O FIM DE TODAS AS COISAS
Dificilmente veremos novamente um espetáculo cinematográfico tão emocionante e perfeito quanto a saga do Anel de Peter Jackson
- por André Lux, crítico-spam
O RETORNO DO REI fecha com chave de ouro uma arriscada jornada que o cineasta Peter Jackson se propôs a fazer: transcrever para os cinemas a monumental obra de J.R.R. Tolkien considerada por muitos infilmável. Mas, como já havia ficado claro desde o primeiro capítulo da saga, A SOCIEDADE DO ANEL, Jackson conseguiu superar até as mais otimistas das expectativas. Fez todas as escolhas certas: recrutou um elenco excepcional, escreveu um roteiro ao mesmo tempo enxuto e fiel aos livros, cercou-se de técnicos despojados e dispostos a reinventar o cinema de fantasia e, demonstrando incrível inteligência, contratou um músico de primeiríssima linha, Howard Shore, para compor a trilha sonora de seus filmes.
E toda essa paixão e exuberância estão impressas nas telas, para quem quiser ver (e, ao que percebemos pelos resultados das bilheterias, poucos não querem). É claro que muitos pontos da história original foram modificados e outros eliminados. Mas, tirando um ou outro problema mais evidente, isso acabam sendo meros detalhes que vão incomodar somente os puristas mais fanáticos pela obra de Tolkien. O mais importante é que O RETORNO DO REI consegue unir todas as pontas soltas da trama de forma não menos que brilhante. É notável a firmeza com o que o diretor conduz o filme, alternando sem pudor momentos de grandeza inigualáveis, como a batalha nos campos de Pellenor (cujos efeitos visuais são realmente de fazer cair o queixo), com outros totalmente intimistas, os quais certamente são um dos pontos chaves para o sucesso dessa empreitada. Tivesse sido deixado levar somente pela sedução das pirotecnias visuais (que destruiu, por exemplo, os novos capítulos de STAR WARS) os filmes certamente teriam fracassado em suas propostas. Mas Jackson sabe criar brechas em toda aquela grandiloqüência visual para que os personagens deixem suas marcas de maneira louvável.
Existem falhas, é claro, como os sucessivos finais (embora, por mim, poderiam ter tido mais uns oito que seriam bem vindos!). Mas, num projeto dessa envergadura, tão calcado em efeitos especiais dificílimos de serem engendrados, enumerá-los seria uma espécie de "atestado de boçalidade". Deixamos essa patética tarefa, portanto, aos cuidados daqueles sujeitos que não se negam (e até se orgulham) a desempenhar tal papel (como insistir em reclamar da participação da soporífera Enya em duas canções do primeiro filme)...
A Academia de Cinema de Holywood demonstrou ter credibilidade dando a O RETORNO DO REI o Oscar de Melhor Filme e tantos outros. Afinal, gostemos ou não, são os prêmios máximos da Indústria Cultural estadunidense e ela mais do que ninguém deveria saber reconhecer o sucesso desse esforço monumental de Peter Jackson e de todos outros que se envolveram em sua empreitada. Sinceramente, não há mais o que dizer. É ver para crer. E tentar segurar as lágrimas que certamente rolarão em diversos pontos chaves do filme. Mas a maior tristeza é saber, exatamente no “fim de todas as coisas”, que dificilmente veremos um espetáculo cinematográfico tão emocionante e perfeitamente realizado novamente.
Cotação: * * * * *
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sexta-feira, 24 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
Filmes: "Xingu"
ANÓDINO
O assunto em questão certamente merecia uma abordagem muito mais apaixonada e explosiva do que a que vemos na tela.
- por André Lux, crítico-spam
“Xingu”, dirigido pelo competente Cao Hamburguer (de “O Ano Em Que Meu Pais Saíram de Férias”), tem o mesmo problema de várias outras cinebiografias de figuras importantes da história mundial: não tem informações suficientes para se tornar um bom documentário nem o aprofundamento dos personagens que o transformaria num bom drama.
