VOLTA POR CIMA
Longa de suspense e terror conta com atuação impressionante de James McAvoy e marca o retorno do diretor de “O Sexto Sentido” à boa forma
- por André Lux, crítico-spam
Fazia muito tempo que o diretor M. Nigh Shyamalan não acertava uma. Depois de uma estreia retumbante com o ótimo “O Sexto Sentido”, seguida pelo interessante “Corpo Fechado”, sua carreira desceu ladeira abaixo alternando filmes apenas ruins (“A Vila”, “Sinais”) com outros francamente ridículos (“Fim dos Tempos”, “A Dama na Água”), ao ponto de começar a ficar escondido nas peças publicitárias de filmes como “Depois da Terra”.
A verdade é que o sucesso lhe subiu à cabeça e começou a acreditar que qualquer roteiro criado por ele merecia virar longa metragem. Enquanto o público embarcou os estúdios continuaram a lhe dar carta branca, mas logo a farsa veio à tona e as torneiras de Hollywood começaram a ser fechadas para ele.
Mas isso foi bom, pois o obrigou a repensar a carreira e passar a produzir filmes mais baratos e melhor resolvidos, sem tanta besteira e pretensão. É o caso deste “Fragmentado”, um longa de suspense psicológico com pitadas de terror que deve muito do seu sucesso à atuação espetacular do jovem James McAvoy, sem dúvida um dos melhores atores de sua geração, que foi descoberto na minissérie “Os Filhos de Duna”, onde já demonstrava imenso carisma e domínio de cena, e que depois fez carreira meteórica vivendo inclusive o Professor X nos novos “X-Men”, mas também estrelando filmes de arte como “Desejo e Reparação”.
Ele faz o papel de um sujeito que sofre de um distúrbio psiquiátrico causado por abusos paternos que o deixa com 23 personalidades diferentes. As mudanças entre uma personalidade e outra são feitas de maneira exemplar por McAvoy sem nunca cair para a caricatura ou exagero, exceto quando o roteiro pede por isso.
Shyamalan, autor da história, acerta também na caracterização de uma das vítimas do protagonista, pintada como uma jovem que vamos descobrindo ao longo da trama também ser vítima de abusos. A personagem é feita por Anya Taylor-Joy em excelente caracterização, alternando momentos de fragilidade e força de forma convincente.
Felizmente, o cineasta não apela para sustos fáceis ou truques batidos do gênero, preferindo investir na relação entre os protagonistas, num clima de tensão e na sutiliza, o que fica muito evidente durante as sessões de psicoterapia que se tornam um verdadeiro duelo de atuações entre McAvoy e sua psiquiatra, feita por Betty Buckley.
Como nem tudo é perfeito, o personagem da médica acaba sendo o único ponto mais fraco da trama, pois suas ações perto do final são completamente ilógicas e servem apenas para impulsionar a trama. Outro problema é que uma pessoa com uma patologia mental tão grave e já diagnosticada jamais seria aceita num emprego normal e é mais provável que estaria internado em uma instituição psiquiátrica. Mas não chega a atrapalhar muito o resultado final.
Shyamalan ainda se dá ao luxo de amarrar “Fragmentado” ao universo apresentado em “Corpo Fechado”, com direito até a uma ponta de Bruce Willis, sem que isso soe intrusivo ou fora de contexto. Vale a pena assistir, nem que seja só para conferir a atuação impressionante de McAvoy.
Cotação: * * * *
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quinta-feira, 30 de março de 2017
Filmes: "A Bela e a Fera" (2017)
ANIMAÇÃO, O FILME?
Não vejo muita lógica em adaptar um desenho animado com atores que contracenam com... desenhos animados!
- por André Lux, crítico-spam
A Disney continua com sua nova política de adaptar com atores reais suas animações. Depois de “Malévola” e “Cinderela”, chega agora “A Bela e a Fera”, que é uma adaptação quase literal do desenho lançado nos cinemas em 1991, grande sucesso de público na época.
Implico de cara com o fato de quase todo o filme ser feito em computação gráfica, principalmente o personagem da Fera, todos os coadjuvantes do castelo que viraram utensílios domésticos e grande parte dos cenários. Ou seja, temos aqui alguns atores de carne e osso contracenando com o que são basicamente... desenhos animados! Sinceramente, não vejo muita lógica nisso, já que a proposta era o contrário.
