- por André Lux
George Clooney volta à direção neste filme baseado na obra “Good
Morning, Midnight”, de Lily Brooks-Dalton. Ele tem uma carreira sólida como
cineasta, com boas obras como “Tudo Pelo Poder” e “Boa Noite e Boa Sorte”, porém
aqui não conseguiu um bom resultado.
A direção é frouxa e desperdiça uma ótima premissa do gênero
ficção-científica, abordando o que seria o fim do mundo com a humanidade tendo
que fugir para um outro planeta próximo de Júpiter. Clooney também atua como um
sujeito misterioso que opta por ficar para trás numa estação científica no meio
Ártico, ao que parece por estar sofrendo de uma doença terminal.
Aos poucos, porém, descobrimos que o motivo dele é outro e
aí o filme começa a apresentar duas tramas paralelas que ao invés de somar ao
resultado final, acabam subtraindo. Uma envolve um cientista jovem obcecado com
o trabalho às voltas com um relacionamento afetivo e a outra mostra uma nave
que está voltando para a Terra depois de explorar o mundo para o qual a
humanidade quer habitar.
Essas três tramas são muito mal encaixadas e deixam o filme tolo,
especialmente a que foca nos astronautas e que apela para clichês irritantes,
como quando saem para fora da nave para tentar consertar avarias provocadas por
uma chuva de asteroides, numa cena alongada onde agem como amadores, perdendo
tempo brincando e cantando enquanto esperamos pela inevitável tragédia.
O mesmo acontece com o personagem de Clooney o qual decide
viajar para outra estação científica no meio de uma forte nevasca usando um
simples trenó motorizado, o que vai trazer toda sorte de problemas.
O que poderia ter sido um bonito filme contemplativo e
poético, acaba se tornando uma aventura arrastada e imemorável, repleto de
situações forçadas para alongar a trama além da conta. Assim, quando o real motivo do protagonista ter ficado para trás é
revelado, no que deveria unir as três tramas, já estamos entediados e sem
paciência para nos preocuparmos com o destino dos personagens.
É uma pena, pois a produção é luxuosa, os efeitos especiais
são satisfatórios e a música de Alexander Desplat acaba sendo a melhor coisa do
filme.
Cotação: * *