O filme quer contar a saga dos irmãos Villas-Boas, que subiram o rio Xingu e travaram contato com índios, tornando-se indianistas de carteirinha. O narrador da história é o irmão do meio, Cláudio (em boa interpretação de João Miguel), que tenta inutilmente impedir que a chegada do homem branco contamine os índios. Nas duas outras pontas temos Orlando (Felipe Camargo) e Leonardo (Caio Blat), sendo que o primeiro faz o papel do líder pragmático que tem lidar com políticos e militares na tentativa de demarcar a terra dos índios, enquanto o segundo faz o papel do apaixonado que se deixa inclusive envolver com uma índia – fator que o levará a deixar a expedição.
“Xingu”, dessa forma, vai contando de forma linear a saga dos Villas-Boas e acaba num meio termo entre o registro documental e o drama. Os três protagonistas não tem suas motivações esmiuçadas pelo roteiro e não são mostrados grandes conflitos ocorrem (nem mesmo com fazendeiros que exploram os índios e são contra a demarcação). A própria criação do Parque Nacional do Xingu acontece no filme sem maiores dificuldades, o que certamente está muito longe da realidade.
Tecnicamente o filme é bem feito e conta com uma ótima direção de fotografia e uma trilha musical inventiva e adequada. O elenco é bastante homogêneo e não deixa a peteca cair em nenhum momento. Pena que o filme seja tão anódino e fuja de conflitos e dramas pessoais. O assunto em questão certamente merecia uma abordagem muito mais apaixonada e explosiva do que a que vemos na tela.
Cotação: * * 1/2
O assunto em questão certamente merecia uma abordagem muito mais apaixonada e explosiva do que a que vemos na tela.
- por André Lux, crítico-spam
“Xingu”, dirigido pelo competente Cao Hamburguer (de “O Ano Em Que Meu Pais Saíram de Férias”), tem o mesmo problema de várias outras cinebiografias de figuras importantes da história mundial: não tem informações suficientes para se tornar um bom documentário nem o aprofundamento dos personagens que o transformaria num bom drama.
O filme quer contar a saga dos irmãos Villas-Boas, que subiram o rio Xingu e travaram contato com índios, tornando-se indianistas de carteirinha. O narrador da história é o irmão do meio, Cláudio (em boa interpretação de João Miguel), que tenta inutilmente impedir que a chegada do homem branco contamine os índios. Nas duas outras pontas temos Orlando (Felipe Camargo) e Leonardo (Caio Blat), sendo que o primeiro faz o papel do líder pragmático que tem lidar com políticos e militares na tentativa de demarcar a terra dos índios, enquanto o segundo faz o papel do apaixonado que se deixa inclusive envolver com uma índia – fator que o levará a deixar a expedição.
“Xingu”, dessa forma, vai contando de forma linear a saga dos Villas-Boas e acaba num meio termo entre o registro documental e o drama. Os três protagonistas não tem suas motivações esmiuçadas pelo roteiro e não são mostrados grandes conflitos ocorrem (nem mesmo com fazendeiros que exploram os índios e são contra a demarcação). A própria criação do Parque Nacional do Xingu acontece no filme sem maiores dificuldades, o que certamente está muito longe da realidade.
Tecnicamente o filme é bem feito e conta com uma ótima direção de fotografia e uma trilha musical inventiva e adequada. O elenco é bastante homogêneo e não deixa a peteca cair em nenhum momento. Pena que o filme seja tão anódino e fuja de conflitos e dramas pessoais. O assunto em questão certamente merecia uma abordagem muito mais apaixonada e explosiva do que a que vemos na tela.
Cotação: * * 1/2
segunda-feira, 13 de agosto de 2012
Filmes: "O Senhor dos Anéis: As Duas Torres"
A GRANDIOSIDADE CONTINUA
Segundo capítulo de “O Senhor dos Anéis” continua sendo um verdadeiro triunfo, tanto ao nível artístico quanto comercial. Algo cada vez mais raro de acontecer nos dias de hoje, convenhamos.
- por André Lux, crítico-spam
A saga do anel do poder continua com o lançamento de AS DUAS TORRES, capítulo central da trilogia e, por isso mesmo, o mais sombrio e difícil de adaptar de toda a obra (afinal, tem que começar em plena ação e novamente acaba bruscamente sem conclusão). Para piorar, com o rompimento da Sociedade do Anel a trama dividi-se em três, tornando-se, portanto, cada vez mais complexa e repleta de detalhes importantes.
