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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Filmes: "Oblivion"


FUNCIONAL

Para quem gosta do gênero ficção pós-apocaliptico é uma boa pedida, desde que você não espere muito

- por André Lux, crítico-spam

"Oblivion" é daquelas ficções científicas sobre o fim do mundo que bebem diretamente de vários outras e melhores fontes. Mas, apesar de não ser uma obra-prima do gênero e não sobreviver a uma análise mais detalhada de sua trama, até que funciona bem e prende a atenção, tendo inclusive algumas reviravoltas finais que causam surpresa.

As influências mais óbvias do filme são "Planeta dos Macacos", "2001", "Lunar", "Fuga do Século 23", "Eu Sou a Lenda", "Mad Max 2" entre outros. A direção é do mesmo sujeito que fez o fraco "Tron: O Legado", mas não chega a atrapalhar. Os efeitos especiais são decentes e o filme conta com uma boa atuação do galã Tom Cruise, que nunca foi um bom ator, mas que envelheceu bem e consegue imprimir uma certa verdade ao personagem principal. De quebra há também a participação do sempre confiável Morgan Freeman em uma ponta.

Infelizmente, como toda produção em série oriunda de Roliudi, há algumas coisas indesculpáveis, como a cena em que Cruise relembra todo emocionado uma partida do chamado "futebol americano" e algumas explicações didáticas totalmente desnecessárias no final (basicamente eles explicam o que a gente já está vendo na tela). A trilha musical, composta por um grupo techno chamado M.8.3., é fraca e atrapalha muito o filme, cheia de cacoetes horríveis criados pelo abominável Hans Zimmer (certas faixas são cópias diretas de "Batman Begins") e em algumas cenas mais parece música para comercial de shampoo (como na sequência em que Cruise faz amor com sua parceira na piscina).

Enfim, para quem gosta do gênero ficção pós-apocaliptico é uma boa pedida, desde que você não espere muito.

Cotação: * * *

Filmes: "Homem de Ferro 3"

RIDÍCULO

Roteiro é pavoroso, cheio de furos imensos, absurdos e besteiras sem sentido

- por André Lux, crítico-spam

Tudo bem que a franquia do "Homem de Ferro" nunca foi grande coisa (o primeiro filme foi razoável e o segundo bem fraco), mas não precisavam ir para o fundo do poço com essa parte 3.

"Homem de Ferro 3" é sem dúvida um dos piores filmes de super-heróis já feito, chegando ao ponto de ser ridículo. O interessante é que foi escrito e dirigido por um sujeito que tem boa fama entre os fanáticos do gênero, Shane Black, que roteirizou "Máquina Mortífera" e também foi ator em "Predador". Mas seu roteiro é pavoroso, cheio de furos imensos, absurdos e besteiras sem sentido. 

Tony Stark, por exemplo, passa metade do filme tentando consertar uma armadura só para, no final, aparecer mais uma centena delas que estavam no subsolo de sua casa. Não seria muito mais fácil ele simplesmente ir até lá e acioná-las ao invés de ficar perdendo seu tempo em uma cidadezinha no meio do nada? E, falando na armadura, em um momento ela resiste ao impacto direto de um míssil, mas logo em seguida se despedaça toda ao bater na quina da mesa.

Os vilões então são simplesmente patéticos. A motivação e os atos deles não fazem qualquer sentido. A começar pelo Mandarim, numa atuação constrangedora do vencedor do Oscar Ben Kingsley, que certamente estava precisando de dinheiro para aceitar tamanha "pagação de mico". E o que dizer então das pessoas expostas a uma experiência genética que são tão poderosas que chegam até a cuspir fogo? Em uma cena elas sobrevivem a uma explosão de 3 mil graus Celsius e em outra são mortas por uma simples rajada de raio no peito. Sem dizer que são capazes de desabilitar completamente a armadura do Homem de Ferro apenas com um toque da mão!

Ben Kingsley: do Oscar ao mico
Existem várias tentativas forçadas de construir sequências engraçadas, mas quase nenhuma delas funciona, principalmente porque já cansou a maneira posada e artificial que Robert Downey Jr. atua no papel principal. Pior ainda é vê-lo tendo aqueles faniquitos histéricos por causa de acontecimentos narrados em "Os Vingadores". 

Dá pena também ver a coitada da Gwyneth Paltrow (outra vencedora do Oscar) dando uma de "mulher-Hulk" no final! A única cena que funciona é a do resgate das pessoas que caíram do avião do presidente dos EUA.