Enfim, se você conseguir esquecer isso e o fato de que temos aquela péssima história da vítima que se apaixona pelo seu captor (conhecida como "Síndrome de Estocolmo"), o filme tem seus encantos e conta com uma boa trilha sonora de canções já clássicas e algumas novas compostas especialmente para ele.
Não vejo muita lógica em adaptar um desenho animado com atores que contracenam com... desenhos animados!
- por André Lux, crítico-spam
A Disney continua com sua nova política de adaptar com atores reais suas animações. Depois de “Malévola” e “Cinderela”, chega agora “A Bela e a Fera”, que é uma adaptação quase literal do desenho lançado nos cinemas em 1991, grande sucesso de público na época.
Implico de cara com o fato de quase todo o filme ser feito em computação gráfica, principalmente o personagem da Fera, todos os coadjuvantes do castelo que viraram utensílios domésticos e grande parte dos cenários. Ou seja, temos aqui alguns atores de carne e osso contracenando com o que são basicamente... desenhos animados! Sinceramente, não vejo muita lógica nisso, já que a proposta era o contrário.
Enfim, se você conseguir esquecer isso e o fato de que temos aquela péssima história da vítima que se apaixona pelo seu captor (conhecida como "Síndrome de Estocolmo"), o filme tem seus encantos e conta com uma boa trilha sonora de canções já clássicas e algumas novas compostas especialmente para ele.
Todavia, não foi boa ideia escalarem Emma Watson (de “Harry Potter”) para viver Bela, pois ela é uma moça apática e sem grande carisma, o que destoa da caracterização forte e aguerrida da personagem. O ator que arrumaram para ser a Fera, Dan Stevens (da série “Downtown Abbey”), também é muito fraco, embora não atrapalhe enquanto apenas faz a voz e os trejeitos do boneco digital.
Computação gráfica não deixa de ser apenas um desenho animado |
O restante do elenco de “humanos” é muito ruim, especialmente o sujeito que faz Gaston (Luke Evans, de “O Hobbit”) e seu ajudante, que é feito por um rapaz gordo com trejeitos de gay, ambos canastrões e caricatos. Kevin Kline, como o pai de Bela, é desperdiçado e não tem nada a fazer exceto parecer desanimado e os atores que dublam o restante dos personagens criados em computação gráfica só aparece em pontas no começo e no final.
Não gostei também do desenho de produção, da maquiagem e dos figurinos exagerados, feitos em estilo barroco, o que deixa tudo pesado e poluído, bem diferente do estilo leve da animação. A vila em que vive Bela também é muito mal caracterizada, toda espremida no topo de uma montanha.
Claro que a maioria das pessoas não dá a menor bola para todas essas restrições e está adorando o filme que já se tornou um grande sucesso de bilheteria. Mas é inegável que a animação original e até mesmo a versão francesa feita por Christophe Gans em 2014 eram melhores.
Cotação: * * *
Não gostei também do desenho de produção, da maquiagem e dos figurinos exagerados, feitos em estilo barroco, o que deixa tudo pesado e poluído, bem diferente do estilo leve da animação. A vila em que vive Bela também é muito mal caracterizada, toda espremida no topo de uma montanha.
Claro que a maioria das pessoas não dá a menor bola para todas essas restrições e está adorando o filme que já se tornou um grande sucesso de bilheteria. Mas é inegável que a animação original e até mesmo a versão francesa feita por Christophe Gans em 2014 eram melhores.
Cotação: * * *
domingo, 12 de março de 2017
Filmes: "Kong: A Ilha da Caveira"
MACACO BATIDO
Não chega a ser tão ruim quanto o “King Kong” do Peter Jackson, mas não é nem de perto a aventura palpitante e original que o trailer fazia prever.
- por André Lux, crítico-spam
É difícil entender essa obsessão que o cinema comercial estadunidense tem com macacos. Vira e mexe aparece um filme com eles como protagonistas nas telas. A mais vista é a história do King Kong, que já teve trocentas versões e agora ressurge nesse “Kong: A Ilha da Caveira”. Não chega a ser tão ruim quanto o “King Kong” do Peter Jackson, mas não é nem de perto a aventura palpitante e original que o trailer fazia prever.
Apesar de realmente ter algumas sequências muito interessantes e bem fotografadas, “Kong” erra ao não investir num enredo minimamente original, limitando-se à batida fórmula de colocar um grupo de pessoas perdidos na floresta tentando ir do ponto A ao ponto B dentro de uma janela de tempo específica, enquanto são atacados por todos os tipos de criaturas.
