PASMEM: LULA É UM SER HUMANO!
Embora mediano como cinema, filme merece ser visto, pois é um registro necessário da trajetória quase milagrosa desse homem que, contra tudo e contra todos, tornou-se o presidente mais popular da história do país.
- por André Lux, crítico-spam
Eu nunca tinha ouvido falar na história do cinema de uma campanha difamatória tão contundente e sistemática como a que a chamada “grande imprensa” tem feito contra o filme “Lula, O Filho do Brasil”. Nem mesmo os ataques de católicos fundamentalistas contra a “A Última Tentação de Cristo”, de Martin Scorsese, chegaram a tanto. Mas para decifrar de onde vem esse ódio todo, é preciso primeiro entender como funciona a lógica da indústria cultural criada a partir de Róliudi e exportada mundo afora.
Existem duas fórmulas para se fazer filmes com pessoas pobres que são aceitas pelos donos do poder. A primeira é a do “pobre que venceu na vida e ficou rico” e a segunda a que ensina que “os pobres, apesar de não terem dinheiro, são muito mais felizes que os ricos”. Uma serve para vender a ilusão de que o capitalismo oferece oportunidades iguais a todos e para chegar lá no topo da pirâmide social basta se esforçar muito, seguir as regras e fazer muitas horas extras (de preferência sem remuneração, tipo “vestir a camisa” do patrão). Essa aproximação pode ser vista em filmes como “À Procura da Felicidade”, com Will Smith.
Já a outra funciona perfeitamente para convencer os que vivem na base da pirâmide que os ricos, mesmo tendo rios de dinheiro e acesso a tudo que existe de bom e de melhor, no fundo são todos infelizes, solitários e amargurados, enquanto os pobres são bem mais unidos, animados e felizes. Essa ladainha torpe pode ser encontrada em qualquer uma das famigeradas novelas da rede Globo ou em filmes como “Antes de Partir”, com Jack Nicholson e Morgan Freeman.
“Lula, O Filho do Brasil” não se encaixa em nenhuma dessas fórmulas, pois mostra a trajetória de alguém que saiu da miséria, lutou muito e venceu na vida, chegando a ser presidente do Brasil, mas mantendo-se fiel aos seus princípios ideológicos e políticos e sem nunca se esquecer de onde veio ou daqueles que vivem como ele viveu. Obviamente, não é o tipo de mensagem que os donos da revista Veja gostam de verem sendo veiculadas país afora, pois dá mau exemplo à "gentalha"!
Mas a verdade é que a extrema-direita hidrófoba brasileira com essa campanha de difamação toda acaba, mais uma vez, dando um tiro no próprio pé, pois faz muito barulho por quase nada. Afinal, a polêmica toda criada em torno do filme somente vai servir para levar mais pessoas aos cinemas para ver um filme que, por méritos próprios, nem merecia tamanha atenção.
Embora esteja longe de ser o desastre anunciado pela imprensa que busca o lucro acima de tudo, “Lula, O Filho do Brasil” também não é nenhuma obra prima. Em minha opinião, a culpa maior é do diretor Fábio Barreto que filma tudo de forma burocrática e não consegue tirar o melhor do excelente elenco que teve à disposição. Falta dinamismo e naturalidade ao filme que perde feio, por exemplo, para “Dois Filhos de Francisco”, que tinha temática semelhante, mas era bem melhor realizado.
Outro problema é o roteiro, que não sabe aprofundar os personagens (principalmente os secundários, como os irmãos do protagonista, que viram quase figuração) e limita muito a narrativa à relação de Lula com sua mãe, dona Lindu (a sempre confiável Glória Pires). O filme padece também da falta de conflitos e mesmo de suspense e só se sustenta devido à história de Lula, emocionante por si mesma, e à excelente atuação de Rui Ricardo Diaz que em alguns momentos parece "encarnar" o biografado.
Obviamente, a obra tem qualidades positivas, como a trilha musical de Antonio Pinto e Jacques Morelembaum, e o figurino que recria com perfeição as roupas de época, especialmente as usadas nos anos 70.