O diretor Peter Jackson sabia da dificuldade que tinha pela frente e optou pela saída mais lógica: contar as três histórias em ordem mais ou menos cronológica e na seqüência, diferente do livro que é cheio de idas e vindas, já que cada "missão" tem basicamente seu próprio capítulo. Essa opção traz vantagens do ponto de vista cinematográfico, mas em contrapartida deixa o filme mais truncado, já que a ação é várias vezes interrompida para que outra parte da história seja contada - efeito que chega a atrapalhar algumas seqüências mais emocionantes.
Outro ponto polêmico diz respeito às várias alterações que os roteiristas aplicaram à trama, que obviamente vão enfurecer os fãs mais puristas da obra de Tolkien. Mas é sempre bom lembrar que mudanças são necessárias, afinal literatura é uma coisa e cinema é outra, bem diferente. O problema é que algumas delas acabaram mais prejudicando do que ajudando, sendo as mais graves a participação dos elfos na batalha do Abismo de Helm e a decisão dos Ents de não irem para a guerra, voltando atrás logo em seguida e rápido demais. Essas são os tipos de "licenças" que nada acrescentam e realmente poderiam ter sido ignoradas, afinal o que estava no livro acabaria funcionando melhor.
O filme começa muito bem, com um longo plano aberto das montanhas geladas que vai fechando-se até entrarmos literalmente nas Minas de Moira, exatamente no momento da luta entre o mago Gandalf (Ian Mckellen) e o Balrog, cujo desfecho não será tão trágico quanto o primeiro filme fazia supor. Seguimos então a busca de Aragorn (Viggo Mortensen), o elfo Legolas (Orlando Bloom) e o anão Gimli (John Rhys-Davies) pelos orcs que capturaram os hobits Merry e Pippin. Toda essa seqüência, apesar de ser praticamente fiel ao livro, não é das mais felizes, prejudicada por uma edição apressada e ineficaz.
O filme só vai melhorar mesmo (e alcançar o mesmo nível de excelência de A SOCIEDADE DO ANEL) quando voltamos à jornada de Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin) rumo a Mordor, cuja segurança passa a ser ameaçada pela criatura Gollum. Mas eles conseguem capturá-lo e somos então apresentados ao personagem mais rico e interessante do filme, brilhantemente manipulado por computação gráfica, a partir da performance do ator Andy Serkis. Sua caracterização é tão perfeita e a sua presença tão marcante que esquecemos completamente que não passa de um boneco digital e torcemos para que volte à cena logo.
Outro ponto alto do filme é a atuação de Benard Hill (que foi o capitão do TITANIC), que convence totalmente como o angustiado e indeciso Theodén, rei de Rohan. Sua presença na tela, ao lado do arredio e soturno Aragorn (Mortensen), garantem a integridade e a nobreza do filme. É muito bem vinda também a escolha do anão Gimli e do elfo Legolas como os alívios cômicos, cujos melhores momentos vêm das disputas para ver qual dos dois matou mais orcs! As mensagens ecológica e em favor da amizade e da lealdade também não poderiam deixar ser mais atuais e pertinentes.
Como não poderíamos deixar de notar, a música de Howard Shore é de uma grandeza e retumbância impressionantes, sem nunca cair para a pieguice ou para o clichê desse tipo de filme. Arrisco a afirmar que é ainda melhor que a anterior (sem dizer que não temos mais que aturar as canções soporíferas da Enya, que foram incluídas no primeiro por pressões comerciais). Aproveito para fazer um parêntese e ressaltar que a grande maioria dos críticos ditos "especializados" continua absurdamente ignorando o trabalho dos músicos de cinema, fato que é ainda mais gritante em casos como o de O SENHOR DOS ANÉIS, no qual a trilha musical é parte fundamental do sucesso do projeto!
Se AS DUAS TORRES é pior ou fica no mesmo nível de A SOCIEDADE DO ANEL, ainda tenho minhas dúvidas. Melhor não é, isso é fato. O primeiro beirou a perfeição em todos os aspectos e tinha uma trama muito mais simples e linear para contar. Nesse segundo capítulo me parece que houve um certo descuido na edição (que apresenta muitas falhas, principalmente no início, fato que só é sanado na versão estendida do filme, que realmente é muito melhor) e uma preocupação exacerbada em criar exércitos gigantescos de orcs movidos por softwares novíssimos, ao invés de focar a atenção em detalhes mais ricos e interessantes (que foram justamente o que tornaram o primeiro tão saboroso). Somando-se a isso, temos a trama mais complicada, dividida e tortuosa que, na somatória final, acaba obrigando o filme a ficar muito intenso e corrido. Boromir (Sean Bean), que morreu no capítulo anterior, também faz falta.