Embora tente construir um clima de suspense em relação ao que os cientistas poderão encontrar na Ilha da Caveira, o roteiro faz com que todos sejam derrubados por um ataque do gorila gigante logo de cara em uma sequência que, embora muito bem feita, acaba sendo por demais inverossímil e irritante até. Afinal, não seria possível que todos aqueles helicópteros ficassem praticamente parados à frente do King Kong ou rodando em volta dele ao alcance do seu braço! É uma situação por demais forçada só para fazer com que todos se esborrachem na ilha e sejam obrigados a improvisar com o que restou dos equipamentos para tentar escapar.
Não há qualquer tentativa de aprofundar os personagens ou mesmo construir relações plausíveis entre eles, sobrando para o pobre Tom Hiddleston (o Loki, de “Thor”) a ingrata tarefa de soltar frases de efeito e bancar o herói. Samuel L. Jackson se perde num personagem tosco e apela para caretas indignas de seu talento, enquanto coadjuvantes do peso de um John Goodman são completamente desperdiçados. O único que livra a cara é John C. Riley que faz um soldado que caiu na ilha durante a segunda guerra mundial e aparece com uma barba hilária e solta as melhores tiradas do filme.
Apesar de ter sido produzido pelo mesmo pessoal que fez o novo “Godzilla”, esse filme não tem nada do charme e originalidade dele, que ao menos tinha um roteiro o qual tentava contar uma história minimamente diferente do habitual “monstro invade cidades e destrói tudo enquanto o exército o ataca” e fazia de tudo para esconder a criatura até a apoteose final. Aqui vão direto na jugular do espectador, mostrando Kong e os outros monstros de cara e de forma excessiva, o que apenas ajuda a diluir qualquer tentativa de suspense, fator que é exacerbado pelo falta de carisma dos personagens humanos e a insistência deles em agirem como perfeitos imbecis o tempo todo.
Os efeitos especiais são bons, porém repetitivos e as supostas homenagens a outros filmes, como “Apocalipse Now” e “Platoon” parecem mais paródias. A trilha musical composta por um dos clones do abominável Hans Zimmer também não deixa qualquer marca, o que é lamentável para esse tipo de obra.
Pode ser que eu tenha entrado com a expectativa alta demais, mas a culpa é dos trailers que venderam o filme com algo que ele não é. Dá pra assistir, porém conseguiram, assim como Peter Jackson, fazer algo pior do que a versão de 1976 que mostrava um homem fantasiado de King Kong pisando em miniaturas...
Cotação: * * 1/2
Não chega a ser tão ruim quanto o “King Kong” do Peter Jackson, mas não é nem de perto a aventura palpitante e original que o trailer fazia prever.
- por André Lux, crítico-spam
É difícil entender essa obsessão que o cinema comercial estadunidense tem com macacos. Vira e mexe aparece um filme com eles como protagonistas nas telas. A mais vista é a história do King Kong, que já teve trocentas versões e agora ressurge nesse “Kong: A Ilha da Caveira”. Não chega a ser tão ruim quanto o “King Kong” do Peter Jackson, mas não é nem de perto a aventura palpitante e original que o trailer fazia prever.
Apesar de realmente ter algumas sequências muito interessantes e bem fotografadas, “Kong” erra ao não investir num enredo minimamente original, limitando-se à batida fórmula de colocar um grupo de pessoas perdidos na floresta tentando ir do ponto A ao ponto B dentro de uma janela de tempo específica, enquanto são atacados por todos os tipos de criaturas.
Embora tente construir um clima de suspense em relação ao que os cientistas poderão encontrar na Ilha da Caveira, o roteiro faz com que todos sejam derrubados por um ataque do gorila gigante logo de cara em uma sequência que, embora muito bem feita, acaba sendo por demais inverossímil e irritante até. Afinal, não seria possível que todos aqueles helicópteros ficassem praticamente parados à frente do King Kong ou rodando em volta dele ao alcance do seu braço! É uma situação por demais forçada só para fazer com que todos se esborrachem na ilha e sejam obrigados a improvisar com o que restou dos equipamentos para tentar escapar.
