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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Filmes: "Baixio das Bestas"


DEIXA DE SER BESTA, HOMEM!

O diretor parece viver pela tese “o ser humano é podre e o mundo está perdido”. E, para prová-la, faz filmes com cenas chocantes, escatologia e personagens caricatos

- por André Lux, crítico-spam

O diretor Cláudio Assis é um homem que parece viver pela seguinte tese: “o ser humano é podre e o mundo está perdido”. E, para prová-la, ele faz filmes recheados de cenas chocantes, escatologia e personagens que agem como se fossem bestas no cio, sempre drogados ou bêbados, correndo atrás de putas ou de menores de idade.

Foi assim em “Amarelo Manga” e é a mesma coisa em “Baixio das Bestas”. Só que, no primeiro filme, ele ao menos tentava construir situações e personagens com um mínimo de aprofundamento. Já no segundo, parece que não estava muito preocupado com esses detalhes e partiu logo para a nojeira pura e simples.

Assim, somos apresentados a uma gama de personagens caricatos e rasos como uma poça de água que existem unicamente para comprovar a tese original do cineasta: o velho pedófilo, incestuoso e hipócrita que explora a neta sexualmente, o estudante de classe-média vagabundo e drogado que anda fazendo maldades com amigos igualmente vagabundos e drogados, as prostitutas que reclamam da vida mas, no fundo, gostam mesmo é de apanhar, os peões ignorantes que vivem sambando e bebendo pinga e assim por diante. Chega às raias do preconceito.

Segue-se então duas horas de cenas nas quais essas “bestas em forma de gente” praticam seus atos nojentos, sempre de forma chocante e repulsiva. Não tenho nada contra o cinema ser usado para chocar as pessoas, desde que isso traga algum tipo de reflexão e análise da realidade. Mas, em o “Baixio das Bestas” assistimos ao choque pelo choque, sem qualquer conexão com um contexto minimamente ligado à realidade do povo brasileiro. E não é enfiando meia-dúzia de cenas que mostram o trabalho terrível dos cortadores de cana que vai resolver esse buraco negro no meio da narrativa.

Pior é que o filme tem uma excelente fotografia do mestre Walter Carvalho, que mesmo assim, repete tiques estéticos já usados em “Amarelo Manga” (como os travelings de câmera sobre os cenários, a imagem supersaturada e os altos contrastes). Sem falar da coragem que alguns atores consagrados, como Caio Blat, Matheus Nachtergaele e Dira Paes, tiveram de aparecerem em nu frontal em cenas carregadas de escatologia. Dá até para dar algumas risadas em algumas cenas em que os protagonistas disparam palavrões francos. Mas é só.

Em um momento de total auto-indulgência e pretensão do cineasta, um dos personagens vira para a câmera e diz, sem mais nem menos: “O bom do cinema é que você pode fazer o que quiser”. É claro que pode. Pode até “homenagear” o “Laranja Mecânica”, do Kubrick, na cena do estupro no cinema ou mostrar trecho de sexo explícito de “Oh, Rebuceteio” e seus protagonistas se masturbando.

Difícil, entretanto, vai ser Cláudio Assis convencer os espectadores de que a tese dele tem algum valor ou que ao menos é uma grande novidade. No fundo, o sujeito é um grande moralista que quer usar o cinema para ensinar uma lição à humanidade, no pior estilo do sueco Lars Von Triers e seu ridículo “Dogville”. Ou seja, a tese dele, na verdade é: “o ser humano é podre - menos eu, que sou um gênio incompreendido por esse mundo perdido”. Ah, deixa de ser besta, homem! Vai procurar um bom psicólogo...

Cotação: * 1/2

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6 comentários:

Anônimo disse...

Prezado André,
o "Baixio das Bestas" eu ainda não vi, mas "Amarelo Manga" foi o melhor filme que vi este ano. É ótimo.

Marcelo

Jurandir Paulo disse...

André, fiquei um tanto dividido ao ver "Baixio das Bestas". Ora parecia haver uma crítica severa a elite rural, aqueles playboys escrotos que bem conhecemos, e todo o entorno desta sociedade de classes. Ora fiquei achando que é apenas escatologia para deleite das elites culturais, todas enfurnadas na burguesia, que olham aquilo como se em uma vitrine de zoológico. Proletário não quer ver tamanha sujeira. Isso é prazer mazõ de mauricinho.

Anônimo disse...

Dogville é ridículo? Fantástico. Valeu pela análise. Na verdade é fácil: só interpretar a contrário senso tudo o que é escrito aqui. Esse fime deve ser ótimo e vou correndo assisti-lo. Acho que vale a pena continuar o moralismo barato político, mas crítica em cinema, nem pra dar risada serve , pô! Melhora isso aí!

Anônimo disse...

Pessoa pequena - intelecto do tamanho de um feijão! Realmente todo o mundo pode escrever, até quem não tem nada para dizer - inúteis foram os minutos que perdi a ler o seu comentário.

Alexandre Figueiredo disse...

O ser humano também tem esse perfil animalesco apresentado no filme. Se o diretor faz um filme açucarado demais chamam-no de piegas. O universo do diretor Cláudio Assis é esse, André. Ou se aceita ou não.

Anônimo disse...

Adorei o filme Baixio das Bestas com o Caio Blat ,só assisti por causa dele ,nâo estou desprezando os outros atores.