Mas, mesmo com todos esses problemas e limitações, não há como negar que AS DUAS TORRES é um sucesso em praticamente todos os níveis. Ponto para todos os envolvidos no projeto, cuja dedicação e paixão estão impressas em cada fotograma visto na tela (a riqueza de detalhes e beleza dos vestuários e armaduras, por exemplo, é algo impressionante). Um verdadeiro triunfo, tanto ao nível artístico quanto comercial. Algo cada vez mais raro de acontecer nos dias de hoje, convenhamos.
Cotação: * * * *
Segundo capítulo de “O Senhor dos Anéis” continua sendo um verdadeiro triunfo, tanto ao nível artístico quanto comercial. Algo cada vez mais raro de acontecer nos dias de hoje, convenhamos.
- por André Lux, crítico-spam
A saga do anel do poder continua com o lançamento de AS DUAS TORRES, capítulo central da trilogia e, por isso mesmo, o mais sombrio e difícil de adaptar de toda a obra (afinal, tem que começar em plena ação e novamente acaba bruscamente sem conclusão). Para piorar, com o rompimento da Sociedade do Anel a trama dividi-se em três, tornando-se, portanto, cada vez mais complexa e repleta de detalhes importantes.
O diretor Peter Jackson sabia da dificuldade que tinha pela frente e optou pela saída mais lógica: contar as três histórias em ordem mais ou menos cronológica e na seqüência, diferente do livro que é cheio de idas e vindas, já que cada "missão" tem basicamente seu próprio capítulo. Essa opção traz vantagens do ponto de vista cinematográfico, mas em contrapartida deixa o filme mais truncado, já que a ação é várias vezes interrompida para que outra parte da história seja contada - efeito que chega a atrapalhar algumas seqüências mais emocionantes.
Outro ponto polêmico diz respeito às várias alterações que os roteiristas aplicaram à trama, que obviamente vão enfurecer os fãs mais puristas da obra de Tolkien. Mas é sempre bom lembrar que mudanças são necessárias, afinal literatura é uma coisa e cinema é outra, bem diferente. O problema é que algumas delas acabaram mais prejudicando do que ajudando, sendo as mais graves a participação dos elfos na batalha do Abismo de Helm e a decisão dos Ents de não irem para a guerra, voltando atrás logo em seguida e rápido demais. Essas são os tipos de "licenças" que nada acrescentam e realmente poderiam ter sido ignoradas, afinal o que estava no livro acabaria funcionando melhor.
O filme começa muito bem, com um longo plano aberto das montanhas geladas que vai fechando-se até entrarmos literalmente nas Minas de Moira, exatamente no momento da luta entre o mago Gandalf (Ian Mckellen) e o Balrog, cujo desfecho não será tão trágico quanto o primeiro filme fazia supor. Seguimos então a busca de Aragorn (Viggo Mortensen), o elfo Legolas (Orlando Bloom) e o anão Gimli (John Rhys-Davies) pelos orcs que capturaram os hobits Merry e Pippin. Toda essa seqüência, apesar de ser praticamente fiel ao livro, não é das mais felizes, prejudicada por uma edição apressada e ineficaz.
O filme só vai melhorar mesmo (e alcançar o mesmo nível de excelência de A SOCIEDADE DO ANEL) quando voltamos à jornada de Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin) rumo a Mordor, cuja segurança passa a ser ameaçada pela criatura Gollum. Mas eles conseguem capturá-lo e somos então apresentados ao personagem mais rico e interessante do filme, brilhantemente manipulado por computação gráfica, a partir da performance do ator Andy Serkis. Sua caracterização é tão perfeita e a sua presença tão marcante que esquecemos completamente que não passa de um boneco digital e torcemos para que volte à cena logo.
