RECOMEÇO OU REFILMAGEM?
Sem suspense, sem sustos e sem emoção, "Predadores" falha em todas as suas premissas e pretensões. Melhor rever o original e esquecer essa besteira.
- por André Lux, crítico-spam
Eu tenho uma queda por filmes de monstro. Mas são poucos que realmente valem a pena serem vistos. Esse "Predadores" não é um deles. Consegue ser pior do que os dois "Aliens vs. Predador", que pelo menos eram rápidos e despretensiosos.
O roteiro tenta ser uma espécie de continuação do filme original com Arnold Schwarzenegger, que fez sucesso em 1987 e realmente tinha méritos - como a direção segura de John McTiernam, um elenco carismático e uma música vibrante de Alan Silvestri. Mas o novo, no fundo, não passa de uma refilmagem tola e desnecessária daquele, ao ponto da trilha composta por John Debney ser quase toda baseada na de Silvestri.
Só quem nunca viu algum dos filmes originais (e suas muitas imitações) vai se impressionar com essa tolice, que segue passo a passo a construção do suspense do filme de 1987, mas sem qualquer sucesso. Verdade seja dita: filmes de monstros só funcionam quando o elemento humano é forte e bem construído. É preciso que exista um senso de camaradagem entre os personagens e que eles tenham o mínimo de ressonância, profundidade e carisma. Foi isso que garantiu o interesse até o fim em filmes como "Alien" e o "Predador" original.
Mas em "Predadores" os personagens são rasos e não tem qualquer química entre si, pois são jogados do espaço num planeta de caça dos Predadores e se conhecem ali na selva, já no calor da caçada. E é tudo gente mal caráter (para se ter uma idéia, o mais "bonzinho" ali é soldado do exército de Israel, aquele que ataca flotilhas pacíficas e mata ativistas desarmados com tiros na cabeça!). Ou seja, vão fazer você querer torcer pelos monstros! Os diálogos também não ajudam em nada e são meros clichês desse gênero. Tipo: "Onde estamos?", pergunta um deles, só para o outro responder com voz rouca: "No inferno!". Quanta originalidade...
Tecnicamente o filme também é fraco, com desenho de produção feio e direção medíocre. Nem mesmo os efeitos visuais ou de maquiagem impressionam e a edição frenética não ajuda em nada. A história também não faz sentido, principalmente quando quer inovar e inventa um outro tipo de Predador, ainda mais poderoso, que caça também seus "irmãos" menores!
Um gordo e envelhecido Laurence Fishburn, o Morpheus de "Matrix", faz uma ponta ridícula e inútil numa sequência que só traz tédio e o resto do elenco se limita a morrer violentamente até sobrarem apenas aqueles que você já sabia que iam sobreviver desde o começo, restando para o coitado do Adrian Brody (que já ganhou até Oscar!) ser o "Rambo" da vez.
Sem suspense, sem sustos e, acima de tudo, sem emoção, "Predadores" falha em todas as suas premissas e pretensões de ser um reinício da franquia. Melhor rever o original e esquecer essa besteira.
Cotação: *
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quinta-feira, 29 de julho de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Do fundo do baú: "Fuga de Nova York"
SNAKE VIVE!
Filme de 1981 resiste muito bem a uma revisão e continua a ser um das mais bem sucedidas produções classe B da história do cinema
- por André Lux, crítico-spam
“Fuga de Nova York” é uma mistura inteligente e eficaz de vários elementos de ficção científica, faroeste e terror, todos muito bem orquestrados pelo diretor John Carpenter (de “Halloween” e “Starman”), que usa toda sua criatividade para disfarçar o baixo orçamento do filme (apenas US$ 6 milhões).
Calcando seu roteiro em cima da figura carismática do anti-herói rabugento e arredio Snake Plissken (Kurt Russel, em ótima interpretação), Carpenter consegue o milagre de nos fazer acreditar numa trama completamente absurda cujo ponto de partida é a transformação, no futuro (1997!), da cidade de Nova York numa prisão de segurança máxima, dentro da qual são jogados (para nunca mais voltar) todos os tipo de criminosos.
Essa premissa maluca ganha contornos ainda mais surreais quando o avião do presidente dos EUA, o Força Aérea Um, é seqüestrado por um grupo contrário ao governo fascista e jogado dentro da prisão. Mas o presidente escapa, só para ser capturado pela gangue liderada pelo temível Duque (o cantor negro Isaac Hayes).
O problema é que o mundo está em guerra e o presidente estava indo justamente para uma conferência de paz, durante a qual iria apresentar uma fita cassete (que coisa datada!) que poderia mudar os rumos do conflito (não era mais fácil pegar o cara que falava na fita e leva-lo até a tal reunião?).
