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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Filmes: "Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (2009)

O ORIGINAL É QUE É BOM

Não passe nem perto da patética refilmagem estadunidense. Esse é o filme que merece se visto!

- por André Lux, crítico-spam

Depois de assistir ao péssimo “Millenium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres” de David Fincher, fiquei curioso para ver a versão original, feita na Suécia em 2009. Muitos diziam que era superior. E eles tem razão. “Os Homens que Não Amavam as Mulheres”, do diretor Niels Arden Oplev é mil vezes melhor do que a versão estadunidense.

Tudo que eu considerei clichê no filme de Fincher na verdade não existe na versão original, que é muito mais poderosa, humana e assustadora. O filme de Fincher, agora que vi o original, me parece ainda mais frio, posado e artificial.

Aqui a investigação feita pelo jornalista é muito mais intrigante e bem amarrada. E a relação dele com a arredia Lisbeth Salander, inclusive sexual, faz muito mais sentido. É ela, por exemplo, quem descobre a relação dos nomes e números contidos na agenda de Harriet (no filme de Fincher essa revelação é feita de forma ridícula). Isso porque ela continuou hackeando o computador dele mesmo depois de terminada sua investigação. Além disso, quando ela se junta ao jornalista, os dois saem varrendo o país em busca dos assassinatos cometidos pelo maníaco (na versão estadunidense isso é resolvido em cinco minutos de procura no google), o que justifica ao menos uma crescente atração entre eles.

Outra coisa que é bem diferente da nova versão: o assassino não fica tentando de todas as maneiras ajudar a investigação feita por Blomkvist, pelo contrário. E quando ele se revela isso é feito de maneira coerente e verossímil. O diálogo entre ele e o jornalista em sua câmara de horrores é muito bom e chega a dar calafrios (no filme de Fincher essa cena é a mais risível).

O personagem Lisbeth Salander nesta versão é muito bem delineado e a atuação de Noomi Rapace é realmente excelente (mais do que nunca a moça no filme de Fincher ficou parecendo um alien robótico). Inclusive as cenas de estupro anal são filmadas com discrição e muito mais sugeridas, o que só aumenta a tensão, ao contrário da nova versão, onde elas são quase explícitas e só causam repulsa e choque (que são coisas que Fincher adora, comprovando seu caráter doentio e ególatra). Os traumas passados de Lisbeth também convencem nesta versão. E felizmente, a conclusão é bem mais interessante do que a do filme de Fincher, que tem até ceninha de ciúme juvenil totalmente incoerente com a proposta do projeto.

Percebe-se também claramente a ligação entre os crimes, o fanatismo nazista dos personagens e os horrores descritos na bíblia judaico-cristã (vale como bom lembrete de que os nazistas eram todos cristãos fundamentalistas e achavam na própria bíblia as justificativas para suas ações mais monstruosas). Gostei também que o policial que investigou o crime há 40 anos continua na ativa, ajudando na busca, fator que dá mais verossimilhança às descobertas. Sem falar que, por ser feito e passado na Suécia, o filme tem uma autenticidade muito maior do que a refilmagem, que optou apenas por colocar no mesmo país atores estadunidenses falando inglês com sotaques estranhos.

Enfim, palmas para Niels Arden Oplev por conseguir elevar ainda mais um livro que, pelo que tudo indica, não passa do medíocre, em um filme que contém também uma ótima trilha musical sinfônica de Jacob Groth, a qual realça o drama e o suspense de maneira muito eficiente (enquanto Fincher optou por uma trilha quase toda composta por ruídos atonais feitos por dois sujeitos oriundos de uma banda pop qualquer), além de uma fotografia primorosa.

Não passe nem perto da patética refilmagem estadunidense. Esse é “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” que merece se visto!

Cotação: * * * *

9 comentários:

Isabella Machado disse...

Afff... lá vamos nós outra vez.

Eu gosto muito da versão original, como já disse, mas o que eu acho mais engraçado é você falar "enfim, tudo que se elogiava no livro de Stieg Larsson está aqui no filme de Niels Arden Oplev", porque o filme "estadunidense" (rs - palavra de professor esquerdinha da minha faculdade de jornalismo) é muito mais fiel ao livro...

Por exemplo a cena de dor de cotovelo que você tanto desgosta: está lá no livro; quem descobre a ligação dos números com as passagens da bíblia é a filha de Blomkvist, como no filme... enfim...

Minha dica é leia os livros já que você gosta tanto de despejar amargura, porque dessa forma você vai poder blasfemar contra os dois filmes, já que a obra literária é infinitamente melhor do que as duas cinematográficas juntas.

André Lux disse...

Então está comprovado: o pessoal que fez a versão sueca do filme conseguiu melhorar o livro, tirando essas besteiras que você citou. Minha admiração por eles cresceu.

P.S.: Quem nasce nos Estados Unidos é estadunidense. Americano é qualquer um que nasce na América (continente). Palmas para o seu professor "esquerdinha". Ele é um sujeito inteligente.

André Lux disse...

Até mudei minha crítica graças ao seu comentário, Isabella. Obrigado pelas informações.

Zezé Sette disse...

Que alívio, André! Eu não sabia que havia dois filmes com o mesmo nome, então corri pra ver qual eu havia assistido, já que faz algum tempo. Bom, eu vi o bom...rs, nem quero ver o outro. Abraço.

Guilherme disse...

Tá aí, vou ver essa versão, pena que não tenha esse filme na locadora do meu bairro, o jeito é recorrer a internet.
E esses dias estava pensando que quem nasce na América é americano, como chamas os nascidos nos Estados Unidos, brigado pela dica, esquerdistas são sempre mais inteligentes.

Anônimo disse...

Não li o livro, assisti as 2 versões, vi a versao de hollywood ontem no cinema e confesso que me decepcionei demais, o filme não ficou ruim, mas é de longe muito inferior ao original, o filme perde um pouco o foco no misterio da "menina" que sumiu há 40 anos e foca um pouco mais na parte politica do inicio, além dos atores não serem tão convincentes quanto a versão original.

Antonio Francisco Alves disse...

A versão original está em cartaz no canal Max (75 da Net). A próxima exibição será em 03/03/2012 as 18h:35 e depois em 29/03/2012 as 23h:00.

Ana disse...

Aparentemente você não leu o livro, e a versão "estadunidense" é MUITO mais fiel ao livro. E isso é o que fãs de qualquer livro buscam, que seja parecido à história. Recomendo que LEIA o livro, que não é nem um pouco medíocre, mas sim EXTRAORDINÁRIO.

Anônimo disse...

Eu quero assistir a versão sueca ,
eu já li o livro e assisti a versão americana. Alguém por gentileza poderia me passar algum link para baixar ou assistir online