Outro ponto alto do filme é a atuação de Benard Hill (que foi o capitão do TITANIC), que convence totalmente como o angustiado e indeciso Theodén, rei de Rohan. Sua presença na tela, ao lado do arredio e soturno Aragorn (Mortensen), garantem a integridade e a nobreza do filme. É muito bem vinda também a escolha do anão Gimli e do elfo Legolas como os alívios cômicos, cujos melhores momentos vêm das disputas para ver qual dos dois matou mais orcs! As mensagens ecológica e em favor da amizade e da lealdade também não poderiam deixar ser mais atuais e pertinentes.
Como não poderíamos deixar de notar, a música de Howard Shore é de uma grandeza e retumbância impressionantes, sem nunca cair para a pieguice ou para o clichê desse tipo de filme. Arrisco a afirmar que é ainda melhor que a anterior (sem dizer que não temos mais que aturar as canções soporíferas da Enya, que foram incluídas no primeiro por pressões comerciais). Aproveito para fazer um parêntese e ressaltar que a grande maioria dos críticos ditos "especializados" continua absurdamente ignorando o trabalho dos músicos de cinema, fato que é ainda mais gritante em casos como o de O SENHOR DOS ANÉIS, no qual a trilha musical é parte fundamental do sucesso do projeto!
Se AS DUAS TORRES é pior ou fica no mesmo nível de A SOCIEDADE DO ANEL, ainda tenho minhas dúvidas. Melhor não é, isso é fato. O primeiro beirou a perfeição em todos os aspectos e tinha uma trama muito mais simples e linear para contar. Nesse segundo capítulo me parece que houve um certo descuido na edição (que apresenta muitas falhas, principalmente no início, fato que só é sanado na versão estendida do filme, que realmente é muito melhor) e uma preocupação exacerbada em criar exércitos gigantescos de orcs movidos por softwares novíssimos, ao invés de focar a atenção em detalhes mais ricos e interessantes (que foram justamente o que tornaram o primeiro tão saboroso). Somando-se a isso, temos a trama mais complicada, dividida e tortuosa que, na somatória final, acaba obrigando o filme a ficar muito intenso e corrido. Boromir (Sean Bean), que morreu no capítulo anterior, também faz falta.
Mas, mesmo com todos esses problemas e limitações, não há como negar que AS DUAS TORRES é um sucesso em praticamente todos os níveis. Ponto para todos os envolvidos no projeto, cuja dedicação e paixão estão impressas em cada fotograma visto na tela (a riqueza de detalhes e beleza dos vestuários e armaduras, por exemplo, é algo impressionante). Um verdadeiro triunfo, tanto ao nível artístico quanto comercial. Algo cada vez mais raro de acontecer nos dias de hoje, convenhamos.
Cotação: * * * *
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Filmes: "O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel"
GRANDIOSO
Palmas para o cineasta Peter Jackson que conduziu o projeto com grande paixão e controlou todos os aspectos da produção
- por André Lux, crítico-spam
"O mundo está dividido entre aqueles que leram O SENHOR DOS ANÉIS e aqueles que não leram". Essa frase cunhada de um famoso jornal estadunidense serve perfeitamente para expressar o impacto e a importância da obra de J.R.R. Tolkien no mundo ocidental.
Agora, graças ao cineasta Peter Jackson, a balança vai pender ainda mais para o primeiro lado, pois o cineasta é o responsável pela mais audaciosa adaptação de O SENHOR DOS ANÉIS. E o resultado final não poderia ser melhor. Palmas para Jackson que conduziu o projeto com grande paixão e controlou todos os aspectos da produção, evitando assim que fossem cometidos os mesmos erros da fraca adaptação para as telas de HARRY POTTER, que acabou nas mãos de um diretor medíocre e teve qualquer chance de tornar-se um ótimo filme de fantasia dissolvidas pelo excesso de merchandising e preocupações em agradar as exigências absurdas da autora.
Jackson seguiu o caminho oposto. Controlou tudo desde o início, escalou um elenco formidável, com poucos nomes famosos mas que esbanjam talento e competência, não fez concessões comerciais (exceto talvez chamar Enya para compor duas canções) e colocou a cara para bater, inclusive indo contra os herdeiros de Tolkien que rejeitaram o projeto. Azar deles, pois o primeiro capítulo da trilogia, A SOCIEDADE DO ANEL, é acima de tudo um filme maravilhoso para os olhos e para os ouvidos. Tudo que aparece em cena é perfeito - as paisagens, os efeitos especiais, os cenários...
