MACACO BATIDO
Não chega a ser tão ruim quanto o “King Kong” do Peter Jackson, mas não é nem de perto a aventura palpitante e original que o trailer fazia prever.
- por André Lux, crítico-spam
É difícil entender essa obsessão que o cinema comercial estadunidense tem com macacos. Vira e mexe aparece um filme com eles como protagonistas nas telas. A mais vista é a história do King Kong, que já teve trocentas versões e agora ressurge nesse “Kong: A Ilha da Caveira”. Não chega a ser tão ruim quanto o “King Kong” do Peter Jackson, mas não é nem de perto a aventura palpitante e original que o trailer fazia prever.
Apesar de realmente ter algumas sequências muito interessantes e bem fotografadas, “Kong” erra ao não investir num enredo minimamente original, limitando-se à batida fórmula de colocar um grupo de pessoas perdidos na floresta tentando ir do ponto A ao ponto B dentro de uma janela de tempo específica, enquanto são atacados por todos os tipos de criaturas.
Embora tente construir um clima de suspense em relação ao que os cientistas poderão encontrar na Ilha da Caveira, o roteiro faz com que todos sejam derrubados por um ataque do gorila gigante logo de cara em uma sequência que, embora muito bem feita, acaba sendo por demais inverossímil e irritante até. Afinal, não seria possível que todos aqueles helicópteros ficassem praticamente parados à frente do King Kong ou rodando em volta dele ao alcance do seu braço! É uma situação por demais forçada só para fazer com que todos se esborrachem na ilha e sejam obrigados a improvisar com o que restou dos equipamentos para tentar escapar.
Não há qualquer tentativa de aprofundar os personagens ou mesmo construir relações plausíveis entre eles, sobrando para o pobre Tom Hiddleston (o Loki, de “Thor”) a ingrata tarefa de soltar frases de efeito e bancar o herói. Samuel L. Jackson se perde num personagem tosco e apela para caretas indignas de seu talento, enquanto coadjuvantes do peso de um John Goodman são completamente desperdiçados. O único que livra a cara é John C. Riley que faz um soldado que caiu na ilha durante a segunda guerra mundial e aparece com uma barba hilária e solta as melhores tiradas do filme.
Apesar de ter sido produzido pelo mesmo pessoal que fez o novo “Godzilla”, esse filme não tem nada do charme e originalidade dele, que ao menos tinha um roteiro o qual tentava contar uma história minimamente diferente do habitual “monstro invade cidades e destrói tudo enquanto o exército o ataca” e fazia de tudo para esconder a criatura até a apoteose final. Aqui vão direto na jugular do espectador, mostrando Kong e os outros monstros de cara e de forma excessiva, o que apenas ajuda a diluir qualquer tentativa de suspense, fator que é exacerbado pelo falta de carisma dos personagens humanos e a insistência deles em agirem como perfeitos imbecis o tempo todo.
Os efeitos especiais são bons, porém repetitivos e as supostas homenagens a outros filmes, como “Apocalipse Now” e “Platoon” parecem mais paródias. A trilha musical composta por um dos clones do abominável Hans Zimmer também não deixa qualquer marca, o que é lamentável para esse tipo de obra.
Pode ser que eu tenha entrado com a expectativa alta demais, mas a culpa é dos trailers que venderam o filme com algo que ele não é. Dá pra assistir, porém conseguiram, assim como Peter Jackson, fazer algo pior do que a versão de 1976 que mostrava um homem fantasiado de King Kong pisando em miniaturas...
Cotação: * * 1/2
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