Não há qualquer tentativa de aprofundar os personagens ou mesmo construir relações plausíveis entre eles, sobrando para o pobre Tom Hiddleston (o Loki, de “Thor”) a ingrata tarefa de soltar frases de efeito e bancar o herói. Samuel L. Jackson se perde num personagem tosco e apela para caretas indignas de seu talento, enquanto coadjuvantes do peso de um John Goodman são completamente desperdiçados. O único que livra a cara é John C. Riley que faz um soldado que caiu na ilha durante a segunda guerra mundial e aparece com uma barba hilária e solta as melhores tiradas do filme.
Apesar de ter sido produzido pelo mesmo pessoal que fez o novo “Godzilla”, esse filme não tem nada do charme e originalidade dele, que ao menos tinha um roteiro o qual tentava contar uma história minimamente diferente do habitual “monstro invade cidades e destrói tudo enquanto o exército o ataca” e fazia de tudo para esconder a criatura até a apoteose final. Aqui vão direto na jugular do espectador, mostrando Kong e os outros monstros de cara e de forma excessiva, o que apenas ajuda a diluir qualquer tentativa de suspense, fator que é exacerbado pelo falta de carisma dos personagens humanos e a insistência deles em agirem como perfeitos imbecis o tempo todo.
Os efeitos especiais são bons, porém repetitivos e as supostas homenagens a outros filmes, como “Apocalipse Now” e “Platoon” parecem mais paródias. A trilha musical composta por um dos clones do abominável Hans Zimmer também não deixa qualquer marca, o que é lamentável para esse tipo de obra.
Pode ser que eu tenha entrado com a expectativa alta demais, mas a culpa é dos trailers que venderam o filme com algo que ele não é. Dá pra assistir, porém conseguiram, assim como Peter Jackson, fazer algo pior do que a versão de 1976 que mostrava um homem fantasiado de King Kong pisando em miniaturas...
Cotação: * * 1/2
quarta-feira, 8 de março de 2017
Filmes: "Logan"
CANSOU
Filme não cumpre o que prometia e funciona mais como despedida de Hugh Jackman ao personagem
- por André Lux, crítico-spam
“Logan” é certamente o melhor filme solo do Wolverine, o mais idolatrado dos X-Men. Mas isso não quer dizer muito, afinal os dois primeiros foram bem ruinzinhos. Hugh Jackman faz sua nona aparição como o personagem nos cinemas e promete que é a última (mas nunca diga nunca em Roliudi!). Ele nem faz muita questão de esconder o cansaço que sente em atuar na pele do mutante nervosinho novamente.
A melhor coisa do filme é o primeiro ato, que mostra Logan no futuro, algo em torno de 2029, completamente exaurido e vendo seus poderes de regeneração cada vez mais fracos, ao que parece por causa de envenenamento pelo Adamantium (mas isso não é explorado satisfatoriamente). Ele ganha a vida dirigindo uma limusine enquanto vive escondido no meio do deserto, junto com dois outros mutantes, sendo um deles o professor X (o sempre confiável Patrick Stewart) que aqui vive sob o efeito de remédios que o impedem de ter convulsões poderosas que podem causar fatalidades (fala-se um pouco sobre um evento desses que teve trágicas repercussões, inclusive sobre os X-Men, porém é tudo bem vago e mal explorado).
Os produtores do novo filme parecem ter finalmente ouvido os fãs do personagem que sempre reclamaram da violência “censura livre” dos longas anteriores e aqui, pela primeira vez, vemos o Wolverine arrancando sangue de seus antagonistas, muitas vezes de forma gratuita e exagerada.
“Logan” esquenta quando entra em cena uma menina mutante que pode ou não ser filha dele e possui os mesmos poderes. Ela está sendo perseguida por algum tipo de agência não-governamental e a cena de luta e fuga do esconderijo no deserto é realmente muito boa e emocionante justamente por fugir dos clichês do gênero.
Pena que o filme tenha que continuar e, depois de outra boa cena dentro de um hotel, comece então a derrapar, tornando-se apenas mais um daqueles filmes de perseguição de gato e rato, com os protagonistas sempre um passo à frente dos perseguidores. A partir daí “Logan” repete velhos clichês e torna-se banal. Algumas coisas são irritantes, como eles aceitarem o convite de uma família para jantar, quando obviamente já deveriam estar carecas de saber (especialmente o professor X) o que esse tipo de envolvimento com civis inocentes vai acarretar.
Outra cena ridícula é quando assistem a um vídeo de celular onde uma pessoa explica didaticamente as ações dos vilões no laboratório, toda editada, com narração e cenas que a pessoa certamente não teria como filmar. Uma bobagem inacreditável e dispensável.