Realmente os efeitos visuais são um caso aparte: fluídos, extremamente naturais e convincentes, jamais agridem os sentidos ou desviam a atenção da trama. São impressionantes as primeiras cenas em que Galdalf (Ian McKellen) interage com Bilbo (Ian Holm). Quem não conhece vai sair do cinema achando que Holm é realmente um anãozinho!
Outro ponto alto do filme é a sua música. Jackson acertou em cheio ao chamar Howard Shore (dos filmes de David Cronenberg e SEVEN), um músico de verdade para compor, orquestrar e conduzir a trilha sonora, batendo o pé contra as exigências do estúdio, que queria contratar James Horner (de TITANIC) ou o medíocre Danny Elfman, que já havia trabalhado com Jackson em OS ESPÍRITOS. Shore compôs para O SENHOR DOS ANÉIS uma música séria, complexa e isente de clichés banais, alternando magistralmente momentos bucólicos (associados aos Hobbits) e plácidos a outros pesados e aterrorizantes (o ponto alto é a seqüência nas Minas de Moira, especialmente com a chega do Balrog quando o coral de vozes sussurantes causa calafrios na espinha). Isso sem falar no tema da Sociedade do Anel, que transmite com perfeição toda a nobreza e grandiosidade dos Nove Companheiros e sua terrível missão.
É claro que o filme tem alguns defeitos (a seqüência da fuga de Bri até a chegada ao Topo do Vento é rápida e truncada demais) e problemas (efeitos grotescos desnecessários, como o nascimento dos Huruk-Hai, Bilbo ficando com carinha de monstro repentinamente, Galadriel transformando-se em bruxa flutuante), mas que jamais chegam a comprometer o resultado final. Ainda mais se levarmos em conta a excelência do elenco, que jamais deixa o filme cair. Elijah Wood impressiona como Frodo e consegue passar com tranquilidade o fardo carregado pelo pacato Hobbit que tem em suas mãos o destino da Terra-Média. Ian McKellen esbanja carisma como o mago Gandalf e, juntamente com Christopher Lee (como Saruman), roubam todas as cenas em que aparecem.
Vigo Mortensen dá o tom exato ao arredio, porém nobre Passolargo (cuja importância e participação na trama vão aumentar nos próximos filmes). Mas quem surpreende é Sean Bean (de RONIN e JOGOS PATRIÓTICOS), um ator até então antipático e afetado, que conseguiu passar de forma extremamente convincente todo o conflito vivido pelo guerreiro Boromir. Apenas Orlando Bloom, como o elfo Legolas, acaba sendo inexpressivo demais e não causa maior impacto.
Não há mesmo muito mais o que dizer de um filme desse porte, cujo esmero técnico é balanceado por uma trama densa, complexa e rica em detalhes e magia - perfeitamente captados pelo roteiro brilhante de Philippa Boyens, Peter Jackson, Stephen Sinclair, Frances Walsh - que ainda tomou decisões sabias ao mudar alguns elementos do livro.
Há que se lamentar entretanto os comentários insidiosos perpetrados por pseudo-críticos (como os publicados pela revista Capricho e pelos jornais O Globo e Folha de São Paulo), que entre outras imbecilidades qualificaram A SOCIEDADE DO ANEL como "um filme gay" ou "caça-níqueis". Infelizmente, em tempos de cinismo e mediocridade exacerbados deve mesmo ser difícil para pessoas mal resolvidas e pretensiosas ver nas telas homens chorando, abraçando-se e até beijando-se em nome de laços de amizade forjados à base de nobreza e de sacrifício, ou mesmo ter capacidade para enxergar o que existe por trás de toda a mística e magia existentes na trama. Para esses, existe sempre a psicoterapia ou mesmo um filme para quem gosta de fazer "cara de conteúdo"...
Para todo o resto, sobram momentos de pura emoção e alegria que somente um grande filme baseado na obra do grande J.R.R. Tolkien poderia passar.
Cotação: * * * * *
Palmas para o cineasta Peter Jackson que conduziu o projeto com grande paixão e controlou todos os aspectos da produção
- por André Lux, crítico-spam
"O mundo está dividido entre aqueles que leram O SENHOR DOS ANÉIS e aqueles que não leram". Essa frase cunhada de um famoso jornal estadunidense serve perfeitamente para expressar o impacto e a importância da obra de J.R.R. Tolkien no mundo ocidental.
