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Em termos de tecnologia o filme é nota 10. Já em termos de cinema mesmo, dramaticamente falando, é uma porcaria.
- por André Lux, crítico-spam
Eu gostaria de entender o que aconteceu com o diretor Robert Zemeckis. Depois de começar a carreira com filmes de aventura despretensiosos, como “Tudo por Uma Esmeralda” e a trilogia “De Volta para o Futuro”, demonstrou talento genuíno em “Contato”. Mas, de repente, parou de fazer filmes com pessoas de carne e osso e passou a produzir bobagens animadas em computador como “O Expresso Polar” e “A Lenda de Beowulf”. Parece que alguém falou pro sujeito que o cinema tradicional estava com os dias contados e o futuro pertenceria a quem fizesse tudo em digital. E ele acreditou!
Assim, apresenta agora a enésima adaptação da história clássica de Charles Dickens, só que feita toda no computador, sobre o velho ranzinza e mesquinho Scrooge, que recebe na véspera do natal a visita de três fantasmas que tem a missão de transformar o protagonista de um típico eleitor do PSDB, daqueles que acreditam que todo pobre é vagabundo e, portanto, deve ser tratado como lixo, num “cidadão de bem”. Não vou entrar no mérito dessa historinha batida e moralista que parece ter sido escrita por um burguês com consciência pesada, do tipo que acredita mesmo que a solução para todos os problemas do mundo é dar esmolas mais gordas e participar de campanhas do agasalho, pois é chover no molhado.
Mas o que espanta é a falta de capacidade do diretor em passar qualquer emoção durante a projeção (mal explica os motivos das mudanças de personalidade de Scrooge), perdendo um tempo incrível com sequências enjoativas que mostram o protagonista caindo sem parar, sendo puxado ou perseguido pelos fantasmas por entre os cenários virtuais. Não ajuda em nada o filme ter sido “estrelado” pelo insuportável Jim Carrey, que além do Scrooge faz também vários outros papéis – sendo o mais intragável o do fantasma do presente.
Agora vocês devem estar se perguntando por que diabos eu fui ver esse filme, não? Bem, a verdade é que eu e minha esposa queríamos experimentar uma sessão no Imax em 3D e, infelizmente, “Os Fantasmas de Scrooge” era a única opção. Assim, em termos de tecnologia o filme é nota 10. Já em termos de cinema mesmo, dramaticamente falando, é uma porcaria. E pior: é sombrio e até assustador demais para as crianças, com pouquíssimos momentos de humor e diversão! Mais uma bola fora do senhor Zemeckis...
Cotação: * *