HISTÓRIAS DE PESCADOR
Tim Burton deixa de lado seus cacoetes irritantes para prestar uma homenagem tocante à figura querida do contador de “causos”
- por André Lux, crítico-spam
“Peixe Grande” é, ao lado de “Ed Wood” e “O Estranho Mundo de Jack”, um dos melhores filmes do irregular Tim Burton. Os maiores defeitos da maioria de seus filmes eram o excesso de histeria, de situações bizarras e de cenários altamente estilizados que o diretor imprimia aos roteiros sem necessidade, fatores que acabavam enfraquecendo e diluindo as histórias que se propunha a contar. Filmes como “Batman: O Retorno”, “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” e “Marte Ataca” padeciam desses defeitos.
Felizmente, em “Peixe Grande” Burton deixou de lado esses cacoetes irritantes e concentrou seus esforços em contar a saga de Edward Bloom e suas histórias maravilhosas da maneira mais discreta possível (a exemplo do que fez em “Ed Wood”, sua obra-prima).
Confesso que demorei a “entrar no clima” do filme, cujo protagonista (interpretado de maneira convincente por Ewan McGregor, quando jovem, e Albert Finney, na terceira idade) é incapaz de contar qualquer evento de sua vida sem transforma-lo numa espécie de conto de fadas, repleto de personagens e situações bizarras, nos quais ele sempre desempenha um papel heróico e alegre. A verdade é que a narrativa é um pouco lenta, truncada e perde tempo demais em detalhes dos “causos” contados pelo protagonista, já que o ponto mais importante da trama é o fato dele ter problemas de relacionamento com o filho, o qual passou a desprezar o pai justamente pelo excesso de histórias fantasiosas que profere (consideradas como meras “mentiras” por seu filho quando atinge a maioridade).
A verdade é que só no final, extremamente tocante e singelo, é que o rapaz (e a platéia, por tabela) entende afinal qual é o significado da vida de Bloom e de suas histórias. E é nessa hora que aplaudimos Burton, cujo objetivo com esse filme era simplesmente louvar aquela figura tão característica que todos nós conhecemos algum dia em nossas vidas: a do contador de histórias. Quem é que nunca teve um tio, um avô ou um mero conhecido que enriqueceu nossas infâncias com seus “causos” sempre cheios de exageros e fantasias divertidas? No mínimo, uma boa história de pescador todos já ouviram. Não é à toa, portanto, que “Peixe Grande” começa justamente com uma delas!
O filme só não é melhor porque Tim Burton comete erros banais, como insistir em trabalhar com o amador Danny Elfman, cuja música é sempre óbvia e impede o filme de atingir níveis mais profundos, e em escalar a horrível Helena Bonhan Carter (atual mulher do diretor) para interpretar dois papéis chaves na trama. Mas, para compensar, o filme tem excelente fotografia do francês Philippe Rousselot, um ótimo desenho de produção e conta com elenco de apoio dos mais competentes, que tem participações especiais de bons atores como Danny deVito, Steve Buscemi e Jessica Lange.
Talvez não sejam todos que vão sacar e curtir a proposta do filme, mas para aqueles que conseguirem, “Peixe Grande” pode reservar momentos muito tocantes e de rara sensibilidade.
Cotação: * * * ½
7 comentários:
Esse filme é uma babaquice tremenda do início ao fim. Tem horas que ficou parecedo uma imitação bem inferior de Forrest Gump.
O único filme que presta do Burton é Ed Wood.
Não gostei desse filme não.
Cara, faço minhas sua conclusão: "Talvez não sejam todos que vão sacar e curtir a proposta do filme, mas para aqueles que conseguirem, “Peixe Grande” pode reservar momentos muito tocantes e de rara sensibilidade." O filme bem poderia ser chamado "Peixe Grande e suas histórias maravilhosas e cansativas" porque é assim que nos sentimos ao longo do filme,mas o desfecho nos dá a dimensão de que aprendemos uma lição, a ter um outro olhar sobre as coisas e a tentar entender como cada um leva sua vida. "Um homem conta suas histórias tantas vezes que se mistura a elas. E elas sobrevivema ele. E é desse jeito que ele se torna imortal" (FIM).
Você não tem noção nenhuma de critica
Provavelmente para você filme bom é "Tropa de Elite" que é totalmente sem conteúdo...
Filme perfeito, para pessoas preguiçosas, nao cultas, pseudos intelectuais, o filme é realmente cansativo. Ele ignorou que a riqueza de tedalhes completa as historias do bloon, pode ser prolixo, mas é isso q faz um bom contador de histórias remeter o ouvinte ao cenário. Comparar com forest gump é bobagem, nao tem nada a ver, o q há em comum é que ambos inspiram uma certa inocência, além do quê, o foco central do forest é um romance entre um casal, enquanto que no big fish é relação entre pai e filho. Dizer q imita o forest é o mesmo que dizer que “Resident evil“ imita “ A noite dos mortos vivos“ da decada de 60 --ʹ A produção foi perfeita
Não há dúvida de que a grande imaginação de Tim Burton e sua força visual para recriar impregnados histórias singularidade estão presentes neste filme. O filme não é apenas uma maravilha visual do melhor de hoje; ele também é uma maravilha da história e refletir sobre o conceito de fantasia versus realidade, as relações entre pais e filhos e muitos outros assuntos; tem a capacidade de mergulhar o espectador em uma atmosfera fascinante que intercepta a partir do primeiro quadro para o último.actor Steve Buscemi deu uma chance, e não me arrependo, porque é o melhor que já vi.
Existe uma diferença entre criticar um filme e falar mal de um filme. O que é feia aos olhos de uns é belo na visão de outros. E para perceber os detalhes de Peixe Grande tem que se transportar para a visão Burton. Eu consegui isso, e bato palmas para a sua obra.
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