Agora, graças ao cineasta Peter Jackson, a balança vai pender ainda mais para o primeiro lado, pois o cineasta é o responsável pela mais audaciosa adaptação de O SENHOR DOS ANÉIS. E o resultado final não poderia ser melhor. Palmas para Jackson que conduziu o projeto com grande paixão e controlou todos os aspectos da produção, evitando assim que fossem cometidos os mesmos erros da fraca adaptação para as telas de HARRY POTTER, que acabou nas mãos de um diretor medíocre e teve qualquer chance de tornar-se um ótimo filme de fantasia dissolvidas pelo excesso de merchandising e preocupações em agradar as exigências absurdas da autora.
Jackson seguiu o caminho oposto. Controlou tudo desde o início, escalou um elenco formidável, com poucos nomes famosos mas que esbanjam talento e competência, não fez concessões comerciais (exceto talvez chamar Enya para compor duas canções) e colocou a cara para bater, inclusive indo contra os herdeiros de Tolkien que rejeitaram o projeto. Azar deles, pois o primeiro capítulo da trilogia, A SOCIEDADE DO ANEL, é acima de tudo um filme maravilhoso para os olhos e para os ouvidos. Tudo que aparece em cena é perfeito - as paisagens, os efeitos especiais, os cenários...
Realmente os efeitos visuais são um caso aparte: fluídos, extremamente naturais e convincentes, jamais agridem os sentidos ou desviam a atenção da trama. São impressionantes as primeiras cenas em que Galdalf (Ian McKellen) interage com Bilbo (Ian Holm). Quem não conhece vai sair do cinema achando que Holm é realmente um anãozinho!
Outro ponto alto do filme é a sua música. Jackson acertou em cheio ao chamar Howard Shore (dos filmes de David Cronenberg e SEVEN), um músico de verdade para compor, orquestrar e conduzir a trilha sonora, batendo o pé contra as exigências do estúdio, que queria contratar James Horner (de TITANIC) ou o medíocre Danny Elfman, que já havia trabalhado com Jackson em OS ESPÍRITOS. Shore compôs para O SENHOR DOS ANÉIS uma música séria, complexa e isente de clichés banais, alternando magistralmente momentos bucólicos (associados aos Hobbits) e plácidos a outros pesados e aterrorizantes (o ponto alto é a seqüência nas Minas de Moira, especialmente com a chega do Balrog quando o coral de vozes sussurantes causa calafrios na espinha). Isso sem falar no tema da Sociedade do Anel, que transmite com perfeição toda a nobreza e grandiosidade dos Nove Companheiros e sua terrível missão.
É claro que o filme tem alguns defeitos (a seqüência da fuga de Bri até a chegada ao Topo do Vento é rápida e truncada demais) e problemas (efeitos grotescos desnecessários, como o nascimento dos Huruk-Hai, Bilbo ficando com carinha de monstro repentinamente, Galadriel transformando-se em bruxa flutuante), mas que jamais chegam a comprometer o resultado final. Ainda mais se levarmos em conta a excelência do elenco, que jamais deixa o filme cair. Elijah Wood impressiona como Frodo e consegue passar com tranquilidade o fardo carregado pelo pacato Hobbit que tem em suas mãos o destino da Terra-Média. Ian McKellen esbanja carisma como o mago Gandalf e, juntamente com Christopher Lee (como Saruman), roubam todas as cenas em que aparecem.
Vigo Mortensen dá o tom exato ao arredio, porém nobre Passolargo (cuja importância e participação na trama vão aumentar nos próximos filmes). Mas quem surpreende é Sean Bean (de RONIN e JOGOS PATRIÓTICOS), um ator até então antipático e afetado, que conseguiu passar de forma extremamente convincente todo o conflito vivido pelo guerreiro Boromir. Apenas Orlando Bloom, como o elfo Legolas, acaba sendo inexpressivo demais e não causa maior impacto.
Não há mesmo muito mais o que dizer de um filme desse porte, cujo esmero técnico é balanceado por uma trama densa, complexa e rica em detalhes e magia - perfeitamente captados pelo roteiro brilhante de Philippa Boyens, Peter Jackson, Stephen Sinclair, Frances Walsh - que ainda tomou decisões sabias ao mudar alguns elementos do livro.