A acusação de que o filme seria eleitoreiro é uma idiotice sem tamanho. Puro delírio de quem tem preconceito e ódio irracional contra Lula, pois ele não faz em nenhum momento panfletagem político ideológica em favor do biografado, limitando-se apenas a narrar cronologicamente os fatos da vida do atual presidente. O que deve incomodar a turma da direita, além daquilo que já apontei lá em cima, é, pasmem, que o filme mostra que Lula é afinal de contas apenas um ser humano como qualquer outro. E isso torna difícil para seus detratores satanizá-lo como sempre fizeram.
Embora mediano como cinema, “Lula, O Filho do Brasil” merece ser visto, pois é um registro necessário da trajetória quase milagrosa desse homem que, contra tudo e contra todos, tornou-se, para desespero da direita, o presidente da República mais popular da história do país.
Cotação: * * *
19 comentários:
Esse filme valeu só pra ver o imprensalão surtar. No mais, acho "Dois Filhos de Francisco" um porre...
Não é eleitoreiro na medida em que Lula não é candidato a mais nada.
Fosse o caso, deveria se fazer um filme com a Dilma. História é que não falta.
Mudando um pouco de assunto, já que você citou o pífio Will Smith, gostaria de ver uma crítica ao cine-trash Bad Boys 2.
Tem que ser o 2!
A cena, antológica, da chegada dos dois policiais do título do filma a Guantánamo nem o Ed Wood encarava!
E você, encara? ;D
Logo no inicio segundo parágrafo, antes de ler sobre primeira fórmula de fazer filmes, eu lembrei do filme “À Procura da Felicidade”. É um exemplo gritante de que para o capitalismo basta ser rico para ser feliz.
Sobre essa agressividade contra o filme, acho que está ficando até ridícula. Sobre o filme em si: depois que o assisti é que entendi o cartaz, com a Glória Pires no centro. E entendi também o porque do nome do filme. "Lula, o Filho do Brasil" é um filme sobre a mãe de Lula. E sobre as mães pobres do Nordeste. Comentei isso com uma amiga minha que conhece bem o Nordeste, e ela me respondeu: Agora você sabe porque os nordestinos têm uma amor pela mãe bem acima do usual.
"Rui Ricardo Diaz que em alguns momentos chega a literalmente encarnar o biografado"
Se o ator encarnou LITERALMENTE, acredito que seja um filme de terror ao estilo Poltergeist.
Realmente, o filme do Will Smith é um louvor ao mito estadunidense do "self made man". O pior é que baba um ovo danado para o setor privado, ainda por cima. Vide cenas do protagonista puxando o saco do chefe...
Anônimo, vc tem razão. "Encarnar literalmente" parece coisa de Poltergeist! Vou consertar. Valeu!
Gostei bastante dessa análise, André, é mais ou menos a opinião que tenho sobre o filme.
Uma pena que o Barretão resolveu entregar ao seu filho a direção do filme. Lembro que quando assisti "O Quatrilho" fiquei sem entender como um filme medíocre como aquele disputou o Oscar (se bem que o Oscar não é exatamente o parâmetro para a qualidade de um filme).
Enfim, fosse um diretor com um mínimo de talento e seria um filmão. Como é o mediano Fábio Barreto, o que temos é uma bela história de vida colocada num filme ruim. Uma pena. Talvez fosse o caso de ter chamado o diretor de "2 Filhos de Francisco", que é um belo filme com diversas semelhanças ao do Lula.
Já a hidrofobia da oposição e da imprensa contra o filme, nem tem muito comentário. Na falta de conseguirem propor um debate sobre programas e idéias, ficam nessa tentativa de jogar o governo melhor avaliado da história do país numa crise eterna. Nesses momentos, dá saudades de um Paulo Francis na imprensa e de um liberal como Roberto Campos. Hoje, temos que aguentar Reinaldo Esgoto Azevedo, Diogo Mainardi e Olavo de Carvalho e seus asseclas na imprensa raivosa.
Vc tem toda razão, Edgar. O nível dos "intelectuais" da direita decaiu a níveis abismais. Dá até vergonha.
OLHA O QUE DÁ ENCHER O TANQUE COM 51...
Tia Lúcia, a cientista sabe:
http://www.youtube.com/watch?v=8f0Civk6Xn4&feature=player_embedded
Cara, não sei como é aí no sul, mas aqui no norte, tem um estado do qual eu estou tentando sair porque a vida é horrivel, e sempre foi administrado pelo psdb. O apelido daqui é terra do cao, porque pior do que aqui, só o Haiti mesmo. Vou voltar para minha terra esse ano, nao tem mais como viver aqui, prefiro ficar desempregado e morrer de fome na minha terra do que onde estou agora. Infelizmente não sou o luiz Inácio, há os fortes e há os fracos.
