me sentia dessa forma, repetia brilhantemente na frente da familia materias que lia na veja precocemente, e todo mundo aplaudia, "nossa, como ele é inteligente!", so que com o passar do tempo, e felizes desgostos da vida, fui posto a pensar. E cheguei a conclusao que as coisas estavam erradas... Me perdi nessas palavras, um unico comentario é pouco para tentar explicar esse "despertar" pros dois lados da vida (dai para mais), mas tenho certeza que vc entende o que quero dizer. Tomo por minhas suas palavras em "memorias de um alienado".
Agradeço por manter esse espaco, e por finalmente ter liberado os comentarios.
Deixo meu email para contato, pois tenho uma duvida sobre um post e um suposto "trabalho" seu, que gostaria de saber mais a respeito, mas hoje procurei aqui e nao encontrei mais! EMAIL: r.enato@uol.com.br
Abracos :-)

totiy disse...

esquceu do predator?

André Lux disse...

O Predador não foi criado pelo Giger, mas pelo Stan Winston.

Afortunada disse...

Adoro o trabalho do Giger , ainda irei tatuar uma de suas criações.

Afortunada disse...

Adoro Giger ,ainda tatuarei um dos seus trabalhos .

Paulão Fardadão Cheio de Bala disse...

No livro o Alien não é como esse do filme. Ou talvez até seja, já q ele nunca é descrito, e o máximo q aparece dele é uma mão. Peluda. Talvez a figura original do Alien na mente de seu criador fosse exatamente como essa versão do cinema, só q peludão...