EXERCÍCIO DE ESTILO INTERMINÁVEL
Filme tem duas ou três cenas engraçadas, mas não passa de uma chatice de um diretor que não tem nada a dizer e limita-se a ficar namorando o próprio umbigo.
- André Lux, crítico-spam
Quentin Tarantino enfrenta a mesma sina de todos os ex-garotos prodígios de Róliudi. Depois de ter feito duas obras geniais (“Cães de Aluguel” e “Pulp Fiction”), começou a se repetir na tentativa de reinventar a roda novamente. Mas, assim como “Jackie Brown” e “Kill Bill”, esse seu último longa “Bastardos Inglórios” também não apresenta nada de novo para o seu currículo, tornando-se meramente um interminável exercício de estilo do cineasta.
Novamente citando inúmeras obras cinematográficas do passado e imitando descaradamente o estilo do diretor Sergio Leone, Tarantino perde um tempo incrível construindo longas sequências que terminam quase sempre de forma abrupta e sem graça. Ou seja, muito diferente do vigor inventivo e chocante de “Pulp Fiction”. Não sabe nem mesmo aproveitar os Bastardos Inglórios do título, um comando que caça e trucida nazistas. Até as cenas de violência, marca registrada do diretor, parecem forçadas e gratuitas.
Outro problema que ajuda a implodir o filme é a presença de Brad Pitt, um ator limitado e canastrão que só funciona raramente em papéis que exigem o mínimo dele. Aqui ele faz o comandante dos Bastardos Inglórios, um personagem totalmente caricato que só funcionaria nas mãos de um ator realmente bom. É só comparar Pitt com Christoph Waltz que faz o oficial alemão caçador de Judeus. O segundo dá um banho de interpretação num personagem igualmente caricato, enquanto Pitt só consegue parecer um bobo alegre.
Irrita também a mania de Tarantino de usar músicas de outros filmes, a maioria composta por Ennio Morricone. Por que o diretor simplesmente não contrata o veterano compositor, ainda na ativa, para criar uma trilha inédita para seu filme? Sem dizer que, para os conhecedores da música do cinema, a cena é destruída porque ficamos imediatamente tentando lembrar de qual filme é aquela música!
A trama de “Bastardos Inglórios” é pífia e toda a sequência final dentro do cinema é tola e não convence nem um pouco. O mesmo pode-se dizer da escolha final do vilão nazista, totalmente sem lógica depois de toda a construção feita em cima de seu personagem.
O filme tem duas ou três cenas engraçadas, algumas boas sacadas (como chamar um dos personagens de Antonio Margheriti, que é o nome verdadeiro do diretor do trash "Yor, O Caçador do Futuro"), mas é só. No final, não passa de uma chatice interminável de um diretor que já perdeu a mão, não tem mais nada a dizer e limita-se a ficar namorando o próprio umbigo. Termina inclusive com uma frase reveladora: “Acho que essa é sua obra prima”, diz um dos personagens direto para a câmera. Mas não é mesmo!
Cotação: * *
13 comentários:
André, eu não tenho nenhuma idolatria pelo Tarantino, mas gostei do filme. É puro sarcasmo, principalmente com a própria indústria cinematográfica. Não dá para levar a história a sério. É irônica e uma grande piada a catarse para os donos da indústria de Hollywood. Como não rir dos exageros, e de mostrar os americanos como os mais sádicos. Logo eles que só enfrentaram Hitler no final da guerra, quando a Alemanha já estava quebrada pela URSS. E é um show de ótimos atores.
Sem contar aquela cena com a jovem e bela judia, acompanhada de uma música de David Bowie, totalmente descontextualizada. O final é realmente ridículo, Tarantino brincando de Deus, muda até a História, ah como os yankees queriam ter posto as mãos no Hitler, mas quem ganhou a guerra foram os soviéticos, todo mundo sabe disso. Só gostei da cena da taberna, com boas interpretações e uma boa dose de tensão, o resto...
O filme é absolutamente brilhante. Obra prima, magna, irretocável.
André sua critica é totalmente sem fundamentos, provavelmente vc não entendeu o sarcasmo do filme, e fica jogando pedras.
E quando vc diz, que o Tarantino tem mais nada a oferecer em seus trabalhos, vc está sendo muito prepotente, afinal de contas que é vc para fazer tal afirmação?, humildade nunca é demais.
Eu gostei, não é aqueeeeelas coisas como Pulp Fiction ou Kill Bill(coloco no mesmo patamar), realmente nada de novo, mas mantém uma de suas características principais: que diretor escreve diálogos como Tarantino???
Boa noite, André!
Peço licença neste espaço para te dar uma grande notícia!
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Diferente de você, sou um dos que gostaram de "Bastardos Inglórios" e principalmente "Kill Bill". O primeiro está longe de ser um dos melhores do Tarantino, mas com certeza vale o ingresso.
Falando nisso, André, você tem backup daquelas resenhas antigas postadas no E-Pipoca? De vez em quando você aparece com alguma no blog (ex: "Tropas Estelares"), mas é muito raro. Devia reposta-las aqui com mais regularidade, não acha? Sempre consultava seus textos pra tirar umas dicas.
Abs;
Cybershark
Cara, percebo que o seu âmago vai contra o Tarantino, então no way que vou conseguir te convencer de que o filme é bom. Mas digo só que, se ele repete este estilo, sorte nossa! O cara faz humor negro como ninguém, e tem o direito de se repetir. Eu, fã, dou este direito a ele. ;]
É...O blogueiro é engraçado, por isso sempre estou por aqui. O mais engraçado acontece quando quer, com todas as forças, menoscabar aquilo que não merece. É de morrer de rir! O filme é ÓTIMO, o elenco é ÓTIMO, o diretor é ÓTIMO e ponto final. Quem acha Brad Pitt mal ator padece do preconceito medíocre que sujeito bonito não pode atuar bem. "É bonito? Atua bem? Não, é demais! Isso não possível!"...É só ver Snatch - TREMENDO papel! - algum insano discorda? E a cena em que Pitt "tenta" parecer italiano é no mínimo fantástica de hilária. Engraçadona a sua análise do filme, vou recomendar pra todo mundo! Abraços.
Valeu, Rafa, recomenda sim! E lembre-se que opinião é igual bunda: cada um tem a sua (embora alguns sempre achem que a dele é mais bonita que a dos outros).
Você descreveu exatamente o que eu pensei ao ver o filme. Tarantino só desce no meu conceito, assim como outros "figurões" de Hollywood que de repente ficaram auto-indulgentes demais.
Há um excesso de egocentrismo no cinema americano atual que dá nojo. Os diretores parecem querer fazer apenas o que dá na telha, não importa se o filme vai transmitir uma mensagem ou ser bom. Afinal, pra quê, né, se o marketing já convence o público de que o filme é "o melhor" mesmo antes de terem assistido.
Confesso que já me cansei de tentar argumentar sobre filmes com muita gente, que só sabe repetir as frases das capas e dos pôsteres dos filmes.
Quem diria que "Eles Vivem" estaria tão atual?
Discordo totalmente de você, meu caro André. Gostei demais do filme, inclusive até acho que é um dos melhores filmes do Tarantino. Só concordo com a canastrice do Brad Pitt, embora o personagem seja cínico e engraçado às vezes. Vencedor merecido do Oscar de melhor ator coadjuvante, Christoph Waltz dá um show à parte.
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