Abraço.
Sabe o por que do motivo que passei da aversão para admiração do Lula?
Foi o seu sentimento de brasilidade , amor por essa gente e por este País.Nunca havia votado nele, se arrependimento matasse..., mas como hoje orgulho-me de te-lo feito ,mesmo tardiamente.
será sempre o meu presidente.
Mauro
André, suas criticas já foram melhores, vc praticamente ofendeu todos os grandes filmes de 2009 até os otimos Distrito 9 e Bastardos Inglorios. E agora vem elogiar esse filminho só porq conta a historia do Lula????
Realmente como critico de cinema é um otimo petista.
A procura da felicidade é um baita filme, o Will deu show. André porq vc não tenta ser menos tedencioso ao analisar os filmes?
Esse filme sobre o Lula é muito fraco, porq vc não admite isso?Naufragou nas bilheterias nem os camelôs querem vender.
VC critica tanto Holywood, porq simplesmente vc não para de assistir aos filmes então?
Vocês são uns hipócritas. Reconhecem e elogiam as qualidades de Paulo Francis e Roberto Campos somente porque eles estão mortos. Se estivessem vivos, vocês os tomariam por cretinos e preconceituosos, da mesma maneira que hoje condenam o Reinaldo Azevedo.
Tanto Francis como Bob Fields eram tão cretinos e preconceituosos quanto o Esgoto da direita, porém, temos que admitir, tinham muito mais estilo e inteligência...
Oi André. Parabéns pela crítica, está ótima. Só uma correção sobre um comentário acima.
Não creio que o nível dos intelectuais de direita tenha decaído, porque jamais saiu do chão. Pode-se dar um desconto pro Olavo porque, quando não está em seu ódio homicida contra qualquer forma de progressismo, faz reflexões filosóficas geniais.
Interessante é que a incompetência dos reacionários de plantão não poderia deixar de dar as caras por aqui, fazendo o generoso favor de fornecer ótimos exemplos de como o ódio irracional danifica qualquer possibilidade de cognição.
Os distintos detratores do presidente não foram capazes de perceber que sua crítica ao filme em si, foi predominantemente negativa, e que a positividade se deveu mais a aspectos externos.
Na verdade, arrisco dizer que se você baixasse o pau no filme, xingando-o de tudo quanto é nome, mas mantivesse a opinião favorável aos aspectos externos, eles também não perceberiam. Por que qualquer um que não odeie Lula visceralmente expressando isso da forma mais direta e explícita possível, não podendo fazer parte da matilha reacionária, imediatamente será jogado no grupo hipotético dos comunistas comedores de crianças que querem escravizar o mundo e acabar com a liberdade.
E até por isso que a Direita, ao sair do armário, sacramentou a verborragia esandecida como uma marca registrada, da qual os colunistas da Veja nem são os piores exemplos, apesar de serem os mais notáveis.
Para ser aceito como membro legítimo de uma alcatéia de hienas, tem-se que deixar claro estar disposto ao mais impiedoso massacre verbal contra os adversários intelectuais. Disposição que outrora podia ser extravasada nos porões do DOPS.
Você diz que o filme "mostra a trajetória de alguém que saiu da miséria, lutou muito e venceu na vida"
Mas onde está o Lula alcólotra, repulsivo, preguiçoso, que cortou o próprio dedo pra se aposentar, que nunca trababalhou, que foi fruto criado por uma elitizinha recalcada e frustada?
Ah, e que madou os filhos estudarem nos EUA com dinheiro do PT, que ganhava em 1995 um salário de quase R$100.000 (Cem mil reais) para ser presidente de honra do PT.... que tem um filho mercenário, medíocre, insurpotável e mal caracter???
Onde está esse Lula?
Vocês merecem mesmo um presidente bizarro que representa tudo de ruim que o brasileiro tem, A IGNORÂNCIA!
Prezado PopFree, esse Lula que descreveu existe sim, mas só na cabeça de boçais ignorantes, preconceituosos e rancorosos como você.
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