Não faz muito sentido a obsessão dos bandidos em perseguir os fugitivos, muito menos seus planos. Aparece até um clone do Wolverine, mais indestrutível ainda, mas que pouco acrescenta e só serve para deixar tudo mais confuso e repetitivo. No final vira uma besteira de perseguição no meio do mato, com o protagonista correndo e matando gente entre uma árvore e outra em uma sequência praticamente idêntica ao que já vimos no segundo “X-Men”. Sua opção por ajudar os fugitivos também soa forçada, afinal não conseguiram firmar um vínculo emocional entre eles. Nem mesmo a derradeira cena do personagem título tem muito impacto, parece telegrafada e só vai emocionar mesmo os fãs mais ardorosos.
O filme vem recebendo muitos elogios, mas não chega a cumprir o que prometia. É uma pena, pois Wolverine certamente merecia bem mais que isso...
Cotação: * * *
Filme não cumpre o que prometia e funciona mais como despedida de Hugh Jackman ao personagem
- por André Lux, crítico-spam
“Logan” é certamente o melhor filme solo do Wolverine, o mais idolatrado dos X-Men. Mas isso não quer dizer muito, afinal os dois primeiros foram bem ruinzinhos. Hugh Jackman faz sua nona aparição como o personagem nos cinemas e promete que é a última (mas nunca diga nunca em Roliudi!). Ele nem faz muita questão de esconder o cansaço que sente em atuar na pele do mutante nervosinho novamente.
A melhor coisa do filme é o primeiro ato, que mostra Logan no futuro, algo em torno de 2029, completamente exaurido e vendo seus poderes de regeneração cada vez mais fracos, ao que parece por causa de envenenamento pelo Adamantium (mas isso não é explorado satisfatoriamente). Ele ganha a vida dirigindo uma limusine enquanto vive escondido no meio do deserto, junto com dois outros mutantes, sendo um deles o professor X (o sempre confiável Patrick Stewart) que aqui vive sob o efeito de remédios que o impedem de ter convulsões poderosas que podem causar fatalidades (fala-se um pouco sobre um evento desses que teve trágicas repercussões, inclusive sobre os X-Men, porém é tudo bem vago e mal explorado).
Os produtores do novo filme parecem ter finalmente ouvido os fãs do personagem que sempre reclamaram da violência “censura livre” dos longas anteriores e aqui, pela primeira vez, vemos o Wolverine arrancando sangue de seus antagonistas, muitas vezes de forma gratuita e exagerada.
“Logan” esquenta quando entra em cena uma menina mutante que pode ou não ser filha dele e possui os mesmos poderes. Ela está sendo perseguida por algum tipo de agência não-governamental e a cena de luta e fuga do esconderijo no deserto é realmente muito boa e emocionante justamente por fugir dos clichês do gênero.
Pena que o filme tenha que continuar e, depois de outra boa cena dentro de um hotel, comece então a derrapar, tornando-se apenas mais um daqueles filmes de perseguição de gato e rato, com os protagonistas sempre um passo à frente dos perseguidores. A partir daí “Logan” repete velhos clichês e torna-se banal. Algumas coisas são irritantes, como eles aceitarem o convite de uma família para jantar, quando obviamente já deveriam estar carecas de saber (especialmente o professor X) o que esse tipo de envolvimento com civis inocentes vai acarretar.
Outra cena ridícula é quando assistem a um vídeo de celular onde uma pessoa explica didaticamente as ações dos vilões no laboratório, toda editada, com narração e cenas que a pessoa certamente não teria como filmar. Uma bobagem inacreditável e dispensável.
Não faz muito sentido a obsessão dos bandidos em perseguir os fugitivos, muito menos seus planos. Aparece até um clone do Wolverine, mais indestrutível ainda, mas que pouco acrescenta e só serve para deixar tudo mais confuso e repetitivo. No final vira uma besteira de perseguição no meio do mato, com o protagonista correndo e matando gente entre uma árvore e outra em uma sequência praticamente idêntica ao que já vimos no segundo “X-Men”. Sua opção por ajudar os fugitivos também soa forçada, afinal não conseguiram firmar um vínculo emocional entre eles. Nem mesmo a derradeira cena do personagem título tem muito impacto, parece telegrafada e só vai emocionar mesmo os fãs mais ardorosos.
O filme vem recebendo muitos elogios, mas não chega a cumprir o que prometia. É uma pena, pois Wolverine certamente merecia bem mais que isso...
Cotação: * * *
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