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segunda-feira, 2 de julho de 2007

Filmes: "A Soma de Todos os Medos"

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A SOMA DE TODAS AS OFENSAS

Filme pode ser definido pela cena na qual discurso a favor da tolerância e contra imperialismo sai da boca de um nazista.

- por André Lux, crítico-spam

“A Soma de Todos os Medos” é, de longe, um dos filmes mais repulsivos que tive o desprazer de assistir em minha vida. Difícil dizer o que é pior nessa fita que, além de panfletária e ofensiva, é incrivelmente enfadonha.

O lamentável Ben Afleck herda o papel que já foi de Alec Baldwin e Harrison Ford e encarna Jack Ryan, um burocrata da CIA que se encontra a toda hora envolvido em situações capazes de provocar o colapso do sistema capitalista (sinônimo da destruição do mundo, segundo os autores). 

Mas tal personagem é tão estúpido que fica impossível sequer cogitarmos levá-lo a sério, ainda mais depois de percebermos que todas as suas sacadas e conselhos geniais vêm sempre de suposições e adivinhações (algumas dignas de Nostradamus, de tão absurdas).

Esse personagem infame já foi visto no cinema antes em “A Caçada Ao Outubro Vermelho”, “Jogos Patrióticos” e “Perigo Real e Imediato”, todos baseados em livros do senhor Tom Clancy, que certamente escreve sob contrato com a CIA (Central de Inteligência Americana). 

Só mesmo sendo muito ingênuo ou mal intencionado para querer nos fazer acreditar que os agentes dessa organização estadunidense estão espalhados pelo mundo inteiro para "garantir a paz e a liberdade" em nosso planeta Terra, como afirma o diretor da agência interpretado por Morgan Freeman ao discutir o futuro da Chechênia com o presidente da Rússia.

Qualquer pessoa mais bem informada ou com um mínimo de bom senso sabe que os EUA são o pais que mais lucra com a guerra e o menos interessado em ver democracias florescendo - ainda mais em países do dito "terceiro mundo". Democracias verdadeiras (não de brinquedo como temos aqui) não são tão fáceis de serem controladas e manipuladas em favor do capital estrangeiro.

E não eram clones de Jack Ryan que vinham ao Brasil (e tantos outros países) ensinar técnicas de tortura aos nossos militares na época da ditadura ou que atuaram diretamente na derrubada de governos eleitos pelo povo em favor de fascistas e criminosos financiados pelos EUA? Pois é, essa história você não vai ver nos enlatados de Roliúdi...

O mais grotesco de tudo, todavia, é ser obrigado a ver um discurso claramente a favor da tolerância entre as nações e contra o imperialismo dos EUA saindo da boca do vilão do filme (interpretado por um Alan Bates incrivelmente afetado e embonecado), que, pasmem, não passa de um nazista das antigas que quer destruir ambos Rússia e EUA para que sua ideologia possa reinar absoluta no mundo! 

Ou seja: na visão dos autores qualquer um que não concorde com as políticas expansionistas de Washington é obviamente um seguidor de Adolf Hitler e, portanto, pode ser exterminado como um cachorro sem dono (o que literalmente acontece no final).

As bravatas ufanistas a favor da suposta “terra da liberdade” são tantas que chegam até a tocar o hino dos EUA quase inteiramente em uma cena! Mas, para quem já está imune a esse tipo de propaganda pró-imperialista, é impossível não rir ao ver os governos estadunidense e russo comunicando-se por meio de um tipo de e-mail em um momento crucial, quando era muito mais fácil simplesmente dar um telefonema. 

Sem dizer que o presidente da Rússia usa um intérprete em uma cena, em seguida sai falando inglês fluente, mas no final volta a não entender o idioma. Ou ao observarmos o patético Ryan perambulando pelas ruas de uma cidade em chamas devido à explosão de bomba atômica sem ser afetado pela radiação e ainda usando telefone celular!

Triste é ver um diretor como Phill Alden Robinson, que já foi capaz de realizar obras sensíveis como “O Campo dos Sonhos” e subversivas como “Quebra de Sigilo”, a serviço de uma mensagem tão asquerosa. 

Tecnicamente o filme é até correto, mas foi claramente feito de forma burocrática e sonolenta, onde nem mesmo a trilha musical do genial Jerry Goldsmith tem chance de brilhar, até porque o filme é dramaticamente nulo e chato ao extremo.