Como não podem invadir o presídio, resta ao chefe de polícia (Lee Van Cleef, o “Mau” de “Três Homens em Conflito”) coagir Snake, ex-soldado e recém-condenado a ser jogado na prisão de NY, a ajudar no resgate. Obviamente que ele aceita com relutância sem saber que só tem 22 horas para entrar e sair com o presidente, caso contrário será o fim da conferência e também do próprio Snake, que teve injetado em seu corpo duas cápsulas explosivas que só podem ser desativadas pela equipe da polícia!
Mesmo com tantos absurdos na trama, Carpenter segura com mão firme seu roteiro e para isso conta com um desenho de produção que sabe explorar muito bem as locações e com a ótima fotografia de Dean Cundey (ele depois iria trabalhar com Spielberg em vários filmes). Os efeitos especiais também são muito eficientes e nunca parecem ter sido feitos com parcos recursos. James Cameron, futuro diretor de “Titanic”, foi um dos que ajudaram na confecção dos efeitos, muito antes de sonhar em ficar famoso! A trilha musical, feita pelo próprio Carpenter em parceria com Alan Howart, também é um dos ponto altos e garante ao filme um clima de opressão e suspense constantes.
Graças a tudo isso “Fuga de Nova York” virou cult e conquistou uma grande quantidade de apreciados, gerando inclusive várias imitações. Mas, mesmo tendo sido produzido em 1981, resiste muito bem a uma revisão e continua a ser um das mais bem sucedidas produções classe B da história do cinema e, na minha opinião, é o melhor filme do diretor John Carpenter até hoje.
15 anos depois, a mesma equipe produziu uma espécie de continuação, chamada “Fuga de Los Angeles”, mas infelizmente não conseguiram chegar nem perto das qualidades do original.
Cotação: * * * *
Filme de 1981 resiste muito bem a uma revisão e continua a ser um das mais bem sucedidas produções classe B da história do cinema
- por André Lux, crítico-spam
“Fuga de Nova York” é uma mistura inteligente e eficaz de vários elementos de ficção científica, faroeste e terror, todos muito bem orquestrados pelo diretor John Carpenter (de “Halloween” e “Starman”), que usa toda sua criatividade para disfarçar o baixo orçamento do filme (apenas US$ 6 milhões).
Calcando seu roteiro em cima da figura carismática do anti-herói rabugento e arredio Snake Plissken (Kurt Russel, em ótima interpretação), Carpenter consegue o milagre de nos fazer acreditar numa trama completamente absurda cujo ponto de partida é a transformação, no futuro (1997!), da cidade de Nova York numa prisão de segurança máxima, dentro da qual são jogados (para nunca mais voltar) todos os tipo de criminosos.
Essa premissa maluca ganha contornos ainda mais surreais quando o avião do presidente dos EUA, o Força Aérea Um, é seqüestrado por um grupo contrário ao governo fascista e jogado dentro da prisão. Mas o presidente escapa, só para ser capturado pela gangue liderada pelo temível Duque (o cantor negro Isaac Hayes).
O problema é que o mundo está em guerra e o presidente estava indo justamente para uma conferência de paz, durante a qual iria apresentar uma fita cassete (que coisa datada!) que poderia mudar os rumos do conflito (não era mais fácil pegar o cara que falava na fita e leva-lo até a tal reunião?).
Como não podem invadir o presídio, resta ao chefe de polícia (Lee Van Cleef, o “Mau” de “Três Homens em Conflito”) coagir Snake, ex-soldado e recém-condenado a ser jogado na prisão de NY, a ajudar no resgate. Obviamente que ele aceita com relutância sem saber que só tem 22 horas para entrar e sair com o presidente, caso contrário será o fim da conferência e também do próprio Snake, que teve injetado em seu corpo duas cápsulas explosivas que só podem ser desativadas pela equipe da polícia!
Mesmo com tantos absurdos na trama, Carpenter segura com mão firme seu roteiro e para isso conta com um desenho de produção que sabe explorar muito bem as locações e com a ótima fotografia de Dean Cundey (ele depois iria trabalhar com Spielberg em vários filmes). Os efeitos especiais também são muito eficientes e nunca parecem ter sido feitos com parcos recursos. James Cameron, futuro diretor de “Titanic”, foi um dos que ajudaram na confecção dos efeitos, muito antes de sonhar em ficar famoso! A trilha musical, feita pelo próprio Carpenter em parceria com Alan Howart, também é um dos ponto altos e garante ao filme um clima de opressão e suspense constantes.
Graças a tudo isso “Fuga de Nova York” virou cult e conquistou uma grande quantidade de apreciados, gerando inclusive várias imitações. Mas, mesmo tendo sido produzido em 1981, resiste muito bem a uma revisão e continua a ser um das mais bem sucedidas produções classe B da história do cinema e, na minha opinião, é o melhor filme do diretor John Carpenter até hoje.
15 anos depois, a mesma equipe produziu uma espécie de continuação, chamada “Fuga de Los Angeles”, mas infelizmente não conseguiram chegar nem perto das qualidades do original.
Cotação: * * * *
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