PRA NERD NENHUM BOTAR DEFEITO- por André Lux, crítico-spam
Esse novo “Star Trek” é simplesmente espetacular! Palmas para o diretor J.J. Abrams, que estava na crista da onda depois do sucesso de “Lost” e se arriscou bastante ao aceitar fazer esse renascimento da série original com Kirk, Spock e o Dr. McCoy que desperta paixões em várias gerações de espectadores. Mas ele não poderia ter acertado mais.
Tudo está no lugar certo neste filme, a começar pelo elenco homogêneo e sem pontos baixos e pelo roteiro muito bem escrito, que consegue o milagre de resolver satisfatoriamente uma trama tortuosa e complexa a qual inclui até viagens no tempo (sempre uma armadilha perigosa em filmes desse tipo), chegando a ter participação especial de Leonar Nimoy, o Spock original!
O mais bacana de tudo é que Abrams revela-se um bom cineasta, com completo domínio da narração e da imagem. Reparem como ele e seu diretor de fotografia posicionam a câmera e usam lentes zoom em várias tomadas para criar o máximo efeito de profundidade de campo no frame, deixando “Star Trek” com cara de filme grande (comparem, por exemplo, com o fraquinho “X-Men Origens: Wolverine”, cuja fotografia utilizada deixa-o quase todo chapado, com cara de filme para televisão).
A música de Michael Giacchino, colaborador constante de Abrams (é dele as trilhas de “Missão Impossível 3” e da série “Lost"), também é muito boa e o compositor tem talento para alternar orquestrações pesadas com outras mais intimistas sem perder a lógica interna do desenvolvimento temático (coisa rara atualmente). Giacchino teve o luxo de compor músicas para cenas chave (como a do nascimento de Kirk) desprovidas de efeitos sonoros. Ou seja, Abrams deixou só as imagens e confiou acertadamente na trilha musical para elevar a dramaticidade da cena (outra opção rara e corajosa). Interessante notar também que o músico vai inserindo aos poucos o tema da antiga série (composto pelo falecido Alexander Courage) no filme, culminando com uma rendição enérgica e empolgante dele nos créditos de encerramento.
São muito legais e bem-vindas paras os fãs as citações a vários episódios da série original e até mesmo dos filmes do cinema, algumas delas bem sutis. Os efeitos visuais também são ótimos, a nova Enterprise é simplesmente linda e o filme tem muito humor. Mas, na minha modesta opinião, a melhor sacada dos realizadores foi eles terem inventado toda uma trama de viagens no tempo que culminou na criação de um universo paralelo, onde os heróis vão poder viver suas aventuras sem precisar se preocupar em serem fiéis à cronologia de eventos da série original (engraçado ver alguns profissionais da opinião criticando o roteiro de forma a dar claras evidências que não entenderam esse ponto crucial - pior que esse fato é tão óbvio e importante para a apreciação do filme que a Uhura chega a citá-lo literalmente!)Enfim, é um renascimento para “Star Trek” para nerd nenhum botar defeito.
Cotação: * * * * *
