Daniel Craig nem disfarça o tédio com o novo filme e desfila com a mesma cara aborrecida até o final, que chega a ser patético
- por André Lux, crítico-spam
Eu não achei nada inteligente terem colocado o feioso Daniel Craig no papel do agente secreto James Bond, mas até que gostei do primeiro filme com ele, “Cassino Royale”, e o sujeito é bom ator e consegue convencer, mesmo não tendo pinta de galã (chega a lembrar o Didi Mocó, dos “Trapalhões”).
Mas a fórmula que usaram para impulsionar os novos filmes do 007, tentando humanizar o personagem e deixá-lo mais realista e emotivo, já começou a dar água no segundo capítulo, “Quantum of Solace”, e chegou ao fim com o superestimado “Skyfall”. Até porque não tinha nada de novo nessa aproximação, já que apenas imitaram o que foi usado com sucesso na saga “Jason Bourne”, com Matt Damon.
Nesse quarto filme, “Spectre”, tentam amarrar as pontas soltas deixadas pelos três filmes anteriores inventando que todos os vilões previamente derrotados por Bond faziam parte de uma única organização, cujo chefão tem algum laço afetivo como o agente britânico – invenções do roteiro que, sinceramente, não fazem o menor sentido e beiram o ridículo.
Assim, o novo filme funciona aos trancos e barrancos enquanto Bond procura pistas vagas e sem muito nexo para descobrir quem está por trás da tal organização, novamente suspenso do serviço por um Ralph Fiennes, como M, que passa o filme todo com cara de quem sofre de prisão de ventre. Todavia, as conexões com os filmes anteriores soam forçadas e qualquer um já percebe de cara que o novo chefe do serviço secreto da Inglaterra está mal intencionado, até porque o ator que escalaram, um tal de Andrew Scott (que também ajudou a estragar “Victor Frankenstein”) é péssimo e só sabe fazer caras e bocas.
No final, o vilão máximo não passa de um total idiota, que perde seu tempo enfiando umas agulhas na cabeça de Bond ao invés de simplesmente matá-lo. Claro que ele foge e o vilão ainda tem mais uma chance de acabar com a vida dele, mas prefere brincar de esconde-esconde enquanto uma bomba está para explodir. Nos filmes antigos do 007 esse tipo de besteira era plenamente justificável, pois o tom era de deboche e fantasia, oposto do que se tenta aqui. O filme se dá ao luxo de desperdiçar Christoph Waltz num papel tolo e sem qualquer expressão.
Assim como em “Skyfall”, Bond demonstra ser um total incompetente já na primeira cena, quando deixa os vilões vê-lo pela janela, provoca um desmoronamento e quase mata o povo que estava celebrando o Dia dos Mortos no México enquanto luta dentro de um helicóptero. Depois faz outras bobagens imperdoáveis, como deixar o capanga do vilão vivo depois de um acidente, e no final, a mocinha sair andando sozinha pela rua.
Daniel Craig nem disfarça o tédio com o novo filme e desfila com a mesma cara aborrecida até o final, que chega a ser patético. Vai me dizer que James Bond iria abandonar tudo por uma mulher sem graça e chata como aquela que ele acabou de conhecer, feita pela sempre inexpressiva Léa Seydoux? Se ainda fosse pela bela Monica Bellucci, que ele transa no meio do filme com direito a cinta-liga e tudo, até daria para engolir!
Ciò è un bel pezzo di donna, mio caro James Bond! |
Pra mim o maior erro foi terem chamado para dirigir os dois últimos filmes o pretensioso Sam Mendes (de “Beleza Americana”), um cineasta sempre encantado com o próprio umbigo que valoriza forma sobre substância e não sabe filmar cenas de ação, deixando tudo bonito e luxuoso, mas sem qualquer emoção. Se não bastasse isso, fotografaram tudo num tom amarelo-pastel horrível, deixando “Spectre” com jeito daqueles pseudo-filmes de arte bem modorrentos.
Se não bastasse tudo isso, o filme não tem qualquer humor, o que é fatal para um filme de James Bond, e os personagens secundários, como Q e Moneypenny, não tem o que fazer a não ser ficar andando de um lado para o outro com cara de assustados. A única coisa boa, além da produção requintada e das locações bonitas, é a defesa que fazem da democracia e a condenação do uso indiscriminado de vigilância que acaba com a privacidade das pessoas e só serve para deixar o mundo ainda mais refém do medo e do terrorismo. Isso deixa o filme com ar "de esquerda", assim como também aconteceu com "Quantum of Solace" e por causa disso ganha uma estrelinha a mais na minha cotação!
Tomara mesmo que esse seja o último dessa saga com Daniel Craig. Já estão dizendo que o próximo James Bond pode ser interpretado por um negro. Sinceramente, qualquer coisa é melhor do que essas besteiras que obrigaram o personagem a viver.
Cotação: **
Se não bastasse tudo isso, o filme não tem qualquer humor, o que é fatal para um filme de James Bond, e os personagens secundários, como Q e Moneypenny, não tem o que fazer a não ser ficar andando de um lado para o outro com cara de assustados. A única coisa boa, além da produção requintada e das locações bonitas, é a defesa que fazem da democracia e a condenação do uso indiscriminado de vigilância que acaba com a privacidade das pessoas e só serve para deixar o mundo ainda mais refém do medo e do terrorismo. Isso deixa o filme com ar "de esquerda", assim como também aconteceu com "Quantum of Solace" e por causa disso ganha uma estrelinha a mais na minha cotação!
Tomara mesmo que esse seja o último dessa saga com Daniel Craig. Já estão dizendo que o próximo James Bond pode ser interpretado por um negro. Sinceramente, qualquer coisa é melhor do que essas besteiras que obrigaram o personagem a viver.
Cotação: **