Há que se lamentar entretanto os comentários insidiosos perpetrados por pseudo-críticos (como os publicados pela revista Capricho e pelos jornais O Globo e Folha de São Paulo), que entre outras imbecilidades qualificaram A SOCIEDADE DO ANEL como "um filme gay" ou "caça-níqueis". Infelizmente, em tempos de cinismo e mediocridade exacerbados deve mesmo ser difícil para pessoas mal resolvidas e pretensiosas ver nas telas homens chorando, abraçando-se e até beijando-se em nome de laços de amizade forjados à base de nobreza e de sacrifício, ou mesmo ter capacidade para enxergar o que existe por trás de toda a mística e magia existentes na trama. Para esses, existe sempre a psicoterapia ou mesmo um filme para quem gosta de fazer "cara de conteúdo"...
Para todo o resto, sobram momentos de pura emoção e alegria que somente um grande filme baseado na obra do grande J.R.R. Tolkien poderia passar.
Cotação: * * * * *
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Filmes: "Valente"
DESANIMADO
O maior defeito do filme é sua história, que sai do nada e chega a lugar nenhum e é cheia de passagens forçadas
- por André Lux, crítico-spam
É bem desanimado esse 13º desenho digital dos estúdios Pixar, que já nos brindou com gemas como a trilogia “Toy Story” e “Os Incríveis”. O maior defeito do filme é sua história, que sai do nada e chega a lugar nenhum e é cheia de passagens forçadas (como o encontro com a bruxa e toda a trama que resulta disso). Por sinal, a maneira como os elementos de magia são introduzidos destoam muito do resto.
Também não convence a figura da princesa que é preparada por sua mãe para ser a próxima rainha enquanto ela quer mesmo é se aventurar pela floresta e disparar flechas com seu arco. É esse conflito entra mãe e filha que vai dar tom a todo o filme e não se avança além disso. O desenho é bonito e bem feito, porém tem poucos personagens e raros momentos de humor (não sabem nem aproveitar direito os três irmãos pequenos da heroína). A melhor coisa do filme acabam sendo os ursos, muito bem animados. Nem a música de Patrick Doyle chega a marcar, por demais calcada em sonoridades celtas e abusando das gaitas de foles em várias passagens.
Há também a duvidosa mensagem que o filme quer passar, de que cada um pode ser responsável pelo seu próprio destino, o que é atingido pela protagonista de maneira bastante arriscada e inconsequente, ou seja, não sei se é muito adequada para as crianças. Enfim, é uma decepção para quem está acostumado com alto nível das produções da Pixar.
Cotação: * *
O maior defeito do filme é sua história, que sai do nada e chega a lugar nenhum e é cheia de passagens forçadas
- por André Lux, crítico-spam
É bem desanimado esse 13º desenho digital dos estúdios Pixar, que já nos brindou com gemas como a trilogia “Toy Story” e “Os Incríveis”. O maior defeito do filme é sua história, que sai do nada e chega a lugar nenhum e é cheia de passagens forçadas (como o encontro com a bruxa e toda a trama que resulta disso). Por sinal, a maneira como os elementos de magia são introduzidos destoam muito do resto.
Também não convence a figura da princesa que é preparada por sua mãe para ser a próxima rainha enquanto ela quer mesmo é se aventurar pela floresta e disparar flechas com seu arco. É esse conflito entra mãe e filha que vai dar tom a todo o filme e não se avança além disso. O desenho é bonito e bem feito, porém tem poucos personagens e raros momentos de humor (não sabem nem aproveitar direito os três irmãos pequenos da heroína). A melhor coisa do filme acabam sendo os ursos, muito bem animados. Nem a música de Patrick Doyle chega a marcar, por demais calcada em sonoridades celtas e abusando das gaitas de foles em várias passagens.
Há também a duvidosa mensagem que o filme quer passar, de que cada um pode ser responsável pelo seu próprio destino, o que é atingido pela protagonista de maneira bastante arriscada e inconsequente, ou seja, não sei se é muito adequada para as crianças. Enfim, é uma decepção para quem está acostumado com alto nível das produções da Pixar.
Cotação: * *
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