Infestado de efeitos especiais redundantes e acachapantes, a única coisa realmente boa do filme é sua trilha musical composta por Brian Tyler. O mais estranho é que mais essa aberração roliudiana está fazendo grande sucesso entre o público e a crítica. Mais uma prova que o senso crítico das pessoas está cada vez menos desenvolvido...

Cotação: *

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Filmes: "Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge" (atualizado)


BATMAN FASCISTA

O que mais incomoda é terem usado o Batman para tentar denegrir o "Occupy Wall Street", fazendo de Bane e seus discursos contra o sistema uma metáfora dele

- por André Lux, crítico-spam

“O Cavaleiro das Trevas Ressurge” é o mais fraco da trilogia do Batman dirigida por Christopher Nolan. O filme tem sérios problemas, a começar pelo vilão principal Bane, que usa uma máscara que lhe cobre a boca e parte do rosto, o que impede o ator Tom Hardy de se expressar adequadamente (ele também é excessivamente  confiante e posado ao ponto de irritar).

A motivação dos vilões também é uma mera repetição da do primeiro filme, ou seja, eles querem destruir Gotham City para honrar o plano do líder da Liga das Sombras Ras Al Ghoul (Liam Neeson, que aparece numa ponta e em flashbacks). O problema é que para isso dar certo eles inventam um daqueles planos mirabolantes que levam um tempão para serem efetivados e precisam de um monte de coincidências e acidentes para darem certo, a lá “Star Wars – A Ameaça Fantasma”. Por exemplo, fazia parte do plano aprisionar TODOS os policiais de Gotham em túneis subterrâneos depois que Bane detonasse várias bombas espalhadas pela cidade. Só que os policiais só estavam naquele instante nos túneis porque um detetive (Joseph Gordon-Levitt) descobriu, por mero acaso, que estavam sendo colocados explosivos nos subterrâneos.

Também não faz o menor sentido Bruce Wayne (Christian Bale, apático como de costume nessa trilogia) ter suas impressões digitais roubadas e não tomar qualquer atitude em relação a isso, deixando os vilões livres para usá-las como bem entendessem. Existem outras coisas que incomodam, como a sequência onde a mulher-gato usa o celular de um bandido procurado e cinco segundos depois toda a força policial da cidade, inclusive a SWAT, chegam ao local onde ela estava (mais uma barra forçada para que o plano dela desse certo). Outra coisa ridícula é a carta que o comissário Gordon escreve contando todos os podres de Harvey Dent e livrando a cara do Batman, carta essa que vai parar convenientemente nas mãos do vilão.

O filme tem também um sério problema com seu segundo ato, quando o Batman é derrotado por Bane e jogado numa prisão que é um buraco no meio do nada. Enquanto isso, Gotham vira uma espécie de cripto-anarquia, onde os bandidos mandam e provocam o caos. Isso deixa o filme arrastado e tolo, porque jamais o vilão ia deixar o Batman vivo só para ele ficar sofrendo de dores nas costas na prisão-buraco. Sobra então para o espectador contar o tempo em que ele vai se recuperar dos machucados e, obviamente, fugir do buraco e milagrosamente voltar a Gotham City em poucas horas (nada mau para quem estava preso no meio do nada em um país distante e sem um tostão no bolso).

As coisas só voltam a esquentar no final, quando a pancadaria toma conta e a gente esquece os furos no roteiro e se concentra nas cenas de ação muito bem encenadas. Mas infelizmente é pouco para salvar o filme, que padece também da total falta de humor, da mão pesada de Nolan na direção e da trilha musical barulhenta e óbvia do abominável Hans Zimmer.

Todavia, o que mais incomoda no filme é terem usado o Batman para tentar denegrir o movimento "Occupy Wall Street", fazendo de Bane e seus discursos contra o sistema uma metáfora dele. Dessa forma, Batman assume um viés francamente fascista ao se aliar às forças policiais para acabar com o movimento criado pelo vilão que começa com um ataque justamente à Bolsa de Valores de Gotham. Ou seja, Hollywood novamente promove uma completa inversão de valores, alinhando o "Occupy Wall Street" aos bandidos que devem ser combatidos pelas "forças do bem".

No final, as portas são deixadas abertas para uma continuação que certamente virá. Agora é esperar para ver o que vão fazer com a franquia.

Cotação: * *