No final das contas, é fácil concluir que filmes como “A Soma de Todos os Medos” contribuem ainda mais para promover justamente aquilo que dizem ser mais assustador: a intolerância, o preconceito e o radicalismo – e tudo isso disfarçado por uma suposta luta pela liberdade e pela paz.

De acordo com peças publicitárias do Pentágono mascaradas de cinema como essa, alguém atacar os EUA é sempre um "ato de terrorismo", enquanto eles mandarem bombas por aí devem ser encarados como meros "atos de paz".

Depois de tudo isso os estadunidenses ainda vêm tentar passar por pobres vítimas quando terroristas atacam seu pais – e não são eles mesmos, via os produtos da sua indústria cultural, que ensinam com riqueza de detalhes não só como montar uma bomba atômica, mas também como levá-la para dentro de seu território? 

Absurdo? Depois dos atentados ao World Trade Center não parece. Afinal, quem semeia vento colhe tempestade...

Cotação: ZERO
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4 comentários:

Anônimo disse...

Recomendo a todos que tiverem algum interese no tema imperialismo um livro fundamental, que está sendo traduzido por todo o mundo. E é de autoria de um brasileiro:

"Formação do Império Americano - da guerra
contra a Espanha à guerra no Iraque".
Ele vai responder a todas "as dúvidas que você tinha a respeito do imperialismo estadunidense e tinha medo de perguntar". É porrada mesmo, cara (disso eles entendem).
O livro também é uma porrada, são 851 páginas com um pouco de quase tudo sobre os EUA e as suas conseqüências para o mundo: colonização, independência, guerra da secessão, expansão desde o século XIX até hoje. É um material super atual,chegando até as Torres Gêmeas e a Guerra do Iraque. Tudo está lá: Destino Manifesto, Doutrina Monroe, Big Stick "carregue um grande porrete, fale macio e irá longe"), todas as "operações encobertas" que desestabilizaram e manipularam os governos do mundo, principalmente da coitada da América Latina, as operações "abertas" de invasões, etc.

Quer mais? Tentativa de golpe contra o Chavez da Venezuela, tudo sobre a ALCA, o cercamento da América do Sul e da Amazônia com bases militares e aeroportos, o escambau...

Grande destaque também para o chamado complexo industrial-militar, que, vide Bush, dá as cartas das Relações Internacionais da atualidade.

O autor é brasileiro, um monstro intelectual cuja família teve um grande destaque no diplomacia brasileira. Ele mesmo, Luiz Alberto Moniz Bandeira,
tem títulos mundo afora (governo da Alemanha, da Argentina). Washington não quer saber dele, não sei porquê.

Se achar que é muita coisa, não se impressione. O livro é cronológico,
então, se você preferir ler os períodos e fatos que mais interessar, no final vai acabar tomando gosto pela coisa e assimilando todo o resto, pode
acreditar.

Bom, aí vão os dados do livro:

"Formação do Império Americano - da guerra contra a Espanha à guerra no
Iraque", Luiz Alberto Muniz Bandeira, Civilização Brasileira.

André Lux disse...

Esse livro deve ser tão bom e tão preciso, que mereceu um ataque frontal feito por nada menos que o ignóbil Reynaldo Azevedo na extinta "Primeira Leitura". Aqui um texto que fala sobre isso: http://www.piratininga.org.br/2006/83-propaganda.html

Anônimo disse...

O ódio do Reinado Azevedo à obra do Moniz Bandeira é um importante atestado da qualidade e da importância de "Formação do Império Americano".

Anônimo disse...

Ah, já ia esquecendo que o Reinaldinho Azevedo teve que fechar a reacionária revista Primeira Leitura.
E que a última edição da Primeira Leitura incluiu, por força judicial, uma resposta magistral do Moniz Bandeira a um ataque feito à sua pessoa pelo Roberto Romano, o filósofo cão-de-guarda da direita tucana.

A resposta de Moniz Bandeira no sítio da própria Primeira Leitura já foi retirada da net.

Mas quem quizer saborear a sentença judicial condenando a finada revistinha suja do sabujo Reinaldinho a publicar a resposta do Moniz Bandeira só precisa acessar o link seguinte:

http://216.239.51.104/search?q=cache:JwTYtCxjRvoJ:conversa-afiada.ig.com.br/materias/400501-401000/400749/400749_1.html+%22primeira+leitura%22+%22moniz+bandeira%22&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=15&gl=br

Abraços.