César, certamente um dos protagonistas mais interessantes dos tempos atuais, merecia mais em sua despedida.
- por André Lux, crítico-spam
Depois de um início titubeante com “A Origem” e de um segundo capitulo excelente, “O Confronto”, o “reboot” da franquia “Planeta dos Macacos” termina de forma decepcionante com “A Guerra”. É verdade que seria mesmo muito difícil superar o filme anterior, uma das melhores e mais surpreendentes super-produções do cinema comercial estadunidense, mas bem que poderiam ter tentado criar um roteiro melhor elaborado e impactante.
Infelizmente apostaram em reciclar as idéias e situações de “O Confronto”, como se todo o arco vivido pelo macaco César não tivesse acontecido, pecado mortal de muitas continuações feita em Hollywood. Por causa disso, “Planeta dos Macacos: A Guerra” acaba se tornando redundante, já que o protagonista tem que reviver praticamente os mesmo confrontos e dilemas morais do filme anterior, o que deixa narrativa frouxa e arrastada, principalmente no segundo ato quando vira filme de prisão, com direito a várias cenas de tortura e sofrimento.
Há também um excesso de citações ao cristianismo e a outros filmes como o “Planeta dos Macacos” original de 1968, “Apocalipse Now” e “A Ponte do Rio Kway” que, embora sejam divertidas para os cinéfilos, pouco acrescentam ao resultado final, sendo que algumas até atrapalham. É o caso do Coronel obcecado em aniquilar os macacos, numa citação direita ao personagem vivido por Marlon Brando no filme de Coppola, mas que não funciona e por vezes beira o ridículo. Primeiro porque Woody Harrelson não tem o peso necessário para o papel, sendo mais adequado para comédias, e segundo porque o personagem é mal desenvolvido e suas motivações soam forçadas e inconvincentes, ainda mais da forma que são apresentadas em longos discursos expositivos proferidos por ele para César.
A falta de humanos interessantes no filme, defeito que já existia no segundo capítulo em menor escala, também prejudica a narrativa, pois impede que seja criado o conflito necessário para gerar suspense ou empatia. Aqui todos são soldados malvados, caricaturas unidimensionais do que existe de pior na raça humana. Teria sido bem melhor se os personagens do filme anterior tivessem sido reaproveitados, o que certamente aumentaria o interesse. A única pessoa que desperta certa compaixão é uma menina muda que os macacos encontram e adotam, mas o final é outro personagem que não acrescenta nada. A melhor coisa acaba sendo o “Macaco Mau”, feito pelo comediante Steve Zahn, que ao menos traz algum humor e leveza a um filme por demais pesado e sério.
Há também um excesso de citações ao cristianismo e a outros filmes como o “Planeta dos Macacos” original de 1968, “Apocalipse Now” e “A Ponte do Rio Kway” que, embora sejam divertidas para os cinéfilos, pouco acrescentam ao resultado final, sendo que algumas até atrapalham. É o caso do Coronel obcecado em aniquilar os macacos, numa citação direita ao personagem vivido por Marlon Brando no filme de Coppola, mas que não funciona e por vezes beira o ridículo. Primeiro porque Woody Harrelson não tem o peso necessário para o papel, sendo mais adequado para comédias, e segundo porque o personagem é mal desenvolvido e suas motivações soam forçadas e inconvincentes, ainda mais da forma que são apresentadas em longos discursos expositivos proferidos por ele para César.
A falta de humanos interessantes no filme, defeito que já existia no segundo capítulo em menor escala, também prejudica a narrativa, pois impede que seja criado o conflito necessário para gerar suspense ou empatia. Aqui todos são soldados malvados, caricaturas unidimensionais do que existe de pior na raça humana. Teria sido bem melhor se os personagens do filme anterior tivessem sido reaproveitados, o que certamente aumentaria o interesse. A única pessoa que desperta certa compaixão é uma menina muda que os macacos encontram e adotam, mas o final é outro personagem que não acrescenta nada. A melhor coisa acaba sendo o “Macaco Mau”, feito pelo comediante Steve Zahn, que ao menos traz algum humor e leveza a um filme por demais pesado e sério.
O impressionante Maurice e sua humana adotiva |
O filme desanda de vez no ato final, quando uma série de “deus ex machina” são usados para movimentar a trama e salvar os macacos das ameaças, algo que demonstra o quanto os realizadores estavam perdidos na tentativa de encerrar a trilogia. A cena derradeira então não tem qualquer impacto e falha em passar emoções.
Meu texto pode dar a impressão que o filme é ruim, desagradável. Não é. Ainda tem muitas qualidades, a começar pelos efeitos visuais que deram vida aos símios que são simplesmente impressionantes, particularmente o orangotango Maurice. A música de Michael Giacchino continua muito boa, em especial quando usa percussão, e a fotografia do consagrado Michael Seresin mantém a mesma qualidade do filme anterior. É uma pena que não conseguiram bolar um roteiro mais inteligente e original que ao menos não virasse uma cópia do segundo filme. O macaco César, certamente um dos protagonistas mais interessantes dos tempos atuais, merecia mais em sua despedida.
Cotação: * * *
Meu texto pode dar a impressão que o filme é ruim, desagradável. Não é. Ainda tem muitas qualidades, a começar pelos efeitos visuais que deram vida aos símios que são simplesmente impressionantes, particularmente o orangotango Maurice. A música de Michael Giacchino continua muito boa, em especial quando usa percussão, e a fotografia do consagrado Michael Seresin mantém a mesma qualidade do filme anterior. É uma pena que não conseguiram bolar um roteiro mais inteligente e original que ao menos não virasse uma cópia do segundo filme. O macaco César, certamente um dos protagonistas mais interessantes dos tempos atuais, merecia mais em sua despedida.
Cotação: * * *